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Outubro de 2013

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Rodando por aí

Máquinas em lavoura arrozeira

Empresas - LS Mtron inaugura fábrica

Pneus e o consumo de combustível

Tipos de transmissões em tratores

Emplacamento de tratores

Test Drive – Agrale 5105.4

Ficha Técnica - Trator Steiger

Avaliação de ruído em tratores

Ficha Técnica - Sistema Twin Trac

Tecnologia de aplicação

Coluna Mundo Máquinas

Test Drive - Agrale 5105.4 18Conheça o novo trator de 105cv da Agrale, o modelo 5105.4, testado pela nossa equipe eque chegará aos clientes nos próximos meses

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados po-dem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles EcherKarine GobbiRocheli Wachholz

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.www.revistacultivar.com.br

DireçãoNewton Peter

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480

No nívelConheça técnicas de nivelamento e

entaipamento para irrigação do arroz irrigado por inundação

Transmissão corretaSaiba quais são os tipos de transmissão existentes e como escolher o trator certo

para cada situação

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• REDAÇÃO3028.2060

Assinatura anual (11 edições*): R$ 187,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:

US$ 160,00€ 150,00

Cultivar Máquinas • Edição Nº 134 • Ano XII - Outubro 2013 • ISSN - 1676-0158

• ComercialSedeli FeijóJosé Luis AlvesRithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

• AssinaturasNatália RodriguesFrancine MartinsClarissa Cardoso

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Destaques

Nossa capa

Índice

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Matéria de capa

Cap

a: C

harl

es E

cher

CCCultivar

• GERAL3028.2000

• ASSINATURAS3028.2070• MARKETING3028.2065

Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br04

rOdANdO pOr AÍ

Piero Abbondi

AgraleA Agrale prevê fechar o ano com produção recorde de tratores. A compa-nhia deverá crescer mais de 20% e superar o volume de 2,2 mil unidades fabricadas. De acordo com Flávio Crosa, diretor de Vendas da Agrale, o aquecimento do mercado brasileiro de máquinas agrícolas é o principal motivo para o desempenho recorde. “Este ano, o segmento de agronegócio deve superar inclusive os volumes de produção e vendas registrados em 2010. Até agosto, produzimos quase 1,5 mil tratores”, explica o executivo. A Agrale aposta também no aumento de vendas no exterior.

Mega-AssembleiaA Augustin, representante da Massey Ferguson no Rio Grande do Sul e Paraná, realizou no dia 10 de setembro a Mega-Assembleia do Consórcio Nacional Massey Ferguson (CNMF). Durante o evento, realizado em Guarapuava (PR), foram entregues 150 tratores e vendidas mais de 100 cotas do consórcio. De acordo com o sócio-diretor da Augustin Paulo Fin-ger, estiveram presentes 400 clientes do Paraná e Rio Grande do Sul.

VisitaNo dia 18 de setembro, a fábrica da Case IH em Sorocaba (SP) abriu as portas para 50 jornalistas. A visita foi um convite da diretoria da marca no Brasil, a fim de apresentar o Complexo Industrial de Sorocaba, um dos maiores e mais modernos da CNH Industrial no mundo. Inaugurado em março de 2010, o local reúne na mesma planta a fábrica e o Centro de Distribuição de Peças.

GSIPiero Abbondi é o novo diretor geral da GSI para a América do Sul. O executivo chega para inte-grar a equipe de André Carioba, vice presidente sênior e gerente geral da AGCO para a América do Sul e terá a responsabilidade de atuar ao lado da equipe sênior da AGCO na geração de negócios se dividindo entre o escritório de São Paulo e a planta de Marau. Piero é graduado em Engenharia Industrial pela Poli/USP e possui MBA pela École des Hautes Étu-des Commerciales, Université de Lausanne, da Suíça.

Pla do BrasilA Pla do Brasil lança nova tecnologia de barras de pulverização fabrica-das com fibra de carbono, substituindo o aço de carbono. A nova barra de pulverização com fibra de carbono possui 36 metros e sua principal vantagem é o poder de aumentar a produtividade entre 15% e 20%, além de reduzir o peso do conjunto da máquina em quatro vezes se comparado ao modelo antigo.

Gigante T9A New Holland realizou a entrega técnica de um trator T9 de 560cv equipado com uma plantadeira Sol TT 40 ao cliente Renato Ramos, em sua fazenda de Primavera do Leste (MT). O conjunto, entregue pela concessionária Rodobens Máquinas Agrícolas, planta cerca de 150 hectares por dia. “Nosso maior objetivo é encostar o plantio da safrinha na colheita da soja, porque este ano tivemos muitos problemas com chuva e ficamos muito longe desse objetivo. Essa máquina vai trazer mais tranquilidade e agilidade no plantio da safrinha”, destaca Renato Ramos sobre o trabalho com o T9.

New Holland ConstructionNicola D’Arpino é o novo diretor comercial e de Marketing para a América Latina, da New Holland Construction. D’Arpino respondia pela gerência de Marketing na região e substitui Marco Borba, que acaba de assumir a vice-presidência da Iveco, marca de caminhões da mesma, CNH Industrial. Italiano de Cassino D’Arpino é engenheiro, com especialização em Admi-nistração e Gestão. Aos 35 anos, mais da metade deles vividos em Belo Horizonte, ele atuou na área de compras da CNH, além dos departamentos de Vendas e Marketing de outras empresas do Grupo Fiat, como Comau e Teksid.Nicola D’Arpino

MECANIZAÇÃO

No nívelO arroz é, sem dúvida, uma das mais

importantes culturas agrícolas do mundo, pois é cultivado e consu-

mido quase que em todos os continentes, sendo utilizado como alimento básico pela metade da população mundial. Segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), na safra 2012/13, o Rio Grande do Sul teve uma área de 1,04 milhão de hectares cultivados, correspondendo cerca de 60% da produção brasileira. Dentre os sistemas de cultivo adotados para implantação do arroz no Estado, destacam-se os sistemas convencional, cultivo mínimo e pré-germinado, diferenciando-se basicamente pela forma e época de preparo do solo, semeadura e manejo inicial da água, predominando o sistema de cultivo mínimo com 74,8% da área semeada na safra 2012/13, seguido do sistema convencional com 13% e do sistema pré-germinado com 12,2% (Irga 2013).

O sistema de cultivo de arroz irrigado com taipas (também conhecidas como marachas) em nível predomina no Rio Grande do Sul,

onde a água é levada para as partes mais altas da lavoura e conduzida por gravidade para as partes mais baixas através taipas com diferença de nível de 5cm a 10cm mantendo uma lâmina de água o mais uniforme possível entre uma taipa e outra.

NIVELAMENTO DA SUPERFÍCIE DO SOLO EM DESNÍVELA irrigação do arroz em superfície com des-

nível necessita de barreiras para a retenção de uma lâmina de água, para isso são construídas taipas em curvas de nível, sendo que a diferença de cotas depende da inclinação do terreno.

O nivelamento com nível laser é realizado a partir de um aparelho emissor de raios laser instalado em uma base fixa e nivelada, emi-tindo sinais em um raio médio de 700 metros dependendo da qualidade do aparelho. O laser é identificado por um receptor, que é instalado em uma régua acoplada ao centro do trator; a régua pode possuir até quatro metros de altura, onde existe um sistema graduado para

aumentar ou diminuir o desnível de uma curva de nível para a outra.

Como o receptor dos raios laser é instalado em uma régua e esta se encontra em um local de difícil visualização do operador, é necessário que se instale um monitor para visualização da indicação do caminho a ser percorrido. Para isto, este é instalado em uma região de boa visualização do terreno e do monitor. O monitor indica se o trator deve-se direcionar para o lado superior ou inferior do terreno através de setas luminosas, sendo que no momento que estiver no nível correto uma luz central sinaliza.

O desnível deve ser fornecido pelo operador de acordo com a inclinação do terreno. Em superfícies de grande declividade, deve-se dar maior desnível que em terrenos planos, pois a pouca diferença entre cotas em superfícies inclinadas faz com que as curvas de nível fiquem muito próximas, sendo desfavorável para construção de taipas, pois a largura que a taipa irá ocupar é, em média, a largura da bitola dos rodados do trator. Desta forma, se as curvas de nível estiverem em uma distância menor que a bitola do rodado do trator, no momento do entaipamento, as entaipadoras irão passar em cima das taipas já construídas, desmanchando-as. Por outro lado, se o desnível entre duas curvas de nível for muito grande, há possibilidade de partes do quadro entre as taipas ficarem sem lâmina de água.

As curvas de nível podem ser marcadas por uma entaipadora ou por uma haste ou qualquer

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Existem diversas técnicas de nivelamento e entaipamento para irrigação do arroz por inundação, que variam de tecnologia, resultado final e valores de investimento

implemento que marque o solo. Quando mar-cadas com entaipadoras, otimizam o processo, realizando as duas operações em uma única vez, porém, podem ocorrer erros no momento do nivelamento que serão permanentes no talhão. Quando marcadas apenas com uma haste, é realizada apenas a marcação superficial do solo, dessa forma, pode-se realizar uma posterior correção nos desvios de percurso, no momento do processo de entaipamento. Como o sistema de nível laser trabalha em um plano horizontal, emitindo raios para o equipamento receptor em

uma pequena faixa de altura, diversas vezes a marcação do nível fica em ziguezague e isto é possível de ser identificado para posterior correção.

Para um melhor manejo da irrigação é recomendado realizar a construção de “condu-tos”, estes são canais de sentido transversal às taipas com o objetivo de conduzir com maior velocidade a água para as cotas inferiores. Também utilizam-se as denominadas “retas”, que são barreiras construídas por entaipadoras no sentido transversal das taipas com o objetivo de dividir e isolar os talhões de irrigação para melhor controle. Geralmente são construídas próximas aos vales do terreno, por serem locais de maior suscetibilidade à erosão. O contorno da área entaipada deve ser circulado por “ron-das” que têm função de evitar a perda de água dos quadros. O passo seguinte à demarcação do nível é a construção das taipas.

ENTAIPAMENTOO entaipamento pode ser realizado com

entaipadoras de base estreita ou de base larga.

As entaipadoras de base estreita formam taipas de perfil alto e base estreita, o que possibilita maior distância entre elas. Porém, são menos utilizadas, pois causam a formação do famoso leiveiro (cava), zona em que há retirada de solo para formação da taipa, formando uma área compactada, profunda e de menor potencial produtivo, onde há pouco ou nenhum desen-volvimento do arroz e surgimento de plantas daninhas.

De modo geral, uma entaipadora de base larga é composta por um chassi acoplado aos três pontos do trator, sendo constituídos por duas seções independentes de discos lisos e recortados, podendo, estes, variar em número e diâmetro. Os discos recortados possuem um maior diâmetro e são instalados na parte cen-tral, movendo o solo para formação da taipa e os discos lisos realizam o acabamento lateral da taipa, evitando a formação do leiveiro. A entai-padora é interligada ao rolo compactador de solo, que possui formato cilíndrico ligeiramente

Fotos Vilnei Dias

Detalhe de uma entaipadora e a base de sinal laser para orientar o trajeto a ser percorrido

Régua acoplada ao centro do trator recebe o sinal da base fixa

Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br08

estrangulado ao centro.As entaipadoras de base larga são mais

modernas e formam taipas de perfil baixo (0,3m a 0,4m) e base larga (até 2,8m), permitindo o trânsito de máquinas e implementos sobre elas. As semeadoras modernas com rodado articu-lado proporcionam uma semeadura uniforme sobre as taipas. Nesse procedimento, o leiveiro é eliminado, possibilitando maior produtivida-de na área e maturação mais uniforme, pois o arroz do quadro atinge o ponto de colheita juntamente com o arroz da taipa e a infesta-ção por plantas daninhas é reduzida devido à eliminação do leiveiro. Para a construção de taipas em boas condições é necessário que a entaipadora seja bem regulada e utilizar baixa velocidade de trabalho (Embrapa, 2004) na ordem de 5 a 7km h-1.

A integração lavoura-pecuária pode ser utilizada em conjunto com a produção de ar-roz irrigado, desde que sejam tomados alguns cuidados para que se mantenham as taipas de um ano para outro e evitar a compactação do solo, como utilizar baixa carga animal na área e retirar o gado durante os períodos de chuva. Este procedimento faz com que seja mantida a estrutura das taipas de um ano para outro.

Antes e durante a colheita é aconselhável

que se faça a drenagem da lavoura para que as taipas sejam mantidas com sua forma original, proporcionando a conservação das mesmas para utilização na próxima semeadura, prática realizada em sistemas como plantio direto e cultivo mínimo. Na colheita sobre solo não drenado deve-se evitar o maior número de ras-tros (passadas do maquinário) na área, a fim de conservar as taipas, concentrando a passagem dos pneus em linhas delimitadas, isso faz com que necessite de apenas um retoque das taipas para posterior semeadura.

Quando o solo está muito úmido e necessita-se realizar a semeadura e ainda o entaipamento o quanto antes devido ao atraso, é indicado que se realize a semeadura primeiramente e depois a construção de taipas, pois quando se realiza a semeadura com solo úmido sobre as taipas, as semeadoras podem danificá-las devido à abertu-ra de sulcos onde é depositada a semente.

TENDÊNCIA: ENTAIPAMENTOPOR PILOTO AUTOMÁTICOO sistema de nivelamento a laser possui

limitações que podem interromper a operação, ocasionadas por diversos fatores, como vento, poeira, calor e alcance limitado. Novos sistemas de nivelamento são capazes de operar sem a

interferência desses fatores, pois utilizam sinais GPS para realizar o levantamento topográfico, atuando de forma eficaz, eliminando um grande percentual de erro operacional humano. Este método visa gerenciar a água em superfície através de recursos avançados de processamen-to de informações, que possibilitam realizar levantamentos topográficos em grandes áreas com alta precisão, eliminando operações do processo convencional com redução de mão de obra especializada e, consequentemente, os custos operacionais.

O procedimento de coleta de dados topo-gráficos se dá através de uma guia de pesquisa de talhão disponível nos sistemas comerciais, com o auxílio de um sistema de correção do sinal GPS, com base RTK, receptores, monitor, piloto automático e ativações, para obter dados precisos e confiáveis. O processo inicial consiste no mapeamento do talhão para obtenção dos pontos de nível. A velocidade ideal para esta operação é de até 12km/h. Durante o trajeto da pesquisa são obtidos dados, em média, a cada metro percorrido, gerando pontos no monitor, que representam uma posição com coordenadas de latitude, longitude e elevação do terreno para cada ponto. O passo seguinte é a geração das curvas de nível e a construção de taipas. A união dos pontos com mesma elevação resulta no mapa altimétrico de campo do talhão pesquisado, que é armazenado em um arquivo que pode ser modificado e normalizado em um software de gerenciamento agrícola, podendo, desta forma, planejar e definir no software as passadas utilizadas pelo piloto automático na operação de construção das taipas, substituindo os métodos tradicionais e ganhando tempo, eliminando a operação de marcação das curvas de nível, permitindo até mesmo a operação durante a noite, aumentando assim a janela de trabalho.

Início da marcação de nível numa lavoura arrozeira

Monitor do sistema laser instalado no trator que auxilia o operador no direcionamento

A nova tendência é utilizar GPS e piloto automático nas operações de nivelamento e entaipamento

Bruno Pilecco Bisognin,Bruna Flores Batistella,Tiago Gonçalves Lopes,Márcio de Almeida Aurélio eVilnei de Oliveira Dias,Lamap/Unipampa Alegrete

A entaipadora é interligada ao rolo compactador de solo, que possui formato cilíndrico ligeiramente estrangulado ao centro, que dá o acabamento final ao trabalho

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Fotos Vilnei Dias

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EMprESAS

LS Mtron no BrasilInauguração da fábrica de tratores LS Tractor - do grupo coreano

LS Mtron – em Garuva, Santa Catarina, consolida presença da marca no Brasil

No dia 10 de outubro, o Grupo LS Mtron inaugurou a primeira fábrica LS Tractor no Brasil. Loca-

lizada em Garuva, Santa Catarina, a fábrica é a primeira linha de produção do grupo coreano fora da Ásia. Com as primeiras projeções feitas em 2010, a construção iniciou em 2012, teve um investimento de cerca de R$ 150 milhões e foi concluída em julho de 2013. A LS Mtron é o 13º maior grupo empresarial da Coreia do Sul com vendas anuais acima de 30 bilhões de dólares.

O investimento inicial previsto durante a projeção da fábrica era de 30 milhões de dólares e 12 concessionárias até o final de 2013, atuando nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, conquistando, até 2017, 14% do mercado de tratores de média e alta potência no Brasil. Mas a aceitação e a pro-cura do produtor brasileiro aos tratores da marca

mudaram esses números. Atualmente, a marca tem 16 concessionárias em funcionamento e, até o final do ano, a LS estará atuando em oito estados com 24 concessionárias e os investimen-tos para atender esta demanda chegarão a 40 milhões de dólares, somente na adequação da fábrica que conta com cerca de 60 mil metros quadrados em área construída.

Inicialmente, o polo industrial de SC produzirá sete modelos, todos entre 25 e 100 cavalos de potência. Essa área de produção, entre 25cv e 100cv, representa cerca de 65% do total de tratores vendidos no Brasil. Com essa mudança no cenário de investimentos, a LS pretende conquistar 17% do market sharing da área até 2017.

Na cerimônia de abertura da fábrica, estive-ram presentes o presidente da LS Mtron Brasil, James Yoo; o governador do estado de Santa Catarina, João Raimundo Colombo; o embai-

xador da Coreia do Sul no Brasil, Bon-Woo Koo; o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas; o senador Luis Henrique da Silveira; o prefeito de Garuva, José Chaves; o presidente do Grupo LS, Kwang Woo Lee, e o presidente da LS Mtron, Jae Seol Shim. Segundo James Yoo, a receptividade do produtor brasileiro aos pro-dutos da marca LS foi fator determinante para a construção da fábrica em Santa Catarina.

Segundo o prefeito de Garuva, José Chaves, “a fábrica gerará novos patamares de cresci-mento e desenvolvimento para a região”, além de gerar renda e empregos e inserir Garuva no contexto de cidades industrializadas do nordeste catarinense. A LS Mtron emprega cerca de 25 mil pessoas ao redor do mundo e, em Santa Ca-tarina, serão gerados 100 empregos diretos e mil indiretos, tendo uma perspectiva de produção anual de cinco mil tratores.

Em seu discurso, o presidente da empresa no Brasil, James Yoo, explicou que a construção se realizou graças à parceria com o governo do Estado, através dos incentivos fiscais do pro-grama Pró-Emprego e com isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) em operações de importação de produtos comercializados no Brasil e de matéria-prima industrializada no Estado.

“Quando vim trabalhar no Brasil, visua-lizava um cenário de oportunidades e riscos para o negócio tratores, da LS Mtron. O desafio de implantar uma nova marca, que nunca esteve neste mercado, e enfrentar ou-tras que aqui estão há, no mínimo, 30 anos, era muito grande. Hoje, passado mais de um ano que estou envolvido neste projeto e tendo conhecido mais este país, vejo que temos mui-to mais oportunidades que riscos, o que me traz a certeza de que temos um futuro muito promissor no Brasil”, encerra Yoo.

Estiveram presentes na inauguração o presidente da LS Mtron no Brasil, James Yoo, o presidente do Grupo LS, Kwang Woo Lee, e o presidente da LS Mtron Jae Seol Shim

A fábrica brasileira irá gerar 100 empregos diretos e mil indiretos,tendo uma perspectiva de produção anual de cinco mil tratores

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Pressão idealde combustível além de fornecer ao trator maior potência e rendimento na barra de tração; pressões excessivamente altas resul-taram em maiores patinagens e consumo de combustível e menor eficiência operacional do conjunto.

A pressão de inflação pode influenciar significativamente a velocidade de desloca-mento, patinagem e potência na barra de tração.

Com o objetivo de avaliar o consumo de combustível de um trator agrícola traba-lhando com diferentes pressões de inflação dos pneus, em superfície de concreto e solo mobilizado, foi realizado um trabalho em par-ceria com o Núcleo de Ensaios de Máquinas e Pneus Agroflorestais (Nempa), do Depar-tamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA/Unesp), com um trator 4x2 TDA, de 132kW de potência no motor, a 2.400rpm, com massa de 9.000kg em ordem de marcha, tracionando a Unidade Móvel de Ensaio na Barra de Tração (Umeb)

Definir a melhor pressão de inflação dos pneus, considerando a superfície de trabalho, é fator determinante para o desempenho geral em tratores agrícolas, garantindo menor

consumo de combustível e maior rendimento da barra de tração

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Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br10

A adequação de um trator agrícola visando à utilização de pneus para diferentes condições superficiais

de solo resulta em melhor desempenho geral com consequente aumento da capacidade operacional, aumento da vida útil, melhor qualidade de serviço e menor custo opera-cional.

Avaliações do trator em solo agrícola são uma das maneiras de se obter informações, principalmente no que diz respeito ao seu desempenho nas condições reais de campo (Monteiro et al, 2013). A pressão de inflação tem papel fundamental na distribuição da pressão de contato pneu/solo, sendo que para uma menor compactação do solo e maior eficiência tratória deve-se ter uma menor pressão de inflação. Pesquisadores avaliando o consumo específico de combustível, potência na barra de tração e rendimento na barra de tração em função da pressão de inflação dos pneus, concluíram que as baixas pressões de inflação apresentaram menores consumos

devidamente instrumentada que operou como um carro dinamométrico. Foi utilizado o delineamento experimental em faixas, com arranjo fatorial dos tratamentos 2x2x3, com cinco repetições. Também foram analisados dois tipos de superfície de rolamento: pista de concreto e pista de solo mobilizado; duas pressões de inflação dos pneus do trator: máxima recomendada pelos fabricantes dos

Tipo de SuperfíciePista de Concreto

Pista de Solo MobilizadoForça Aplicada na Barra de Tração100% da força máxima de tração75% da força máxima de tração50% da força máxima de tração

Médias (g.kW.h-1)415,04 b561,78 a

Médias (g.kW.h-1)429,46 c477,38 b558,41 a

Tabela 1 - Médias de consumo específico de combustível (g.kW.h-1) para os fatores: Tipo de superfície e Força aplicada na barra de tração do trator

*Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste MDS em nível de 5% de significância.

Charles Echer

Com os resultados apresentados, pode-mos concluir que a mínima pressão de infla-ção dos pneus recomendada pelo fabricante, 110,3kPa (16psi), nos rodados traseiros e dianteiros proporcionou menor consumo es-pecífico de combustível em relação à máxima pressão de inflação dos pneus recomendada pelo fabricante dos pneus 165,4 (24psi) nos rodados traseiros e 220,6kPa (32psi) nos rodados dianteiros do trator.

O trator, ao trabalhar com a força apli-cada na barra de tração correspondente a 100% (4.720kgf em pista de concreto e 3.180kgf em pista de solo mobilizado) da força máxima de tração, gerou o melhor desempenho energético nas duas condições de superfícies avaliadas (pista de concreto e pista de solo mobilizado).

Em superfície de concreto o trator con-sumiu 26,12% menos combustível quando comparado ao consumo da superfície de solo mobilizado, fortalecendo, assim, a impor-tância de se realizar avaliações dos tratores agrícolas em condições de campo.

pneus 165,4kPa (24psi) nos rodados traseiros e 220,6kPa (32psi) nos rodados dianteiros e a mínima recomendada pelos fabricantes dos pneus 110,3kPa (16psi) nos rodados traseiros e 110,3kPa (16psi) nos rodados dianteiros;

Também foram analisadas três forças aplicadas na barra tração do trator (Figura 1), na rotação nominal de 540rpm na TDP e 2.200rpm no motor: 100% da força máxima de tração (operações que exigem elevadas for-ças de tração, exemplo, aração, subsolagem), 75% da força máxima de tração (operações com grade leve, enxada rotativa) e 50% da força máxima de tração (operações com pul-verizadores, cultivadores mecânicos).

Como podemos observar na Figura 1, a força aplicada na barra de tração foi igual para as variações das pressões de inflação dos pneus, isso permitiu que os dados de consumo de combustível fossem coletados nas mesmas condições de força para cada pressão de inflação dos pneus.

O consumo de combustível foi determi-nado com o uso de dois fluxômetros Oval M-III LSF41L0-M2, com vazão de 1ml/pulso, instalados no circuito de combustível, entre o tanque e o motor, sendo um instalado antes da bomba injetora e outro no retorno do combustível ao tanque.

O consumo específico de combustível em g/kWh foi calculado utilizando a densidade do óleo diesel de 826g/L para temperatura de 40ºC, o consumo horário volumétrico (L/h) e a potência média requerida na barra de tração do trator (kW).

Com os resultados, observou-se que o trator, ao trabalhar com os pneus inflados com um pressão de 110,3kPa (16psi) nos rodados traseiros e dianteiros, gerou redução no consumo específico de combustível de 7,89g/kW/h quando comparado ao consumo específico de combustível com os pneus do trator inflados com 165,4kPa (24psi) nos rodados traseiros e 220,6kPa (32psi) nos rodados dianteiros (Figura 2).

A Tabela 1 mostra as médias de consu-mo específico de combustível (g/kW/h) nos diferentes tipos de superfícies, nas diferentes pressões de inflação dos pneus e para dife-

rentes forças aplicadas na barra de tração do trator.

Como mostra a Tabela 1, o trator tra-balhando em solo mobilizado apresentou um consumo específico de combustível de 561,26g/kW/h. Ou seja, o trator requer uma quantidade de combustível para gerar a potência necessária na barra de tração para tracionar um implemento 26,12% maior quando comparado ao trabalho em super-fície de concreto, que apresentou um gasto de 415,04g/kW/h, devido ao fato de no solo mobilizado a força de tração ter sido menor e, consequentemente, não utilizar a mesma potência da pista de concreto.

Em relação à força aplicada na barra de tração, a tendência é que quanto menor a força, menor será a diferença de consumo de combustível entre as superfícies de rolamento e as pressões de inflação dos pneus, já que a exigência de tração requerida pelos rodados é menor. Com isso, os fenômenos de contato e de fluxo que ocorrem na zona de interface entre o solo e os dispositivos de tração (roda-dos) têm seus efeitos reduzidos (Shmulevich, 2010). A eficiência de tração de um trator pode ser influenciada pelas condições do solo, características dos rodados e variáveis como carga dinâmica, força na barra de tração, torque e patinagem.

Esses resultados mostram que a otimi-zação do trator está diretamente ligada à adequação do equipamento utilizado à fonte de potência.

Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br 11

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Fábio Henrique de Souza eLuiz Malcolm Mano de Mello,Feis/UnespLeonardo de Almeida Monteiro,Daniel Albiero e Rafaela Paula Melo,UFCDiego Augusto Fiorese,FCA/Unesp

Para verificar a variação do consumo de combustível foi usado um trator com diferentes pressões de inflação dos pneus, em superfície de concreto e solo mobilizado

Figura 1 - Forças aplicadas na barra de tração (kgf) do trator Figura 2 - Médias de consumo específico de combustível (g/kW/h) nas diferentes pressões de inflação dos pneus

*Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste MDS em nível de 5% de significância.

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Para uma correta relação entre velo-cidades, o componente mais impor-tante do sistema de transmissão de

um trator se torna a caixa de câmbio (caixa de marchas), juntamente com os demais compo-nentes: embreagem, diferencial e redução final. Sua função é a de transferir o movimento do motor, que trabalha em um regime de rotação constante, às rodas, ajustando a velocidade do trator e implemento em relação ao solo através das possíveis combinações de marchas. Por isso, o escalonamento da caixa de câmbio é de extrema importância, pois se consegue atingir diferentes velocidades de deslocamento e tor-que, que sejam mais adequadas a determinada operação a uma mesma rotação do motor.

A caixa de marchas é formada por uma série de engrenagens que transmitem diferentes velocidades e forças aos rodados de tração, po-dendo também alterar o sentido do movimento (frente e ré). É importante ressaltar que ela não

Sincronia perfeitaOs tratores agrícolas são equipados com diferentes tipos de caixas de câmbio, mecânicas, hidráulicas ou hidromecânicas, com tecnologias que se adaptam às

mais diversas aplicações e necessidades

aumenta a potência do motor, apenas altera o torque e a velocidade que chegam aos rodados, modificados pela mudança de marchas e não por meio da aceleração do motor, lembrando que quando a velocidade aumenta, o torque diminui. De modo geral, quanto maior o nú-mero de marchas, maior será a possibilidade de encontrar uma velocidade adequada ao trabalho.

Um escalonamento de marchas bem di-mensionado na caixa de câmbio permite uma maior relação de marchas/velocidades e, aliado ao conhecimento do operador sobre o conjunto trator/implemento, garante uma melhor efici-ência operacional, ao selecionar a marcha ideal para o trabalho. Assim, conseguem-se diferentes velocidades de deslocamento e torque mais ade-quados para cada trabalho a ser executado.

Nos tratores agrícolas, basicamente são en-contrados três tipos de sistemas de transmissão, que são classificados como mecânicos (desli-zante ou sincronizado), hidráulicos (hidrodi-

nâmicos ou hidrostáticos) e hidromecânicos, variando conforme os modelos, fabricantes e o nível tecnológico.

Dessa forma, foi realizado um trabalho que objetivou analisar e quantificar as velocidades das transmissões dos tratores agrícolas de rodas destinadas a diferentes atividades agrícolas (Tabela 1) conforme a classificação referente à potência motora nas categorias I, II, III e IV (Tabela 2), segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Além disso, calcular a razão entre as velocidades da caixa de câmbio dos tratores agrícolas, considerando-se bem dimensionada quando esta resultasse em valores de 0,80 a 0,85 entre marchas (mais curta e mais longa), utilizando como base a metodologia proposta por Schlosser (1997).

A aquisição dos dados de potência motora e velocidades de deslocamento foi realizada através de busca em catálogos técnicos, manuais e folhetos disponibilizados pelas empresas e,

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Desenho de uma caixa de marchas do tipo mecânica sincronizada

Desenho de uma caixade câmbio powershift

Visão das partes que interligam motor, transmissão e reduções finais de um trator agrícola

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quando necessário, busca direta com os fabri-cantes. Foram obtidos, a partir desta coleta, os dados de oito fabricantes, totalizando 69 modelos, sendo confeccionado um banco de dados, organizado em uma planilha eletrônica, separando os modelos pesquisados por marcas e diferenciando-os pela potência em quilowatt (kW).

Conforme a Figura 1 observa-se que a maior disponibilidade de modelos é da classe II, com 39 modelos compreendendo 56,52% do total. Tal fato pode ser devido, principalmente, em função de que são equipamentos destinados a médias e pequenas propriedades rurais, devido a sua potência motora e versatilidade. Conforme

as estimativas do relatório da Anfavea (2010), estes são atualmente os tratores mais produ-zidos e vendidos no mercado nacional. Por conseguinte, os tratores da classe III, com 16 modelos, representam 23,18%, seguido da clas-se I, com oito modelos representando 11,60%, e a classe IV com seis modelos, correspondendo a 8,70% do total.

A Figura 2 representa o número médio de marchas presentes em cada classe de potência. A classe I foi a que apresentou o menor número médio de marchas por modelo, com 10,75, seguido pela classe II com 16,25 e a classe IV com 20,50. Já a classe III é a que proporciona o maior número médio de marchas por modelo,

com 23,93. Dessa forma, identificou-se que na média geral os tratores apresentam 17,95 marchas. Além disso, tratores da classe III são os que possibilitam, com maior facilidade, encontrar as velocidades mais adequadas a determinadas tarefas.

Na Tabela 3 é possível ver uma análise gene-ralizada, entre o número de marchas presentes e o percentual encontrado e destinado para cada tipo de trabalho. Foi verificado que 24 tratores, correspondente a 34,78%, não apresentam marchas para trabalhos lentos (TL). Destes, 12 modelos pertencem à classe III e nove à classe de potência II. Outrossim, nota-se uma grande centralização de marchas destinadas ao trabalho

Figura 1 - Número de tratores por classes de potência Figura 2 - Número de marchas por classes de potência

variações no escalonamento de marchas e isso pode ocorrer conforme modelo, fabricante, classe de potência, tipo de transmissão e do nível tecnológico encontrado nas máquinas. Portanto, se faz necessário uma avaliação mais criteriosa por parte do agricultor no momento da aquisição, pois as velocidades e o torque disponibilizados pela caixa de câmbio deverão suprir as necessidades nas mais distintas ativi-dades que o trator irá desempenhar.

É importante ressaltar que neste trabalho foi avaliada somente a caixa de câmbio dos mo-delos, componente que, portanto, não deverá ser o único critério avaliado pelo produtor na hora da compra.

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de preparo de solo (TPS) e trabalhos de preparo secundário do solo (TPSS), estando presente em 100% dos modelos. Além disso, somente 1, correspondente a 1,45%, não possui velo-cidade de deslocamento destinada à atividade de transporte (AT), sendo este pertencente à classe II.

O percentual de marchas que se enquadram na relação entre a razão das velocidades da caixa de câmbio dos tratores agrícolas em função das classes de potência está disponível na Tabela 4. Foi observado que tratores da classe I possuem 95,31% das marchas fora do intervalo consi-derado adequado da relação, sendo que apenas 4,69% atendem essa condição. Já na Classe II, foi evidenciada uma ampliação do número de marchas que permanecem dentro do intervalo, com 21,44%. Ademais, a classe III foi a que

.M

rELAÇÃO ENtrE MArCHAS

Uma caixa de marchas estará bem dimensionada se:

Vmc = 0,80 a 0,85Vml

Onde:Vmc = Velocidade da marcha mais

curta Vml = Velocidade da marcha mais

longa

Quando a razão entre as marchas for:• Superior aos valores: proximidade

entre marchas - provável sobreposição• Inferior aos valores: marchas muito

afastadas - provável lacuna.Fonte: Schlosser, 1997.

Tabela 1 - Faixas de escalonamento das marchas para atividades agrícolas

Atividades agrícolasTrabalhos lentos (TL). Transplantio, envaletamento. Não ocorre a necessidade de mais de duas marchas

Trabalho de preparo de solo (TPS). Deve possuir o maior número de opções de marchas Trabalhos de preparo secundário do solo (TPSS), semeadura, aplicação de produtos químicos

Atividades de transporte (AT) interno e em estradas, sendo limitado a 30 km.h-1

Faixa de velocidade (km/h)0,8 a 2,5

2 a 65 a 12

10 a 40

Fonte: Schlosser, 1997.

Tabela 2 - Classes de potência dos tratores agrícolas

ClasseIIIIIIIV

Potência (kW)≤ 36,9

37 a 73,974 a 146,9

≥ 147

Potência (cv)≤ 50

50 a 100100 a 200≥ ≥ 200

Tabela 3 - Porcentagem de tratores em função do tipo de atividade agrícola e número de marchas

Número de marchas

01234567891011121314

TL34,7818,848,707,252,908,707,200,005,801,450,000,000,000,004,35

TPS0,000,000,0017,3924,5423,1911,5911,594,350,000,001,450,005,800,00

AT1,450,001,458,7023,1915,944,35

17,3913,040,0010,140,000,004,350,00

TPSS0,000,002,9023,1914,4914,497,254,35

10,145,804,354,355,802,900,00

Atividades

Tabela 4 - Porcentagem de marchas que atendem e não atendem a condição em função das classes de potência

Classes de potênciaClasse IClasse IIClasse IIIClasse IVMédia

Atendido (%)4,6921,4444,5723,1025,0

Não atendido (%)95,3178,5655,4376,9075,0

Tabela 5 - Relações mínimas e máximas entre marchas em função das classes de potência

Classes depotênciaClasse IClasse IIClasse IIIClasse IV

Mínima0,190,180,360,18

Máximo0,920,981,000,96

Relações entre marchas

apresentou a melhor relação entre marchas. Dos 16 modelos avaliados, 44,57% apresentam marchas que atendem a condição e 55,43% não se enquadraram. Na classe IV, 23,10% dos modelos atenderam a relação, enquanto que 76,90%, não. De forma geral, 25% das marchas de todos os tratores avaliados atendem a relação proposta e 75% não atendem, verificando-se uma sobreposição demasiada no dimensiona-mento da caixa de marchas.

A Tabela 5 demonstra os valores máximos e mínimos encontrados entre as relações, onde fo-ram obtidos valores que variaram de 0,18 a 1.

No mercado há tratores agrícolas com velocidades que atendem as mais distintas ope-rações, de forma que ocorre maior concentração de velocidades destinadas ao preparo do solo. Outrossim, os modelos da classe I possuem um menor número de marchas comparado com as demais. A classe II apresenta uma maior e melhor distribuição das marchas em função das tarefas e a classe III proporciona um maior número de marchas destinadas à mesma tarefa. Ocorre demasiada sobreposição entre as veloci-dades principalmente nas destinadas a trabalhos lentos e a preparos primários e secundários do solo, necessitando de um melhor dimensiona-mento da caixa de câmbio, ressaltando que os tratores da classe III apresentaram melhor rela-ção entre marchas. Foram encontradas grandes

Um escalonamento de marchas bem dimensionado na caixa de câmbiopermite uma maior relação de marchas/velocidades

Robson Schneider eJoão Augusto Leindecker,UniscTiago Rodrigo Francetto,PPGEA/UFSMRavel Feron Dagios,engenheiro agrícola

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trAtOrES

Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br16

Atualmente, existe uma batalha travada entre produtores rurais e Contran (Conselho Nacional

de Trânsito), órgão que propôs lei onde tratores e implementos agrícolas fabri-cados a partir do ano de 2013 deixassem as revendas e concessionárias já em-placados. Caso não ocorresse nenhuma interferência jurídica ou governamental essa legislação deveria ter entrado em vigor em junho de 2013.

Em julho de 2013, foi aprovada a resolução nº 447/13 do Conselho Nacio-nal de Trânsito (Contran), publicada no Diário Oficial da União que até dezembro de 2014 tratores usados na produção agrícola e pavimentação não precisarão ser emplacados, os produtores alegam que com o emplacamento terão elevadas des-pesas com cobranças como IPVA, entre outros impostos, sendo que não trafegam

com tratores em rodovias por não pode-rem ou por seus veículos estarem abaixo da velocidade permitida da via.

Mas esta afirmação vai de encontro com trabalhos desenvolvidos pelo La-boratório de Investigação de Acidentes com Máquinas Agrícolas (Lima), princi-palmente por Macedo et al (2013) que, analisando a relação entre tipo e causa de acidentes com máquinas agrícolas nas rodovias federais em Minas Gerais, no período de 2008 a 2011, verificou 148 acidentes ocorridos com tratores só nas rodovias federais, sem contar as rodovias estaduais e outras vias de circulação.

Desde 1997, de acordo com o Có-digo de Trânsito Brasileiro (CTB - Lei 9.503/97), os únicos veículos dispensa-dos de emplacamento eram os veículos bélicos, para todos os demais havia a obrigatoriedade do emplacamento. Em

2008 o Contran lançou a Resolução 281/08 que era para regulamentar (adi-cionar na lei 9.503/97) a necessidade do registro dos veículos empregados em serviços agrícolas. O órgão tinha como principal argumento de que o trator era um veículo automotor construído para realizar trabalho agrícola de construção e pavimentação e tracionar outros veículos e equipamentos. Por este motivo foi feita uma série de exigências como o Renavam dos tratores; Certificado de Adequação à Legislação de Trânsito (CAT), código de marca/modelo/versão específico e re-alização de pré-cadastro pelo fabricante ou montadora, órgão alfandegário ou importador para tratores que fossem circular em vias públicas; Para os tratores não facultados a transitar em via pública, deverá ser realizado o pré-cadastro pelo fabricante ou montadora, órgão alfande-

Vai emplacar?Situação do emplacamento para tratores no Brasil ainda está indefinida e queda de braço entre produtores rurais e Conselho Nacional de Trânsito deve se arrastar por mais tempo

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gário ou importador utilizando o código de marca/modelo/versão fornecido pelo Denatran; extintor de incêndio; luz de freio; farol alto e baixo; pisca-pisca; habi-litação na categoria C e porte obrigatório dos documentos dos tratores e máquinas agrícolas durante o deslocamento com a máquina.

O intuito do Contran era que essa Resolução entrasse em 1º de janeiro de 2010, porém, em março de 2010 a Deli-beração Nº 93 de 26 de março de 2010 suspendeu (por tempo indeterminado) a Resolução 281/08 do Contran, retirando as exigências anteriormente citadas. En-tretanto, o emplacamento de tratores que trafegam em vias públicas era exigido, assim como a habilitação do operador ser no mínimo a categoria C. Somente estavam liberados da exigência os tratores que não saíssem das propriedades.

De acordo com o site Portal do Agro-negócio (2010), a queda da Resolução 281/08 teve a ver com a ação de pro-dutores e políticos catarinenses. O site relata que a não aceitação da resolução se deu devido à estrutura fundiária das propriedades rurais de Santa Catarina, pelas mesmas em maioria serem cortadas por vias públicas e também por muitos veículos terem mais de 20 anos e não pos-suírem mais a nota fiscal do veículo, não podendo dessa forma ser emplacados.

Em 2012, os deputados tentaram in-tervir na situação criando o Projeto de Lei 3.312/12 que foi aprovado pela Comissão de Viação e Transporte. Este projeto desobriga tratores e demais máquinas agrícolas do registro e do licenciamento anual feitos pelos departamentos de trân-sito estaduais. O projeto, que tramita em caráter conclusivo, ainda será analisado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

Após esta situação exposta aqui, percebe-se que o Contran, apesar das reclamações dos proprietários rurais, está indo pelo caminho menos agressivo e mais correto para lidar com a situação. O emplacamento não serve só como registro de veículo para roubos, como é argumentado pelo órgão. Além do em-placamento, a exigência da carteira de habilitação para operar o trator ajuda a garantir que o operador tenha o mínimo de conhecimento de trânsito e de que só poderão trafegar em vias públicas trato-res corretamente adequados segundo as normas de segurança, diminuindo con-sideravelmente o número de acidentes com tratores nessas vias.

Com essa discussão, podemos veri-ficar de acordo com a Tabela 1, obtida por dados divulgados pelo Ministério das Cidades, Denatran e Renavam, que o número de tratores emplacados vem aumentando a passos largos, tendo quase quadruplicado em 13 anos. Porém, quan-do comparamos com os dados do último senso agropecuário realizado pelo IBGE (2006) onde foram verificados 820.763 tratores, observamos que ainda é uma realidade distante o emplacamento da totalidade dos tratores do país, já que as máquinas emplacadas não equivalem nem a 5% do total de máquinas do último Censo Agropecuário. .M

Para transitar em vias públicas, os tratores deverão estar emplacados, de acordo com a resolução

17Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br

Tabela 1 - Tratores emplacados de 1998 a 2011

Ano19981999200020012002200320042005200620072008200920102011

Frota de tratores com placas646778079024943910257110441166112405133711475016827188262180424745

Fonte: Ministério das Cidades, Denatran e Renavam

Exemplos de tratores emplacados em países como a Alemanha. A obrigatoriedade do emplacamento de máquinas agrícolas no Brasil ainda não está definida

Deivielison Ximenes S. Macedo,Leonardo de Almeida Monteiro,Viviane Castro dos Santos,Daniel Albiero,Jefferson Auteliano C. Dutra eAline Castro Praciano,Univ. Federal do Ceára

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Agrale 5105.4Testamos o trator 5105.4 da Agrale, lançado na Agrishow 2013 e que começa a

chegar aos clientes nos próximos meses. Com motor de 105cv de potência, o modelo destacou-se pela robustez, simplicidade e manutenção facilitada

agrícolas características. A Agrale faz parte da história dos testes

da Cultivar Máquinas, pois nestes anos todos foram testados cinco tratores. O segundo teste publicado pela revista, e o primeiro de um trator de pneus, foi com o Agrale 5085.4, na cor prata. Este teste com o professor Arno Dallmeyer foi veiculado no número 23 da revista Cultivar Máquinas, de agosto/setembro de 2003.

O modelo 5105.4 testado na última semana pela nossa equipe colocou a Agrale na briga pelo mercado na faixa de potência tecnicamente mais disputada. É um trator de quatro cilindros, com potência máxima declarada pelo fabricante

Decorridos três anos da última vez que testamos um trator Agrale para a revista Cultivar Máquinas,

tivemos agora a oportunidade de conhecer o lançamento mais recente, que é o Agrale modelo 5105.4. No mês de setembro de 2010 havíamos feito um teste inédito, avaliando, ao mesmo tempo, o trator Agrale modelo 5075.4 Compact, em Montenegro, entre a região me-tropolitana de Porto Alegre e a Serra gaúcha, no estado do Rio Grande do Sul, e em Paraguaçu, entre Varginha e Alfenas, em Minas Gerais. O mesmo modelo foi testado nas culturas da bergamota e do café, com as suas operações

de 105cv, turboalimentado, com estrutura tipo monobloco, mas com longarinas, em uma espécie de semichassi, que proporciona que se utilize este modelo com pá frontal e outros equipamentos na parte dianteira do trator.

É um trator direcionado ao mercado de grãos, para todo o Brasil, principalmente aos produtores que trabalham em médias proprie-dades ou até mesmo como um trator versátil, em grandes propriedades.

As características básicas deste modelo cor-respondem ao padrão tradicional do fabricante. A opção da marca passa pelos componentes mecânicos, evitando uso demasiado da eletrô-nica, com uma hidráulica forte e comandos

O motor é MWM, modelo TD 229 EC4, com turbo marca Garret, de quatro cilindros verticais, com 3.992 litros de volume total e um cárter com capacidade de 10,5 litros de óleo

Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br 19

bem robustos. Enfim, um trator convencional que agregou alguns avanços tecnológicos úteis. Nada em demasia, nem de falta. Para a Agrale isto é considerado uma vantagem, inclusive

com possibilidade de que o usuário promova, ele próprio, toda a manutenção periódica e corretiva, sem obrigatoriedade de recorrer à

oficina autorizada. Um trator simples que pode ser entendido e

operado com facilidade. Também vimos algumas

alternativas interessantes que tentaremos con-tar para os nossos leitores.

MOTORO trator testado vem equipado de fábrica

com motor marca MWM, modelo TD 229 EC4, com turbo marca Garret. Possui quatro

Fotos Charles Echer

A transmissão dianteira possui engrenagens cônicas mais resistentes e com melhor ângulo de esterçamento

A versão 5105.4 tem tração dianteira auxiliar (TDA) marca Carraro, posição central,com acionamento mecânico do eixo dianteiro mediante uma alavanca

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cilindros verticais, com 3.992 litros de volume total e um cárter com capacidade de 10,5 litros de óleo. Utilizando o procedimento da Norma NBR ISO 1585 o fabricante informa uma potência máxima de 77,2 kW (105 cv) a 2.300 rpm. A injeção de combustível é direta na câma-ra, com uma bomba injetora da marca Bosch, em linha. A montagem de um motor MWM é considerada uma virtude deste modelo, pela reconhecida qualidade e pela simplicidade e pequena necessidade de manutenção. No final do nosso teste este item acabou sendo o melhor avaliado, impressionando toda a equipe.

O sistema de arrefecimento utiliza 15,5 litros de água, mediante circulação forçada. O fluxo de calor gerado pelos componentes do motor é conduzido ao exterior por meio

de duas novas saídas laterais de ar quente, facilitando a troca de calor com o ambiente e evitando o aquecimento do posto do operador.

TRANSMISSÃO DE POTÊNCIAA transmissão da potência do motor, para

os demais elementos, é do tipo mecânico de simples funcionamento e fácil compreensão para o operador. Com relação ao número de marchas, este modelo conta com uma versão standard dotada de dez marchas à frente e duas à ré. A troca se faz combinando posições de uma alavanca para as velocidades (cinco marchas) e outra para os grupos (dois grupos). Existe sincronização para a quarta e a quinta

marcha, pensando nas operações de transporte. A transmissão conta com sistema de vedação que permite a utilização do trator em terrenos com excesso de água, como é o caso da cultura do arroz irrigado.

Além da versão standard, este modelo conta com duas opções adicionais para a transmissão. A que testamos, com inversor mecânico, 12 marchas à frente e 12 marchas à ré, e outra opção que conta com um super-redutor, tam-bém conhecido como creeper, com 20 marchas à frente e quatro marchas à ré, recomendada quando se necessita operar em velocidades reduzidas. Na versão que utiliza o inversor, se permite aplicar o mesmo número de marchas para frente e para trás, bastando a troca de posição da alavanca, acionando a embreagem, que é de disco duplo e acionamento hidráuli-co. O redutor final é do tipo em cascata, não epicicloidal.

A versão 5105.4 tem tração dianteira au-xiliar (TDA) marca Carraro, posição central, com acionamento mecânico do eixo dianteiro mediante uma alavanca. A Tomada de Potência (TDP) possui seis estrias com acionamento mecânico nos modos independente ou depen-dente. No modo independente a velocidade da TDP atinge 540rpm a 2.000rpm do motor e no modo dependente varia conforme as relações da transmissão, podendo inclusive ser acionada em sentido inverso. Além da alavanca de acionamento há também uma alavanca de embreagem, portanto, somente esta necessita ser acionada quando se quer interromper tem-porariamente o movimento da TDP.

SISTEMA HIDRÁULICOO sistema hidráulico se baseia em duas

Os radiadores frontais podem ser deslocados,permitindo manutenções mais facilitadas

Um dispositivo simples permite que o capô bascule 90º, dando acesso total ao motor

A estrutura é tipo monobloco, com longarinas, em uma espécie de semichassi, que proporciona utilizar este modelo com pá frontal e outros equipamentos na parte dianteira do trator

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Fotos Charles Echer

bombas de óleo montadas em tandem, uma para direção e outra para o sistema hidráulico, com vazão de 16 e 37 litros por minuto, respectivamente. As bombas estão colocadas na parte dianteira do motor, acionadas diretamente por engrenagens. O sistema load sensing permite maximizar o sistema, unindo as vazões das bombas, quando há necessidade de alta vazão e pressão.

A vazão máxima do sistema é de 110 litros por minuto a 2.300rpm. O sistema hidráulico de levante em três pontos enqua-dra-se à categoria II, com pressão máxima de serviço de 17,65MPa (180kgf/cm²) e capacidade máxima de 3.300kg.

O controle do implemento no sistema hidráulico é realizado através de três alavan-cas, uma para levantar e abaixar o equipa-mento, uma para controle de profundidade e outra para controle de sensibilidade.

O sistema de controle remoto é de série neste trator, dotado de engate rápido, pos-suindo duas linhas de pressão, além de uma linha de vazão constante regulável, muito útil, principalmente em semeadoras dotadas de sistema pneumático, que requerem um determinado fluxo de óleo para seu perfeito funcionamento.

ERGONOMIA, SEGURANÇA E MANUTENÇÃOAchamos interessante fazer uma avaliação

detalhada sobre o posto do operador deste modelo. O tipo é de plataforma completa, com piso antiderrapante e com acesso pelo lado es-querdo, através de uma escada de três degraus e apoios para as mãos direita e esquerda. Este modelo pode ser vendido em duas versões, cabinado e plataformado, com EPCC (Arco de segurança).

Mesmo no posto aberto a Agrale se preocu-pou com o conforto do operador, estudando e buscando melhorar o fluxo térmico que vem da parte frontal do trator e chega na forma de calor ao posto do operador. Foram dispostas saídas de ar quente na lateral e colocadas barreiras de vidro na base da plataforma de modo a impedir

a chegada de ar quente na região do assento. O banco do operador tem apoio para os

braços e possibilidade de regulagem de posição e amortecimento das vibrações. A coluna da direção é escamoteávele e telescópica, com possibilidade de variação da posição, de acordo com a necessidade de trabalho e as dimensões corporais do operador.

Para informação do condutor o trator dispõe de um painel de instrumentos único (cluster), com medidor de combustível, termô-metro, tacômetro e horímetro. Na parte inferior do painel estão posicionados o estrangulador, a chave liga/desliga e o comutador de luzes. Sobre o painel o fabricante projetou uma tampa que pode ser retirada para expor a caixa de fusível e os conectores do sistema elétrico.

Visão do posto do operador, que possui plataforma completa, com piso antiderrapante e com acesso pelo lado esquerdo. A distribuição das alavancas edos pedais foi reprojetadas buscando melhorar o conforto do operador, com os comandos de uso frequente colocados em uma posição de acesso mais fácil

A coluna da direção é escamoteável, com possibilidade de variação da posição,de acordo com a necessidade de trabalho e as dimensões corporais do operador

Na parte dianteira, a lastragem pode ser feita com a colocação de até 11 contrapesos de 40kg cada

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Na questão de posicionamento dos coman-dos de mãos e pés, para melhorar a ergonomia foram reprojetadas as posições das alavancas e dos pedais, buscando melhorar o conforto do operador, com os comandos de uso frequente colocados em uma posição de acesso mais fácil. As alavancas de marcha e escolha do grupo estão imediatamente ao lado do banco, as de acio-namento do sistema hidráulico de três pontos no lado direito, na base da plataforma, e as das válvulas de controle remoto, sobre o para-lamas no lado direito. Ao acesso da mão esquerda,

ao lado do banco, as alavancas do inversor, do acionamento da TDP e, mais atrás, sobre a plataforma no lado esquerdo, a embreagem da TDP e o freio de estacionamento. Enfim, uma distribuição que quase equilibra os comandos para as mãos, direita e esquerda, algo incomum nos modelos nacionais, que concentram a gran-

de maioria dos comandos para a mão direita. Constatamos que a Norma Regulamentadora NR-31, do Ministério do Trabalho e Emprego tem pleno cumprimento neste modelo.

Para facilitar a manutenção periódica e corretiva o fabricante seguiu a tendência mundial e brasileira, dotando o modelo de um capô escamoteável da frente para trás, mas agregando um dispositivo que proporciona uma articulação suplementar que faz com que a abertura chegue a 90 graus, utilizando a alteração da base do amortecedor variável. Isto proporciona amplo acesso ao motor, fil-tros e outros componentes, no momento da manutenção.

Também para melhorar o acesso às partes internas, a plataforma que serve de apoio aos pés do operador tem o piso individualizado em pequenas chapas, que podem ser retiradas,

LOCAL dOS tEStES

O test drive foi realizado na Fazenda Três Rios, localizada às margens da

BR-285, no município de Muitos Capões, Rio Grande do Sul. Boa parte das lavouras da propriedade está situada no município de Vacaria, devido ao fato de a propriedade encontrar-se na área de divisa dos dois mu-nicípios, ambos no Rio Grande do Sul.

A área foi adquirida no ano de 1977 por Francisco Stédile, patriarca da família e empresário do ramo de máquinas e imple-mentos agrícolas de Caxias do Sul. Nesta época na região, a pecuária era a base da produção primária, passando a família Stédile a investir na produção agrícola. A agricultura era pouco explorada na época, devido ao fato de haver poucas cultivares adaptadas para o clima da região. Nos dias de hoje a região é destaque na produção de grãos e sementes no estado.

Atualmente, a fazenda é de dirigida por Franco Stédile, filho de Francisco Stédile, e a principal atividade é a produção de grãos para indústria e sementes. Atuando na produção de sementes a fazenda possui parceria com a Fundação Pró-Sementes, empresa com sede em Passo Fundo (RS) e com grande renome no setor. As sementes produzidas na propriedade são reconhe-cidas no mercado através do nome de Sementes Francisco Stédile.

Atualmente, no verão são cultivados aproximadamente 4.500 hectares de soja para semente e indústria, além de milho e feijão, exclusivamente para indústria e consumo humano. Já no inverno, são cultivados aproximadamente 3.300 hecta-res com trigo, aveia branca e aveia preta, destinados basicamente para a alimentação humana e animal.

O tanque de combustível está posicionado sob a plataforma do operador

As aberturas de ar foram reposicionadas, a fim de evitar a entrada de pó nos coletores

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permitindo a exposição de vários componentes, entre os quais os garfos que controlam as mar-chas da transmissão.

Para facilitar a ação do filtro de ar do motor o projeto previu uma tomada de ar frontal, na parte alta do capô, sobre a entrada de ar do radiador. Esta tomada de ar nesta posição, à frente da região de ação dos pneus, faz com que o ar chegue mais limpo e não sobrecarregue o filtro.

Finalmente, nos chamou a atenção ver que a Agrale encontrou algumas soluções bem interessantes para a manutenção corretiva. No caso de haver necessidade de abrir o trator no meio, por exemplo, para manutenção de em-

breagem, não há necessidade de desconectar-se uma série de cabos, pois neste projeto há um chicote com plug único na entrada na cabine, com todos os cabos elétricos específicos para alta temperatura.

PESOS E DIMENSÕESO trator tem um peso de embarque de

3.930kg e o peso máximo, com lastragem metálica e de água, sugerido pelo fabricante é de 5.500kg. Assim, a relação peso-potência pode sair de 39,3kg/cv a 55kg/cv, máxima recomendada pelo fabricante. A lastragem metálica pode ser feita com a colocação de até 11 contrapesos de 43kg cada, na parte

MWM/TD 229 EC4Quatro/3.922cm3

Turboalimentado105cv/2.300rpm

372,8Nm/1.500rpm

Mecânica, standard 10 + 2540rpm a 2.000rpm no motor

II3.300kg

Três conjuntos VCR105 litros/minuto

17,65MPa

14.9-24 R118.4-34 R1

3.930kgf5.500kgf

Especificações técnicas

Motor

Transmissão

Sistema hidráulico

Pneus

Pesos

Marca/ModeloCilindros/volume

AspiraçãoPotência/rotaçãoTorque/rotação

TipoTDP

CategoriaCapacidade de levantamento

Controle remotoVazão máxima do sistema

Pressão máxima

DianteirosTraseiros

EmbarqueMáximo

dianteira, e com discos metálicos aparafu-sados na roda traseira. No peso máximo, a distribuição estática do peso do trator é 40% no eixo dianteiro (2.200kg) e 60% no eixo traseiro (3.300kg), adequada e característica para tratores com tração dianteira auxiliar (TDA).

Quanto às dimensões, o comprimento total do trator é 4.270mm, com largura standard de 2.150mm e altura até o escapa-mento de 2.765mm. O vão livre é de 420mm e a distância entre eixos de 2.340mm. Por sinal, esta distância entre eixos se mostrou, entre as características do trator, a que mais ajudou na estabilidade do trator quando do teste de campo, com o escarificador de cinco hastes. O ajuste da bitola deste mo-delo é feito pelo posicionamento das rodas em relação ao eixo e varia na dianteira e na traseira de um máximo de 1.850mm a um mínimo de 1.550mm.

O modelo 5105.4 tem comprimento total de 4.270mm, com largura standard de 2.150mm e altura atéo escapamento de 2.765mm. O vão livre é de 420mm e a distância entre eixos de 2.340mm

Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br24

FAbrICANtE

A Agrale é uma empresa brasileira reconhecida em nível mundial

e representativa da região Sul do Brasil, sendo a empresa líder do grupo Francisco Stédile, que engloba outras marcas, como Agritech Lavrale S.A., Germani Alimentos, Germani Cereais, Fundituba e Fazenda Três Rios, dedicadas aos setores da maquinaria agrícola, indústria de alimentos, fundição, agricultura e pecuária. O setor industrial da empresa possui três fábricas próprias para o desenvolvimento de seus produtos.

Desde seu início a empresa desenvolveu

tratores agrícolas destinados principalmente para a agricultura familiar e, ao longo dos anos, a Agrale fez alguns convênios im-portantes com empresas européias, como Deutz, no ano 1988, e posteriormente com Zetor, no ano de 1997, para a fabricação de tratores agrícolas.

A Agrale possui uma ampla linha de tratores para fruticultura, preparo de solo e várias outras funções na agricultura e pecu-ária. Atualmente a empresa tem um número aproximado de 90 revendas de tratores em todo o Brasil.

TESTE DE CAMPOPara o teste de campo tínhamos várias

opções de área e implementos. Iniciamos com uma semeadora da marca Vence Tudo, modelo Panther SM 8000, com nove linhas. Esta máquina pode ser comercializada na versão mecânica ou pneumática (opcional), com o sistema “pula pedra”. A razão do nosso encontro com esta máquina no dia do teste é fruto de uma parceria deste fabricante com a Agrale, pois juntos dimensionaram o fluxo do óleo no sistema hidráulico VCR. Embora o sistema ainda estivesse em desenvolvimento, fizemos alguns “tiros” em uma área coberta com palha de cultura de inverno, utilizando 1ª marcha alta, com patinamento médio de 21% a uma velocidade real de 5,2km/h.

Mas reservamos o maior espaço e tempo do teste para a operação de escarificação, utilizando

um equipamento da marca Jan, modelo Jum-bomatic, de cinco hastes. A operação ocorreu em 5ª reduzida baixa, em uma área onde havia pastejo de animais e na operação buscávamos descompactar o trilho do gado. Neste teste o modelo 5105 mostrou uma das suas maiores virtudes, que é o motor MWM. Mesmo em uma operação pesada, com muita compacta-ção, em um solo repleto de enormes pedras, o motor sustentava rotação, utilizando a reserva de torque e em nenhum momento mostrou fraqueza.

Aproveitamos as dificuldades impostas pela operação e utilizamos continuamente os comandos VCR, ajustando a profundidade de trabalho. Também aproveitamos para testar e verificar outro ponto que valorizamos muito neste trator, que é a manobrabilidade. Nas manobras que fizemos ficou bastante claro que o raio de giro é pequeno e a reação do sistema de direção é bastante rápida.

Finalmente, nos causou ótima impressão a estabilidade do trator neste trabalho severo de escarificação. Devido a uma boa distância entre eixos, o trator se comportava equilibradamente

O teste foi realizado na Fazenda Três Rios, no município de Muitos Capões, Rio Grande do Sul

O sistema hidráulico de três pontos é categoria II,com capacidade de levante de 3.300kg

Acesso à plataforma do operador é fácil,com degraus antiderrapantes

durante o trabalho, não demonstrando aqueles movimentos oscilatórios tão comuns em tra-tores com pequena distância entre eixos, que transferem muito peso da parte dianteira para a traseira quando os esforços são excessivos.

Com respeito aos comandos, em opera-ção verificamos que foi muito positiva a al-teração feita pela Agrale, indicando melhoria acentuada no conforto do operador. Tanto aqueles comandos relacionados ao sistema hidráulico do implemento, como as trocas de marchas e alterações de direção, foram fáceis e rápidos.José Fernando Schlosser,Javier Solis Estrada eYury Yago Port Rüdell,Nema - UFSM

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FICHA téCNICA

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Case IH SteigerO trator gigante da Case IH é oferecido em dois modelos: Steiger 450 e Steiger 550 com

potência nominal do motor de 450cv e 550cv, respectivamente, e na opção de rodado duplo, o que transforma esta máquina numa grande opção para diversos tipos de aplicações pesadas

Projetados para o trabalho com aplicações pesadas em lavouras de grãos e cana, a linha Steiger,

da Case IH, reúne potência, desempenho e conforto para a operação. Estes tratores são importados dos Estados Unidos e aliam força e tecnologia numa só má-quina.

MOTOREquipada com motores FPT (Fiat Po-

wertrain Tecnologies) de 12,9 litros com um turbocompressor de estágio simples no modelo de 450cv e com um sistema de turbocompressor de dois estágios – um pequeno turbocompressor para resposta de baixa potência e um segundo, maior, para o reforço máximo a altas rotações -, no modelo de 550cv, a linha Steiger está preparada para enfrentar o trabalho diário em condições extremas. Os dois modelos também são equipados com um sistema de gerenciamento automático de potência, capaz de proporcionar mais 62cv em situ-ações extremas como declividade e alta demanda de fluxo hidráulico, chegando a 502cv no modelo Steiger 450 e 614cv no modelo Steiger 550.

Controlado eletronicamente, o motor do Steiger garante o aumento da potência de pico com um baixo consumo de combus-tível. Se a rotação do motor cair em ativida-des pesadas, o geren-ciamento de potência do motor libera até 62cv. Esse aumento de potência é um

reforço para os terrenos mais difíceis, no campo e na estrada. Quando é necessário elevar, abaixar e acionar implementos, o gerenciamento de potência ajuda a realizar essas tarefas.

APMUm diferencial dos tratores Steiger

Case IH é o sistema APM (gerenciamen-to automático da produtividade), que permite que o motor e a transmissão se comuniquem e estabeleçam a faixa de desempenho ideal, controlando a rotação do motor e a melhor marcha para a ope-ração. Tudo isso se ajustando para a velocidade e a carga necessárias, proporcionando como benefício di-reto ao cliente uma ótima eficiência e baixo consumo de combustível.

Ao ajustar automaticamente a po-tência necessária ao tipo de atividade, esse sistema mantém o desempenho do trator, reduz o consumo de combustível, otimiza o tempo de operação e aumenta a produtividade. A redução do consumo de combustível chega a até 14%, o que ajuda o trator a não elevar o consumo ou interferir no desempenho quando opera em campo molhado, aclives, ou quaisquer condições adversas do terreno.

SISTEMA HIDRÁULICO

Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br 27

Esta série possui sistema hidráulico com opção de 216L/min standard ou 428L/min com bomba auxiliar fluindo para as seis válvulas hidráulicas remotas. Este flu-xo hidráulico é suficiente até mesmo para as maiores plantadeiras do mercado, acima de 40 linhas. As novas válvulas de fluxo compensado e de conexão rápida mantêm o fluxo e a pressão constantes, como forma de manter a eficiência mesmo nas condi-ções mais severas. Após ser configurado de acordo com a necessidade da operação, o sistema hidráulico se ajusta à mudança das condições ao longo do dia.

SISTEMA DE TRANSMISSÃOA transmissão que equipa estes gi-

gantes é Powershift de 16 velocidades,

que produz trocas de marcha suaves e reduz a fadiga ao fim de um longo dia de trabalho. Este sistema possibilita uma tração ideal o tempo todo, com pressão mínima sobre o solo, tornando-o ideal para trabalhar com condições de solo pesadas. Para isso, o Steiger apresenta uma base de roda mais longa, com peso embutido. Isso proporciona melhor tração e mais peso na parte dianteira. Apesar de grandes e fortes, estes tratores são bons também de manobra, conseguindo um raio de giro de 5,7 metros por conta do sistema de direção articulada.

CABINEUm dos destaques desta linha é a

cabine do operador, que conta com opção para sistemas de suspensão no assento e na própria cabine. O conforto do ambiente do operador é uma prioridade nesta série. Por isso, a sua operação é facilitada com o suporte de braço de controles múltiplos, maximizando a precisão e o controle

dos comandos e implementos. Entre os controles que compõem o console, estão o Gerenciamento Automático da Produ-tividade (APM) – para otimizar os ajustes do veículo – e o Advanced Farm Systems (AFS) – para a agricultura automatizada de precisão.

Mas, as demais funções - chaves tam-bém estão localizadas no suporte para braço Drive Logic, como o painel de con-trole intuitivo ICP, de forma que as ope-rações - tornam-se cômodas e precisas. A alavanca Multicontrol do suporte de braço oferece todas as operações vitais em uma única alavanca, como: ajuste da velocidade do motor, troca de marchas, reversão da máquina, sistema hidráulico e controle da função fim de linha, controle remoto, permitindo ao operador executar estas funções sem tirar a mão da alavanca.

A coluna A, com monitor de desem-penho integrado, fornece diversas infor-mações de maneira simples e rápida. Os

Fotos Case IH

Os motores da linha Steiger, projetados pela Case IH e fabricados pela FPT, de 12,9 litros, possuem turbocompressor e proporcionam potências nominais de 457cv a 558cv dependendo do modelo Os dois modelos Steiger possuem sistema de

Agricultura de Precisão AFS (Advanced Farm Systems)

Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br28

controles da cabine estão no lado superior direito, de forma que tudo está no campo de visão do operador. A grande área envi-draçada da cabine permite uma visão de 360 graus. Tudo isso num ambiente com controle eletrônico do clima e baixíssimo nível de ruído.

Equipado com suspensão a ar, o as-sento possui articulação de 40 graus à direita, que proporciona um campo de visão de 180 graus e evita que o opera-dor tenha que tensionar o pescoço o dia todo, vem com controles e um monitor opcional, integrado ao suporte de braço de funções múltiplas. O suporte de braço movimenta-se para cima e para baixo e gira com o operador. O volante pode ser inclinado e ter a altura ajustada, para a melhor postura no trabalho.

De acordo com a Case IH, os tratores equipados com o controlador múltiplo e o ICP (painel de controle intuitivo) são os mais fáceis de entender e operar. Este conceito de controle pode economizar aproximadamente 30% do tempo neces-sário para familiarizar-se com o modus operandi do trator. Essa economia de tempo no primeiro mês adiciona mais de 80 horas.

MONITORESOs mostradores são claros, concisos e

fáceis de ler. O monitor de desempenho integrado proporciona informações adi-

cionais sobre as condições do trator, área trabalhada e lembretes de manutenção. O condutor também é alertado sobre qualquer advertência, com o motor se des-ligando automaticamente para proteger o seu investimento, se necessário.

A alavanca multifuncional, o painel de controle intuitivo ICP e o monitor de tela de toque AFS Pro 700 integram todas as funções do trator no suporte de braço. Ou seja, o operador tem todas as funções de que precisa em um único lugar: seleção de velocidade, mudanças de direção, acelera-dor, controle de gerenciamento da função fim de linha, válvulas eletrônicas remotas,

A cabine possui assento com suspensão e suporte de braço de controles múltiplos, com controle dos comandos e implementos, além de alavanca Multicontrol

O monitor de desempenho integrado traz informações adicionais sobre as condições do trator

controles do levantador hidráulico de três pontos, TDF, joystick e muito mais. Esse ambiente amigável ao operador faz com que até mesmo um condutor novato traba-lhe de forma eficiente no primeiro dia.

A iluminação dianteira e traseira está disponível para melhorar a versatilidade nos trabalhos, bem como as luzes de saída, úteis para desembarque do trator no escuro.

MANUTENÇÃOA verificação da transmissão, do óleo

do motor ou do fluido hidráulico do Stei-ger pode ser feita do chão. Não há degraus ou lugares difíceis de alcançar nem por onde se apertar. O tanque de combustível da série tem uma capacidade de até 1.200 litros no modelo Steiger 450 e 1.760 litros no Steiger 550 e está incorporado à estru-tura do trator. O volume armazenado foi calculado para ser suficiente para durar mais do que o trabalho de um dia e, por ser de aço, proporciona mais robustez e durabilidade a todo o chassi.

SISTEMAS DE AGRICULTURA DE PRECISÃOO AFS (Advanced Farm Systems) é

um conjunto de avançados componentes agrícolas de diversas áreas, totalmente integrados, para otimizar a eficiência no campo. É um modelo de gestão de todas as fases, do preparo do solo à colheita, para maximizar a produtividade e gerar alta rentabilidade.

Orientado por GPS, o AFS Guide é um sistema de piloto automático que atua através de sensores instalados no sistema hidráulico. Ideal para ser utilizado na lavoura, que exige alta precisão em todas as suas fases.

No preparo do solo, o piloto automáti-co na otimização, com orientação perfeita na largura de trabalho. Já no plantio, sua precisão evita falhas e sobreposições, sem desperdício de sementes. E na pulveriza-ção, possibilita economia de defensivos,

já que o piloto automático evita falhas e sobreposições, permitindo um eficiente controle de pragas.

O sistema RTK (Real Time Kinematic) é o sinal agrícola mais preciso disponível no mercado, com uma precisão de 2,5cm em 20km. Este sinal é corrigido por uma base, que envia sinais através de ondas de rádio, para a máquina. A sua grande vantagem é que ele é capaz de repetir os mesmos dados coletados ano após ano.

Essa altíssima precisão adquirida pelo AFS Guide com correção RTK é essencial para a máxima produtividade no plantio e na colheita.

O sistema AFS Desktop realiza o gerenciamento da propriedade através de mapas de produtividade e relatórios analíticos customizados, combinando informações da máquina e do operador com os dados da agricultura de precisão em todas as fases, do preparo do solo à colheita. As informações podem ser ar-mazenadas safra após safra, o que permite uma análise histórica de todo o processo produtivo.

Fotos Case IH

Os tratores Steiger possuem transmissão Powershift de 16 velocidades e têm um raio de giro de 5,7 metros

O sistema hidráulico tem a opção de 216L/min standard ou 428L/min com bomba auxiliar

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trAtOrES

Baixa o somOs ruídos emitidos pelas máquinas

agrícolas durante a sua operação podem prejudicar a sensibilidade

da audição do ser humano, tanto para o ope-rador, quanto para as pessoas que estão ao alcance do ruído.

O ruído é uma onda sonora, que pode causar sensação de desconforto e uma gradual perda da sensibilidade auditiva humana. O nível de ruído pode ser medido por meio de aparelhos decibelímetros, em uma escala loga-rítmica, expresso na unidade decibel (dB).

Quando uma máquina proporciona conforto ao seu operador, seu desempenho aumenta sensivelmente. O ruído laboral é um agente de risco físico que pode causar doenças, como redução da capacidade auditiva, estresse, perda de sono, entre outras.

No Brasil, a Associação Brasileira de Nor-mas Técnicas (ABNT) possui algumas normas sobre medições de ruído em máquinas agríco-las, sendo as principais a NBR-9999 e a NBR 10400. A Norma NB 95 estabelece os níveis máximos de ruído que permitem o mínimo de conforto aos ocupantes de um ambiente. O máximo estabelecido é de 85dB (A) e, acima

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Fotos Charles Echer

Saber o nível de ruído emitido pelas máquinas ajuda a programar o número de horas diárias que o operador poderá

trabalhar sem fadiga e sem prejudicar sua audiçãodesse limite, o ruído, além de perturbar as atividades humanas, pode causar sérios danos à audição. Os critérios para a medição do ruído e estimativa do risco para o trabalhador são estabelecidos pela Norma ISO 1999 (1982) que estabelece limites para os níveis de ruído que ocorrem no posto de trabalho.

O Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), por meio da Norma Regulamentadora - NR15 - define os níveis de ruído e o tempo máximo de exposição sem o uso da proteção auricular, que com nível de 85dB (A) tem-se oito horas de exposição, com 90dB (A) tem-se apenas quatro horas de exposição, e 100 dB (A) apenas uma hora de exposição sem necessidade de proteção auricular. Nota-se que o tempo de exposição diminui drasticamente com o aumento do nível de ruído de 85dB (A) para 90dB (A), reduzindo em metade o tempo de exposição.

De acordo com as considerações citadas acima, objetivou-se determinar o nível de ruído produzido por um trator com cabine de 62,52kW (85cv) de potência nominal no motor, e gerar mapas de propagação do ruído em função do raio de afastamento do trator.

O estudo foi realizado na área experimental da Faculdade de Ciências Agrárias da Univer-sidade Federal da Grande Dourados, sediada no município de Dourados (MS). As análises de nível de ruído foram feitas em um trator com cabine de 62,52kW (85cv) de potência no motor, turbo com 3.908cm3 cilindradas e rotação de serviço de 540rpm na tomada de potência (TDP), sem carregamento. O trator selecionado possui comprimento total de 4,03m e distância entre eixos de 2,35m, com peso de 4.280kg.

Para determinar o nível de ruído emi-tido pelo trator foi utilizado um medidor de pressão sonora (decibelímetro) da marca Highmed, modelo HM-852, no circuito de resposta lenta e de equalização “A”. O nível de ruído foi determinado próximo ao ouvido do operador e em função do raio de afastamento

Dist (m)2468101214161820

M (dB (A))87,9882,4478,4575,5173,4571,6470,3369,0867,8866,96

Tabela 1 - Dados do nível de ruído emitido pelo trator

CV(%)4,193,033,093,213,013,893,023,083,492,64

Mín82,9078,8074,8071,9070,1068,1066,8065,3063,9063,70

Máx93,1086,1082,0078,5076,3073,8072,9071,7070,7069,00

*M – Média; CV – Coeficiente de Variação; Mín – Mínimo; Máx – Máximo;

Parâmetros

adquiridos por meio de um termo-higro-anemômetro da marca Highmed, modelo HM-380. Embora tenham sido observadas condições climáticas favoráveis, durante a realização de todos os testes foi utilizado o pro-tetor de ventos no microfone do medidor de pressão sonora, com o intuito de uniformizar as condições de leitura e evitar a influência de rajadas de vento.

Segundo a norma NBR 9999 (ABNT, 1987), na posição e momento do ensaio de medição do nível de ruído, a temperatura deve estar entre -5°C e 30ºC e a velocidade do

das máquinas.A área onde foi feita a medição era de solo

descoberto; para medir o ruído em função do lado e do raio de afastamento foi marcada a área a partir da fonte do ruído, usando para essa marcação uma trena e riscos no solo. Em cada um dos oito lados denominados como frontal, esquerdo, traseiro, direito, frontal esquerdo, traseiro esquerdo, frontal direito e traseiro direito (Figura 1), foram feitas marcas até 20m de distância. As medições do nível de ruído foram feitas a cada 2m nos eixos X e Y e 2,83m na diagonal.

Para que fosse gerado o mapa, por meio da geoestatística, utilizaram-se coordenadas fictícias montadas de acordo com a distância em que foi avaliado o nível de ruído, sendo que no meio do mapa encontra-se a origem do ruído, ou seja, o trator está posicionado no meio do mapa.

Para a determinação do nível de ruído foi fixada a rotação ideal de serviço na TDP do trator que é de 540rpm, o que representa 2.200rpm no motor. Durante a realização dos testes foram determinadas a temperatura do ar e a velocidade do vento. Os dados foram

Braiam Raiell Gomes

A Norma NB 95 estabelece que o nível de ruído máximo em um trator de cabine deve ser de até 85dB. Acima destelimite o ruído sonoro pode causar danos à audição do condutor, principalmente quando exposto por longos períodos

dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br32

Figura 1 – Grade amostral da área e pontos da retirada das amostras e diagrama da designação dos lados para medição do nível de ruído

Figura 2 – Mapa de variabilidade espacial do ruído (dB (A)) emitido pelo trator

vento deve ser no máximo 5,m/s, sendo estas satisfeitas, pois foram obtidos valores médios de 2,95m/s de velocidade do vento e 29ºC de temperatura do ar. Outra exigência da norma NBR 9999 (ABNT, 1987) é que a diferença entre os valores de nível de ruído ambiente e aqueles obtidos nos testes deve ser superior a 10dB (A). Observou-se que a diferença entre o nível de ruído ambiente e os níveis medidos ficou acima do mínimo estabelecido pela norma. O nível de ruído ambiente, observado durante os testes, foi de 39,32dB (A).

As análises dos dados foram realizadas, comparando-os com os limites de conforto es-tabelecidos pela Norma NBR 10152 (ABNT, 1987), que estabelece os níveis máximos de ruído que proporcionam o mínimo de con-forto aos ocupantes de um ambiente e com os limites estabelecidos pela portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, publicada como Norma Regulamentadora NR-15 da Consolidação das Leis do Trabalho, que não permite que um operador trabalhe por mais de oito horas com um ruído máximo de 85dB (A).

Pode-se perceber nos níveis de ruído do trator (Tabela 1) que há uma baixa variabilida-de dos dados de acordo com os valores de coefi-

Porém, o operador do trator que atue com a porta da cabine fechada, não terá problemas com ruído, pois o ruído interno do trator é de 80dB (A).

Se este trator for utilizado em operações estacionárias ou com implementos que ne-cessitam de operadores para executar alguma função, é essencial o uso de protetor auricular, os EPIs (Equipamentos de Proteção Indivi-dual), pois estes operadores ficarão expostos a níveis elevados de ruído, chegando a 90dB (A) em que o tempo permitido de exposição reduz pela metade, principalmente em condi-ções de vento acima dos 5m/s, que faz a maior propagação do ruído, podendo este vento ser na direção do operador.

O nível de ruído apresenta decréscimo em função do afastamento do trator, sendo que até 5m de distância os níveis de ruído excedem os 85dB (A) estabelecidos pela NR-15. Assim, o trabalhador que estiver neste raio de alcance deve utilizar protetor auricular. O operador do trator pode trabalhar em uma jornada de oito horas diárias sem proteção auricular, pois o nível de ruído dentro da cabine é de 80dB (A).

ciente de variação que não ultrapassaram 5% de variabilidade. Os valores de má-ximo e mínimo não apresentaram valores distantes da média,

confirmando que houve baixa variabilidade. Nestes dados é possível perceber, ainda, que há um decréscimo considerável no nível de ruído emitido pelo trator, em função da distância da fonte de ruído.

O mapa de variabilidade espacial no nível de ruído emitido pelo trator (Figura 2), em função do raio de afastamento da fonte emissora, apresenta claramente o efeito da distância no nível de ruído. As cores em es-cala de cinza representam os níveis de ruído em decibéis, onde quanto mais escura a cor, maior o nível de ruído. Percebe-se ainda que há uma emissão mais uniforme e prolongada na parte frontal do trator, o que é justificado pelo posicionamento do motor, responsável pela maior emissão de ruído do trator.

O mapa (Figura 2) apresenta também a área que apresenta níveis de ruído acima do permitido pela NR-15, para operadores atuando oito horas diárias, que ultrapassam os 85dB (A) estabelecidos pela norma. A área em que os níveis estabelecidos se encontram acima do permitido está na parte externa da cabine, portanto, trabalhadores que atuam em uma distância de até cinco metros do trator devem fazer o uso de protetores auriculares.

Braiam Raiell Gomes,Jhonatan Gomes Takara,Camilla Missio,Wellytton Darci Quequeto,Diogo Macedo Melo eJorge Wilson Cortez,UFGD

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FICHA téCNICA

Twin TracDisponível em duas séries de tratores, o sistema Twin Trac da Valtra possibilita girar o posto do operador em até 180°, facilitando o trabalho em operações florestais e agrícolas

A Valtra está trazendo para o Brasil tratores com posto de operação reversível, denominados como

sistema Twin Trac. Este conceito estará disponível em alguns modelos de tratores importados com potências de 100cv a 375cv.

Com o mercado crescente na pecuária e na área florestal, a empresa tem inves-tido na busca de soluções adequadas para a mecanização com foco nestas culturas. O desenvolvimento de tratores para esses mercados é fundamentado na pesquisa, na experiência acumulada e nas necessidades

dos clientes.O foco deste novo sistema no Brasil é

aumentar a eficiência, a segurança e dimi-nuir a fadiga do operador. A pressurização da cabine, o baixo nível de ruído (conforme normas internacionais), a filtragem do ar, a ventilação, o aquecimento ou esfriamento do ar e do ambiente, a vedação e o arco de segurança são algumas características presentes nestas cabines.

O Twin Trac está disponível para os modelos da Série N, T e S da Valtra, mo-delos da marca produzidos na Europa. O sistema reversível é apenas uma das muitas

características que ajudam a aumentar a produtividade e reduzir custos.

CONCEITOO Twin Trac (posto de operação re-

versível) é uma cabine com comandos ergonômicos e assento giratório, que per-mite o operador controlar simultaneamente implementos frontais e traseiros com total visibilidade e agilidade. O sistema permite executar múltiplas operações em uma única passada e possibilita maior visibilidade e controle dos implementos, aumento na agi-lidade da operação com melhor ergonomia. Estudos realizados no desenvolvimento do sistema comprovaram que ele pode me-lhorar a produtividade em cerca de 10% a 30%, comparando com o trabalho na con-dição tradicional, isso se consegue devido ao reduzido raio de giro e à agilidade nas manobras.

DESENHO ERGONÔMICOO Twin Trac inclui controles adicionais

na parte de trás da cabine, como volante, alavanca de inversão eletro-hidráulica e

Fotos Valtra

Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br34

pedais de acelerador, freio e embreagem. O assento do operador gira até 180º para que ele possa mudar de direção sem sair do mesmo, o que é simplificado por ter um piso plano e sem nenhum tipo de obstáculo entre os comandos dianteiros e traseiros. Esse conceito, evita que o operador tenha que olhar sobre seu ombro para verificar a operação, reduzindo torção, fadiga e dores musculares.

VISIBILIDADE Como o sistema possibilita trabalhar no

sentido inverso, a visibilidade do implemen-to e área de trabalho é excelente. A parte traseira do trator mantém todas as funções hidráulicas, como controle remoto, sistema de levante, posição e sensibilidade, além de TDP com duas velocidades e o sistema automático da TDP, que desliga a mesma

quando é levantado o implemento, evitando, assim, quebra do eixo cardã.

APLICAÇÕESSão diversas as aplicações que os tratores

Valtra equipados com Twin Trac podem ope-rar. Entre as operações mais utilizadas estão o trabalho com segadoras condicionadoras, roçadeiras, forrageiras e colhedoras. No setor florestal, pode ser utilizado com colhedoras de biomassa, corta, rebaixadores de tocos, limpeza e trituração. Além disso, pode ser aplicado na construção de cercas e estacas, além de limpeza em ruas das cidades.

SISTEMA HIDRÁULICO DIANTEIROOs tratores equipados com o sistema

Twin Trac podem ter sistema hidráulico dianteiro como opcional, o que permite re-alizar duas operações com um só trator, oti-mizando tempo e recursos. A Série T é um exemplo disso, tem capacidade de 3.500kg e TDP de 1.000rpm; já a Série S possui o

sistema de levante frontal com capacidade de 5.000kg e TDP para 1.000rpm.

ESTUDOUm estudo realizado pelo Instuto TTS

O sistema Twin Trac é uma cabine com comandos ergonômicos e assento giratório, que permite o operador controlar simultaneamente implementos frontais e traseiros

Além de inverter o posto de comando, a cabine tem teto panorâmico para facilitar operações que exijam maior visibilidade

Os tratores com sistema Twin Trac podem ter hidráulico dianteiro como opcional

Espaço interno foi projetado para facilitar os movimentos do operador e a inversão do posto de comando

Fotos Valtra

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- Työtehoseura sobre o conceito mostra efi-ciência e aumento de produtividade.

Manobras ágeis e controle mais fácil de aumentar a largura e velocidade de trabalho.

O tempo gasto durante o trabalho, incluindo manobras, foi, em média, ligeira-mente menor quando se opera o trator no sistema invertido (18,3 min/ha) que quando operar no sistema convencional (20,8 min/ha). Isto é explicado devido à velocidade de condução ser mais rápida (mesmo que o ob-jetivo foi padronizar a velocidade). Quando estudados os tempos específicos do turno, pode acrescentar que trabalhando no modo invertido, por sua vez, foram mais rápidos do que quando se conduz para a frente tanto em manobras de condução e, especialmente, em curva durante a operação com roçadeira. As diferenças são estatisticamente muito significativas.

SÉRIE TA Série T foi apresentada na Expointer

com o conceito Twin Trac, entretanto, essa série ainda passará por estudos antes de iniciar sua comercialização. Ela também

é equipada com motores AGCO Power, possui modelos que vão de 140cv a 190cv, transmissão PowerShift com 36 velocidades à frente e 36 para trás com redutor inte-grado partindo de 0,6km/h a 2.200rpm no motor, além do reversor eletro-hidráulico PowerShuttle. A bomba hidráulica tem vazão de 90 litros por minuto e até quatro

válvulas de controle remoto. O sistema de levante eletrônico tem capacidade de le-vante de 7.700kg e TDP com acionamento eletro-hidráulico com duas velocidades, 540 e 1.000.

A cabine com amplo espaço interno, dentro do conceito Twin Trac, possui uma versão voltada para aplicações florestais, como o teto que é do tipo Fops (Falling Object Protective Structures – Estrutura de Proteção contra Queda de Objeto) com moldura de aço feito de policarbonato com abertura, que além de proteger contra que-da de cultura, aumenta a visibilidade para trabalhos com carregadeiras. Outros itens para essa aplicação são pneus florestais, aros, tanque de combustível e outras partes inferiores do trator, todos com proteções.

SÉRIE SEssa série de tratores de alta potência da

marca, que foi lançada no mercado brasileiro no ano passado, possui dois modelos que são equipados com os motores AGCO Power, o S293 de 325cv e o S353 de 375cv, destaca-se pela transmissão AVT (AGCO Variable Transmition), que difere das tecnologias de mudanças de marchas automáticas conhe-cidas no mercado. Este câmbio regula a ro-tação do motor de acordo com a velocidade desejada. O câmbio trabalha por meio de quatro modos de programação divididos em dois grupos de velocidade, estes separados de acordo com o tipo de tarefa. O primeiro (Grupo A) de 0,03km/h a 28km/h e o segun-do (Grupo B) varia de 0,03km/h a 40km/h. Outro item de destaque é a alta capacidade de levante de 12 mil quilos e bomba de fluxo variável de 200 litros por minuto controlada automaticamente. A Cabine AutoComfort com suspensão pneumática garante um conforto sem igual, onde todos os impactos são absorvidos aumentando a produtividade e reduzindo a fadiga operacional.

As operações com o sistema hidráulico traseiro podem ser realizadas sem fadiga, já que o operadore os comandos podem ficar completamente voltados para a parte traseira da máquina

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Gotas perdidas

Diversas técnicas de aplicação de defensivos têm sido utilizadas pelos produtores com o intuito de reduzir custos na operação. No entanto, muitas falhas ocorrem

por falta de conhecimento e da utilização equivocada do equipamento, como pontas erradas e pressões diferentes das recomendadas

A agricultura caracteriza-se pela de-pendência da aplicação de produto fitossanitário para o controle das

populações indesejadas de insetos, patógenos e plantas daninhas. Os custos envolvidos no processo de produção, bem como a crescente preocupação ambiental, requerem o uso de produtos seguros e de técnicas de aplicação eficientes.

A tecnologia de aplicação empregada atualmente nas pulverizações ainda não é adequada ao paradigma proposto por Matuo (1990), que consiste no emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica, no momento adequado e com o mínimo de contaminação de outras áreas.

Muitos produtos fitossanitários foram desenvolvidos pela indústria nos últimos anos para as diversas culturas. Porém, poucas mudanças têm ocorrido na maneira como esses produtos são aplicados. Existem vários casos de aplicações ineficientes, com excesso ou déficit de ingrediente ativo no alvo. Des-perdícios de produtos fitossanitários podem variar de 15% a 70% em relação ao total do produto aplicado.

Estudos sobre padrões de depósitos e cobertura da calda de pulverização indicam distribuição irregular do produto fitossanitário nos terços da planta, o que diminui a eficácia dos tratamentos. Pesquisadores observaram que o depósito e a cobertura das pulverizações, nos terços mediano e inferior das plantas, ge-ralmente são significativamente inferiores aos obtidos no terço superior, independentemente da ponta e da vazão utilizadas.

Assim, a quantificação do depósito e avaliação da cobertura da calda pulveriza-da nas partes das plantas é imprescindível para avaliação da efetividade da aplicação no campo, reduzir falhas no controle e a

contaminação ambiental. O processo mais empregado para estudar a dinâmica das pulverizações de produtos fitossanitários tem sido a análise dos depósitos por meio de substâncias marcadoras. O uso de marcadores é muito atrativo, em virtude da facilidade de sua visualização e remoção das folhas ou alvos coletores e menor custo em relação ao uso de produtos fitossanitários.

A avaliação qualitativa, utilizando-se papéis hidrossensíveis, é simples, rápida e adequada para determinar diferenças na cobertura obtida em pulverizações, mas é subjetiva e deve ser utilizada como método comparativo entre tratamentos.

A escolha da ponta de pulverização é fundamental para obtenção do espectro de gotas adequado

A técnica de papéis hidrossensíveis é uma das mais indicadas para determinar diferenças de cobertura

Diversas técnicas de aplicação de defensivos têm sido utilizadas pelos produtores com o intuito de reduzir custos na operação. No entanto, muitas falhas ocorrem

por falta de conhecimento e da utilização equivocada do equipamento, como pontas erradas e pressões diferentes das recomendadas

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A qualidade da cobertura e a eficácia biológica das aplicações estão na dependência direta do diâmetro das gotas. Numa pulveri-zação, o diâmetro de gotas determina o nível de cobertura, a penetração do produto no dossel da planta, perda por evaporação e a uniformidade de distribuição do líquido sobre o alvo. Assim, quando se trata de monitorar e avaliar a qualidade de uma pulverização é im-portante caracterizar o espectro e a população das gotas produzidas para adequar a tecnolo-gia de aplicação ao controle desejado.

A escolha da ponta de pulverização é fundamental para obtenção do espectro de gotas adequado. Das peças constituintes do bico, a ponta de pulverização é a mais importante delas, por ser responsável por diversos aspectos relacionados à qualidade da aplicação, como tamanho das gotas, distribui-ção do líquido pulverizado, uniformidade de distribuição e vazão da calda.

A forma tradicional de aplicação dos produtos fitossanitários ocorre por meio de pulverizadores dotados de bicos de energia hidráulica, cuja formação de gotas é desu-niforme. Entretanto, são os mais comuns e tradicionais, com ampla disponibilidade no mercado mundial. Uma pulverização com espectro de gotas heterogêneas resultará, por um lado, em gotas grossas que podem ser ri-cocheteadas ou escorrer dos alvos e, por outro lado, em gotas finas que serão levadas pelos ventos, representando perdas de produto e poluição ambiental.

Outros sistemas de formação de gotas podem ser utilizados, tais como os bicos de energia centrífuga. Esses bicos perten-cem à categoria dos sistemas denominados CDA (Controlled Droplet Application), os quais indicam a produção e aplicação de gotas de tamanho adequado ao controle, com pequena variação no tamanho delas, independentemente de equipamento e vo-lume de aplicação. Esse tipo de pulverização

possui vantagens importantes, uma vez que eliminam-se as gotas muito pequenas, cau-sadoras de deriva, e as muito grandes que se perdem por escorrimento.

As características do alvo e do produto fitossanitário a ser aplicado são de funda-mental importância na determinação da densidade e do tamanho das gotas de uma pulverização. A utilização de gotas finas é recomendada quando é necessária maior cobertura e penetração no dossel das plan-tas. Entretanto, estas gotas podem evaporar em condições de baixa umidade relativa ou serem levadas pelas correntes de ar. As gotas medianas ou grossas são melhores para apli-cação em condições de maior risco de deriva. Porém, apresentam dificuldade de se fixar nas superfícies foliares e menor uniformidade de distribuição nos terços da planta.

O volume de aplicação é outro parâmetro importante dentro da tecnologia de aplicação. É o primeiro fator determinante do sucesso ou fracasso da pulverização, uma vez que a partir desse item são definidas as pontas de pulverização a serem usadas e a pressão de trabalho que, por sua vez, determinam o

espectro de gotas, a cobertura e a penetração no dossel da cultura.

A busca por maior eficiência dos equipa-mentos, com consequente diminuição dos custos de aplicação tem mostrado tendência dos agricultores diminuírem os volumes de calda aplicada. A redução do volume de aplicação representa expressiva inovação tecnológica, entretanto, requer aprimora-mento da tecnologia de aplicação empregada, pois menor volume implica no uso de gotas finas com maior risco de perdas por deriva e evaporação, além de menor quantidade de calda depositada.

Para a aplicação em volume baixo, alguns estudos demonstraram que maior depósi-to de calda pode ser obtido com bicos de energia centrífuga, pois apresentam maior uniformidade de gotas depositadas nos terços das plantas, o que é fator primordial para a distribuição dos produtos fitossanitários sobre os alvos.

Sistema de bicos de energia centrífuga denominado CDA (Controlled Droplet Application)

Lilian e Marcelo abordam tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários

Lilian Lúcia Costa eMarcelo da Costa Ferreira,Unesp/FCAV

37Outubro 2013 • www.revistacultivar.com.br

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As características do alvo e do produto fitossanitário a ser aplicado são de fundamental importância na determinação da densidade e do tamanho das gotas

Adam Smith e o livre comércio

A queda das exportações brasileiras e o aumento das importações nos segmentos de máquinas agrícolas têm mexido com

a indústria e com o governo. Tenho participado de vários grupos de estudos sobre competitividade. Invariavelmente, existem pessoas que acreditam fir-memente que o livre comércio será sempre a melhor opção para o desenvolvimento dos países, seja qual for a fase de desenvolvimento que eles estejam.

Essa ideia é tentadora. De acordo com a teoria de estudiosos clássicos da economia como Adam Smith (filósofo e economista escocês do século XVIII), quanto menos ações “externas” e “artificiais” sobre a economia e os agentes econômicos houver, melhor é. Adam foi um crítico do sistema mercantilista bri-tânico e costumava dizer que subsídios e monopólios eram ruins para a economia da ilha.

Dito de outra maneira, como ele mesmo explica, o interesse próprio e a competição no livre mercado tendem a beneficiar a sociedade como um todo, mantendo os preços baixos e garantindo uma va-riedade de produtos e serviços. Daí para se tornar uma pessoa que é contra a prática de qualquer tipo de política industrial, que signifique benefícios ou aumento de tarifas, é um passo muito pequeno.

A discussão entre ser ou não ser a favor do livre comércio não é nova, mas nos últimos anos é recor-rente no Brasil. Se olharmos a história, veremos que os países que defenderam o livre comércio o fizeram quando estavam em uma posição vantajosa. Vamos tomar como exemplo a Inglaterra de Adam Smith.

Na época de Smith, os ingleses só adotaram o livre comércio quando adquiriram um predomínio incontestável na sua indústria. Ainda assim, o país era contrário que suas colônias nas Américas desen-volvessem sua própria indústria.

Por outro lado, os Estados Unidos, quando pu-deram se desvencilhar dos britânicos, aumentaram todas as tarifas de importação, justamente para desenvolver a “indústria nascente”. As tarifas de produtos manufaturados dos EUA eram de 40% a 50% até a Primeira Guerra - a maior de qualquer país do mundo.

Essa mesma dinâmica aconteceu de forma pa-recida com outras economias do mundo, como a do

Japão, Coreia, Taiwan e Singapura.Em suma, os mesmos países que defendem o

livre comércio são os que, em algum momento de sua história, fizeram o uso indiscriminado de medidas protecionistas, misturando subsídios, regulamentação, proteção e controle de capitais.

Essa proteção se dá sob muitas formas. Investimen-tos em P&D é uma das principais, quando os governos sustentam total ou parcialmente os investimentos em pesquisa. Outras formas são: subsídios à exportação; ao desenvolvimento da produção local, inclusive por fornecedores; e através do estabelecimento de padrões de qualidade.

O controle de capitais externos e a ação direta do Estado para a concentração de empresas, com o intuito de torná-las mais competitivas no ambiente externo, também fazem parte desse cardápio.

Mas o que faz a agricultura desses países se situar em um patamar diferente dos bens industriais? Por que a agricultura pode ser encarada como “multifuncional” ou como detentora de um status de “bem cultural” – e por isso ser protegida – enquanto a indústria dos países em desenvolvimento – com todas as melhorias de qualidade de vida e empregos que gera – não pode ser encarada da mesma forma?

A Rodada Doha não foi para frente porque as nações ricas diziam que os países em desenvolvimento não apresentavam suficientes reduções de tarifas; ao mesmo tempo em que os países em desenvolvimento se defendiam, dizendo que as nações ricas não ofereciam reduções suficientes de abertura dos mercados agrícolas e redução de subsídios.

E não podemos nos esquecer da China. O país tem um sistema econômico que poderíamos chamar de “capitalismo de estado”. Em um só grupo está o partido, o governo, as forças armadas e a economia.

Os governos da China moderna construíram a formidável máquina de manufaturas que o país se transformou e não houve nada de livre comércio nisso. Por uma constante e bem planejada série de investimentos e a partir de uma base enorme de mão de obra, uma mentalidade de harmonia (confucionista) e uma taxa de poupança inigualável, os políticos chineses criaram a China de hoje.

A maneira que os países escolhem para se de-

senvolver é uma decisão da sociedade, profundamente cultural. Digo isso porque envolve valores: o que queremos, de que forma queremos e o que estamos dispostos a fazer (ou a renunciar) para obter o que queremos.

Isso não significa que estou defenden-do uma escalada de tarifas e de proteção que muitas vezes escondem ineficiências que precisam ser resolvidas. A realidade que circunda essa discussão é sempre maior do que simplesmente a defesa de abertura de mercados. Não podemos achar que livre comércio é algo que vem do céu, psicografado e entregue para nós por Adam Smith.

A verdade é que, olhando o livre comércio do ponto de vista histórico, os defensores de Adam Smith que dizem que política industrial não funciona, aparecem com aquela famosa piada sobre a conversa entre dois economistas marxistas: “Isso pode funcionar na prática, meu camarada, mas não funciona na teoria”.

Milton Rego é engenheiro mecânico e

economista, especialista em gestão. Atua na área de máquinas agrícolas e

de construção desde 1988. Atualmente, é diretor de

Comunicações e Relações Ex-ternas da Case New Holland;

vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodovi-

árias da Abimaq e diretor da Anfavea e Sinfavea. Milton

é responsável pelo blog do Milton Rego, que aborda os mercados de máquinas agrícolas e de construção:www.blogdomiltonrego.com.br

A discussão entre ser ou não ser a favor do livre comércio não é nova, mas nos últimos anos é recorrente no Brasil

MuNdO MáquINAS

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