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Setembro de 2013

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Rodando por aí

Perdas na colheita de cana

Preparo do solo em silvicultura

Rodados duplos

Uso de grades

Test Drive – P100C LS Tractor

Pulverização em cana

Plantio de soja

Eventos – Expointer 2013

Raio do rolamento em pneus

Eventos – Conbea/Sintag 2013

Coluna Mundo Máquinas

Test Drive - Trator P100C 18Conheça o P100C, o modelo mais completo da LS Tractor, e confira o seu desempenho no test drive realizado pela nossa equipe

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados po-dem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles EcherKarine GobbiRocheli Wachholz

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.www.revistacultivar.com.br

DireçãoNewton Peter

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480

Perdas em colheita de canaAvaliação realizada por pesquisadores mostra o nível de perdas em colheita de cana-de-açúcar em diferentes situações

Rodados duplosSaiba quais são as vantagens de utilizar rodados duplos em

tratores e colheitadeiras

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• REDAÇÃO3028.2060

Assinatura anual (11 edições*): R$ 187,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:

US$ 160,00€ 150,00

Cultivar Máquinas • Edição Nº 133 • Ano XII - Setembro 2013 • ISSN - 1676-0158

• ComercialSedeli FeijóJosé Luis AlvesRithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

• AssinaturasNatália RodriguesFrancine MartinsClarissa Cardoso

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Destaques

Nossa capa

Índice

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Matéria de capa

Cap

a: C

harl

es E

cher

CCCultivar

• GERAL3028.2000

• ASSINATURAS3028.2070• MARKETING3028.2065

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Setembro 2013 • www.revistacultivar.com.br04

roDANDo por AÍ

Portfólio completoA Valtra destacou seu portfólio completo de máquinas para cultura de grãos durante a Expointer e anunciou a nacionalização da plataforma Draper e a nova linha de tratores BH. “Com a crescente mecanização e a disponibilidade de equipamentos com características cada vez mais tecnológicas, houve um amento na demanda por máquinas maiores e mais potentes. Com a comercialização da nova linha BH GIII quere-mos consolidar nossa participação no segmento de máquinas pesadas”, explica Paulo Beraldi, diretor comercial da Valtra.

Jak Torretta e Paulo Beraldi

Resultados animadoresA AGCO comemorou as vendas recordes na América do Sul no primeiro semestre de 2013 e o lançamento de novos produtos para o mercado brasileiro. As vendas na região cresceram 27% no período. “A demanda de mercado está forte e a AGCO continua investindo em suas plantas, em novas tecnologias e no aprimoramento e de sua distribuição para atender às necessidades de seus clientes,” afirmou Martin Richenhagen, presidente, CEO e presidente do Conselho da AGCO, durante a coletiva anual da marca. A companhia investiu 35 milhões de dólares em sua planta de Santa Rosa (Centro de Competência para Colheitadeiras na América do Sul, América Central e Caribe) para introduzir um novo sistema de pintura, lançado em maio deste ano, baseado em nanotecnologia.

Tratores AGCOMarcelo Bassi, gerente de Ma-rketing de Produtos da AGCO, comemorou o sucesso dos tratores das marcas Valtra e Massey Fer-guson durante a Expointer 2013. Os destaques ficaram por conta da nova série BH Geração III, da Valtra, e da nova Série MF 8600 da Massey Ferguson, que vem com transmissão Dyna-VT, que é um diferencial da marca.

Auto-Guide 3000 O destaque da Valtra na parte de Agricultura de Precisão ficou por conta do Auto-Guide 3000. O sistema traz novos terminais touch screen: os modelos C3000 na versão Advanced e o C2100 na versão Basic, ambos com 12,1 polegadas, “o que facilita a uti-lização de todas as funções”, ressalta Rafael Costa, gerente de ATS AGCO. Além disso, o Auto-Guide 3000 conta com o novo receptor GNSS, o AGI-4, preparado para receber sinal de GPS, Glonass e Galileo.

EnfardadorasEm atendimento ao segmento de fenação e produção de biomassa, a Valtra expôs na 36ª Expointer sua linha de enfardadoras Challenger modelos SB34 e RB452. Para o gerente de Marketing de Produto Colhei-tadeiras e Enfardadoras da AGCO América do Sul, Douglas Vincensi, “a marca investe pesado em implementos sofisticados e diversificados para atender produtores e pecuaristas cada vez mais exigentes, que desejam principalmente produtos que aperfeiçoem os processos e garantam ganho de produtividade”.

Novo presidenteA partir janeiro de 2014, a diretoria executiva da Jacto – Divisão Agrí-cola - terá novo presidente. Martin Mundstock transfere o cargo para o engenheiro mecânico Fernando Gonçalves Neto, então diretor de Pesquisa & Desenvolvimento e diretor industrial. A diretoria de Gon-çalves Neto será desmembrada em duas. Para a diretoria de Pesquisa & Desenvolvimento assumirá Sérgio Sartori Junior e Ricardo da Costa Perez ficará com a diretoria Industrial.

TecnologiaA Case IH aproveitou a Expointer para falar sobre as perspectivas da empresa para os próximos anos e as projeções de futuro da agricultura brasileira. Além disso, o vice-presidente da marca para América Latina, Mirco Romagnoli, aproveitou a oportunidade para destacar a capacidade do agricultor brasileiro em superar desafios “Os produtores evoluíram muito nas últimas décadas. Os clientes Case IH procuram o máximo de produtividade e eficiência e cada vez mais estão dispostos a investir em tecnologia”, afirma.

Marcelo Bassi

Rafael Costa

Douglas Vincensi e Marcelo Pupin Mirco Romagnoli

Martin Richenhagen e André Carioba

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Nelson Watanabe

05Setembro 2013 • www.revistacultivar.com.br

Axial-FlowDurante a Expointer, a Case IH lançou a série 230 de colheitadeiras Axial-Flow. “Projetada para trabalhar com plataforma Draper 3162 de 45 pés, que também é um dos principais lançamentos da marca no evento, a nova Axial-Flow chega ao mercado com motor Case FTP e potência máxima de 570cv”, destaca Rafael Manfroi Miotto, diretor de Marketing da Case IH para América Latina. Além da nova máquina Axial-Flow 923, que foi desenvolvida e fabricada no Brasil, os modelos 8230 e 7230 também foram lançados como atualizações dos antigos 8120 e 7120.

New HollandA New Holland destacou durante a 36ª Expointer sua linha de produtos e soluções para o mercado agrícola do Sul do país. Segundo o vice-presidente para América Latina, Alessandro Maritano “o Rio Grande do Sul é co-nhecido como estado de maior diversificação agrícola do Brasil, por isso a empresa apresentou soluções para os mais diferentes segmentos”. Outro destaque da empresa foram os projetos para diminuir o impacto ambiental da agricultura, com o conceito New Holland de energia limpa.

Peças originaisA John Deere contou pela primeira vez, na Expointer, com espaço voltado exclusivamente para exposição e comercialização de peças originais da montadora, com preços especiais e participação de diversos concessionários. A empresa comemorou na feira a marca de R$ 1 milhão em venda de peças. Um cheque simbólico, nesse valor, foi entregue pela equipe ao diretor comercial da John Deere, Rodrigo Junqueira.

Nova geraçãoA Valtra levou à Expointer 2013 sua linha BH Geração III, o que marca o início da comercialização destes tratores no estado. Segundo Alfredo Jobke, diretor de Marketing AGCO para a América do Sul, “esta geração de tratores atende um perfil de produtores que exigem equipamentos cada vez mais eficientes no campo”.

Novo tratorNa comemoração dos seus 53 anos, a Stara anunciou o primeiro tra-tor da marca, o ST MAX 105. “A incorporação do trator soma-se às de-mais linhas oferecendo ao produtor brasileiro um amplo portfólio de opções para o êxito da sua lavoura”, declara o presidente da Stara, Gilson Trennepohl.

Rodados duplosA Marini comemorou este ano sua décima quinta participação na Expointer e ressaltou a importância da feira pela proximidade com os países do Mercosul. A empresa, que é líder de mercado em rodados duplos no país, avaliou positivamente as vendas e visitações no seu estande e destacou que sua equipe já está preparada para o pós-venda que antecede o plantio.

ComemoraçãoA equipe da Cycloar comemorou muito o Troféu Prata, na categoria Desta-que do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, obtido pelo exaustor com Tec-nologia Cycloar. Há alguns anos a empresa produz o sistema exaustor que proporciona “aeração intensificada” ou “aeração natural”, um processo que não utiliza aeração, mas sim exaustores em ambientes armazenadores.

Rafael Manfroi Miotto

Alfredo Jobke

Gilson Trennepohl

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ColhEDorAS

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e também o maior exportador de

açúcar e de álcool advindos desta cultura. A área plantada no estado do Rio de Janeiro para a safra 2012/2013 foi de 37,180 mil hectares de acordo com dados da Conab.

A Lei 5.990 de 20 de junho de 2011 do Estado do Rio de Janeiro visa à eliminação gradativa da queima da palha da cana. Esta lei define que, nas lavouras em áreas passíveis de mecanização da colheita com baixo declive, a redução da queimada seja de 20% até 2012; 50% até 2014; 80% até 2018 e acabe até 2020. Já para as plantações onde a colheita mecanizada não possa ser implantada, os prazos são maiores: até 2016, redução de 20%; até 2018, 50%; até 2022 para reduzir em 80% e 2024 para acabar definitivamente com a prática.

A adequação à legislação causará refle-xos significativos no aumento na área de colheita mecanizada de cana-de-açúcar crua

no País. Na Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), na safra 2010/2011, 20% da cana colhida foi efetu-ada com colheita mecanizada. Já na safra 2011/2012, este número elevou-se a 25%, resultado de investimentos em compra de equipamentos, locação de novas máquinas, assim como contratação de profissionais de outros estados com experiência nesta atividade. Isto significa que a cidade de Campos dos Goytacazes está conseguindo se adequar à lei 5.990, de 20 de junho de 2011 do Estado do Rio de Janeiro.

No entanto, o processo da colheita mecanizada apresenta ainda muitas perdas de matéria-prima causadas por fatores que ainda precisam ser mais esclarecidos.

As perdas de cana-de-açúcar podem ser divididas em perdas visíveis e invisí-veis, as visíveis são aquelas que podem ser detectadas visualmente no campo após a colheita, enquanto as perdas invisíveis são na forma de caldo, serragem e estilhaços que

ocorrem em razão da ação dos mecanismos rotativos que cortam, picam e limpam o produto durante o processamento interno nas colhedoras.

Para avaliar estas perdas, foi realizado estudo em junho de 2012 em uma lavoura de cana-de-açúcar ainda não sistematizada para a colheita mecanizada. A área pertence a um fornecedor da Coagro na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ), região Norte Fluminense.

A cana-de-açúcar da variedade SP80-1842 foi colhida sem queima prévia no período diurno. Utilizou-se no estudo a colhedora de cana picada modelo Case IH A8800, ano de fabricação 2010. Foram ava-liados o comprimento médio e o diâmetro médio dos colmos e a estimativa de produ-tividade da cultura. Foram recolhidas as sobras de cana-de-açúcar deixadas no campo após a colheita, em seis linhas de soqueira de cana, com comprimento de 290m cada, colocando armação de amostragem nas duas

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Cas

e IH

Aproveitamento máximoAproveitamento máximo

A colheita mecanizada da cana-de-açúcar, para ser eficiente, depende de alguns fatores independentes da máquina, como porte

das mudas, nível do terreno e capacitação do operador

A colheita mecanizada da cana-de-açúcar, para ser eficiente, depende de alguns fatores independentes da máquina, como porte

das mudas, nível do terreno e capacitação do operador

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rebolos passam a ser sugados junto com a palha e a terra, sendo lançados ao campo. Ao passar pelos exaustores, os rebolos são atingidos pelas pás, sendo dilacerados em lascas e pedaços soltos, contribuindo para o aumento das perdas. A rotação do exaustor primário utilizada neste trabalho foi de 800rpm, valor este acima do recomendado pelos fabricantes da colhedora, o ideal seria entre 110rpm e 600rpm. Foi utilizado este

linhas centrais a cada 50m, separando 40m de borda, a área de amostragem foi de 20m2 com cinco repetições.

Com estes dados foram calculadas as perdas em t/ha e porcentagem de perdas totais e de cada tipo de perda. Os tipos de perdas visíveis de cana-de-açúcar avaliadas foram rebolo repicado, cana inteira, cana ponta, pedaço fixo, pedaço solto, lasca, estilhaço, toco e perdas totais. Estas perdas foram coletadas, separadas e pesadas. O canavial avaliado apresentou produtividade estimada de 46t/ha, comprimento e diâme-tro médio dos colmos de 1,96m e 20,10mm, respectivamente. Esta baixa produtividade média já foi constatada em outros trabalhos realizados na região Norte Fluminense. Es-tes trabalhos mostram que apesar do cultivo da cana-de-açúcar ser a principal atividade agrícola da região, as médias de produtivi-dade encontram-se abaixo de 50t/ha. Isto se deve principalmente a não renovação dos canaviais no prazo de, no máximo, cinco cortes e à falta de tratos culturais essen-ciais como adubação, irrigação e controle de plantas invasoras que não são realizados periodicamente.

Houve diferença entre os tipos de perdas encontrados, sendo pedaço solto e lascas os

encontrados em maior número, somando 54% das perdas totais, e toco juntamente com pedaço fixo encontrados em menor número, somando 13% das perdas totais.

O resultado encontrado para os tipos de perda pedaço solto e lascas justifica-se pelo fato dos mesmos indicarem diretamente a influência da rotação do exaustor primário quanto às perdas, pois à medida que se aumenta a rotação do exaustor primário, os

As perdas visíveis avaliadas foram rebolo repicado, cana inteira, cana ponta, pedaço fixo, pedaço solto, lasca, estilhaço, toco e perdas totais

Valt

ra

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valor acima do recomendado devido à alta quantidade de folhas verdes e palha no canavial no momento da colheita, pois não foi utilizado nenhum produto dessecante antes da colheita. Sendo assim, utilizando a rotação do exaustor dentro dos valores recomendados, o nível de impurezas na cana colhida ficaria muito além do aceitável. Porém, aumentando a rotação do exaustor primário, diminui-se a quantidade de im-purezas, mas em contrapartida aumenta-se a quantidade de perdas dos tipos lascas e pedaços soltos.

Neves et al (2004) também encontraram os tipos de perdas pedaço solto e lascas em maior quantidade, assim como no presente trabalho. Da mesma forma, Noronha et al (2011) e Silva et al (2008) encontraram o tipo de perda pedaço solto em maior quan-tidade, ambos avaliando a colhedora Case A7700 que é o modelo fabricado anterior-mente ao modelo avaliado neste trabalho, que possui diversos setores em comum.

As causas prováveis para os tipos de per-da classificados como toco e pedaço fixo te-rem sido encontrados em menor quantidade estariam relacionadas ao bom nivelamento do solo e à pouca incidência de pedras na área, permitindo uma altura de corte mais homogênea, próxima do ideal.

O tipo de perda cana inteira não foi

encontrado no presente trabalho, provavel-mente isto está relacionado principalmente ao não acamamento da cana, pois o canavial apresentava um porte ereto, outro fator esta-ria relacionado com o bom estado das facas do corte de base, provavelmente estas não apresentavam grandes danos ou desgastes no momento desta colheita, permitindo o corte de todas as soqueiras, não deixando cana inteira no campo.

A média de perdas totais foi de 4,75t/ha, o que significa mais de 10% de perdas totais na área avaliada, conforme mostra a Tabela 1. De acordo com Benedini et al (2011), perdas maiores que 4,5% são classificadas como altas.

Este valor alto de perdas totais encon-trado no presente trabalho pode ser justi-ficado pela não sistematização do terreno para a colheita mecanizada, os talhões não são homogêneos em comprimento nem em espaçamento de plantio, além do espaça-

mento utilizado entre fileiras (1,2m) não ser adequado para a colheita mecanizada. Segundo Benedini e Conde (2008), o es-paçamento ideal é de 1,5m entre fileiras, porque possibilita uma colheita sem injurias às soqueiras e consequentemente maior longevidade ao canavial.

As condições de campo devem ser sis-tematizadas e adequadas à colheita meca-nizada da cana, visando redução de perdas e melhores condições de rebrota. Seriam necessários trabalhos futuros para elucidar outras questões relacionadas às perdas de matéria-prima na cultura da cana-de-açúcar na região Norte Flum inense. .M

Fotos Carmen Maria Manhães

Tabela 1- Resultado do intervalo de confiança a 5% para os tipos de perdas

% dos tipos de perdas111192826114

100

PerdasRebolo Repicado

Cana PontaPedaço FixoPedaço Solto

LascasEstilhaço

TocoPerdas Totais

Média (t.ha-1)0,52 b0,54 b0,41 bc1,30 a1,24 a0,53 b0,20 c4,75

O bom estado das facas do corte de base, sem grandes danos ou desgastes, permite o corte de todas as soqueiras, não deixando cana inteira no campo

A rotação do exaustor primário utilizada foi de 800rpm, valor acima do recomendado, de-vido à alta quantidade de folhas verdes e de palha no canavial no momento da colheita

Armação de amostragem das perdas, com 20m2. As condições de campo também precisam ser adequadas à colheita mecanizada da cana, visando redução de perdas e melhores condições de rebrota

Carmen Maria C. Manhães, Ricardo Ferreira Garcia, Delorme Corrêa Júnior, Francisco Maurício A. Francelino, José Francisco Sá V. Júnior e Helenilson de O. Francelino, Uenf

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MECANIzAção

Floresta moderna

Em silvicultura, o preparo do solo consiste, basicamente, em opera-ção de revolvimento mínimo via

subsolagem, onde, concomitantemente, é realizada a aplicação do fertilizante de base. Alguns fatores que reduzem o rendimento operacional já são conhecidos para esta operação em sistemas florestais, como, por exemplo, a presença de resíduos lenhosos na área de trabalho. A quantidade de resíduo presente em um talhão após a colheita do eucalipto pode representar até 8% do volume total produzido pela floresta. Este residual dificulta o deslocamento dos conjuntos mecanizados e a penetração das hastes dos subsoladores no solo.

Atualmente, algumas empresas florestais utilizam as tecnologias da agricultura de pre-

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Valtra

A reforma de florestas onde há grande quantidade de resíduos culturais depositados sobre o solo tende a ser uma operação difícil, entretanto, a utilização de tecnologias da agricultura de precisão pode contribuir significativamente

para o aprimoramento da qualidade destas operaçõescisão de aplicação a taxa fixa para melhorar a uniformidade de distribuição dos insumos durante as operações de preparo do solo. Nesse sistema, o computador de bordo aciona os mecanismos de distribuição da adubado-ra, regulando a aplicação do fertilizante de acordo com a velocidade de deslocamento do conjunto mecanizado, que é monitorada por um sensor de velocidade ou obtida via GPS (Global Positioning System). A uniformidade de distribuição do insumo passa a ser inde-pende da velocidade de trabalho.

Neste contexto, tendo em vista a susten-tabilidade e a redução de gastos, é fundamen-tal conhecer as etapas que compreendem a atividade de preparo do solo de precisão, para poder elaborar estratégias que possibilitem aumentar a eficiência operacional desta

operação. Este estudo teve por objetivo deter-minar o tempo gasto em cada atividade que compõe a jornada de trabalho da operação de preparo do solo com adubação em filete contínuo de precisão, em áreas de reforma, para implantação da cultura do eucalipto.

Os tempos gastos em cada parcela de tra-balho foram controlados, cronologicamente, em sequência. Os tempos foram registrados progressivamente e anotados ao final de cada parcela de trabalho, de acordo com o período de duração acusado pelo cronômetro. A coleta de dados foi realizada em conjuntos mecani-zados equipados com sistema de precisão da Arvus Tecnologia, que estavam realizando o preparo do solo e adubação em filete contí-nuo na região de Três Lagoas (MS), durante janeiro e fevereiro de 2012. O levantamento foi realizado durante dez dias, sendo que, a cada dia, se acompanhava um conjunto mecanizado.

O processamento das informações con-sistiu em agrupar os tempos, movimentos de acordo com as classificações de tempo pro-dutivo, auxiliar, perdido e outros tempos. O tempo produtivo compreende o período em que a máquina está efetivamente trabalhando e o tempo gasto pelo conjunto mecanizado para realizar as manobras de cabeceira. O tempo auxiliar compreende as atividades imprescindíveis para a realização da opera-ção, como o período gasto com o processo de calibração e aferição do equipamento de trabalho. O tempo perdido representa o período gasto com deslocamento, manobras de cabeceira (tempo superior a um minuto), deslocamento dificultado por restos culturais e aos períodos em que o conjunto permanecia

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bras de cabeceira com tempo superior a um minuto (10,0%), deslocamento entre pontos de trabalho (33,5%), paradas devido a pro-blemas mecânicos (33,2%) e deslocamento dificultado por restos culturais (20,6%).

Quanto às manobras de cabeceira, esse tempo contabilizado representa o excedente ao tempo de um minuto, ou seja, o período aceitável para realização das manobras. Para a redução deste período, é importante que as condições em que se encontra a superfície do terreno nas margens dos talhões sejam adequadas. Além do mais, a experiência dos operadores e o tipo de máquina empregada (capacidade de esterçar o volante) contri-buem para a redução deste tempo.

O tempo perdido com deslocamento é inevitável, entretanto, alguns processos de gestão podem contribuir para a redução desta perda. Por exemplo, um bom posicionamento do ponto de abastecimento do implemento com insumo, ou até mesmo a presença de um guindauto (vulgo “muque”), que carrega o fertilizante, possibilitando o abastecimento próximo ao local de trabalho do conjunto, contribui bastante para o aumento da ca-pacidade operacional da subsolagem com adubação.

A presença de caminhão oficina para atender a possíveis emergências no ambien-

parado por falta de insumo, condições climá-ticas e problemas mecânicos. Outros tempos compreendiam as atividades de abastecimen-to, manutenção e descanso do operador.

Quanto à distribuição dos tempos den-tro da jornada de trabalho dos conjuntos mecanizados equipados com sistema de precisão, pode-se observar que o tempo pro-dutivo representou uma parcela de 28,0% do tempo total, enquanto tempo auxiliar, perdido e outros tempos ocuparam 4,5%, 22,1% e 45,4% do tempo movimento total, respectivamente.

Em relação ao tempo produtivo, observa-se na Figura 1 que mais de 80% deste tempo foi ocupado pelo período em que efetiva-mente a máquina estava trabalhando. Este índice pode ser considerado bom, entretan-to, ainda pode ser melhorado, a depender das condições operacionais do ambiente de trabalho. A presença de sulcos de erosão, madeira baldeada e resíduos culturais nas margens do talhão, assim como a experiência do operador influenciam no tempo gasto com as manobras de cabeceira.

Observa-se na Figura 2 que a calibração dos equipamentos representou somente 38,1% do tempo auxiliar, e este, por sua vez, contribuiu somente com 4,5% do tempo total. Assim sendo, verificou-se

que a calibração representa 1,7% do tem-po movimento total, ou seja, um tempo relativamente pequeno dentro da jornada de trabalho, entretanto, de fundamental importância para o correto funcionamen-to do sistema de precisão como um todo. Do mesmo modo, a aferição representou 61,9% do tempo auxiliar e 2,8% do tempo total da jornada de trabalho. Assim como a calibração, a aferição é muito importante para o correto funcionamento do sistema de precisão, já que tem como objetivo verificar se o sistema está distribuindo corretamente o insumo durante a subsolagem.

Analisando o tempo perdido, verifica-se na Figura 3 ampla contribuição das mano-

Fotos Luciel Desordi

Dificuldade de deslocamento ocasionada pela presença de restos culturais é inevitável, porém, pode ser reduzida

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representou 8,5% dos outros tempos, e foi caracterizada, principalmente, pelo período gasto com a limpeza matinal do distribuidor de fertilizante, uma vez que normalmente os implementos passavam a noite com insumo no compartimento de carga. Além deste tempo, foram contabilizadas as paradas durante o tempo produtivo para o operador limpar o sistema dosador do insumo.

De acordo com os dados apresentados, verifica-se que a metodologia adotada possibilitou descrever melhor a jornada de trabalho dos conjuntos mecanizados que realizam a subsolagem com adubação a taxa fixa, assim como apresentar pontos-chave para aumentar a capacidade operacional destes equipamentos. Além do mais, as operações de calibração, aferição e manuten-ção da Arvus representaram somente 1,7%, 2,8% e 1,5% do tempo movimento total, respectivamente. Estes índices representam pequena parcela da jornada de trabalho quando comparado aos benefícios que o sistema proporciona à atividade de preparo do solo com adubação em taxa fixa, ou seja, a distribuição uniforme do fertilizante nas áreas de reforma florestal.

Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Setembro 2013 • www.revistacultivar.com.br12

te de trabalho também tende a melhorar a eficiência da operação como um todo. A manutenção preventiva do equipamento e a presença de profissionais qualificados para realização destas atividades também são de suma importância para reduzir o tempo perdido por problemas mecânicos.

Já o tempo perdido devido à dificuldade de deslocamento ocasionado pela presença de restos culturais é inevitável em áreas de reforma, entretanto, pode ser reduzido. Um bom operador de colhedoras florestais tende a realizar a operação deixando os tocos baixos e, assim, facilita os demais processos que envolvem o ciclo florestal. Além do mais, estratégias podem ser empregadas para reduzir os restos culturais após a colheita, como o incentivo a empresas produtoras de carvão em aproveitar esses resíduos ou, até mesmo, empregar este material vegetal para a produção de energia na própria usina, no caso de áreas destinadas à produção de papel e celulose.

Na Figura 4 é apresentada a distribui-ção das atividades que compõe a categoria de outros tempos. O baixo percentual de tempo ocupado com o abastecimento e lubrificação da máquina (2,6%) se deve à logística montada para a realização desta atividade. O caminhão comboio vai até o campo e realiza a operação às margens do talhão, maximizando, assim, a eficiência da operação. A atividade de abastecimento de insumos onerou mais tempo (16,7%), sendo este índice muito variável a depender das condições físicas do fertilizante, como o teor de água e a granulometria do formulado.

As operações de manutenção da Arvus foram conduzidas pelos técnicos da empresa, onde foram realizadas as coletas de informa-ções e as configurações dos computadores de bordo, e na média geral, pode-se observar que esta atividade representou somente 3,2% dos outros tempos, ou 1,5% do tempo movimento total.

A atividade de manutenção mecânica representou 19,7% dos outros tempos, ou 8,9% do tempo total da jornada de trabalho. Este índice deve ser o mais baixo possível e, para isso, algumas estratégias devem ser implantadas, como a presença do caminhão oficina e de profissionais capacitados para trabalhar.

A atividade de limpeza do equipamento

Figura 1 - Percentagem do tempo produtivo ocupado pelo período em que as máquinas estavam efetivamente trabalhando e realizando manobras de cabeceira

Figura 2 - Percentagem do tempo auxiliar ocupado pela atividade de calibração e aferição do equipamento de distribuição de precisão de fertilizantes

Figura 3 - Percentagem do tempo perdido ocupado por cada categoria de atividade Figura 4 - Percentagem de outros tempos ocupada por cada categoria de atividade

Luciel R. Dezordi,André M. de Azevedo,Clenilson A. Messa,Renato A. A. Ruas,Mário L. P. Cunha,Bruno G. de Carvalho,Urbano T. G e Silva eRafael de O. Antunes,UFV

Solo preparado para o transplante de mudas de eucalipto em área de reforma com resíduos lenhosos

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13

trAtorES

Pelos altos custos na produção de grãos, principalmente os relacio-nados com máquinas agrícolas,

e pelas adversidades climáticas, torna-se necessário executar as operações agrícolas com alta eficiência e, muitas vezes, neces-sitando utilizar equipamentos com grande largura e, consequentemente, alta demanda de tração.

Quando se busca uma solução para melhorar o desempenho em tração, uma das alternativas é o aumento da superfície de contato do pneu com o solo. Para isso, a uti-lização de rodados duplos, que dependendo da terminologia regional pode ser chamada de duplagem, flipagem ou filipagem, passa a ser uma alternativa interessante, pois aumenta a eficiência em tração, melhora a flutuação

em terrenos úmidos e macios e modifica uma série de outros parâmetros de desempenho do sistema pneu-solo.

FORMAS DE ACOPLAMENTOSão vários os modelos de tratores que

saem de fábrica com rodado duplo, princi-palmente os de maior tamanho e potência de motor. Outros, embora equipados com rodado simples, são fabricados de forma que facilmente se pode colocar um rodado duplo, adicionando-se um rodado a mais no próprio eixo, utilizando-se uma flange que é o próprio centro da roda. O acoplamento do rodado externo é feito diretamente a uma extensão estriada do eixo do trator.

No entanto, para tratores que saem de fá-brica sem nenhuma preparação para receber

esse tipo de rodado, se faz necessário recorrer a um kit de montagem. Em alguns casos, isso pode ser feito através de um cubo de metal fundido (carretel) preso ao centro da roda do trator por meio de porcas de acoplamento, como uma espécie de extensão do eixo.

Também, pode-se utilizar uma estrutura metálica para a junção entre as partes exter-nas dos aros dos rodados (interno e externo). Essa junção é feita pelos chamados “engates rápidos”. Neste caso o rodado externo fica preso ao interno e não ao eixo do trator.

AUMENTO DA SUPERFÍCIE DE CONTATOVários problemas surgem durante a uti-

lização do trator na realização das operações agrícolas, sendo que um dos maiores é a dificuldade de trabalhar nas mais diversas

Dupla eficienteO uso de rodados duplos em tratores agrícolas ajuda a aumentar a eficiência

em tração e melhora a flutuação em terrenos úmidos e macios

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Charles Echer

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condições de umidade e tipos de solo. Isso afeta diretamente sua capacidade de tração, consumo de combustível e patinamento.

Percebe-se que, com o aumento da superfície de contato do pneu com o solo, existe a possibilidade de redução dos índices de patinamento, diminuição do consumo de combustível por área e aumento da potência em tração.

Porém, para que esse ganho de eficiência ocorra, em operações de alta demanda de tração é necessário aumentar o peso do trator sobre o rodado, respeitando o limite máximo estabelecido pelo fabricante, para manter ou incrementar a pressão do rodado sobre o solo, pois, caso contrário, uma diminuição dessa pressão apenas favorecerá a flutuação, preju-dicando a tração. Com isso, através das garras dos pneus melhora-se a interação roda-solo e consegue-se maior aderência, influenciando na capacidade de tração.

PRESSÃO SOBRE O SOLOEm casos onde as condições de solo forem

similares para uma determinada operação, seja com um trator agrícola equipado com rodado simples ou duplo, a um mesmo peso total do trator, haverá menor pressão exercida pelo rodado duplo no solo, uma vez que a

pressão exercida pelo rodado sobre o solo é o peso incidente dividido pela área de contato (a qual, no rodado duplo, é maior).

Quando se realizam operações como semeadura, por exemplo, onde se deve ter maior cuidado com a compactação do solo, o uso de rodados duplos pode ser uma boa opção para minimizar esse problema.

EFICIÊNCIA EM TRAÇÃOA tração pode ser definida como uma

força proveniente da interação existente en-tre um dispositivo de autopropulsão (roda) e o meio no qual age este dispositivo (solo) (Mialhe, 1980). Por isso, a tração depende, principalmente, das características dos rodados e do solo agrícola, sendo mais que uma força, a própria interação entre pneu e solo agrícola.

A eficiência em tração é a relação existen-te, expressa em porcentagem, entre a potência na barra de tração (calculada a partir do esforço de tração na barra e a velocidade real de deslocamento) e a potência disponível no eixo das rodas motrizes do trator.

Quanto maior for este percentual, meno-

res terão sido as perdas no processo de tração, sendo que este parâmetro está fortemente relacionado com a carga na barra de tração, potência disponível e consumo de combustí-vel. Quando os rodados duplos são utilizados adequadamente e o índice de patinamento estiver entre 8% e 16% (valores aceitáveis para solo agrícola firme e solo macio ou arenoso, respectivamente), a eficiência em tração aumenta.

Com isso, os rodados duplos podem pos-sibilitar a utilização de implementos maiores e também melhorar a capacidade de tração em todo tipo de solo, inclusive aqueles de baixa capacidade suporte (sustentação).

No preparo de solos de várzea para o cultivo de arroz irrigado, bastante comum no Sul do país, por exemplo, ocorrem nor-malmente operações com alta demanda de tração e como a dificuldade de drenagem do terreno é natural, proporciona que em um mesmo talhão, com solo na umidade ideal de preparo, existam pequenas partes de área com solo úmido. Um exemplo típico de vantagem da utilização de rodados duplos ocorre quando é necessária a realização da

Fotos Ulisses Giacomini Frantz

Com o aumento da superfície de contato do pneu com o solo, existe a possibilidade de redução dos índices de patinamento

Quando os rodados duplos são utilizados adequadamente e o índice de patinamento estiver entre 8% e 16% a eficiência em tração aumenta

Fase final de acoplamento do rodado ao cubo de roda para formar a configuração de rodado duplo

CUIDADoS Ao USAr roDADo DUplo

Alguns cuidados básicos devem ser tomados quando se utiliza

um rodado duplo no trator ou colhedora, conforme veremos a seguir:

A pressão do rodado externo da dupla-gem deve ser inferior à do rodado interno e, quando se utiliza um kit para o acopla-mento entre rodados, não se deve lastrar com água os pneus externos da duplagem, pois haverá uma sobrecarga na máquina, podendo ocorrer um desgaste na transmis-são e ruptura de componentes.

Na maioria dos casos, quando o im-plemento demanda determinada força de tração para o seu deslocamento, o motor do trator diminui a rotação, eleva o torque

e continua a realizar determinada operação. Logo, o patinamento é a “solução” para evitar danos na transmissão.

Recomenda-se que o patinamento do trator fique entre 8% e 16% para opera-ções pesadas (aração ou subsolagem), principalmente quando o trator possuir lastragem próxima ao limite máximo estabelecido pelo fabricante. Devem-se evitar os níveis de patinamento próximos a zero, pois estes induzem a que o esforço demandado pela operação passe para a embreagem, transmissão, diferencial e redução final, provocando diminuição da vida útil do equipamento e gasto excessivo de combustível.

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Ulisses Giacomini Frantz,José Fernando Schlosser eMarcelo Silveira de Farias,Nema/UFSMAlexandre Russini,Unipampa

operação de aplainamento do solo em toda área. O aumento da flutuação e da capacidade de tração proporcionado por esta configura-ção de rodado viabiliza a operação, algo que seria muito difícil utilizando um trator com rodado simples.

CONSUMO DE COMBUSTÍVELPara a avaliação do rendimento de

qualquer máquina agrícola o consumo de combustível é um dos aspectos mais im-portantes a serem considerados. Conforme Mialhe (1996), esse pode ser mensurado de duas formas: em relação ao tempo (consu-mo horário – kg/h, L/h etc) e em relação ao trabalho mecânico desenvolvido (consumo específico – g/kW/h, g/cv/h etc). O segundo é o parâmetro mais confiável para a análise de tal rendimento.

Quando comparado com a utilização de rodado simples, o rodado duplo geralmente apresenta menor consumo específico de com-bustível, dependendo da condição de solo e da pressão interna dos pneus utilizada.

AVALIAÇÕES DE CAMPOPara conhecer os reais ganhos possíveis a

partir da utilização de rodado duplo em trato-res agrícolas, realizou-se um experimento em uma área agrícola da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) utilizando-se duas configurações de rodado no eixo traseiro do trator (simples e duplo) e três pressões in-ternas, 124, 138 e 152kPa (18, 20 e 22 PSI) nos pneus traseiros, excetuando-se o pneu externo da duplagem que permaneceu com pressão fixa de 138kPa (20 PSI).

Foi utilizado um trator da marca Massey Ferguson de 88,2kW (120cv) de potência máxima, com pneus R1 de construção dia-gonal, sendo que os pneus dianteiros eram de medida 14.9-26, marca Goodyear dyna torque II de 12 lonas, e os traseiros 23.1-30, marca Goodyear dyna torque III de 12 lonas. A empresa Marini, que detém a patente dos rodados duplos utilizados, forneceu os kits e os

pneus dos rodados externos, com dimensões 18.4-34 R1, marca Pirelli TM 95 de 12 lonas. Para fornecer cargas simulando uma operação agrícola, utilizou-se um trator freio.

A partir da análise dos resultados, perce-beu-se que na pressão de 138kPa (20 PSI) há uma diminuição da pressão exercida pelo ro-dado no solo de 19% na configuração rodado duplo, em relação ao rodado simples.

Para a variável potência na barra de tra-ção (velocidade de deslocamento x força de tração), houve diferença significativa entre os dois tipos de rodado, sendo a potência para rodado duplo 3,8% superior na comparação com o rodado simples.

Utilizando rodado simples o consumo específico de combustível médio foi de 378g/kW/h. Encontrou-se como menor valor 358g/kW/h, obtido na configuração rodado duplo a uma pressão de 152kPa (22 PSI). Em con-trapartida, o maior consumo de combustível ocorreu na configuração rodado duplo com pressão de 124kPa (18 PSI).

CONCLUSÃOA utilização de rodados duplos pode

proporcionar uma série de benefícios para o aumento da eficiência em tração dos tratores agrícolas e, por conseguinte, ao produtor rural, desde que algumas particularidades, como tipo e umidade do solo, assim como a sua cobertura vegetal, sejam consideradas, e as recomendações do fabricante no que se refere ao peso total admitido, possibilidade de utilização de rodado duplo por determinado modelo de trator e dimensões dos rodados a utilizar sejam seguidas corretamente. O nível de patinamento é o indicador da adequação da relação. .M

pASSoS pArA A MoNtAGEM Do roDADo DUplo CoM KIt tIpo “CArrEtEl”

Primeiro, substitua as porcas originais por porcas apropriadas para a montagem.

Posteriormente, insira o cubo de roda e fixe os parafusos aos tuchos. Após ter parafusado o cubo

de adaptação, acople o rodado ao cubo de roda para formar a configuração de rodado duplo.

Figura 1 – Consumo específico de combustível para rodado simples e duplo em função da pressão de insuflagem dos pneus internos

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trAtorES

Controlando custosNa agricultura moderna as má-

quinas agrícolas ocupam lugar de destaque na participação dos

custos de produção. Os sistemas convencio-nais de preparo do solo representam uma das atividades com custos energéticos mais elevados no sistema de produção. Uma das maneiras de reduzir essa demanda energética é o melhor conhecimento do conjunto trator e implemento e sua adequada seleção ao sistema de preparo.

Além da correta escolha do conjunto trator e implemento é fundamental saber o momento adequado para intervir no solo e garantir regu-lagens corretas do trator (motor, transmissão, inflação dos pneus e lastros do trator).

Dentro das operações de preparo conven-cionais, as grades agrícolas são implementos mais utilizados para mobilização do solo, sendo utilizadas tanto no preparo primário como no secundário. Entre as justificativas mais utilizadas pelos agricultores para o preparo do solo com grades as principais são o controle de plantas daninhas, manejo de resíduos vegetais, melhoria da aeração e porosidade do solo, pre-paro de um bom leito de semeadura e melhoria nas condições físicas do solo.

Assim como para outros implementos, a avaliação do desempenho operacional da grade pode ser obtida através da medição de consumo de combustível por hectare, onde nisso também

podemos causar alguma alteração do padrão de trabalho e avaliar o efeito do mesmo no consu-mo e no rendimento operacional do conjunto. Dentre os fatores que podemos alterar podemos citar, o principal é a alteração de velocidade de trabalho, que interfere significativamente no consumo de combustível, como ocorre inclusive em veículos de passeio.

Em decorrência da importância que tem a demanda energética no preparo de solo para o custo de produção do produtor, foi realiza-

do um trabalho com o objetivo de estudar o desempenho energético do conjunto trator/grade em diferentes rotações de operação em solo argiloso.

O ensaio foi conduzido no ano agrícola 2010/2011, na Fazenda Experimental Lageado, pertencente à Faculdade de Ciências Agronô-micas (Unesp), localizada no município de Botucatu, na região centro-oeste do estado de São Paulo.

O solo da área experimental foi classifi-cado como Nitossolo Vermelho Distroférrico, conforme classificação da Embrapa (1999). Na determinação da profundidade de trabalho foi utilizada a metodologia do perfilômetro de superfície com 63 hastes de madeira graduadas e espaçadas a cada cinco centímetros, onde primeiramente foram tomadas leituras no perfil superficial do solo, antes da realização do preparo. Após o preparo, foram realizadas leituras para determinar o empolamento do solo causado pela grade; em seguida, foi aberto um sulco manualmente com auxílio de um enxa-dão, removendo-se todo o solo mobilizado pelos órgãos ativos do equipamento, para avaliação do perfil subsuperficial do solo, no mesmo local onde foi realizada a leitura do perfil superficial e do empolamento (Figura 1). Para se marcar corretamente e assegurar que as três leituras fossem realizadas no mesmo local, utilizaram-

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Perfilômetro de superfície com 63 hastes de madeira graduadas e espaçadas a cada cinco centímetros

Fotos Charles Echer

Avaliação do consumo de combustível e do desempenho operacional de grade mostra quais as melhores condições de velocidade e

profundidade para operar o implemento com economia

Tiag

o C

orre

ia

Page 17: Maquinas 133

se duas estacas cravadas no solo, uma em cada lado, que também serviram como apoio à base do perfilômetro.

Na implantação e condução do experi-mento foi utilizado trator com tração dianteira auxiliar (4x2 TDA), com potência de 91,48kW (121cv) no motor. Para a realização do preparo de solo foi utilizada uma grade com 20 discos recortados em ambas as seções, espaçados em 0,27m entre si, 28 polegadas de diâmetro, largura de corte de 2,57m, e profundidade de trabalho de 0,12m a 0,20m.

Para a determinação da patinagem dos rodados utilizaram-se geradores de pulsos, os quais realizam conversão de movimentos rotativos ou deslocamentos lineares em pulsos elétricos, gerando 60 pulsos por volta do rodado do trator. Os geradores de pulso dos rodados fo-ram fixados no centro dos rodados do trator.

Para a aquisição e o monitoramento dos sinais obtidos pelos sensores no sistema de alimentação de combustível das máquinas, foi utilizado um painel com instrumentos eletrô-nicos indicadores com precisão de 0,01L. Este fluxômetro gera um pulso a cada mililitro (ml) de combustível consumido pelo trator.

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos inteiramente casualisados, com três tratamentos e quatro repetições formando um total de 12 parcelas experimentais. O objetivo do trabalho foi avaliar a operação de gradagem utilizando uma grade intermediária em três diferentes velocidades de trabalho.

As parcelas foram dimensionadas com 20m de comprimento e 3,5m de largura total, espaçadas 15m uma da outra para realização

das manobras necessárias e estabilização do conjunto trator/grade.

Conforme foram comparadas as três rota-ções de trabalho com grade, foram encontradas diferenças no consumo de combustível (L/h), na profundidade de trabalho (cm), na capaci-dade de campo efetiva (CCE) e nas velocidades de trabalho. Conforme demonstra os resultados estatísticos da Tabela 1, a gradagem com marcha B1 em rotação de 2.100rpm consumiu menos combustível que as rotações de 1.500rpm e 1.800rpm.

Em rotação de 2.100rpm, o consumo operacional de combustível por hectare foi menor, significando 10,39% mais econômico que 1.800rpm e 47,5% mais econômico que 1.500rpm. Nesta rotação de 2.100rpm, a ve-locidade de trabalho e a capacidade de campo efetiva em ha/h por hora são maiores que as conseguidas com 1.500rpm e 1.800rpm, tra-balhando cerca de 16,5% a 31,9% hectares a mais por hora.

Dentre as rotações de trabalho avaliadas, conseguiu-se a melhor profundidade de traba-lho com o conjunto trator-grade operando na rotação de 1.800rpm, a média de profundidade de trabalho dos discos da grade foi de 18,5cm.

Embora a profundidade de trabalho conseguida com 1.500rpm seja aproximada-

mente igual à profundidade conseguida com 1.800rpm, a capacidade de realizar o trabalho em unidade de área por hora (ha/h) é menor, devido à velocidade de trabalho conseguida também ser menor. O consumo de combustível por hora nesta rotação é maior que nas demais, cerca de 90% mais alto que o consumo em 2.100rpm.

Conclui-se que trabalhando com maior rotação e maior velocidade de trabalho o consumo de combustível do trator é menor, porém, a profundidade de trabalho da grade também é menor. Quando trabalhamos com menor rotação e menor velocidade, o consumo de combustível do trator é maior, contudo, a profundidade de trabalho da grade é maior.

Dessa forma, o produtor rural pode esco-lher a melhor velocidade e rotação de trabalho dependendo do objetivo, seja profundidade de trabalho ou ganho operacional.

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CálCUlo Do CoNSUMo

O consumo de combustível por área trabalhada foi obtido através da

relação entre o consumo horário de com-bustível e a capacidade de campo efetiva, de acordo com a equação:

COC = CHC

CCE

Onde:COC = Consumo operacional de com-

bustível (L.ha-1)CHC = Consumo horário de combus-

tível (l.h-1)CCE = Capacidade de campo efetiva

(ha.h-1)

Tiago Pereira da Silva Correia,Saulo Fernando Gomes de Sousa,Leandro Augusto Felix Tavares,Neilor Bugoni Riquetti,Vinicius Paludo ePaulo Roberto Arbex Silva,Unesp

As grades agrícolas são implementos mais utilizados para mobilização do solo, sendo utilizadas tanto no preparo primário como no secundário

Figura 1 - Representação gráfica do solo mobilizado no tratamento com preparo convencional, utilizando grade intermediária

Rotação (rpm)150018002100

C.V. (%)

CCE (ha h-1)0,62 c0,76 b0,91 a2,56

Tabela 1 - Consumo operacional de combustível (COC), capacidade de campo efetiva (CCE), velocidade de trabalho e profundidade de trabalho em função das rotações do motor

COC(L ha-1)32,85 a19,95 b17,25 c

4,3

Velocidade (km h-1)

2,5 c3,05 b3,65 a2,61

Profundidade de trabalho (cm)

17,7 a18,5 a13,1 b11,12

Equipe da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, responsável pelo ensaio

.M

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CApA

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LS P100CConsiderado o modelo top de linha da LS Tractor no Brasil, o trator LS P100C tem 96cv de potência

e transmissão Power Shuttle com 40 marchas à frente e 20 à ré, além de uma série de itens inéditos em modelos desta categoria no País

Brasil, com todos os modelos com motor de quatro cilindros, com aspiração natural ou turbo e com intercooler.

O fabricante está produzindo equipa-mentos agrícolas na Coreia desde 1995, como marca LG. A marca LS Mtron nasceu em 2008 quando se iniciou a fabricação dos tratores desta marca. No país asiático, tornou-se uma das líderes na área de máquinas agrícolas e componentes eletrônicos. Uma nova fábrica em território chinês foi criada em 2009 e entre os dois países é produzido um total de 50 mil

Depois de testar o trator LS, modelo U60, para a edição de março da Revista Cultivar Máquinas, nova-

mente tivemos a oportunidade de testar outro trator da marca coreana que recentemente chegou ao Brasil.

Desta vez o modelo testado foi o LS P100C, um top de linha da série Plus. A LS oferece no mercado brasileiro três séries, Plus, U e R. A série Plus oferece seis modelos, com potência bruta de motor de 78cv a 105cv. É a série dos tratores de maior tamanho da marca aqui no

tratores por ano.No Brasil as suas operações iniciaram em

2010, com alguns modelos importados, e se inaugurará oficialmente uma fábrica no muni-cípio de Garuva, em Santa Catarina, no dia 10 outubro deste ano. No entanto, as instalações já estão prontas há alguns meses e todos os três modelos da série Plus já estão sendo produzidos na fábrica nova e outros modelos estão sendo trazidos diretamente da matriz coreana. Já há planos para o início da fabricação dos modelos U60 e R50 e R60 no Brasil. O modelo P80 é o trator preparado para os agricultores que opta-rem pela compra através do programa Pronaf Mais Alimentos.

Para atendimento dos clientes, a marca

Radiadores do sistema de arrefecimento do óleo e do sistema de ar-condicionado têm fácil acesso

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já conta com 15 concessionárias e pretende alcançar 24 pontos de venda e assistência téc-nica até o final do ano. Como mercado-alvo a LS Mtron reforçou de início a região Sul, com intensiva implantação de revendas no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Mas também estão sendo atendidos os estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Piauí. Embora o foco principal seja os pequenos e médios agricultores de todas estas regiões, a empresa coreana irá atender os grandes com estes modelos da série Plus e tem planos de exportação para o futuro, principalmente para os países latino-americanos.

É uma empresa em franco crescimento que planeja empregar mais de 100 colaboradores

diretos e outros 400 indiretos, promovendo um grande impacto na região em que se instalou e naquelas regiões onde pretende alocar seus pontos de venda e assistência.

MOTORO motor que equipa o modelo testado é da

marca Iveco FPT, de quatro cilindros, com 4,5

litros de volume, injeção direta, refrigerado à água e bomba injetora rotativa da marca Bosch. O sistema de alimentação de ar é por turbo compressor intercooler, contando com um filtro de ar do tipo seco e pré-ciclonizador.

No que diz respeito à emissão de poluen-

Fotos Charles Echer

A transmissão dianteira possui engrenagens cônicas mais resistentes e com melhor ângulo de esterçamento

O sistema de três pontos possui dispositivo para aumentar e diminuir o comprimento dos braços laterais

O modelo testado estava lastrado com oito contrapesos metálicos de 40 quilos cada um

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tes, esse motor atende aos padrões Tier III e aos requisitos de duas outras normas, isto é, minimiza a poluição, diminui os riscos à saúde do operador e contribui para a redução dos impactos ambientais.

Todas essas características resultam em 70,7kW (96cv) de potência máxima a 2.300rpm do motor e uma reserva de torque, informada pelo fabricante, de 19,4%. Não foram informa-dos pelo fabricante os valores de torque máximo, bem como a rotação do motor onde esse é atingido. Esta informação é interessante de ser disponibilizada, pois se trata de dado utilizado como critério técnico de seleção, no momento da aquisição de um determinado trator.

Quanto às capacidades, o tanque de com-bustível é capaz de armazenar 100 litros de diesel e o cárter do motor (com filtro) nove litros de óleo lubrificante SAE 15W40. Além de fácil acesso, o tanque de combustível possui sistema antifurto, pois necessita de chave para abri-lo.

Outra característica positiva é o capô dianteiro basculante, que proporciona maior facilidade na realização das manutenções diárias (checagem do nível de água do radiador, limpe-

za do filtro de ar externo e verificação do nível de óleo lubrificante do motor), devido à excelente acessibilidade a esses componentes.

TRANSMISSÃO DE POTÊNCIAA transmissão de potência do motor para

os demais elementos é do tipo mecânico sin-cronizada com 12 velocidades à frente e 12 à ré no modelo sem cabine. O modelo cabinado que estávamos testando, tem 20 velocidades à frente e 20 à ré, podendo, com o opcional redutor ou “creeper”, permitir 40 marchas à frente e 20 à ré.

O modelo testado possuía uma alavanca de velocidades (quatro marchas “1ª, 2ª, 3ª, 4ª”) com dois botões (alta e baixa) e outra alavanca para os grupos (três grupos “Low, Medium, High”). As alavancas de velocidade e grupos estão posicionadas uma de cada lado do posto de operação, sendo a velocidade do lado direito e a de grupos no lado esquerdo do assento do operador. Além disso, o sistema de bloqueio do diferencial é acionado através do simples toque de um botão. O modelo já sai de fábrica com inversor (frente e ré), contando com duas

opções: o mecânico e o hidromecânico (não é necessário acionamento da embreagem).

O sistema de alta e baixa pode ser acionado com o trator em operação, o que auxilia quando houver necessidade de reduzir ou aumentar a velocidade em função de uma maior ou menor demanda de tração, proporcionada pelas condi-ções do terreno (relevo, diferentes tipos de solo e condições de umidade da área).

O sistema de transmissão do movimento parece ser robusto e adequado para essa faixa de potência, sendo que a redução final, do tipo epicicloidal, aparenta ser bem dimensionada.

A tomada de potência (TDP) é de aciona-mento elétrico e independente, sem vínculo com a embreagem do trator, o que facilita seu uso na maior parte das operações, pois, uma vez acionada, basta pressionar um botão ao lado das alavancas do comando hidráulico para que ocorra seu acionamento ou a interrupção do seu movimento. Este modelo possui duas opções de TDP: somente 540rpm e, três rota-ções, 540rpm, 750rpm e 1.000rpm. O modelo testado possuía a segunda opção, com três velocidades de utilização. A opção de 750rpm

O posto do operador é bastante confortável, com os principais comandos dispostos ergonomicamente num console na lateral direita da cabine

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Fotos Charles Echer

não é usual no Brasil.A transmissão da potência ao eixo dianteiro

motriz é da marca LS, blindada, com uma boa vedação do sistema, utilizando engrenagens cônicas e não as tradicionais cruzetas. Isso oferece maior resistência a este componente tendo como consequência a diminuição da manutenção e melhora do ângulo de esterça-mento do trator.

SISTEMA HIDRÁULICOO sistema hidráulico com capacidade para

55 litros de óleo lubrificante possui uma vazão de 63,2 litros por minuto e pressão máxima de 208kgf/cm². O sistema de levante de três pontos é da categoria II com uma capacidade máxima de 3.400kgf no olhal. Este sistema conta com uma forma interessante de acoplamento do trator ao implemento, onde a extensão final dos braços inferiores de acoplamento possui prolon-

gações móveis, que aumentam ou diminuem o comprimento dos braços do sistema hidráulico para o acoplamento. Além disso, permite uma pequena oscilação vertical de posição, facilitan-do ainda mais o acoplamento, sendo que após o acoplamento, basta o operador dar marcha a ré para que este sistema volte automaticamente à posição de utilização.

O controle de posição do sistema hidráulico é realizado através de duas alavancas. Uma para controle de profundidade e outra para abaixar e levantar o implemento. Possui ainda um sistema automático (liftmatic), no qual é possível ajustar a altura de levante e através do acionamento de uma pequena alavanca o sistema levanta o implemento. Posteriormente, através do acionamento de um botão, o sistema abaixa o implemento até a profundidade pré-selecionada.

O controle remoto é independente, per-mitindo que tanto o sistema hidráulico de três

pontos quanto o controle remoto sejam acio-nados simultaneamente. No modelo standard (Rops) possui duas válvulas de dupla ação com opcional de três, e no modelo cabinado possui três válvulas na versão standard. O que chamou a atenção no modelo testado foi a indicação da conexão de cada alavanca com cada válvula de dupla ação, através de uma solução simples, onde tem-se alavancas de diferentes cores (preto, azul e verde) e capas das válvulas com as cores correspondentes. Isso proporciona maior facilidade ao operador no momento do acoplamento do trator ao implemento.

ERGONOMIA E SEGURANÇAO modelo P100 está disponível na versão

Rops (Rollover Protective Structure), com posto

A cabine é bastante ampla, com portas nas duas laterais e uma janela basculante na parte traseira da máquina para facilitar a visibilidade traseira

A alavanca de marchas é similar aos modelos automotivos, com botões seletores de alta e baixa

O cano de descarga possui proteções em toda a sua extensão para evitar o contato com a superfície quente

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aberto ou com cabine, quando tem a desig-nação P100C. O acesso ao posto de operação é realizado através de uma escada com dois degraus antiderrapantes, facilitado pelo uso de pega-mãos na coluna da cabine e no interior da porta.

No modelo cabinado há abertura em ambos os lados, devendo a porta do lado direito ser utilizada apenas como saída de emergência. Do posto de operação há visão traseira por meio de dois retrovisores laterais e um retrovisor interno, bem posicionado. O assento do operador é de boa qualidade, com descansa-braços, fáceis regulagens e cinto de segurança retrátil de dois pontos. No piso, um tapete antiderrapante, com espuma de amortecimento espessa, auxilia na atenuação das vibrações.

O sistema de ar-condicionado possui três seletores (velocidade e direcionamento do flu-xo de ar e temperatura) e direciona o ar para mais de um ponto na cabine, o que o torna muito semelhante ao utilizado pela indústria automobilística.

Verificamos que do posto do operador, os comandos, principalmente os de acionamento frequente (acelerador manual, controle remoto, sistema hidráulico e transmissão) estão bem po-sicionados e dispostos ergonomicamente, pro-porcionando fácil acionamento pelo operador. Possui ainda um comando do tipo joystick, bem projetado, que controla todos os movimentos de um implemento frontal (lâmina, guincho ou concha), pois já vem preparado para tal finalidade. A alavanca seletora de marchas é

posicionada no lado direito e é muito similar ao câmbio de um automóvel, com dois botões responsáveis pelo sistema de alta e de baixa (Hi-Low), já a alavanca seletora dos grupos (L, M e H) é colocada no lado esquerdo do operador, em posição inferior.

O painel, bem simples, possui boa visibili-dade, com instrumento central de visualização da rotação e horímetro digital e dois indicadores laterais de volume de combustível no tanque e temperatura do líquido de arrefecimento. Diferentemente de outros tratores é possível escamotear todo o painel de comandos (volan-te, sinais de informação do funcionamento do sistema e tratômetro) e não somente a coluna do volante.

No lado direito do operador existem botões que ligam e desligam a tração, acionam a TDP e o bloqueio do diferencial, além das três ala-vancas de controle remoto, acelerador manual

e sistema hidráulico (levantamento e controle de profundidade). Nosso teste não se prolongou à noite, porém, notamos que o sistema de ilu-minação deste modelo conta com oito faróis na parte frontal e quatro na parte traseira, além de intermitentes direcionais e luzes de freio.

PESOS E DIMENSÕESOs pneus que equipavam o trator que

testamos eram da marca Titan, da seguinte especificação: 12.4-24 R1 no eixo dianteiro e 18.4-30 R1 no eixo traseiro. Todos os pneus estavam sem câmara (tubeless). A lastragem utilizada no trator era metálica, composta por oito contrapesos de 40kgf cada na parte dianteira do trator, resultando em um peso aproximado de 4.095kgf.

TESTE DE CAMPOEm muitos dos testes que fizemos, en-

contramos algumas dificuldades em localizar os implementos adequados para uma boa avaliação. No entanto, nesta ocasião, como está-vamos em uma empresa rural bem estruturada, tínhamos muitas opções, por isto escolhemos um escarificador marca Jan, modelo Jumbo Matic de cinco hastes, com rolo condicionador traseiro, que estava em ótimo estado. O solo da área onde testamos este trator era de textura média, com resíduos de cultura anterior e uma umidade superior ao que seria recomendado para este tipo de operação, pois havia chovido levemente dois dias antes do teste. Durante todo o teste tivemos apoio do técnico Vinicius Giru, que é responsável técnico externo da concessionária, com treinamento e curso na fábrica em Garuva.

De início, fizemos todos os testes para encontrar a velocidade adequada ao trabalho,

CoNCESSIoNárIo E ASSIStêNCIA téCNICA

O apoio para o nosso teste foi pro-porcionado pela equipe da fábrica

e pelo concessionário regional Globalmac, que tem loja matriz em Barra do Ribeiro, Rio Grande do Sul desde março. O gerente responsável pela loja, João Batista Sarmento nos contou que ainda este ano a concessio-nária LS Mtron inaugurará mais três lojas, em Caxias do Sul, Vacaria e Passo Fundo, para atender desde o pequeno ao grande agricultor. Ele nos explicou que na região de abrangência da revenda a clientela é bem variada e que geralmente os pequenos produtores preferem o modelo U60 e os

arrozeiros da região com menores áreas preferem o P80 e com áreas de maior tama-nho poderão adquirir o P100C com posto de operação fechado.

A equipe da concessionária que participou da Expointer 2013 ficou bastante impressio-nada com a aceitação dos produtos e procura do stand. Nesta ocasião o destaque de visitas e informações foi exatamente o modelo que estávamos testando, o P100C. A primeira im-pressão do concessionário é de que também haverá uma boa procura pela concha frontal, para a qual este e outros modelos da LS estão perfeitamente configurados.

Como é comum em tratores de grande porte, o P100C possui sistema de escamoteamento da direção, que neste caso bascula junto com todo conjunto do painel

O P100C será o modelo mais completooferecido pela LS Tractor no Brasil

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Setembro 2013 • www.revistacultivar.com.br 23

concluindo que dentre as opções que tínhamos a 2ª marcha do grupo médio, com a posição de High no botão da alavanca, proporcionava uma velocidade média de 5,5km/h, compatível ao trabalho e o relevo do terreno. Depois iniciamos o trabalho, acumulando linhas contíguas do implemento, obedecendo às curvas de nível do terreno. Acompanhando o trabalho vimos que o patinamento médio foi de 16%.

Tivemos que considerar que, mesmo fa-zendo uma operação que demanda bastante potência, estávamos sem lastro hidráulico e metálico nas rodas traseiras. Tínhamos apenas oito contrapesos de 40kgf cada no suporte dianteiro. Estimamos a demanda entre 15cv e 18cv de potência do motor por haste, no que resultava em aproximadamente 75cv a 95cv de potência do motor, que tinha 96cv de potência bruta, portanto estávamos levando o trator próximo ao limite. Em poucas vezes o patinamento elevou-se a ponto de termos que diminuir a profundidade, medida em média

entre 35cm e 38cm.Medimos o ruído de passagem a dez metros

da linha de deslocamento encontrando médias em torno de 82dB(A). No interior da cabine estes valores eram bem menores, devido ao posto fechado. Ficamos bastante satisfeitos, principalmente com a resposta do motor que em nenhum momento perdeu rotação de forma excessiva, mantendo o torque, dentro da reserva prevista, mesmo com as dificuldades que im-pusemos no teste. Este parece que será um dos pontos fortes deste trator na sua competição com outras marcas.

Também foi muito positiva a nossa avalia-ção sobre a transmissão, pois o sistema Hi-Low possibilita a troca de uma marcha para cima ou para baixo com um simples toque de um botão na alavanca de câmbio. Vimos que mesmo exercendo esforço, sem uso da embreagem este sistema respondia facilmente. Também foi muito positiva a avaliação do inversor que facilita muito as manobras e por certo será

loCAl DoS tEStES

O test drive foi realizado em uma propriedade rural às margens da

BR 290, no 5º distrito, Parque Eldorado, do município de Eldorado do Sul, RS. A fazen-

MarcaPotência bruta

Rotação de potência máxima

TipoNúmero de marchas

TDPEixo dianteiro

Categoria, sistema de três pontosCapacidade de levante

Pressão máximaVazão máximaControle remoto

Vazão máxima do controle remoto

DianteirosTraseiros

Depósito de combustívelPeso de embarque

Distância entre eixos

Iveco FPT, 4 cilindros, turbo intercooler96 cv

2.300 rpm

Power Shuttle, High-low, creeper20 à frente e 20 à ré (40 com creeper)Independente, 540/750/1000rpmMotriz, acionamento eletro-hidráulico

II3.400 kgf

208 kgf/cm2

63,2 litros/minutoDuas válvulas, três opcional

45,4 litros/minuto

12.4-24 R118.4-30 R1

100 litros4.095 kgf2.200 mm

Especificações técnicas

Motor

Transmissão

Sistema hidráulico

Pneus

Capacidades/pesos/dimensões

muito útil para quem utilizará este trator com implementos que exijam movimentos rápidos à frente e à ré.

Como conclusão, a equipe do teste saiu bastante impressionada e acreditando que várias soluções, trazidas neste modelo, se-rão adotadas por outros fabricantes. Vários pequenos detalhes utilizados para operações simples do dia a dia do trabalho agrícola foram simplificados. É um novo projeto de engenharia que chega.

da Expogranja pertence à família Hoffmann e dispõe de uma área de 285 ha, destinada principalmente a produção de feno de alfafa e Tifton 85.

Detalhe do bocal do tanque de combustível,com trava e identificação do tipo utilizado

José Fernando Schlosser,Ulisses Giacomini Frantz eMarcelo Silveira de Farias,Nema – UFSM

.M

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pUlvErIzADorES

Segundo dados do Sindicato Nacio-nal da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindag, 2013),

o Brasil é o maior mercado consumidor de defensivos no mundo e o consumo destes produtos aumentou mais de 72% entre 2006 e 2012, passando de 480,1 mil para 826,7 mil toneladas. Nos vinhedos do País, especialmente devido às condições de umi-dade, o controle químico por meio do uso de fungicidas é prática amplamente utilizada.

Tendo em vista a necessidade de redução da utilização de defensivos na gestão das pragas e doenças na vitivinicultura brasilei-ra, já está presente no mercado uma máqui-na capaz de aplicar um fluxo de ar quente a alta velocidade nas plantas, objetivando o Controle Térmico de Pragas (Thermal Pest Control - TPC).

A máquina Lazo TPC está sendo avaliada no Laboratório de Agrotecnologia (Agrotec) do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrí-colas (Nema) na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Pretende-se realizar um estudo técnico-operacional da referida máquina visando à comprovação da sua

Aplicação calculadaQuais são as formas mais econômicas para pulverizar cana-de-açúcar? O Suplemento

Solver do Microsoft Excel pode ser utilizado para otimizar processos mecanizados

potencialidade de uso no sistema brasileiro de produção de uva para vinhos.

A máquina utilizada para efetuar esta aplicação no Brasil está registrada no Ins-tituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e a patente refere-se a um equipa-mento acoplado a um trator, utilizado para auxiliar no controle de pragas de várias culturas agrícolas, especialmente frutas, projetado para gerar e distribuir um fluxo de ar quente diretamente nas plantas, na faixa de temperatura entre 30°C e 300°C e a uma velocidade de 30 a 200km/h.

A tecnologia TPC utiliza apenas um fluxo de ar quente sobre as plantas para o controle de pragas e doenças e já vem sendo utilizada por cerca de 40 produtores de uvas no Brasil, sendo a grande maioria do Rio Grande do Sul, da região do Vale do Rio São Francisco, de São Paulo e de Santa Catarina. Trata-se de uma alternativa que surgiu a partir de uma experiência chilena, iniciada em 1991 e que, a partir de 2008, começou a ser testada no Brasil. O idealiza-dor dessa máquina foi o agricultor chileno Florêncio Lazo, que tinha como objetivo

inicial fazer o controle de geadas nas áreas de produção. Porém, ao observar que as plantas desenvolviam maior resistência às pragas e doenças com a aplicação do fluxo de ar quente, passou a estudá-la com este objetivo. Mais tarde, a tecnologia foi denominada de “Thermal Pest Control” (TPC).

O sistema TPC propõe o controle de pragas e doenças com dois propósitos, o primeiro, eliminar fungos, bactérias, larvas e insetos que não resistam à exposição às altas temperaturas e, o segundo, estimular os mecanismos de autodefesa da planta através do estresse a qual esta é submetida pelo rápido aquecimento, o que a tornaria mais resistente. A motivação inicial para o desenvolvimento da tecnologia era eliminar totalmente o uso de defensivos nas culturas. Entretanto, as primeiras experiências práti-cas evidenciaram que a melhor utilização da máquina seria associá-la a uma abordagem sistêmica do Manejo Integrado de Pragas (MIP), o que permitiria aos usuários re-duzir sua dependência na utilização de defensivos.

As características da máquina Lazo

Setembro 2013 • www.revistacultivar.com.br24

Jact

o

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TPC são similares às dos equipamentos de pulverização do tipo atomizador, normal-mente utilizados para efetuar o controle de pragas em frutíferas e cultivos arbóreos ao aplicar produtos químicos fitossanitários. No entanto, a Lazo TPC aplica, como via alternativa, um fluxo de ar quente sobre o cultivo, contendo um sistema de geração e de aquecimento do ar. Nesse contexto, não existem normativas específicas de avaliação que se adaptem de forma integral à máquina para o controle térmico de pragas e estabe-leçam os procedimentos para efetuar a sua

certificação e homologação. Sendo assim, é necessário realizar uma adaptação de normas e procedimentos de ensaios e testes existen-tes, de forma a definir uma metodologia específica e adequada para realizar a avaliação do equipamento.

O trabalho de avaliação desta máquina foi dividido em três etapas: a primeira consiste na aplicação de um questionário a profissio-nais, produtores e técnicos relacionados com a produção vitivinícola, representativos das regiões produtoras do Brasil sobre a máquina e a tecnologia, visando conhecer a situação da

utilização da máquina no Brasil. A segunda etapa diz respeito à caracterização técnica, incluindo a descrição dos constituintes estruturais da máquina, funcionamento e cumprimento das normas de segurança. Finalmente a terceira consiste na sua ava-liação técnico-operacional, onde serão ava-liados quesitos como o comportamento da máquina a campo, verificando sua eficiência e capacidade operacional, condições do ar aplicado (temperatura e velocidade), custos operacionais, entre outras variáveis.

Neste momento os trabalhos encon-

O Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Goiás desenvolveu um modelo de programaçãolinear inteiro para o auxílio no processo de seleção entre os vários tipos de pulverização agrícola aérea e terrestre

Charles EcherDivulgação

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potenciais da utilização da tecnologia TPC, como o controle de pragas e doenças, in-cremento do mecanismo de autodefesa das plantas, diminuição da umidade durante a estação de crescimento, diminuição dos riscos e custos ambientais pelo uso de defen-sivos, aumento da produtividade e qualidade do produto, deve ser observado objetivando a resolução de problemas de forma a possibi-litar uma análise da relação custo-benefício quando da utilização em diversas regiões e condições produtivas.

A correta identificação dos problemas específicos, enfrentados pelos usuários e pela máquina em si nas condições de produção do Brasil pode gerar a neces-sidade de alteração das configurações da máquina TPC. Isto é considerado primordial para que a tecnologia Thermal Pest Control seja vista como uma solução potencial e alcance a eficiência desejada e para que se consolide como uma alter-nativa de redução do uso de defensivos na viticultura brasileira.

Setembro 2013 • www.revistacultivar.com.br26

tram-se na segunda fase de avaliação e os resultados da primeira fase (Tabela 1), demonstram que a comunidade vitiviní-cola brasileira considera a tecnologia TPC uma alternativa promissora para o controle de pragas. A tecnologia foi bem recebida, especialmente devido à preocupação com os impactos que a atividade agrícola pode oferecer ao meio ambiente e ao homem, bem como com relação a questões de segurança alimentar para o consumidor final, uma vez que a tecnologia visa reduzir ou eliminar a utilização de defensivos na produção de uvas e vinhos.

Contudo, a grande maioria dos par-ticipantes do questionário afirmou que o sistema ainda necessita de uma melhor comprovação e validação, para que seja adotado na gestão das pragas que acometem a cultura vitícola no Brasil. Segundo estes, há necessidade de estudos que objetivem aperfeiçoar a tecnologia e possibilitar uma maior certeza de alcance de resultados com as aplicações de ar quente com a máquina Lazo TPC, principalmente reduzindo as aplicações de defensivos. Informações referentes à eficiência da aplicação, custo operacional, normas de segurança e fatores operacionais que permitam recomendações adequadas para a utilização da máquina foram julgadas as mais importantes para a consolidação desta tecnologia no Brasil.

A caracterização técnica da Lazo TPC, efetuada na segunda fase, permitiu com-preender a estrutura e o sistema de funcio-namento da máquina. O equipamento foi

características e estruturas independentes, no entanto, complementares, conforme a Tabela 2.

Com a conclusão da avaliação técnica-operacional da máquina TPC espera-se for-necer as informações para orientar, tanto o aprimoramento da máquina para que atenda as necessidades dos produtores rurais em relação às diferentes condições e aos fatores levantados quanto uma eficiente utilização por estes produtores no campo.

Finalmente qualquer um dos benefícios

.M

Tabela 1 - Tipo de pulverizador, preço, largura efetiva, capacidade de campo efetiva e capacidade do tanque

Tipo de Pulverizador/PulverizaçãoArrasto

AutopropelidoAérea

Preço (R$)70.000,00450.000,00654.000,00

Capacidade de Campo Efetiva (ha h-1)8,3322,44115,48

Capacidade do Tanque (L)1.5002.000600

Tabela 2 - Simulação para o custo horário devido ao aumento anual da área total da usina

Ano

0123456

Área (ha)

30000350004000045000500005500060000

Ritmo Operacional da Usina (ha h-1)

242,96282,25322,57362,89403,22443,54483,86

Número de Conjuntos

1 , 11 , 21 , 21 , 21 , 22 , 22 , 2

Tipo de Pulverizador Selecionado

Autopropelido + AviãoAutopropelido + AviãoAutopropelido + AviãoAutopropelido + AviãoAutopropelido + AviãoAutopropelido + AviãoAutopropelido + Avião

Custo Horário (R$ h-1) 2804,865518,645518,645518,645518,645609,725609,72

Custo por Área total (R$ ha-1)

29,9956,3056,4156,1855,9957,3957,13

Tabela 3 - Simulação para o custo horário devido às reduções de 25% e 50% do tempo total disponível para as operações de pulverização

Tempo total disponível* (dias) (%)375 (100)279 (25)187 (50)

Ritmo Operacional (ha h-1)242,96337,01485,91

Número de Conjuntos

1 , 11 , 22 , 2

Tipo de Pulverizador Selecionado

Autopropelido + Avião Autopropelido + AviãoAutopropelido + Avião

Custo Horário (R$ h-1)2804,865518,645609,72

Custo por Área (R$ ha-1)29,9956,4155,70

CoMo UtIlIzAr o MoDElo

O modelo matemático desenvol-vido para o auxílio na tomada

de decisão entre as diversas formas de pulverização agrícola, com base no menor custo horário, foi:

minC = AXTrator + Pul. Arrasto +BXPul.autopropelido +CXAvião

em que: C - Custo horário, R$/h.A - Custo horário total do conjunto

trator + pulverizador de arrasto, R$/hXTrator + Pul.arrasto- Quantidade de conjun-

tos mecanizados formados pelo trator + pulverizador de arrasto, unidades

B - Custo horário total do pulverizador autopropelido, R$/h

XPul. autopropelido - Quantidade de pulveri-zadores autopropelidos, unidades

C - Custo horário da aviação, R$/hXAvião- Quantidade de aviões, unidades

As restrições impostas ao modelo foram:

* Número mínimo de conjuntos sele-cionados:

XTrator + Pul. Arrasto +XPul.autopropelido +XAvião≥1

* Número máximo de operadores:XTrator + Pul. Arrasto +XPul.autopropelido ≤4

* Número máximo de pilotos:XAvião≤2

* Dessecante (Reforma do Canavial):CCeTrator + Pul. ArrastoXTrator + Pul. Arrasto+CCePul.

autopropelido+Pul.autopropelido≥RODessecação

* Pós-emergente (Reforma do Canavial): CCeTrator + Pul. ArrastoXTrator + Pul. Arrasto+CCePul.

autopropelido+Pul.autopropelido≥ROPós-Emergente

* Herbicida de Seca:CCeTrator + Pul. ArrastoXTrator + Pul. Arrasto+CCePul.autopropelido

XPul.autopropelido≥ROHerbicida de Seca

* Inseticida Sistêmico:CCePul. autopropelidoXPul.autopropelido≥ROInseticida Sistêmico

* Maturadores: CCeAviãoXAvião≥ROMaturadores

* Inibidores: CCeAviãoXAvião≥ROInibidores

Ródney Ferreira Couto eElton Fialho dos Reis,UEGJoão Paulo Barreto Cunha,Ufla

dividido em sistema de geração de ar, de aquecimento do ar e de distribuição do ar, sendo os sistemas comunicados entre si, com

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SEMEADorAS

O processo de semeadura apre-senta grande importância para a obtenção de colheita

lucrativa. O sucesso de uma semeadura está na distribuição correta em número, espaçamento e profundidade de sementes recomendada. As sementes devem ser acondicionadas no sulco de forma que ocorra contato íntimo com o solo úmido, para um processo de germinação e emer-gência uniforme.

A produtividade de grãos das culturas semeadas em linha é influenciada por diversos fatores, sendo a uniformidade de distribuição de plantas um dos mais importantes. Na cultura da soja, o poten-cial máximo de produção é atingido desde que se tenham as melhores condições de solo, clima e mínimo de competição entre plantas.

Para alcançar a produtividade espera-da, precisam ser levadas em consideração as características das máquinas utilizadas na semeadura, a textura, a estrutura, bem como a umidade do solo no momento da operação. Contudo, devido à diversidade

Para chegar a um estande ideal de plantas, o operador deve levar em conta principalmente

três fatores: compactação do solo, velocidade de plantio e regulagem da semeadora

de solos encontrados nas diferentes regi-ões do País, existe grande probabilidade de que um mesmo sistema de abertura e fechamento de sulco de uma semeadora-adubadora não possibilite bom contato do solo com a semente em diferentes tipos de solo.

O desempenho das semeadoras-adubadoras é avaliado principalmente pela qualidade e quantidade de trabalho que executam. A qualidade refere-se à obtenção de uma população de plantas de acordo com a densidade preestabelecida, respeitando a distribuição de plantas por metro linear e o espaçamento entre plan-tas. Por outro lado, quantidade refere-se à área semeada por unidade de tempo e os fatores que mais interferem são a largura de trabalho e a velocidade de deslocamen-to, tendo sempre o cuidado de verificar a velocidade de trabalho. Para as semeadoras de discos horizontais o ideal é que a velo-

cidade não deve ultrapassar 5km/h. As ferramentas que acompanham a

agricultura de precisão adotam como prin-cípio a heterogeneidade das áreas de cul-tivo, com o objetivo de manejar o campo levando em consideração a variabilidade espacial do sistema de produção. Os atri-butos do solo são manejáveis por meio de zonas que apresentam aspectos similares, resultando em melhor produtividade e/ou menores custos. Áreas bem manejadas facilitam maximizar a produtividade, con-tudo, a irregularidade na distribuição de plantas, desde o momento da semeadura e durante a condução da cultura, pode afetar a produtividade final.

Na safra 2012/2013 foi realizado no município de Planalmira (GO), em um talhão cultivado com soja em semeadura direta, um estudo para avaliar a distri-buição de plantas. Para isto foi montado um grid com 126 pontos, em uma área de 63 hectares.

Lado a lado Tabela 1 – Classificação dos espaçamentos entre plantas de soja em função da distribuição longitudinal (normais: 0,5xref ≤ X ≥ 1,5xref); (duplos: X ≤ 0,5xref) e (falha: X ≥ 1,5xref)

Distribuição longitudinalNormais %Duplos %Falhas %

Coeficiente de Variação

Porcentagem (%)56,0123,7120,2814,92

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A distribuição espacial das classes do solo e os seus atribu-tos físicos foram caracterizados utilizando técnicas de geoes-tatística presente no programa GS+ for Windows versão 7.0. Os semivariogramas foram calculados considerando um comportamento isotrópico da dependência espacial. Os ma-pas interpolados foram confec-cionados utilizando o método de krigagem ordinária.

Para a avaliação da regu-laridade de distribuição lon-gitudinal e a porcentagem de espaçamentos entre plantas,

foi feita adaptação da metodo-logia indicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas para a avaliação de semeadoras-adubadoras. Desta forma, a porcentagem de espaçamentos aceitáveis, falhos e duplos foi obtida, considerando espaça-mento duplo, quando a distân-cia entre plantas era menor que 0,5 vez o espaçamento médio esperado; aceitável quando figurava de 0,5 a 1,5 vez o es-paçamento médio esperado; e falho quando maior que 1,5 vez o espaçamento médio esperado. Para isso, foram contadas as

Para avaliação da produtividade foram colhidas amostras de áreas de um metro quadrado

Vandoir Holtz

John Deere

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plantas de soja em três linhas de semeadu-ra paralelas, no comprimento de um metro em cada, bem como medidas as distâncias entre cada planta. Os valores obtidos pela contagem direta em campo foram tabu-lados no programa computacional Excel para o cálculo do coeficiente de variação (CV) e porcentagem de espaçamentos aceitáveis.

Para avaliação da produtividade, foram colhidas em cada ponto as plantas em um metro quadrado, depois de trilhados, seus grãos foram pesados e determinada a sua umidade. Posteriormente, o valor da massa obtida foi transformado para ton/ha, com sua umidade corrigida para 13% em base úmida.

A resistência à penetração foi avaliada com um penetrômetro eletrônico da mar-ca Falker, modelo PLG 1020, utilizando um cone com diâmetro de 12,83mm e ângulo de penetração de 30°, seguindo-se as normas da Asae (American Society of Agricutlural Engineers).

Os resultados mostraram que a pro-dutividade de grãos, a textura do solo e resistência à penetração apresentaram dependência espacial (Figura 1a). A varia-bilidade encontrada para a produtividade pode ser explicada pelas diferenças encon-tradas para a textura e estrutura do solo (Figura 1b e 1c), que podem ter influen-ciado no desenvolvimento da cultura, bem como nas práticas de manejo.

A distribuição de plantas na linha apresentou apenas 56,01% (Tabela 1) com espaçamentos entre plantas dentro da faixa considerada satisfatória, que lhe confere desempenho regular. Com relação à distribuição de sementes, as semeadoras

podem ser classificadas como de ótimo desempenho se distribuir de 90% a 100% das sementes na faixa de espaçamentos aceitáveis, bom desempenho de 75% a 90%, regular de 50% a 75%, e insatisfa-tório abaixo de 50%. No presente estudo foi avaliado o estande final de plantas, portanto, algumas falhas entre plantas po-deriam ser atribuídas a outros fatores que não a eficiência da semeadora. Contudo, na distribuição longitudinal das plantas, 23,71% dos espaçamentos estavam den-tro do intervalo que os classificava como duplos, que são totalmente oriundos do processo de semeadura.

Na avaliação do desempenho de uma semeadora-adubadora, deve prevalecer o

atendimento das necessidades agronô-micas da cultura, onde é necessário um número preciso de plantas por metro linear com distribuição equidistante. O coeficiente de variação para a quantidade de plantas por metro linear foi de 14,92%, podendo ser classificada como bom de-sempenho para semeadoras com sistema de dosagem do tipo discos horizontais perfurados.

Os resultados permitem concluir que a quantidade de plantas por metro linear foi adequada, porém a distribuição destas plantas na linha de cultivo apresenta-se irregular, o que pode comprometer o de-sempenho produtivo da lavoura.

Ao analisar a distribuição de plantas

Figura 1 – Mapa de distribuição da produtividade de grãos (A), porcentagem de areia no solo (B) e resistência à penetração (C)

Figura 2 – Gráficos de tendências para a distribuição das plantas por metro, espaçamentos normais, falhas e duplos

A B C

New Holland

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.M

Durante o experimento, a distribuição de plantas na linha apresentou apenas 56,01% com espaçamentos entre elas dentro da faixa considerada satisfatória

Vandoir Holtz,Danilo Gomes de Oliveira,Alexandre Torrecilha Scavacini eElton Fialho dos Reis,UEG

dentro da linha de cultivo (Figura 2), foi possível verificar uma tendência de maior regularidade nas regiões onde o solo apresentava maior resistência à pene-tração, inclusive o solo em vários pontos pode ser caracterizado como compactado (RP>2000Mpa, com umidade média de 20,37 ± 3,96% ). Este fato pode indicar que a semeadora foi regulada para atender a essa condição de solo. É comum que os produtores de soja ajustem suas máquinas para as necessidades dos pontos mais críti-cos, no caso com maior resistência do solo, porém isto pode ter como consequência a redução na qualidade da operação em pontos onde o solo estiver com menor resistência.

A semeadura é adequada quando a diferença entre a quantidade de sementes distribuídas e as emergidas é mínima, o espaçamento entre elas é uniforme e o tempo necessário para emergência seja mínimo. Estudos realizados por outros pesquisadores brasileiros indicam que a falta de uniformidade na distribuição das plantas pode determinar perdas de produtividade da ordem de 15% para o milho, 35% para o girassol e 10% para a soja.

A qualidade na semeadura para a uni-formidade de plantas de soja pode ser obti-da pela seleção equipamentos, velocidade de trabalho, sementes, discos dosadores e condições do solo favoráveis.

John Deere

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EvENtoS

Setembro 2013 • www.revistacultivar.com.br32

Edição surpreendenteApesar do mau tempo, a 36ª edição da Expointer foi marcada pelo grande volume de

vendas, principalmente alavancadas pelo setor de máquinas agrícolas

Apesar do grande volume de chuva, a Expointer 2013 surpreendeu até mesmo os mais otimistas.

Intercalando entre dias de chuva, sol, frio e calor, como é comum durante o evento em todas as edições, a feira ultrapassou as previsões dos organizadores e as vendas cres-ceram 61,69% em relação à edição de 2012, chegando a um total de R$ 3,29 bilhões. Para o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi, as políticas públicas de retomada das cadeias produtivas, o incentivo à produção, a supersafra de grãos, o bom preço dos produtos e a oferta de crédito dos bancos foram os fatores responsáveis pelos números surpreendentes da 36ª edição da

Expointer. A comercialização de máquinas e im-

plementos agrícolas puxou mais uma vez os negócios, totalizando R$ 3,27 bilhões, valor 62% superior ao do ano passado. A agricultura familiar atingiu R$ 1,50 milhão, 18,55% a mais que em 2012. O público total registrado foi de 374 mil pessoas.

Preparamos um resumo dos principais destaques e lançamentos na área de má-quinas agrícolas apresentados na Expointer 2013.

SEMEATOA Semeato expôs toda a linha de seme-

adoras múltiplas modelos PD, SSM, SHM, SAM, além da Sol T, destinada a grãos

A SSM 27 passou por um processo de reengenharia que aumentou a capacidade de armazenamento nos reservatórios de sementes e fertilizantes

Semeadora Pneumática Venta ganhou o Prêmio GerdauMelhores da Terra, categoria Novidade Expointer

graúdos. Segundo o engenheiro Eduardo Copetti, “a empresa busca sempre trabalhar com qualidade, empregando tecnologia em suas máquinas que são desenvolvidas para operarem em diferentes contextos”. O destaque da feira foi o modelo SSM 27 que a Semeato submeteu a um processo de reengenharia, que aumentou a capacidade de armazenamento nos reservatórios de se-mentes e fertilizantes, resultando em maior rendimento operacional.

KUHNA Kuhn recebeu o Troféu Ouro da 31ª

edição do Prêmio Gerdau Melhores da Ter-ra, categoria Novidade Expointer, divisão

A LS Tractor levou para a feira os modelos R50 e R60 normal e cabinado,U60 normal e cabinado, P80, P90 e P100 cabinados

Trator 1155 Super Estreito Cabinado, da Agritech, venceu na categoria Novidade - Agricultura Familiar

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Agricultura de Escala, pela semeadora pneu-mática Quadra Venta, fabricada pela Kuhn do Brasil, de Passo Fundo (RS). Segundo o gerente de Projetos da Kuhn, Ludovic Te-tard, a semeadora de grande porte Quadra vem equipada com sistema pneumático de distribuição, inédito no Brasil, e foi desen-volvido para a cultura do arroz e também é empregado em cereais de inverno, como tri-go, canola, além de pastagens. Um dos seus diferenciais é o transporte das sementes por fluxo de ar até o solo, com elevada precisão de distribuição entre as linhas.

LS TRACTORA LS Tractor - marca pertencente ao

grupo LS Mtron -, levou para a feira os modelos R50 e R60 normal e cabinado,

U60 normal e cabinado, P80, P90 e P100 cabinados. Clientes e visitantes do estande da LS Tractor puderam ver também a versão do modelo R50, o XR50C, que, de acordo com o diretor comercial da empresa, André Rorato, foi lançado recentemente na Coréia do Sul e traz como novidade a transmissão hidrostática (automática), o que permite um escalonamento perfeito de marchas.

AGRITECHO trator 1155 Super Estreito Cabinado,

da Agritech, foi o grande vencedor da cate-goria Novidade - Agricultura Familiar da 31ª edição do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, anunciado durante a Expointer 2013. O Trator 1155 Super Estreito Cabinado é o primeiro trator estreito produzido em série

no Brasil que oferece cabine. O modelo possui 55cv e largura reduzida de bitola externa de 1.180mm, própria para culturas adensadas, e é ideal para aplicações de de-fensivos. Segundo o gerente de Marketing e Pós-Vendas da Agritech, Pedro Cazado Filho “esta é a quinta vez que a Agritech é reconhecida pelo Melhores da Terra. O obje-tivo é sempre procurar desenvolver produtos que atendam da melhor maneira possível o homem do campo, sempre preservando sua segurança”, concluiu.

MONTANAA Montana levou para a Expointer sua

linha de tratores multiuso de 75cv e 85cv. O um dos destaques da feira foi o lançamento da linha Montana Solis 75 de produção nacional, inserida nos programas governa-mentais Federal, como o Mais Alimentos, e o Pró-Trator, do estado de São Paulo, que subsidiam a aquisição de maquinário destinado à agricultura familiar. Além dos tratores a Montana apresentou também o pulverizador de arrasto Twister Mãozinha.

JACTOA Jacto levou para a feira a Adubadora

Uniport 3000 NPK versões 2013 para as culturas canavieira, de algodão e grãos. O Uniport 3000 NPK vem equipado com as configurações de dez linhas ou 15 linhas com diferentes espaçamentos que se adap-tam às culturas de cana-de-açúcar e algodão e piloto automático hidráulico, HP 2200. A Jacto também apresentou as novidades da Linha Otmis para 2013 – marca de produtos e soluções tecnológicas para Agricultura de Precisão – que são os Kits de câmeras agrícolas WR e Kit Multi Câmeras Otmis Voyager.

VALTRA A Valtra apresentou pela primeira vez

A Montana destacou a linha Montana Solis 75 de produção nacional, inserida nos programas governamentais Federal como o Mais Alimentos

Adubadora Uniport 3000 NPK versões 2013, da Jacto, para as culturas canavieira, de algodão e de grãos

Série S da Valtra foi exposta com sistema hidráulico de três pontos instalado também na parte dianteira

Fotos Cultivar

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no Brasil os modelos da Série T, trator con-ceito fabricado na Finlândia especialmente configurado para a silvicultura e a pecuária. Desenvolvidos para trabalhar principalmente no setor florestal, os tratores HiTech da Série T, disponíveis com potências entre 140cv e 190cv, se destacam no mercado mundial devido ao exclusivo sistema de reversão de cabine Twin Trac. O Conceito Twin Trac possibilita que, ao girar o assento, todo o comando passe da parte dianteira para a traseira. Também expôs na Expointer a Série S, linha de alta potência de tratores Valtra.

CYCLOARA Provent Metalúrgica do Brasil, fabricante

licenciada do Sistema de Exaustão Cycloar, recebeu durante a Expointer 2013 o Troféu

Prata, na categoria Destaque. O sistema de exaustão Cycloar proporciona “Aeração Inten-sificada” ou “Aeração Natural”, um processo que não utiliza aeração, mas sim exaustores em ambientes armazenadores como silos verticais e armazéns graneleiros, viabilizando a saída natural do ar quente e úmido do interior da massa e possibilitando a entrada do ar ambiente de baixa temperatura.

GTS A GTS do Brasil realizou o lançamento na

linha de carretas da UpGrain Multi durante a feira. Devido à variabilidade deste conceito de carreta sobre a mesma base do modelo só grãos, foi desenvolvida o modelo multiuso, em aço carbono, com tanque graneleiro de 4,75mm, com pintura especial resistente à corrosão. O

sistema de pintura passou por mais de 500 horas de testes com o salt spray, (spray de sal), para avaliar a possibilidade de uso deste mesmo equipamento para fertilizantes. Este modelo de carreta em comparação com os modelos anteriores possui maior controle de descarga; pintura mais resistente, totalmente antioxidan-te; resistência à oxidação; caixa coletora em inox e descarga com rosca sem-fim com tratamento térmico por indução.

AGRALEA Agrale apresentou a Linha 500, sua nova

linha de tratores com modelos compactos, mais indicados para culturas com espaçamento reduzido. Lançados na Agrishow deste ano, os novos tratores vêm com potências de 65cv a 75cv, os modelos 565.4 Compact, 575.4 e 575.4 Compact.

A Linha 500 de tratores agrega novo design, com capô basculante; motorização MWM; transmissão sincronizada, com inversor de marchas 10x10 de série ou 15x15 como opcio-nal. Outro opcional é o sistema super-redutor de marchas que possibilita um mesmo trator, nestas faixas de potência, estar equipado com inversor de marchas e super-redutor ao mesmo tempo.

JOHN DEEREA John Deere expôs seu portfólio para pe-

quenos, médios e grandes produtores. Na parte de colheita destacou a colheitadeira 1175, de menor porte e com sistema de saca-palhas, que conta com as versões para grãos e para arroz, com motor John Deere de 180cv. Os modelos STS 9470, STS 9570, STS 9670 e STS 9770 também foram apresentados. Esta série possui rotor que reduz em até 20% a força requerida para mover o material, uma tecnologia exclusiva da John Deere, que minimiza os danos ao grão e garante um produto de maior qualidade.

O sistema exaustor da Cycloar recebeu o Troféu Prata, na categoria Destaque do Prêmio Gerdau Melhores da Terra

Carreta multiuso UpGrain Multi da GTS, fabricada em aço carbono, com tanque graneleiro de 4,75mm e pintura especial resistente a corrosão

Linha 500 de tratores da Agrale agrega novo design, com capôbasculante, motorização MWM e transmissão sincronizada

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Na parte de tratores foram destaques os mo-delos da Série 5:5055E, 5065E, 5075E, 5085E e 5078E, que são ideais para pequenos produto-res. Esta série tem alto rendimento, transmissão parcialmente sincronizada, alavancas de con-trole laterais e baixo custo de manutenção. Já os cabinados 6130J, 6145J e o 6180J, tratores de médio porte, com motores de 110cv e 180cv, também tiveram destaque na feira. Os tratores da série 6J possuem itens de fábrica e opcionais que permitem as mais diversas aplicações, como plantio com plantadeiras mecânicas ou a vácuo, preparo de solo, pulverização, compactação de silagem, entre outras.

Para o plantio, a John Deere apresentou tecnologias capazes de oferecer resultados ade-quados para as distintas condições de trabalho, como as plantadeiras 1107A e 1111A, da série 1100, que oferecem resistência, durabilidade e capacidade de plantio mesmo em condições adversas.

MASSEY FERGUSONA Massey Ferguson anunciou na Expointer

a nacionalização de sua plataforma de corte de grãos Draper DynaFlex 9250, que equipa as colheitadeiras axiais MF 9690 e MF 9790 ATR

II. O equipamento será fabricado em Santa Rosa (RS), unidade fabril de colheitadeiras da AGCO. A produção nacional fará com que os modelos sejam entregues aos produtores de for-ma mais rápida, com um serviço de pós-venda eficiente, além da opção de serem comerciali-zados pelo Finame, linha de crédito específica para aquisição de máquinas e equipamentos, com taxas de 3,5%.

Os produtores também puderam conferir de perto as colheitadeiras axiais da Massey Ferguson MF 9690 ATR II e MF 9790 ATR II. Equipadas com uma nova geração de motores, o 84 Wi (Waste Gate Turbocharger), que segue as versões mais modernas dos motores auto-motivos. Além da MF32 SR, habilitada tanto para a cultura de arroz quanto para grãos como soja, milho e trigo. Equipada com um sistema híbrido de processamento, a máquina conta com dois rotores responsáveis pela separação, que substituem o convencional saca-palhas aumentando a capacidade de colheita.

Em agricultura de precisão, a Massey Fer-guson apresentou o piloto automático Auto Guide 3000, sistema de direcionamento que oferece até três níveis de precisão: submétrico, decimétrico, centimétrico. Pela primeira vez a

marca disponibilizou ao mercado colheitadeiras, tratores e pulverizadores com precisão centimé-trica de fábrica.

Outro destaque na área de Agricultura de Precisão foi o sistema AGCOComand, que che-ga a plataformas IOS dos dispositivos móveis. O aplicativo móvel, desenvolvido para produtores agrícolas que já utilizam ou desejam adquirir sistemas de gerenciamento de telemetria AGCOMmand, melhora o acompanhamento do desempenho das máquinas em campo, tor-nando ágil a lida e facilitando os trabalhos de manutenção preventiva, evitando assim perdas de produtividade no campo.

No segmento de tratores, a série MF 8600 ganhou todas as atenções, com os modelos MF 8670 e MF 8690, de 320cv e 370cv, equipados com a transmissão CVT. Os tratores da série MF 8600 possuem ainda diferenciais como vazão de controle remoto de 175 litros/min, suspensão de eixo dianteiro e capacidade de levante hidráulico de 12 mil quilos.

As séries MF4200, com os tratores com potência entre 65cv e 130cv, MF 7000 Dyna-6, com transmissão inteligente, e MF7100 tam-bém foram destaques na feira.

Além das colheitadeiras e dos tratores,

Fotos Cultivar

As diversas linhas de tratores foram destaque no estande da John Deere, com séries que atendem desde a agricultura familiar até grandes propriedades

Um dos destaques da Massey Ferguson foram as colheitadeiras axiais MF 9690 ATR II e MF 9790 ATR II, equipadas com a nova geração de motores 84 Wi

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a Massey Ferguson levou o pulverizador MF 9030, com versões que possuem vão livre de 1,50m e 1,65m; a enfardadora MF 1837, configurada para oferecer excelente produtividade em ton/h; e dois modelos de secadoras, uma de sete discos de corte a, MF DM 1309, e uma de cinco discos, a MF DM 1358.

NEW HOLLANDA New Holland destacou os tratores

T7, o pulverizador SP2500, as colheita-deiras CR6080 e CR5080 e os pacotes de agricultura de precisão para todos os tipos de manejo. O trator T7 traz um conjunto automático de motor, transmissão eletrônica e direção. Completando a linha de tratores entre 200cv e 220cv, o piloto automático é outro diferencial do modelo.

Na área de colheita, o destaque ficou por conta das colheitadeiras CR5080 e CR6080.

A CR5080 é a menor colheitadeira com sis-tema de duplo rotor do mercado, destinada para o pequeno e médio produtor. Possui tanque graneleiro de 7.050 litros e opera, inicialmente, com plataforma de 20 pés. A CR6080, também de duplo rotor, possui motor New Holland Cursor 9 com 300cv de potência nominal, e potência máxima de 333cv. Este modelo tem capacidade de nove mil litros no tanque graneleiro e velocidade de descarga de 110 litros por segundo. Pode ser combinada com plataformas de 25 e 30 pés.

Já as principais características do Pul-verizador Defensor SP2500 são voltadas à agricultura de precisão. Possui piloto automático, recursos de corte de seção e sistema de injeção direta. Possui, também, distribuição de peso 50x50, com o tanque localizado no centro da máquina. Fabrica-da no Brasil, a máquina é equipada com

motor eletrônico, transmissão hidrostática, controlador IntelliView IV e bloco óptico “cat eyes”, que permitem a realização de trabalhos noturnos.

AGRIMEC A Agrimec apresentou seu portfólio de

produtos dando destaque para a linha Gran-box de carretas modelo 10.000. Na versão duas rodas são indicadas para acompanhar as colheitadeiras, recolhendo cereais a granel e as de quatro rodas, podem ser usadas de maneira estacionária, no armazenamento temporário de grãos entre colheita e trans-porte. Os modelos multiuso “flex”, com fundo e cano em aço inox, são propícios tanto para plantio, adubação, como para colheita.

VENCE TUDOA Vence Tudo participou da Expointer

levando sua ampla linha de produtos com destaque para a Plataforma Bocuda e a Semeadora Macanuda Fertilizantes, que conquistaram os troféus Ouro na Categoria Destaque e Prata como Novidade, do Prê-mio Gerdau Melhores da Terra. Segundo o diretor-presidente da Vence Tudo, Marcos Luís Lauxen, “esta conquista vem para coro-ar o trabalho sério da indústria nas vésperas dos 50 anos de fundação. Esse êxito somente foi alcançado devido ao empenho de toda a equipe e agora precisa ser comemorado por todos”, concluiu.

AG LEADERA Ag Leader realizou o lançamento do

novo monitor para completar seu portfólio de Agricultura de Precisão, o Compass. O novo monitor vem equipado com tela sen-sível ao toque de sete polegadas, com barra de luz e leds multicoloridos. É possível a

A Agrimec destacou sua linha Granbox de carretas modelo 10.000

Semeadora Macanuda Fertilizantes da Vence Tudo conquistou o troféu Prata como Novidade do Prêmio Gerdau Melhores da Terra

A CR5080 da New Holland é a menor colheitadeira com sistema de duplo rotor do mercado, destinada para o pequeno e médio produtor

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A Stara aproveitou a Expointer para lançar seu trator ST MAX 105, que será produzido e comercializado pela empresa

sua utilização com o piloto automático elé-trico ou hidráulico e funciona com correção DGPS, Omnistar XP e RTK. O Compass configura-se como uma excelente escolha para quem procura um equipamento com ótimo custo-benefício.

CASE IHA Case IH destacou a linha de colheita-

deiras axiais da série 230, a linha Farmall de tratores e o Pulverizador Patriot 250. A linha Farmall, que completou 90 anos, ganhou novo design e nova geração de motores. O modelo Farmall 60 tem motor de 2,9 litros e três cilindros e os modelos Farmall 80 e 95 têm motor de 3,9 litros e quatro cilindros. Os modelos Farmall 60 e Farmall 80 são aspirados e com 58cv e 80cv, respectiva-mente. Já o Farmall 95 é turboalimentado e tem 95cv.

O Pulverizador Patriot 250 possui um tanque de produto de 2.500 litros cen-tralizado, o que distribui o peso 50x50 e as barras podem ser de 24 ou 27 metros. Com piloto automático de fábrica e corte automático de seção, tecnologia AFS Case IH de Agricultura de Precisão, sistema de amortecimento e suspensão hidráulica ati-va, o pulverizador também é equipado com motor Case IH FPT, sistema Common-Rail de injeção e Turbo-Intercooler, com 138cv e quatro cilindros.

Outro destaque da marca foi a Axial-Flow 2688 Arrozeira, novo modelo que se junta à tradicional Axial-Flow 2799 Arro-zeira. A 2688 tem motor de 284cv, 8,3 litros e é turboalimentada. Já o modelo 2799 vem com motor eletrônico de 330cv. O tanque graneleiro de ambos os modelos é de 9.300 litros, com vazão de descarga de 84,5 litros

por segundo. O tubo de descarga é de 5,5m. A Axial-Flow 9230 classe 9 chega ao merca-do com novo motor Case FPT, de 13 litros, com potência nominal de 510cv e potência máxima de 570cv, projetado para utilização da nova plataforma Draper 3162 de 45 pés. O tubo de descarga é de 7,7 metros.

STARAA Stara lançou oficialmente na Ex-

pointer 2013 seu mais novo produto, o ST MAX 105, o trator Stara. Com os tratores incorporados em sua linha de produtos, a empresa passa a oferecer ao mercado o

pacote completo de tratores e implementos. Os tratores ST MAX 105 sairão de fábrica já equipados com piloto automático de série Topper 4500. Além disto, tem como principais características inversor mecânico sincronizado, controle do trator de dentro da cabine, que já vem pronta para operar com o pacote APS (Agricultura de Precisão Stara).

De acordo com Gilson Trennepohl, pre-sidente da Stara, “os tratores ST MAX 105 foram projetados com as mais tecnológicas ferramentas e garantem a máxima segurança aos usuários”, garante.

A maior máquina no estande da Case IH foi a colhedora Axial-Flow 9230 classe 9, que chega ao mercado com novo motor Case FPT, de 13 litros e com potência nominal de 510cv

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Novo monitor Compass da Ag Leader, equipado com tela sensível ao toque de sete polegadas, com barra de luz e leds multicoloridos

Fotos Cultivar

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Giro analisadoEnsaio sobre raio de rolamento dos pneus de um trator agrícola mostra a influência da

tração dianteira ligada e desligada e da pressão dos pneus no deslocamento da máquina

pNEUS

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O raio de rolamento de um pneu pode ser entendido como o valor que contribui efetivamente para

o seu deslocamento, ou seja, é a distância percorrida por um pneu em uma revolução completa do eixo dividido por 2π, obtida em condição de tração nula, ou seja, des-

locamento autopropelido sobre superfície indeformável.

O valor do raio de rolamento pode variar em função de desgaste, pressão interna do pneu e do peso sobre o rodado, este valor é utilizado para calibração do indicador de ve-locidade de deslocamento dos tratores. Desta

forma, podemos observar que algo comum à velocidade registrada no velocímetro nem sempre é a real.

O advento e a consolidação da computa-ção e da eletrônica na agricultura ocorreram mediante a redução dos custos e da comple-xidade, garantindo que tais sistemas tenham

Detalhe do sensor de velocidade (esquerda) e do sensor indutivo (direita) utilizados no experimento, que teve comoobjetivo avaliar o raio de rolamento de pneus agrícolas com tração auxiliar ligada e diferentes pressões internas

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los selecionados com base no coeficiente de determinação, no comportamento do fenô-meno e na significância dos coeficientes de regressão com a utilização do teste t. O efeito da tração foi analisado por teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS O raio de rolamento determinado com a

tração ligada e desligada não apresentou dife-rença estatística para nenhuma das pressões internas utilizadas nos pneus (Tabela 1).

Os raios de rolamento dos pneus de um mesmo eixo não apresentaram diferença significativa entre si, dessa forma a análise foi baseada no raio de rolamento médio dos pneus dianteiros e traseiros. A pressão inter-na dos pneus teve efeito significativo, linear e positivo sobre o raio de rolamento médio dos pneus dianteiros e traseiros (Figura 1). O modelo ajustado explica satisfatoriamente o comportamento do raio de rolamento dos pneus em função da pressão interna.

resultado favorável na agricultura. A pressão interna dos pneus possui uma

forte influência no desempenho dos con-juntos mecanizados, principalmente quanto à perda de eficiência dos tratores agrícolas promovida pela patinagem dos pneus. Além da patinagem, considera-se também o efeito da deformação dos pneus e do solo na re-dução da velocidade translacional atuando concomitantemente.

A patinagem dos pneus de um trator agrícola pode ser obtida com o auxílio de ins-trumentação eletrônica, onde contadores de pulsos são instalados junto a cada pneu. Esse parâmetro operacional é definido mediante a comparação da velocidade atual do trator com a velocidade tangencial periférica dos pneus, que é dada pelo produto da velocidade angular com o raio de rolamento do pneu.

Sendo o raio de rolamento um parâmetro importante na determinação da patinagem, uma equipe da Universidade Federal de Vi-çosa desenvolveu um trabalho com o objetivo de determinar a influência do acionamento da tração dianteira auxiliar (TDA) no raio de rolamento para três pressões internas dos pneus.

A AVALIAÇÃOO trabalho foi conduzido no Laboratório

de Mecanização Agrícola, da Universidade Federal de Viçosa, no Campus de Viçosa (MG). Foi utilizado um trator John Deere, modelo 5705 4x2 com tração dianteira au-xiliar (TDA) e com potência de 62,56kW (85cv) no motor a 2.400rpm, o qual foi instrumentado para condução do trabalho. O trator estava equipado com pneus Pirelli TM 95 18.4-30 no eixo traseiro e Goodyear Dyna Torque II 12.4-24 no eixo dianteiro, ambos de construção diagonal.

A rotação das rodas motrizes do trator foi monitorada com o auxílio de transdutores in-dutivos tubulares associados a cada uma das

rodas por meio de suportes. A alteração do campo magnético (indução) dos transdutores ocorreu pela passagem de aletas equidistantes dispostas na periferia de uma coroa circular afixada concentricamente dentro da calota dos rodados, servindo assim como sistema referencial. Todos os sensores foram conecta-dos ao sistema de aquisição de dados Spider 8 e configurados pelo software Catman 2.2, ambos disponibilizados pela HBM.

Os tratamentos foram constituídos de três pressões internas 82,74, 96,53 e 110,32kPa (12, 14 e 16 psi, respectivamente) combi-nadas com as condições de tração dianteira auxiliar ligada e desligada, no delineamento inteiramente casualizado, com três repetições. Em todos os tratamentos do experimento foi utilizada a marcha 1ª B a 2.400rpm no motor, o que proporciona uma velocidade operacional teórica média de 1,48m s-1 (5,33km/h). O tra-balho foi realizado em pista de concreto com topografia plana, com 30 metros de compri-mento e 15 metros adicionais para estabilizar o deslocamento do conjunto.

A velocidade desenvolvida pelo trator durante a operação, que corresponde à ve-locidade translacional dos pneus, foi obtida com o uso de uma unidade de radar de efeito Doppler acoplada ao chassi do trator.

Os dados obtidos foram submetidos à análise de regressão linear, sendo os mode-

Marconi Ribeiro Furtado Júnior,Daniel Mariano Leite,Haroldo Carlos Fernandes eAnderson Candido da Silva,Universidade Federal de Viçosa

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Pressão (kPa)82,7496,53

110,32

Traseiro0,7092 A0,7216 A0,7291 A

Tabela 1 - Valores médios para o raio de rolamento (m) dos pneus utilizados para as combinações entre TDA ligada e desligada, pressão interna dos pneus e eixo

Dianteiro0,5279 B0,5366 B0,5431 B

TDA ligadaTraseiro

0,7127 A0,7189 A0,7257 A

Dianteiro0,5348 B0,5400 B0,5473 B

TDA desligada

As médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, maiúscula na linha e para a mesma condição de acionamento da TDA, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Foram realizadas três repetições.

CálCulo

O raio de rolamento foi obtido pela seguinte Equação:

rr = Vop (2 π n)-1

Em que, rr – Raio de rolamento (m); Vop – Velocidade real de deslocamento

obtida pelo radar (m s-1); e, n – Rotação do eixo motriz (rps).

O experimento mostrou que pressões maiores no interior do pneuelevaram o raio de rolamento do mesmo

Figura 1 - Raio de rolamento em função da pressão interna dos pneus. ** - Significativo ao nível de 1% de probabilidade

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EvENtoS

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Inovações em destaque

Dois dos mais importantes eventos científicos na área de máquinas agrícolas, o Conbea e o Sintag, reuniram

pesquisadores, estudantes e empresas do setor para discutir o futuro da mecanização agrícola no Brasil

Dos dias 4 a 8 de agosto de 2013 foi realizado o XLII Congres-so Brasileiro de Engenharia

Agrícola, em Fortaleza (CE). O evento organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Agrícola (Sbea) e pela Uni-versidade Federal do Ceará (UFC) foi realizado na Fábrica de Negócios.

O Tema central do evento foi “Os desafios para o desenvolvimento rural sustentável” que foi tratado na solenidade de abertura, com a palestra da professora doutora Irenilza de Alencar Nax’as, da Unicamp. Após a abertura do evento e da palestra de abertura foi oferecido um coquetel a todos os participantes

com demonstrações folclóricas locais e regionais.

Nesta edição do Conbea, além das áreas clássicas de Construções Rurais e Ambiência, Energia na Agricultura, En-genharia de Água e Solo, Máquinas e Me-canização Agrícola, Ciência e Tecnologia Pós-Colheita, Geomática e Saneamento e Controle Ambiental, adicionou-se uma nova área, denominada Tecnologias em Agricultura de Precisão.

Na organização do congresso deste ano, foram designadas três seções de apre-sentações de trabalhos na forma de pôste-res com 1.226 trabalhos nesta modalidade e sete seções de apresentação de trabalhos na forma oral, com 109 apresentações, o que totalizou 1.335 apresentações sobre os diferentes temas envolvidos.

Além da massiva apresentação de re-sultados de pesquisa científica das mais diferentes instituições envolvidas, foram programadas dez palestras, nas diferentes áreas do congresso, com destaque para a palestra da área de Máquinas e Mecaniza-ção Agrícola sobre Compactação do Solo

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José Fernando SchlosserRouverson Pereira da SilvaAssoc. Bras. Eng. Agrícola - Sbea

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ministrada pelo professor Shirini Upa-dhyaya, da Universidade da Califórnia, Davis, EUA.

Outra novidade desta edição do Con-bea foi a destinação de um espaço para as Salas de Inovação Tecnológica, que consti-tuíram uma oportunidade ímpar para que as empresas privadas pudessem interagir com os pesquisadores, apresentando seus produtos, estudos e, principalmente, pesquisas aplicadas que realizam nos seus departamentos de engenharia.

Para finalizar a programação foram re-alizadas no último dia de congresso visitas técnicas ao Porto do Pecém, à Usina Eólica de Prainha e ao Complexo Castanhão, onde os participantes puderam conhecer boas experiências da engenharia agrícola no estado do Ceará.

SINTAGDe 9 a 11 de setembro de 2013, a Uni-

versidade Estadual de Londrina (UEL) e a Fundação de Estudos e Pesquisas Agrí-colas e Florestais (Fepaf) organizaram no Teatro Marista, em Londrina, Paraná, o VI Sintag 2013, Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação.

O Tema principal do evento foi “Tecnologia de Aplicação: da Teoria ao Campo”, considerado como um dos problemas atuais no campo da aplicação de produtos agroquímicos. Nos três dias de atividades programados foram apre-sentadas palestras, painéis tecnológicos, discussões e reuniões técnicas, além de sessões de painéis, na forma de pôsteres, com a divulgação de resultados de pesqui-sas na área de tecnologia de aplicação de agroquímicos.

Destaca-se da programação a home-nagem feita ao engenheiro agrônomo

José Carlos Christofoletti, formado pela Esalq-USP-Piracicaba, que durante muitos anos atuou como engenheiro na TeeJet Technologies e que muito contribuiu para o desenvolvimento da área de aviação agrícola e da Tecnologia de aplicação no Brasil. Foram 18 pales-tras no total, com cinco manifestações tecnológicas de representantes das em-presas patrocinadoras. No final de cada dia ocorriam debates com técnicos dos diferentes setores da área de tecnologia de aplicação com conclusões finais, por um coordenador do debate.

Além deste espaço científico. Foram destinados às empresas patrocinadoras alguns espaços durante a programação para que estas divulgassem e discutissem temas de interesse e que tivessem relação com o tema principal do evento.

Os patrocinadores do evento foram Trust Helena, Jacto, Inquima, Embraer, Arag, Massey Ferguson, Pentair Hypro e Basf.

Mais de 1.300 trabalhos e 109 apresentações marcarama XLII Conbea, realizado em Fortaleza, capital do Ceará

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O VI Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicaçãofoi realizado em Maringá (PR) no início de setembro

O Conbea foi organizado pela Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícolaem parceria com a Universidade Federal do Ceará

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Nós e nossa ausência de infraestrutura

O tema está ficando batido, mas não podemos deixar de discutir o assun-to. Precisamos arregaçar as mangas

e enfrentar esses problemas de frente. Fazer obras adequadas de infraestrutura e ter uma manutenção apropriada são formas de injetar competitividade na veia de toda a economia: novos investimentos aumentam o estoque de capital público enquanto manutenção adequada garante a eficiência desse capital.

Os governos, nos três níveis, têm muitas dificuldades para fazer a execução das obras e sua manutenção. E nós pagamos o preço. A falta de infraestrutura afeta toda a economia, aumenta os custos gerais e diminui a competi-tividade estrutural.

O agricultor brasileiro, por exemplo, traba-lha em um panorama de alto risco no que diz respeito à infraestrutura e à logística. O lado bom é que nossos produtores são eficientes do lado de dentro da porteira, mas acabam arcando com prejuízos logísticos por conta da ausência de infraestrutura no País.

Neste ano o Brasil terá uma nova safra recorde de grãos, com uma produção estimada em torno de 187 milhões de toneladas, um crescimento de 16% sobre a safra anterior. É a prova de que nossos produtores estão fazendo o dever de casa.

O fato de as safras serem maiores a cada ano mostra que os desafios no desenvolvimento de pesquisa e no aumento de produtividade nos campos estão sendo vencidos e que o País pode se tornar cada vez mais desenvolvido, mas é necessário que a infraestrutura acompanhe

esse avanço, uma realidade que não se aplica ao Brasil.

O desenvolvimento do País e a concreti-zação do setor agrícola dependem de maneira fundamental da efetividade da infraestrutura existente. A negligência na operação e na ma-nutenção prejudica não só o agronegócio, mas é também uma das principais causas da baixa eficiência da economia.

Nos últimos anos o Brasil (com o PAC) investiu em infraestrutura não mais que 2,5% do PIB, entre o setor público e o privado. Pois bem, esse número é insuficiente para a manutenção do estoque de capital dos bens de infraestrutura.

Em outubro de 2007 o Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014; em maio de 2009 foram escolhidas as cidades-sede; em outubro de 2009 o Rio de Janeiro foi esco-lhido para as Olimpíadas de 2016. Com todos esses eventos, a expectativa era que iríamos passar por um período de investimentos mais expressivos que esses 2,5% em infraestrutura urbana e logística, especialmente pela urgência em melhorias que temos nesses segmentos; isso não está acontecendo.

No que diz respeito à infraestrutura de transportes, a Fiesp e a FGV elaboraram, neste ano, um estudo que comparou o desempenho de regiões metropolitanas do Brasil com as regiões mais avançados do mundo, apresentando o Índice Comparado de Desempenho da Infra-estrutura de Transportes.

O resultado mostra uma defasagem de 67%

ante o padrão internacional. Dito em outras palavras, significa que seria necessário triplicar a oferta de infraestrutura para chegarmos ao melhor padrão internacional.

Acredito que esse cenário ainda pode ser alterado. No final de agosto, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-cial, Luciano Coutinho, garantiu que os investimentos em logística vão se acelerar nos próximos anos. Segundo publicação no Diário do Comércio de São Paulo, do dia 28 de agosto, os investimentos podem chegar a R$ 45 bilhões por ano em infraestrutura, logística e energia.

Enquanto isso, ficamos na torci-da para que esses investimentos se concretizem... Estamos torcendo. Até agora temos tido mais sorte do que juízo.

Milton Rego é engenheiro mecânico e

economista, especialista em gestão. Atua na área de máquinas agrícolas e

de construção desde 1988. Atualmente, é diretor de

Comunicações e Relações Ex-ternas da Case New Holland;

vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodovi-

árias da Abimaq e diretor da Anfavea e Sinfavea. Milton

é responsável pelo blog do Milton Rego, que aborda os mercados de máquinas agrícolas e de construção:www.blogdomiltonrego.com.br

O agricultor brasileiro, por exemplo, trabalha em um panorama de alto risco no que diz respeito à infraestrutura e à logística

MUNDo MáqUINAS

Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Setembro 2013 • www.revistacultivar.com.br42

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