maquinas 135

44

Upload: grupo-cultivar

Post on 24-Jul-2016

236 views

Category:

Documents


4 download

DESCRIPTION

Novembro de 2013

TRANSCRIPT

Page 1: Maquinas 135
Page 2: Maquinas 135
Page 3: Maquinas 135
Page 4: Maquinas 135

Rodando por aí

Piloto elétrico

Avaliação do mercado de tratores

Colhedoras axiais x convencionais

Empresas – Pla

Capa – Comparativo de tratores

Ruído em tratores

Capacidade de tração

Avaliação do solo

Raio do rolamento

Aplicação calculada

Coluna Mundo Máquinas

Titãs do Cerrado 20Comparamos as quatro maiores séries de tratores comercializados no Brasil, com modelos que ultrapassam os 600cv de potência

06

08

10

14

19

20

30

33

36

38

40

42

Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados po-dem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles EcherKarine GobbiRocheli Wachholz

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.www.revistacultivar.com.br

DireçãoNewton Peter

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480

Mercado de tratoresAnálise do mercado brasileiro de tratores

mostra a oferta de máquinas nas principais faixas de potência

Axiais x radiaisComparativo mostra as perdas

encontradas nas colhedoras axiais e radiais na colheita de soja e milho

14

• REDAÇÃO3028.2060

Assinatura anual (11 edições*): R$ 187,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:

US$ 160,00€ 150,00

Cultivar Máquinas • Edição Nº 135 • Ano XII - Novembro 2013 • ISSN - 1676-0158

• ComercialSedeli FeijóJosé Luis AlvesRithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

• AssinaturasNatália RodriguesFrancine MartinsClarissa Cardoso

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Destaques

Nossa capa

Índice

10

Matéria de capa

Cap

a: C

harl

es E

cher

CCCultivar

• GERAL3028.2000

• ASSINATURAS3028.2070• MARKETING3028.2065

Page 5: Maquinas 135
Page 6: Maquinas 135

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br06

roDANDo por AÍ

Piero Abbondi

Entrega técnica integradaA Oimasa, concessionária Massey Ferguson que atende parte do interior de São Paulo e Goiás, adotou nova forma de entregar os produtos aos clientes. Denominada de entrega técnica integrada, a estratégia permite que o cliente receba a nova máquina pelas mãos de representantes dos departamentos co-

John Deere University A John Deere University (JDU) alcançou em outubro a marca de dois milhões de alunos inscritos em todo o mundo nos cursos de Fundamen-tos da JDPC e formação PMPro. A marca foi comemorada pelo time de treinamento da John Deere Brasil. “Há uma grande aceitação entre os concessionários de todo o mundo, que estão atentos às oportunidades de evoluir com os cursos oferecidos pela John Deere University para oferecer uma melhor experiência ao cliente”, destaca Darci Teixeira, gerente de Treinamento da John Deere Brasil.

BiomassaA Massey Ferguson participou do 6º Congresso Na-cional da Bioenergia, que aconteceu nos dias 6 e 7 de novembro, em Araçatuba (SP), com apoio cultural e apresentação de painel sobre geração de energia através da biomassa. O painel foi apresentado com a presença do gerente de Marketing de Produto Colheitadeira e Equi-pamentos Forrageiros da AGCO, Douglas Vincensi, com o objetivo de “oferecer conhecimento e expertise para viabilizar o processo de recolhimento de palha através de enfardamento para cogeração de energia”, destaca. “O enfardamento da palha já é uma realidade e pode ser fonte de renda e energia. Apresentar a tecnologia para obter biomassa em um dos mais importantes eventos do calendário nacional da cadeia bioenergética é contribuir para o crescimento do setor”, afirma.

Pé na EstradaO Projeto Valtra Pé na Estrada chegou ao estado de Santa Catarina e pas-sou em São Miguel, Campos Novos e Mafra. “Este projeto proporciona uma troca enriquecedora entre produtores e concessionárias. Se por um lado levamos a eles conhecimento sobre novas tecnologias e novidades do mercado, eles também nos trazem pedidos e sugestões que nos ajudam a aprimorar os nossos produtos e serviços”, explica Alexandre Vinicius de Assis, gerente de Vendas da Valtra.

Agricultores colombianosA Stara recebeu no final de outubro um grupo de 17 agricultores colom-bianos que visitaram o parque fabril da Stara em Não-Me-Toque e a filial de Carazinho, além de participar de palestras sobre tecnologias voltadas ao desenvolvimento da agricultura, dinâmica de máquinas e visitar uma fa-zenda MAS (Manejo Avançado Stara). Segundo a agricultora e pecuarista Juliana Diaz, a visita à fábrica proporcionou um maior conhecimento da linha de equipamentos da Stara. “A visita foi excelente. Pudemos conhecer melhor a tecnologia e ver que é uma indústria que traz muita inovação, além de uma grande linha de produtos que atendem todas as necessidades do produtor em diferentes culturas”, comenta Juliana.

John Deere Especialistas de produtos da John Deere palestraram na Semana Acadê-mica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no final de outubro. Uma das especialistas é Letícia Siqueira, gerente de Produtos para Tratores Médios no Brasil e líder do WomenReach, uma iniciativa da empresa com o objetivo de aumentar a participação da mulher no negócio da companhia. Para ela “a iniciativa de trabalhar junto ao Grupo de Relações com Universidades estreita a relação com estas instituições de ensino e, ao mesmo tempo, atrai novos talentos para a empresa”.

Dez mil operadores A Case IH realizou a capacitação de dez mil operadores de colhedoras de cana-de-açúcar, uma média 3.300 pessoas por ano. A ação foi oficializada no início de novembro na Usina Iracema, em Iracemápolis (SP), unidade pertencente ao Grupo São Martinho, um dos maiores produtores de cana do Brasil. Segundo o gerente de Serviços da Case IH, Auri Orlando, a capacitação é fundamental para dar suporte aos clientes. “Um operador bem-treinado pode utilizar os equipamentos de forma mais produtiva, podendo garantir um forte desempenho dos maquinários”, garante.

ErrataCometemos um equívoco na diagramação do artigo Aplicação Calculada, publicado na página 24 da edição 133. O artigo está sendo publicado corretamente nesta edição, na página 36.

mercial, peças e serviços da concessionária. Segundo o gerente geral de Vendas da Oimasa Edmar José de Oliveira, a ação tem estrei-tado os laços comerciais com os clientes. “Todo este processo esta rendendo bons frutos, pois quando o cliente precisa de uma peça e nos liga, ele conhece pessoalmente com quem está falando”, explica.

Douglas Vincensi

Page 7: Maquinas 135
Page 8: Maquinas 135

Exatidão

repetibilidade na semeadura, plantio e aplicação de insumos.

Caso haja a necessidade da repetibilidade das linhas de plantio, como no caso da cultura de cana-de-açúcar, o método de posicionamento relativo cinemático em tempo real - RTK (Real Time Kinematic) aliado ao piloto automático hidráulico seria a combinação mais indicada, devido à alta qualidade de posicionamento que atinge, na casa dos centímetros.

Porém, quando o manejo não exige quali-dade de centímetros, pode-se utilizar métodos e equipamentos que proporcionam qualidade de decímetros, como o posicionamento diferencial (DGPS) em conjunto com piloto automático elétrico. Porém, é possível, também, combinar o piloto automático elétrico com a correção fornecida pelo sistema RTK, principalmente quando não é disponível uma correção DGPS em tempo real.

Necessária para um controle eficiente das operações mecanizadas, a combinação entre o sistema de

navegação por satélite e o piloto automático tem permitido operações que são cada vez mais precisas,

às vezes na casa dos centímetros

AgrICulturA DE prECISão

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br08

Para um melhor manejo das culturas agrícolas, novas tecnologias têm sido desenvolvidas no campo com o

auxílio da mecanização agrícola. Dentre elas, destaca-se a utilização de sistemas de navegação global por satélite (Sistema GNSS) aliados a sistemas de direcionamento automático de máquinas agrícolas.

O Sistema GNSS é composto por diferentes constelações de satélites, que têm como objetivo a navegação e o posicionamento de pontos so-bre a superfície terrestre. Podemos citar como sistemas do GNSS, o Global Positioning System (GPS) dos EUA, o Global Navigation Satellite System (Glonass) da Rússia e o BeiDou Satellite Navigation System da China.

Essa combinação entre o sistema GNSS e os sistemas de direcionamento de máquinas agrícolas permite um maior controle das ope-rações mecanizadas como tráfego, paralelismo e

Nesse contexto, o Núcleo de Geomática e Agricultura de Precisão (NGAP), da Fa-culdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal (FCAV), da Unesp, conduziu um experimento para avaliar a qualidade do posicionamento proporcionada pelo sistema RTK aliado a um piloto automático elétrico, na operação de abertura de sulcos para fins de implantação de uma cultura perene.

Estação Total Topcon GTS701utilizada no experimento

Claas

Page 9: Maquinas 135

A Tabela 2 exibe os resultados do espaça-mento médio obtido para cada uma das entre linhas de plantio. Destaca-se que não foi detec-tada diferença significativa (P < 0,05) entre os valores de espaçamento para cada entre linha, indicando que o paralelismo foi mantido.

Também, na Tabela 2, observa-se que o espaçamento médio encontrado para as entre linhas dos sulcos mapeados foi de (3,53 +/- 0,02) m, indicando uma acurácia de 3cm, considerando o valor de referência de 3,5m. Dessa forma, foi obtida uma acurácia na ordem de centímetros, conforme é esperado para a correção RTK.

Os resultados encontrados no experimento indicaram que a operação de sulcagem, no tocante à navegação da máquina agrícola, obteve um desempenho adequado, visto que o paralelismo foi mantido entre cada sulco e o espaçamento desejado foi alcançado, com erro residual na ordem de centímetros.

O trabalho foi conduzido numa gleba de terras, localizada no interior do estado de São Paulo, durante a operação de sulcagem para fins de implantação de uma cultura perene. Nessa operação foi utilizado um sistema de navegação da marca John Deere, receptor GPS StarFire ITC e monitor GreenStar 2 1800 com sistema RTK de correção, aliado a um piloto automático elétrico, também marca John Deere.

Para a avaliação do paralelismo e do espaçamento da sulcagem, foram mapeados os sulcos de plantio com cerca de 200m de comprimento. Esse mapeamento foi realizado com uma estação total marca Topcon, modelo GTS701 com precisão angular de 2” e linear de 2mm + 2mm/km. Equipamento classificado como de alta precisão pela Norma de Execução de Levantamento Topográfico NBR 13.133. Foi utilizado o método das Irradiações para planimetria e o Nivelamento Trigonométrico para a altimetria.

Destaca-se que foram aplicadas as cor-reções de curvatura e refração atmosférica para as medidas de distâncias. Para a correção da refração foram observadas medidas de temperatura e pressão durante a medição de distâncias. Para registro da temperatura e da pressão foi utilizado termômetro de mercúrio marca Labortherm-N, modelo Skalenwert 1k (resolução de 1º C) e barômetro marca Fischer (resolução de 1mbar).

O espaçamento de sulcagem adotado no momento da operação foi de 3,5m entre as linhas de plantio. Para cada entre linhas foram determinados o espaçamento médio e a respectiva precisão. Baseando-se no valor de referência, de 3,5m para o espaçamento, foi determinada a acurácia da sulcagem. Foi reali-zada análise de variância, comparando-se o es-paçamento entre linhas dos sulcos amostrados. Como o trecho avaliado era aproximadamente retilíneo (orientação NE-SW), foi realizada uma análise de regressão linear para verificar se a operação de sulcagem manteve essa trajetória retilínea (Figura 1).

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br 09

Linhas de plantio123567891011

Média

Coeficiente de correlação linear0,99999730,99999870,99999820,99999770,99999890,99999920,99999130,99999830,99999920,99999760,9999978

Tabela 1 - Resultados da análise de regressão para os sulcos de plantio mapeados

Fonte: Rosalen e Deghaid (2013).

.M

Figura 1 - Representação gráfica dos sulcos mapeados no experimento

Entre linha de plantio123567891011

Média

Média (m)1

3,593,583,483,593,463,533,543,523,553,433,53

Tabela 2 - Resultados do espaçamento médio entre as linhas de plantio para os sulcos mapeados

Fonte: Rosalen e Deghaid (2013).

Desvio padrão (m)0,020,020,020,050,030,040,040,020,050,020,02

Exemplo de uma antena GNSS (à esquerda) e de uma antena de rádio (à direita) instaladas no campus da FCAV/Unesp para o posicionamento RTK de máquinas agrícolas

David Luciano Rosalen,FCAV/Unesp, Jaboticabal

Rosalen explica a combinação entre o sistema de navegação por satélite e o piloto automático

Fotos David Luciano Rosalen

Page 10: Maquinas 135

trAtorES

Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br10

Foto

s C

harl

es E

cher

Menu confusoFalta de padronização nas informações e ausência de dados disponíveis aos

produtores dificultam a escolha do trator ideal para diferentes tipos de atividades

Nos sistemas de produção agrícola brasileiro há uma busca cons-tante pela otimização no uso da

maquinaria agrícola de forma a aprimorar a qualidade na execução das operações com foco na diminuição dos custos e incremento na produtividade. Aprimorar o uso da maquinaria perpassa por um planejamento criterioso da propriedade, levando em conta relevo, clima, solo, tipo de manejo, culturas, determinação da necessidade de potência em função das carac-terísticas físicas (relevo e solos) da propriedade e seleção coerente de conjuntos motomeca-nizados, considerando-se toda a tecnologia disponível no produto em consonância com as reais necessidades da exploração agrícola.

A seleção adequada da fonte de potência é fundamental para assegurar o desempenho operacional sem desperdícios de energia ou mesmo insuficiente para atender a demanda de tração, com menor consumo de energia e com o melhor retorno econômico pelo aumento da produtividade. Mas, na prática, a escolha mui-tas vezes não ocorre precedida de uma análise completa, a marca e o modelo do trator não são determinados através de critérios predefinidos,

mas por indicações de outros produtores. Os consultores de negócio, como são denominados os vendedores, em muitos casos são desprepara-dos para realizar uma análise de adequação do trator às características do sistema de produção. Os grandes empreendimentos agrícolas, devido à competitividade imposta pelo mercado, pos-suem equipes para realização de uma análise técnica apurada. Tanto que a venda é realizada de forma corporativa, onde o cliente tem um acompanhamento com maior atenção.

De uma maneira geral, a seleção de tratores ocorre de forma empírica, sem o embasamento técnico que requer este procedimento. Na maioria dos casos, principalmente quando o produtor não tem conhecimento sobre a tec-nologia disponível no produto, sua aplicação e seus benefícios à aquisição ocorrem especifica-mente por potência – potência do motor e não a disponível na barra de tração -, preço, forma de pagamento e afinidade pela marca, relegando características mais importantes.

Se a tomada de decisão já é custosa pelo desconhecimento técnico, ela é dificultada pela inexistência de parâmetros para se determinar a melhor opção e/ou realizar a comparação entre os modelos

Page 11: Maquinas 135

Se junta a esta forma empírica um fator que dificulta ainda mais a tarefa de escolha, que é a indisponibilidade de informações

ou, quando ela existe, falta padronização das especificações técnicas e adequação às normas vigentes no país. Ao realizar um levantamento sumário sobre as informações técnicas e a dispo-nibilidade destas pelos fabricantes de tratores, nem sempre será possível encontrar todos os principais e imprescindíveis parâmetros para a seleção, como potência disponível na TDP e barra de tração, reserva de torque, reservatório de combustível, reservatório de óleo hidráulico e massa. Se a tomada decisão já é custosa pelo desconhecimento técnico, ela é ainda difi-cultada pela inexistência de parâmetros para

se determinar a melhor opção e/ou realizar a comparação entre os modelos.

Recentemente foi realizado um levanta-mento nos catálogos fornecidos pelos fabri-cantes de tratores comercializados no mercado brasileiro buscando caracterizar a informação sobre os principais dados técnicos e conside-rados importantes para seleção. A potência do motor, a capacidade do tanque combustível, o tipo de transmissão, o tipo de acionamento da TDP, o raio de giro sem freio, a capacidade de levante do sistema hidráulico de três pontos e o sistema hidráulico de controle remoto foram

MuItoS NoMES pArA uM MESMo SIStEMA

A pesquisa mostrou que não há uma padronização entre os fabricantes

para a denominação dos tipos de transmis-sões. Para um mesmo tipo, as empresas apre-sentam nomes diferentes. Em 29 catálogos não foi encontrada informação sobre o tipo de transmissão.

Veja a pluralidade de nomes para os tipos de transmissões: Sincro, Coller Shift, Constant Mesh, Deslizante, Dynashift Automático, Dual Power, Econoshift, Full Powershift, Full PowerShift com Efficiency Manager, Full Po-wershift Ultra Command, FullPowershift com

Autoshift, Heavy Duty - Engrenamento Cons-tante, Hidrostática, Inversor Mecânico Sincro-nizado, Mecânica, Parcialmente Sincronizada, Portyal Synchro, Power shift Automática, Powershift (HiSix), Power Shuttle, PowrQuad, PowrQuad ou AutoQuad, Range Command, Reversor Sincronizado, Sincronizada, Sincroni-zada Com Multitorque, Sincronizada - Portyal Synchro, Synchro, Synchro shuttle, Range Command, Syncro Plus ou Powerquad, Syn-cronesh, Top Shaft Parcialmente Sincronizada, Transmissão Variável e Ultra Command™ Full Powershift.

Page 12: Maquinas 135

Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br12

Gráfico 1 - Número de tratores por fabricante Gráfico 2 - Número de modelos de tratores por faixa de potência

Gráfico 3 - Distribuição dos modelos de acordo com as faixas de potência disponíveis na TDP Gráfico 4 - Distribuição percentual dos modelos por tipo de TDP

alvo desta caracterização. Primeiramente, foi necessário normalizar as unidades de medidas, pois não existe uma padronização destas nos catálogos acrescentando mais uma dificuldade na comparação de modelos diferentes (confira no Box).

Foi caracterizado um total de 221 modelos de tratores agrícolas das marcas Agrale, Budny, Case IH, Divorale, Farmer, Green Horse, John Deere, Landini, Ls Tactor, Massey Fergunson, Montana, New Holland, Tramontini, Ursus, Valtra e Yanmar Agritech.

A maior disponibilidade de modelos quanto à potência está nas faixas de 36 a 73kw e 74 a 146kw e observa-se que como esta característica é a mais empregada na seleção, todos os modelos apresentaram o dado. Contudo, a potência não é determinada pelos mesmos métodos de en-saio, assim ao aplicar diferentes procedimentos para obtenção da potência para modelos iguais, tem-se resultados diferentes, portanto, só po-

derão ser comparados quando apresenta-rem a mesma norma. Dentre as normas que foram empregadas tem-se a Isotri 4395, a NBR 1585 e a Saej 1995. Deste universo de catalágos, 72 não

reserva de torque e raio de giro não existem nos catálogos.

Para o acionamento da TDP, na maior parte dos modelos predomina a do tipo inde-pendente, com 61,6%. O número de válvulas do sistema hidráulico de controle remoto nos modelos considerados, 56% possuem duas vál-vulas ou mais. O sistema de transmissão quanto ao número de marchas na maioria dos modelos é entre 13 e 27 combinações da caixa de câmbio. Quanto ao reservatório de combustível, 35% dos modelos apresentam tanque de combustí-vel com capacidade até 108 litros e quanto ao consumo de combustível a informação não é disponibilizada.

De um modo geral, as empresas não dis-ponibilizam as informações claras e objetivas, inclusive não publicam as informações pri-mordiais para seleção de conjuntos motome-canizados. A indústria brasileira disponibiliza tratores com potência para atender a diversida-de de tamanho das propriedades agrícolas e em grande quantidade, porém, há necessidade de esforços para facilitar o acesso à informação de forma a subsidiar a melhor solução na escolha de modelo de trator.

especificaram a norma usada para determinar a potência.

O sistema de transmissão é disponibili-zado em mecânica deslizante que necessita selecionar a marcha antes da execução da operação e interromper o movimento para “cambiar” as marchas, o que acarreta um tempo perdido. Tem também a mecânica sincronizada, que permite a troca de mar-chas em movimento, e o tipo hidrostático, que permite a redução de velocidade e o aumento de torque sem a necessidade de interromper o movimento, conferindo maior eficiência na operação.

Para a potência disponível na TDP a faixa varia entre 12,5kw e 204,5kw, porém, em 132 catálogos não está disponibilizada esta informação. Quanto ao torque máximo, varia nos modelos de 38,2Nm a 2.838,2Nm. As informações sobre potência disponível na barra de tração, capacidade do levante hidráulico,

Jarbas Cardoso Araujo, Airton dos Santos Dionizio, Marcos Roberto da SilvaUniv. Federal do Recôncavo da Bahia

.M

Page 13: Maquinas 135
Page 14: Maquinas 135

ColhEDorAS

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br14

Em conjunto, o milho e a soja respon-dem por mais de 85% da produção de grãos do País. A diferença entre

as duas está no fato de a soja ter forte valor no mercado internacional, enquanto a produção de milho é voltada ao mercado interno. A produção, safra 2013/14, da soja está estimada em 89,7 milhões de toneladas e a do milho (1ª e 2ª safras) em 79,6 milhões de toneladas. No geral, a produção brasileira tem apresentado expressivo crescimento nos últimos anos. Este aumento gerou a necessidade de maior qua-lidade e rapidez na etapa da colheita, pois, se realizada erroneamente, ou seja, no estágio de maturação inadequado, sem o devido preparo

dos operadores, com manutenção e regulagem das colhedoras incorretas, dentre outros fato-res, acarreta perdas consideráveis, reduzindo a produção e o lucro dos produtores.

Como a colheita constitui uma importante etapa na produção de grãos, deve-se, portanto, dar maior atenção para as perdas ocasionadas, sejam qualitativas ou quantitativas, isto devi-do ao volume e também pela facilidade com que ocorrem. Na maioria das vezes, cuidados simples, como manutenções periódicas e trei-namento dos recursos humanos, podem reduzir consideravelmente o volume de grãos que ficam nas lavouras a cada safra. O monitoramento correto das perdas na colheita tem como ob-

jetivo detectar os erros que ocorrem durante o processo e, se possível, corrigi-los.

Para a colheita mecânica de grãos, existem no mercado as colhedoras com sistema de trilha radial (convencional), constituído de cilindro e côncavo transversais, e as colhedoras de fluxo axial, cujos rotor e côncavo, em geral, encontram-se posicionados longitudinalmente à máquina. No sistema de trilha radial, há menor tempo de permanência do material na seção de trilha e, por consequência, impactos mais agressivos. Já no sistema de trilha axial, o material a ser trilhado se desloca na direção paralela ao eixo do cilindro de trilha, normal-mente denominado de rotor, com maior tempo

Axial x radialComparativo avalia perdas quantitativas e qualitativas e mostra onde elas ocorrem nas

colhedoras axiais e radiais, revelando qual sistema é mais eficiente para colher milho e soja

Foto

s C

harl

es E

cher

Como a colheita constitui uma importante etapa na produção de grãos deve-se dar maior atenção para as perdas qualitativas e também quantitativas

Page 15: Maquinas 135

para a separação. Com base nesses aspectos, realizou-se um

estudo com o objetivo de determinar as perdas quantitativas e qualitativas ocorridas durante a colheita da soja e do milho safrinha (2ª safra), em propriedade localizada na região norte de Mato Grosso, por meio da comparação entre dois modelos de colhedoras: axial e radial.

As regulagens das referidas máquinas foram realizadas de acordo com as indicações do ma-nual para a cultura e em função das condições da lavoura no momento da colheita, levando em consideração a posição das plantas (acamadas ou em pé), a umidade dos grãos, o volume de massa, entre outros detalhes. A velocidade da colheita foi mantida constante durante todo o levantamento, para as colhedoras radiais a velo-cidade foi mantida em torno de 7km/h a 8km/h, e nas axiais em torno de 9km/h a 10km/h.

O levantamento das perdas na colheita foi realizado em três pontos distintos, com cinco repetições: pré-colheita; plataforma e mecanismos internos (coleta realizada atrás da máquina). Em cada ponto foram coletados os grãos soltos e os aderidos na vagem da soja ou na espiga do milho, denominados grãos de de-bulha. A coleta seletiva (grãos soltos e debulha) foi realizada de forma a definir os principais problemas causadores de perdas, permitindo a identificação dos possíveis desajustes das máquinas. O material foi coletado em uma armação confeccionada com cabos de madeira e barbante – denominada gabarito, com 2m2 de área. Na pré-colheita do milho a coleta de plantas com espigas ou grãos caídos no chão foi realizada em uma área de 30m2, e a da soja em área de 2m2. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados e, posteriormente, levados ao laboratório para pesagem. O peso obtido em 2m2, medida do gabarito, foi extrapolado para 10.000m2 (1ha), corrigindo a umidade para 13%.

Os dados de perdas foram computados de acordo com o esquema demonstrado no Quadro 1.

Além do cálculo das perdas em sc/ha, foi determinada a perda em percentual, em função

da colheita, e total na lavoura. Simultaneamen-te ao processo de amostragem de perdas na colheita (campo) foram coletadas amostras no graneleiro de cada máquina para identificação das amostras e determinação de danos ocorridos nos grãos, conforme Box.

Com relação ao teor de água, tanto a soja quanto o milho encontravam-se excessivamen-te secos no momento da colheita. A soja foi co-lhida com 9,12% b.u. e o milho com 9,45% b.u. Valores de umidade baixos assim, normalmente acarretam em aumento de perdas e danos.

PERDAS EM FUNÇÃO DA COLHEITAApresentam-se na Tabela 1 os dados de

perdas obtidos durante a colheita do milho e da soja sob dois sistemas de debulha, axial e radial.

Tanto para a cultura do milho quanto para a cultura da soja as perdas obtidas na pré-colheita foram iguais a zero. Especificamente na avaliação de perdas do milho, observa-se que na plataforma foram obtidos valores sig-nificativos, sendo maior no sistema axial. E quando se comparam as perdas oriundas do processamento interno (debulha, separação e limpeza) e o total de perdas, as diferenças entre

as colhedoras também foram significativas, obtendo-se os maiores valores de perdas pelo sistema radial. Do total de perdas, 88% e 95% ocorreram nos mecanismos internos, para as colhedoras axial e radial, respectivamente. Ao passo que na plataforma as perdas foram equivalentes a 12% para a colhedora axial e 4% para a colhedora radial.

As perdas na plataforma durante a colheita da soja foram similares às do milho, ou seja, valores significativos e sendo maior no sistema axial. Nos mecanismos internos, diferenças significativas também foram observadas, po-rém, com maiores perdas pelo sistema radial. No sistema axial as perdas na plataforma e nos mecanismos internos correspondem a 51% e 49%, respectivamente. No sistema radial são observadas diferenças expressivas, sendo 16% de perdas ocorridas na plataforma e 84% nos mecanismos internos.

Na Tabela 2 são apresentadas as médias do quantitativo de grãos soltos, da debulha e as perdas na lavoura em percentual, considerando produtividade média de 80sc/ha para o milho e 55sc/ha para a soja.

Quando as perdas de milho foram quantifi-cadas de acordo com a característica do material

15Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br

Para a colheita mecânica de grãos, existem no mercado as colhedoras com sistema de trilha radial (convencional), constituído de cilindro e côncavo transversais, e as colhedoras de fluxo axial, cujos rotor e côncavo, em geral, encontram-se posicionados longitudinalmente à máquina

O monitoramento correto das perdas na colheita tem como objetivo detectaros erros que ocorrerem durante o processo e, se possível, corrigi-los

Page 16: Maquinas 135

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br16

coletado (solto ou debulha) tem-se que, pelo sistema axial, a maior perda foi de grãos soltos nos mecanismos internos, ocorrendo o mesmo no sistema radial. As perdas decorrentes da colheita pelo sistema axial foram em torno de 40% inferiores ao sistema radial. Esta avaliação permite identificar os principais problemas de regulagem, no caso, no sistema de separação e/ou limpeza do grão. Como o produto está sendo debulhado, mas jogado para fora da máquina, seria importante observar em primeiro lugar a velocidade do ar do ventilador e a regulagem das peneiras. Outra observação a ser feita é com relação à separação do material debulhado e aos restos de planta.

No caso da soja as maiores perdas também foram de grãos soltos em ambas as colhedoras. Isto pode ser atribuído à baixa umidade do grão no caso da plataforma e à má regulagem dos sistemas de separação e/ou limpeza, no caso dos mecanismos internos. Situação mais crítica é observada na máquina com sistema radial de debulha onde os valores de grãos soltos superam

o limite tolerável (1sc/ha). O quantitativo de perdas de grãos soltos representou o maior valor obtido. As perdas percentuais na lavoura colhida com a colhedora axial foram em torno de 53% inferiores às perdas obtidas pela colheita com a máquina radial, que atingiu, no total, perdas na lavoura de 4,12%.

Sabendo que é no momento da colheita onde tem-se o produto com o maior valor agre-gado, torna-se fundamental o monitoramento das perdas e sua análise (regulagem) para que possa ser reduzida.

DANOS NOS GRÃOS EM FUNÇÃO DA COLHEITAAlém das perdas ocorridas no campo, a

intensidade dos impactos nos grãos, em fun-ção da colheita, pode agravar ainda mais os resultados quando o produto for submetido ao pré-processamento (limpeza, secagem, armazenamento). Há de se considerar, ainda, que, embora a colhedora não elimine parte das impurezas no campo, essas virão a ser compu-tadas como perdas nas operações seguintes.

Além de impurezas e quebrados recolhidos no graneleiro da máquina, deve-se atentar também para os danos mecânicos ocasionados, pois embora aparentemente os grãos estejam inteiros, dependendo do número de trincas ou fissuras ocasionadas por impacto, eles estarão suscetíveis à quebra.

Durante a classificação do milho obteve-se 1,71% de impurezas e 8,31% de quebrados quando colhido com a colhedora radial. No entanto, quando o produto foi colhido com a colhedora axial os valores foram bem menores, 1,50% de impurezas e 4,27% de quebrados.

No caso da soja, obteve-se 0,25% de im-purezas e 17,64% de quebrados pela máquina radial e somente 0,08% de impurezas e 1,94% de quebrados pela máquina axial. Mesmo embora a umidade do milho estivesse abaixo do indicado (20 a 22% b.u.) para colheita, o nível de impurezas e quebrados esteve dentro do que se considera aceitável. Há de se destacar novamente que os danos e as perdas ocasiona-dos pela colhedora radial foram relativamente superiores aos da axial.

Observa-se na Figura 1a que o índice de danos ocorridos no milho, obtido em função dos percentuais de impurezas e de quebrados, em diferentes níveis, foi 18% superior quando o produto foi colhido com máquina dotada de cilindro e côncavo (radial).

Com relação às trincas em grãos de milho verifica-se (Figura 1b) que quando colhido com a colhedora axial os valores foram menores. Os grãos que sofreram impactos por ocasião da colheita com a colhedora radial apresentam 3,2% a mais de trincas que quando colhidos com a colhedora axial.

Os danos mecânicos avaliados na soja colhida com as máquinas radial e axial estão representados na Figura 2.

A soja, quando colhida com a máquina com sistema de debulha radial, apresentou 45,6% a mais de danos mecânicos quando comparada à colhida com a máquina com sistema de debulha axial. Estes grãos, apa-rentemente inteiros, cujos danos só foram perceptíveis após o tratamento com hipoclo-

Figura 1 - (a) Índice de danos mecânicos e (b) Índice de trincas em grãos de milho colhido com máquinas com diferentes sistemas de debulha: radial e axial

Foto

s C

harl

es E

cher

Na colheita do milho, o índice de dano obtido em função dos percentuais de impurezas e de quebrados em diferentes níveis foi 18% menor nas colhedoras axiais

Page 17: Maquinas 135

rito de sódio, durante as operações na pós-colheita, provavelmente, tenderiam à quebra, aumentando ainda mais as perdas.

Com base nos dados de danos apresentados pode-se inferir que as perdas quantificadas em nível da campo, no momento da colheita, não demonstraram os prejuízos totais que o produtor viria a ter após o pré-processamento (limpeza, secagem, e armazenamento). O des-carte de produto como impurezas e quebrados na unidade elevou ainda mais as perdas e os descontos para o produtor. Acredita-se que o principal fator para obtenção de elevados percentuais de danos foi a baixa umidade dos grãos no momento da colheita.

ESTIMATIVA ECONÔMICADE PERDASAs perdas na colheita da

soja e do milho foram esti-madas para a área total da fazenda, de seis mil e mil hectares, respectivamente, considerando: a) as perdas totais; b) perdas toais menos o limite aceitável (1sc/ha para

toma dimensão real quando se extrapola para a área total. Pelos valores apresentados na Tabela 3, verifica-se o quanto o produtor deixaria de perder, caso os ajustes necessários fossem feitos nas máquinas.

Quadro 1 - Contabilização de perdas na colheita

Perdas, sc ha-1

Sub-totalTotal

Pré-colheita---

Solto DebulhaSomar solto e debulha

PlataformaSubtrair pré-colheita

Solto DebulhaSomar solto e debulha

Mecanismos InternosSubtrair pré-colheita e plataforma

Solto DebulhaSomar solto e debulha

Pontos de Coleta

*Grãos “soltos” são aqueles já debulhados e os “de debulha” são aqueles ainda aderidos nas vagens (soja) ou sabugo (milho).

a soja e 2sc/ha para o milho). Os valores que o produtor estaria perdendo, caso não fosse realizado nenhum ajuste na máquina, são apresentados na Tabela 3.

O agravante de perdas ocorridas na lavoura

Figura 2 - Danos mecânicos (%) em grãos de soja debulhados por dois sistemas: radial e axial

Page 18: Maquinas 135

maiores valores. Já os grãos de milho que sofreram impactos por ocasião da colheita com a colhedora radial apresentam 3,2% a mais de trincas que quando colhidos com a colhedora axial. A soja, quando colhida com a máquina com sistema de debulha radial, apresentou 45,6% a mais de danos mecânicos quando comparado ao colhido com a máquina com sistema de debulha axial.

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br18

Tabela 1 - Perdas médias (sc ha-1) de milho e soja na colheita mecanizada em função de diferentes sistema de debulha (axial e radial)

Sistema

AxialRadial

AxialRadial

Pré-Colheita

0,00 a0,00 a

0,00 a0,00 a

Plataforma

0,25 b0,15 a

0,56 b0,38 a

Mecanismos Internos

1,85 a3,37 b

0,53 a1,99 b

Perdas Totais

2,10 a3,52 b

1,09 a2,37 b

Médias seguidas de letras iguais nas colunas, não diferem entre si (Tukey, 5%).

Milho

Soja

Tabela 2 - Perdas médias na colheita do milho e da soja (SC/ha) de acordo com a característica do material e, perdas em percentual na lavoura, por dois sistemas de debulha

Solto

0,000,251,85

0,000,340,95

Debulha

0,000,000,00

0,000,210,13

Total

0,000,251,85

0,000,561,09

Solto

0,000,153,37

0,000,212,10

Debulha

0,000,000,00

0,000,160,27

Total

0,000,153,37

0,000,372,37

Pré-ColheitaPlataforma

Mecanismos Internos% Perdas

Pré-ColheitaPlataforma

Mecanismos Internos% Perdas

Axial

2,55%

1,93%

Radial

4,20%

4,12%

Milho

Soja

Tabela 3 - Estimativa dos prejuízos decorrentes das perdas na colheita da soja e do milho por meio de duas colhedoras: axial e radial

Radial

2,3714.220,00

R$ 838.980,00

8.220,00R$ 484.980,00

MáquinaProduto

Área plantada, haPerdas, SC/ha

Perdas na área total, scPreço médio/saca, R$

Prejuízo em função das perdas, R$Perda aceitável, sc ha-1 (Referência Embrapa)Perdas totais considerando limite de 1 sc/ha,

Prejuízo considerando limite de 1 sc ha

Soja6.000

R$ 59,00*

1,00

Axial

1,096.540,00

R$ 385.860,00

540,00R$ 31.860,00

Radial

3,523.520,00

R$ 52.800,00

1.520,00R$ 13.680,00

Axial

2,102.100,00

R$ 31.500,00

100,00R$ 900,00

Milho1.000

R$ 9,00*

2,00

*Preço médio. Referência: IMEA – Sorriso, MT, 22/10/13.

Fábio Reinaldo Possidonio eSolenir Ruffato,Univ. Federal de Mato Grosso

.M

AMoStrAS E DANoS

a) Teor e água (método padrão da estufa: 105 ± 3ºC, durante 24 horas); b) Percentual de impurezas e quebrados da soja e do milho determinado de acordo com as especificações para a padronização, classificação e comercialização interna pelas portarias: nº 262, de 23 de novembro de 1983 e nº 845 de 8 de novembro de 1976, respectivamente; c) Danos mecânicos: - Soja: pelo teste de hipoclorito de sódio (5%), por dez minutos; - Milho: os danos mecânicos visíveis ocasionados por ocasião do processo de colheita foram quantificados por meio do índice de danos (metodologia proposta por Chowdhury; Buchele, 1976), e o Índice de trincas (metodologia proposta por proposta por Bakker-Arkema, 1994).

Na colheita da soja observa-se que a co-lhedora radial apresenta 54% e 93% a mais de perda, quando são consideradas as perdas totais e as perdas totais menos o limite de 1sc/ha, respectivamente.

Na colheita do milho também se observa o grande diferencial de tecnologia entre as máquinas. Neste caso, a colhedora radial apre-senta 60% e 93% a mais de perdas, quando consideramos as perdas totais e as perdas totais menos o limite de 2sc/ha, respectivamente. Caso fosse utilizada a colhedora axial em toda a área, as perdas, sem a realização de ajustes e sem considerar o limite de perdas 2sc/ha, seriam em torno de 60% menores do que se a coleta fosse realizada com a colhedora radial. Se fosse

CálCulo DE pErDAS

Expressão para determinar percentual de perdas.

Perdas,%=( perdas, sc-1 ha-1 ) x100 (perdas,sc-1 ha-1)+(podutividade líquida,sc-1 ha-1)

Na maioria das vezes, cuidados simples, como manutenções periódicas e treinamento dos recursos humanos, podem reduzir consideravelmente o volume de grãos que ficam nas lavouras a cada safra

considerado o limite de perdas, a redução seria na ordem de 93%.

Similarmente ao ocorrido na colheita da soja, os principais ajustes a serem realizados são em relação aos sistemas de separação e limpeza, haja vista que o maior quantitativo de perdas foi observado nos mecanismos internos/grãos soltos.

CONSIDERAÇÕES FINAISApós analisar todos os dados, é possível

concluir que as perdas resultantes da colheita do milho com a máquina radial foram em torno de 60% maiores, e na colheita da soja foram em torno 120% maiores do que quando colhida com a colhedora axial.

Quanto ao percentual de perdas na lavoura, tanto no milho quanto na soja, o sistema radial apresentou o maior valor, correspondendo a 4,20% e 4,12%, respectivamente. Os meca-nismos internos, especificamente o sistema de separação e limpeza, apresentaram problemas de regulagem em ambas as colhedoras, ocasio-nando maiores perdas.

Em relação às impurezas e aos quebra-dos, a colhedora radial proporcionou os

Page 19: Maquinas 135

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br 19

EMprESAS

Sangue novoCom a reestruturação e a profissionalização de departamentos vitais, a Pla do Brasil

projeta mais que triplicar a participação no mercado de pulverizadores no Brasil até 2016

A pulverização nas lavouras ganha cada vez mais importância na agricultura moderna. Além de

aplicar o produto fitossanitário, os equipa-mentos de pulverização irão incorporar cada vez mais tecnologia nos próximos anos, a fim de atingir o alvo de maneira mais eficiente possível, utilizando as pequenas janelas climáticas disponíveis, desperdiçando o mínimo possível de produto.

Uma das empresas que estão focadas neste mercado é a Pla do Brasil. A marca argentina fundada em 1975 para produzir implementos lançou seu primeiro pul-verizador autopropelido no ano de 1978 e desde então não parou de pesquisar e investir em novos projetos voltados para a pulverização agrícola. A marca chegou ao Brasil em 2004, onde instalou sua fábrica no município de Canoas (RS), e focou suas atenções principalmente no Cerrado, região onde o mercado de autopropelidos era mais receptivo naquele momento.

Desde o início de 2013 a empresa, que no Brasil está sediada na cidade de Canoas (RS), está se reestruturando e buscando a “profissionalização dos departamentos vi-tais”, explica Renato Silva, diretor comercial da Pla do Brasil. A marca, que detém 2% do mercado brasileiro de pulverizadores, pretende chegar em 2016 com uma fatia 7% num mercado que produz aproximadamente 3.500 máquinas/ano.

No momento, o Brasil conta com 25 revendas autorizadas, sendo que no início do ano eram 15. “Projetamos fechar o ano com 30 lojas”, destaca Renato Silva. No

Rio Grande do Sul são três, nas cidades de Boa Vista das Missões, Fortaleza dos Valos e Tupanciretã. “Em breve, teremos revendas em Cachoeira do Sul e Jaguarão”, ressalta o diretor. Com a nova gestão profissionalizada, após a entrada do Grupo Pampa Capital no final de 2010, o foco da marca também foi alterado. “Antes, o objetivo era comerciali-zar pulverizadores grandes, para a região Centro-Oeste e Bahia. Agora, ajustamos o foco também para máquinas menores, para os produtores do Sul do país”, finaliza. Os principais mercados da marca são os grãos e a cana-de-açúcar.

PRODUTOSAtualmente, a Pla possui oito modelos

de pulverizadores, desde os de arraste até os autopropelidos com 220 cavalos de potência. As capacidades vão de 700 litros (modelo três pontos), passando pelo modelo de ar-raste - que é de três mil litros - e chegando nos autopropelidos – de 2.500 litros até 3.500 litros.

Os modelos variam com a necessidade do terreno do produtor ou da cultura que será aplicada. Podem ser utilizados nas principais lavouras do Brasil (soja, milho, trigo, feijão), culturas específicas como cana e algodão ou até mesmo no cultivo de produtos que exigem máximo cuidado, como as hortaliças (tomate, batata, alface, alho etc).

Mas a grande novidade dos últimos anos está sendo lançada nesta safra: o pul-verizador de 3.500 litros com barra de fibra de carbono de 36 metros. “O lançamento estava previsto para 2014, mas em função da chegada da lagarta Helicoverpa nas la-vouras do país, antecipamos a produção, já que este equipamento tem um rendimento 20% superior aos pulverizadores com barras convencionais”, explica Tomas Lorenzzon, gerente de Marketing da Pla.

Com 36 metros de barra é possível apli-car uma área próxima a 650 hectares em um único dia. A fibra de carbono é utilizada em projetos com alta tecnologia, como na Fórmula 1. Por isso, as barras fabricadas com esta tecnologia possuem propriedades que garantem uma rigidez bem maior, combina-da à leveza e à resistência a impactos. Já há projetos em andamento para a construção de uma barra híbrida, utilizando parte da barra em aço carbono e outra parte em fibra de carbono, que possibilitará chegar a uma barra de 42 metros.

A Pla pretende intensificar a incorpo-ração de equipamentos de Agricultura de Precisão nos pulverizadores autopropelidos. Para isso, fechou uma parceria com a Trim-ble, uma das empresas gigantes do setor de tecnologias de posicionamento.

Renato Silva, diretor de Vendas e Marketing; Maximiliano Cassalha, diretor industrial; Luciana Brambila, assessora de imprensa; Piterson Viana, desenvolvimento de rede, e Tomas Lorenzzon, gerente de Marketing

.M

Page 20: Maquinas 135

CApA

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br20

Titãs do campoA partir do início da vigência do

programa Mais Alimentos a média de potência do motor dos

tratores vendidos no Brasil alterou sensivel-mente. Uma tendência histórica de que a média de 75cv, constante desde o início dos anos 80, subisse para aquela proporcionada pelos tratores de quatro cilindros, equipados com turbocompressor, com potência de mo-tor ao redor de 100cv, alterou-se com este plano governamental. Os tratores de quatro cilindros com aspiração natural voltaram a ocupar a maior parte da comercialização. No entanto, superado este efeito, desde o ano de 2010 tem havido um aumento na produção e na comercialização de tratores com potência máxima de motor superior aos 100cv (73,6kW) em comparação com o que se produzia e vendia em anos anteriores.

Mais que isto, nota-se um incremento na importação e na comercialização de modelos com potência superior aos 400cv, inclusive com oferta forte de modelos com potência máxima entre 500cv e 650cv. Esta tendência incentivou a Revista Cultivar Máquinas a organizar um comparativo entre os grandes tratores disponíveis no mercado brasileiro, utilizando o material enviado pelos quatro grandes fornecedores destes tratores, AGCO, Case IH, John Deere e New Holland. No caso da Case IH, da John Deere e da New Holland, as opções são de tratores de rodas com tração dianteira integral e articulação do chassi. No caso da AGCO, a série avaliada é a Challenger, com esteiras de borracha. Embora estes últimos sejam tratores de configuração diferente dos demais, a concorrência será pelo mesmo mercado, nas faixas de potência.

Por uma questão de adequação à lin-guagem utilizada no mercado de tratores, utilizaremos o cv (cavalo vapor) como unidade de potência em substituição ao W (Watt), do sistema internacional de unida-des de medidas. Na classificação dos tratores utilizaremos a potência nominal, embora os modelos possam gerar uma potência adicio-nal, chegando a uma potência máxima que será utilizada por curtos espaços de tempo em situações de sobrecarga.

Para isto trazemos informação da Série

As quatro maiores séries mundiais de tratores já estão presentes nos campos brasileiros, com opções que vão de 405cv a 608cv de potência e dotadas de níveis

de tecnologia embarcada que proporciona rentabilidade e eficiência incomparáveisFo

tos

Cha

rles

Ech

er

Page 21: Maquinas 135

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br 21

modelo AGCO Challenger MT845E, com 456cv de potência nominal (máxima de 492cv), um modelo da John Deere, o 9460R com 460cv de potência nominal (máxima de 506cv), o modelo Case Steiger 450, com 457cv de potência nominal (máxima de 502cv) e o modelo New Holland T9.505, com 457cv de potência nominal (máxima de 502cv). Na terceira faixa, comparamos três modelos: Challenger MT855E, com 496cv (máxima de 536cv), John Deere 9510R, com 510cv (máxima de 561cv) e o New

Holland T9.560 com potência nominal de 507cv (máxima de 557cv). Na quarta faixa de potência consideramos quatro modelos, um de cada marca, O Challenger MT865E, com 547cv de potência nominal (máxima de 591cv), o Case Steiger 550 de 558cv de potência nominal (máxima de 614cv), o John Deere 9560R com 560cv (máxima de 616cv) e o New Holland T9.615, de 542cv (máxima de 613cv). No grupo dos mais po-tentes, dentre estes gigantes, os dois maiores tratores do mercado brasileiro, o Challenger

Challenger MT800E da AGCO, da Linha Steiger da Case IH, da Série 9R da John Deere e da série T9 da New Holland. Foram organizados cinco grupos por faixa de potên-cia, comparando-se, no primeiro grupo, dos menores, entre 405cv e 410cv de potência nominal, o modelo da John Deere, 9410R, com 410cv de potência nominal (máxima de 451cv) e o New Holland T9.450, com 405cv de potência nominal (máxima de 446cv). No segundo grupo comparamos os modelos de 456cv a 460cv de potência nominal, o

Page 22: Maquinas 135

Quadro 1 - Faixa de potência dos tratores comparados

FabricanteJohn DeereNew Holland

AGCOCase

John Deere New Holland

AGCOJohn Deere New Holland

AGCOCase

John Deere New Holland

AGCONew Holland

Faixa de potência nominal do motor (cv)*Faixa 1

Faixa 2

Faixa 3

Faixa 4

Faixa 5

Modelos comparados9410RT9.450

Challenger MT845ESteiger 450

9460RT9.505

Challenger MT855E9510RT9.560

Challenger MT865ESteiger 550

9560RT9.615

Challenger MT875E T9.670

Potência nominal do motor (cv)*410cv (máxima de 451cv)405cv (máxima de 446cv) 456cv (máxima de 492cv)457cv (máxima de 502cv)460cv (máxima de 506cv)457cv (máxima de 502cv)496cv (máxima de 536cv) 510cv (máxima de 561cv) 507cv (máxima de 557cv)547cv (máxima de 591cv)558cv (máxima de 614cv)560cv (máxima de 616cv) 542cv (máxima de 613cv)598cv (máxima de 646cv)608cv (máxima de 669cv)

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br22

MT875E com 598cv (máxima de 646cv) e o maior trator do mercado nacional, o modelo New Holland T9.670, de impressionantes 608cv de potência nominal e 669cv de po-tência máxima. Devemos ressaltar que todos os modelos avaliados possuem motores com injeção eletrônica e contam com um sistema de incremento de potência na ordem de 8% a 10%. Esperamos que os nossos leitores gostem e aproveitem o nosso trabalho.

Mesmo que estes tratores sejam classifi-cados como supertratores é possível estrati-ficá-los por faixas de potência, em função da efetiva concorrência entre eles. Avaliando-os pela potência de motor e incluindo apenas um modelo de cada fabricante foi possível montar um quadro com diferentes faixas de potência (Quadro 1).

Ressalta-se que todos os modelos da Case IH, da John Deere e da New Holland foram ensaiados na Estação de Ensaios de Tratores em Nebraska, nos Estados Unidos, e os relatórios estão disponíveis na página web: http://tractortestlab.unl.edu/testre-ports. Os modelos da série Challenger foram ensaiados com motores Caterpillar, mas os tratores que serão vendidos no Brasil serão montados com motores AGCO Power de

12 cilindros.

MOTORESOs propulsores destes tratores gigantes

permitem atingir potências de até 669cv, o que nos impressiona, pois na agricultura brasileira não é comum a utilização de tra-tores de potência desta magnitude, o que

reflete desta forma uma nova tendência no setor agrícola brasileiro. É de ressaltar que a maioria destes modelos está direcionada às grandes áreas do Centro-Oeste e da nova fronteira agrícola brasileira, denominada de Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e norte da Bahia).

Os modelos da série 9R da John Deere

Nas quatro séries o posto de operação é bastante elevado, todos fechados com ótimas cabines, que atendem a padrõesde conforto e segurança previstos em normas internacionais e critérios norte-americanos e da comunidade europeia

Page 23: Maquinas 135

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br 23

Fotos Charles Echer

contam com motores agrícolas da marca própria John Deere, modelo PSX de seis cilindros, de 13,5 litros de volume interno e sistema de alimentação Turbo Aftercooler, juntamente com um sistema eletrônico de injeção de combustível individual. Estes propulsores permitem que o maior modelo de sua série desenvolva em condições nor-mais de operação uma potência máxima de 560cv com torque máximo de 2.528Nm a 1.600rpm, com reserva de torque de aproximadamente 38%, só possível com a injeção eletrônica de combustível. Quando ocorre sobrecarga, seu sistema eletrônico de injeção de combustível permite atingir uma potência de até 616cv. Outro diferencial do modelo é o sistema de controle de eficiência (Efficiency Manager) que, quando ativado, otimiza o consumo de combustível, pois elimina a necessidade do operador ajustar a rotação de trabalho ou a marcha correta, sendo que o sistema realiza esse ajuste automaticamente. Em operações leves os motores desta série contam também com o FieldCruise que ajusta a rotação máxima do motor, para trabalhos em que a necessidade de potência é inferior à potência máxima do motor.

A New Holland apresenta a série T9, com modelos que variam na faixa de potên-cia nominal de 405cv a 608cv a 2.200rpm. São dotados de motores com seis cilindros marca FPT (Fiat PowertrainTecnologies), modelo Cursor 13, com quatro válvulas por cilindro. Esse motor apresenta 12,88 litros de volume interno. O modelo T9.670 apre-senta 2.100Nm de torque a 1.400rpm, com uma reserva de torque na ordem de 40%, conforme informações fornecidas pelo fabri-cante. Os modelos desta série podem chegar a um incremento de até 10% na potência do motor em condições de sobrecarga da transmissão ou sistema hidráulico devido ao EPM (Gerenciamento da Potência do Mo-tor), possibilitando ao maior trator da série atingir 669cv, em operações que demandem

grandes potências na barra de tração.Assim como nas séries anteriores, a

AGCO apresenta a série Challenger com modelos dentro da série MT800E equipados como propulsores marca AGCO Power™ com 16,8 litros, de 12 cilindros em V, com alimentação com duplo turbo, desenvol-vendo potência nominal numa faixa que vai de 456cv a 598cv com possibilidade de

incremento de aproximadamente 8% de potência para todos os modelos desta série, devido ao seu controlador eletrônico de in-jeção de combustível. Um fator que chama atenção é a reserva de torque que, conforme o fabricante, chega a 42%, a 1.500rpm, importante quando esse realiza operações com sobrecargas momentâneas.

A Case IH apresenta na sua linha Stei-ger modelos importados equipados com motores marca FPT, os mesmos utilizados nos modelos da New Holland, de 12,9 litros com um turbocompressor de estágio simples no modelo de 457cv e com um sistema de turbocompressor de dois estágios – um pequeno turbocompressor para resposta de baixa potência e um segundo, maior, para altas rotações, no modelo de 558cv. O motor eletrônico da linha Steiger é equipado com um sistema denominado Power Boost, que permite um incremento automático supe-rior a 40cv, possibilitando alcançar no caso do modelo Steiger 550, 614cv de potência. Esta tecnologia fica evidente em situações extremas que exigem elevada demanda de potência, principalmente quando se junta

Detalhes dos consoles laterais da série 9R da John Deere (esquerda) e Steiger da Case IH (direita)

Todos os modelos possuem posto do operador com banco decouro, acabamento sofisticado e assento auxiliar

A Série 9R conta com motores agrícolas da marca própria John Deere, modelo PSX de seis cilindros, de 13,5 litros de volume interno e sistema de alimentação Turbo Aftercooler

Page 24: Maquinas 135

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br24

demanda mecânica e hidráulica. Assim como a série T9 da New Holland, o Steiger apresenta o sistema de gerenciamento au-tomático de potência, possibilitando uma redução de até 14% no consumo de com-bustível, pela correta adequação da potência do motor à carga imposta à transmissão, ao sistema hidráulico ou à tomada de potência (TDP).

Todos os modelos comparados atendem pelo menos ao Padrão Tier II, exigido para os mercados europeu e norte-americano, embora no Brasil ainda não seja exigido o atendimento às normas de controle de

poluentes. Estes fabricantes já estariam atendendo futuras normas de controle.

Com o objetivo de facilitar o enten-dimento, organizamos tabelas onde são apresentadas as principais características dos motores das quatro séries de tratores, sendo que foram analisados, dentro de cada série, os modelos segundo sua potência nominal.

TRANSMISSÃO No que diz respeito aos sistemas de

transmissão disponíveis nos tratores agrí-colas comparados, todos possuem caixas

de câmbio do tipo hidromecânica. Essa transmissão faz com que não seja necessário o acionamento da embreagem para a reali-zação das trocas de marchas.

O número de marchas varia entre os modelos, sendo que os tratores da Case IH e da New Holland possuem 16 marchas à frente e duas à ré. Os tratores da Challenger também têm 16 marchas à frente, porém quatro à ré. Já os modelos da série 9R da John Deere possuem 18 marchas à frente e seis à ré.

Os modelos Steiger 450 e Steiger 550, da Case IH, possuem caixa de velocidade denominada Powershift PS4 e Powershift PS6, respectivamente, ambos com reversor (Powershuttle). Possuem gerenciamento au-tomático de produtividade APM (Automatic Productivity Management), que seleciona automaticamente a relação de transmissão (marcha) e a rotação do motor em função da carga da transmissão, do sistema hidráu-lico e da TDP, o que proporciona aumento de eficiência e redução do consumo de combustível.

A New Holland disponibiliza em seus modelos uma transmissão denominada FullPowershift modelo Ultra Command, além de possuir reversor integrado. O modo automático Intellishift faz com que o sistema gerencie a relação entre motor e transmissão quando se deseja manter uma velocidade de deslocamento constante, ou seja, o operador define a velocidade de trabalho e a transmis-são fica com a função de alterar velocidade e marcha no modo automático.

Os quatro modelos da série 9R da John

As aberturas de ar foram reposicionadas, a fim de evitar a entrada de pó nos coletores

A série Challenger é equipada com motor AGCO Power de 16.8L, com aspiração Dual Twin series turbo charger, desenvolvendo potência nominal numa faixa que vai de 456cv a 598cv

Page 25: Maquinas 135

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br 25

Deere são equipados com uma caixa de velo-cidades, denominada FullPowerShift. Esses tratores possuem um sistema de controle de eficiência, conhecido como Efficiency Manager. Através deste, o operador somente ajusta a velocidade de trabalho e o sistema gerencia a rotação do motor e as trocas de marchas de forma automática.

Os tratores Challenger contam com uma transmissão eletrônica do tipo Cat Powershift. Para a seleção da rotação do motor e relação de transmissão, possuem o modo automático, cujo funcionamento é semelhante ao utilizado por outros fabri-

Fotos Charles Echer

Os capôs das quatro séries possuem sistemas que facilitam a abertura e o acesso a partes como os sistemas de arrefecimento do motor, óleos e condicionador de ar

cantes, porém, denominado de Adem 4. Esse sistema funciona por meio de uma constante comunicação entre o motor, a transmissão e os módulos de controle eletrônico, elevando o desempenho do motor.

SISTEMA HIDRÁULICO, CONTROLE REMOTO E TDPPor suas características estes tratores

que comparamos são utilizados, na maioria dos casos, com implementos que utilizam a barra de tração, mas também pode ser utilizado o sistema hidráulico de três pon-tos. Por esse motivo na configuração destes

tratores o sistema hidráulico, assim como a TDP, em alguns modelos, é apenas um item opcional.

Todos os modelos da série 9R da John Deere apresentam como opcional o sistema hidráulico de três pontos da categoria 3 e 4N, com uma capacidade de levantamento de 9.072kgf a 610mm do olhal. Os trato-res desta série possuem cinco válvulas de controle remoto e uma vazão máxima da bomba hidráulica de 295 litros/minuto. Com relação à TDP, é do tipo independente e de acionamento eletro-hidráulico, muito comum em tratores desta faixa de potência.

Page 26: Maquinas 135

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br26

Diferentemente das outras marcas, a Case IH oferece seis válvulas de controle remoto como standard, sendo para os dois modelos 450 e 550 a vazão máxima da bomba de 216 litros/minuto ou como opcional 428 litros/minuto, com bomba auxiliar. A tomada de potência é de 1.000rpm e de acionamento eletro-hidráulico.

Os tratores Challenger da série MT800E podem ser configurados com um sistema hidráulico de três pontos categoria 4 ou 3 e 4N, com capacidade de levantamento de 8.845kgf. Nesta série a vazão standard da bomba hidráulica é de 220 litros/minuto, tendo como opcional a vazão de 321,8 litros/minuto. Os tratores desta série contam com quatro válvulas de controle remoto, podendo ter até seis válvulas. A TDP desta série é de 1.000rpm.

ERGONOMIAEm todos os tratores, por se tratar de

modelos com tração integral, o posto de operação é bastante elevado, todos fechados com ótimas cabines e com atendimento aos padrões de conforto e segurança previstos em normas internacionais e critérios norte-americanos e da comunidade europeia.

Na série 9R da John Deere temos uma cabine fechada Commandview com dois assentos, um principal, com suspensão a ar, possibilidade de giro e bloqueio que impede algumas funções se o operador não estiver sentado, e outro de acompanhante. Os comandos estão posicionados à direita do assento principal em um descansa-braço, com controles integrados e com dois monitores com tela sensível ao toque. O primeiro possibilita ajustar quase tudo

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DOS TRATORES AGCO SÉRIE CHALLENGER

Challenger MT845EAGCO POWER 16.8L

1248

Dual Twin Series Turbo Charger

16,845649221002170150042

Eletrônico total1250

ModeloMotor

Número de cilindrosNúmero de Válvulas

Aspiração

Volume do motor (L)Potência Nominal (cv)Potência Máxima (cv)

Rotação Potência Máx. (rpm)Torque Máx. (Nm)

Rotação Torque Máx (rpm)Reserva de Torque (%)

Sistema de InjeçãoTanque de Combustível (L)

Challenger MT855EAGCO POWER 16.8L

1248

Dual Twin Series Turbo Charger

16,8496536

21002360150042

Eletrônico total1250

Challenger MT865EAGCO POWER 16.8L

1248

Dual Twin SeriesTurbo Charger

16,8547591

21002600150042

Eletrônico total1250

Challenger MT875EAGCO POWER 16.8L

1248

Dual Twin Series Turbo Charger

16,859864621002840150042

Eletrônico total1250

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DOS TRATORES CASE IH LINHA STEIGER

Steiger 450FPT WGT TIER II

6Turbocompressor de estágio simples

12,945750240

Common rail1200

ModeloMotor

Número de cilindrosAspiração

Volume do motor (L)Potência Nominal (cv)Potência Máxima (cv)Reserva de Torque (%)

Sistema de InjeçãoTanque de Combustível (L)

Steiger 550FPT WGT TIER II

6Turbocompressor de dois estágios

12,955861440

Common rail1760

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DOS TRATORES JOHN DEERE SÉRIE 9R

John Deere 9410RJohn Deere PSX

624

Turbo Aftercooler ar-ar13,5410451

190018921600

97/68EC38

Eletrônico-Unidade injetora individual

1325

ModeloMotor

Número de cilindrosNúmero de Válvulas

AspiraçãoVolume do motor (L)Potência Nominal (cv)Potência Máxima (cv)

Rotação Potência Máx. (rpm)Torque Máx. (Nm)

Rotação Torque Máx (rpm)Norma de Ensaio

Reserva de Torque (%)Sistema

de InjeçãoTanque de Combustível (L)

John Deere 9460RJohn Deere PSX

624

Turbo Aftercooler ar-ar13,5460506

190021231600

97/68EC38

Eletrônico-Unidade injetora individual

1325

John Deere 9510RJohn Deere PSX

624

Turbo Aftercooler ar-ar13,5510561

190023541600

97/68EC38

Eletrônico-Unidade injetora individual

1325

John Deere 9560RJohn Deere PSX

624

Turbo Aftercooler ar-ar13,5560616190025281600

97/68EC38

Eletrônico-Unidade injetora individual

1325

A rotação da TDP é de 1.000rpm e os mo-delos 9510R e 9560R vêm equipados com a TDP como standard, enquanto nos modelos 9410R e 9460R ela é opcional.

Os tratores New Holland, que fazem parte da série T9, vêm equipados no modo standard com sistema hidráulico de três pontos de categoria 3 e engate rápido. A capacidade de levante destes tratores é 9.071kgf a 610mm do olhal para os modelos T9.450, T9.505 e T9.560, enquanto nos

modelos T9.615 e T9.670 a capacidade é de 8.900kgf. A vazão no controle remoto nesta série é de 428 litros/minuto e conta com cinco válvulas de controle hidráulico. Todos os modelos contam com TDP de 1.000rpm.

No caso dos modelos Steiger 450 e 550 da Case IH, o sistema hidráulico de três pontos e a TDP são opcionais, sendo, para ambos os modelos, da categoria 4N com capacidade máxima de levante de 8.900kgf.

Page 27: Maquinas 135

O sistema hidráulico de três pontos é categoria II,com capacidade de levante de 3.300kg

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br 27

que o operador utiliza durante o trabalho, como ar-condicionado e luzes, e o segundo monitor, que é o controle do sistema de agricultura de precisão GreenStar. Também na coluna do canto direito são apresentados as funções e os parâmetros operacionais do trator. Atrás desta coluna está estrategica-mente colocado o tubo de escape, para não prejudicar a visão do operador. A coluna de direção é ajustável por meio de uma rótula situada no painel dianteiro.

Na série Steiger da Case IH, a cabine de linha é baseada em blocos de borracha, totalmente climatizada e com um assento amortecido por câmara de ar, com assento auxiliar. A cabine reveste uma robusta es-trutura de segurança contra o capotamento (EPCC). Os comandos estão localizados no lado direto, sobre um descansa-braço. À frente, está disposto um monitor do sistema AFS (Advanced Farm Systems) e na coluna frontal, à direita da cabine, um painel de funções do motor, transmissão e o computador de bordo para o controle de todas as funções do trator. No monitor, se pode configurar e controlar as funções do sistema de agricultura de precisão e exportar os dados através de uma porta com entrada e saída USB. O reversor de sentido é uma pequena alavanca colocada acima da coluna da direção, de forma que somente por um toque, sem auxílio de embreagem, se pode inverter o sentido do movimento. Enfim, uma série de recursos que são quase obri-gatórios nesta gama de potência.

Nos modelos T9 da New Holland a cabine é grande e totalmente envidraçada. Nota-se um esforço no projeto para a maior visibilidade. Dificilmente há obstáculos no

campo de visão do operador. A tomada de ar do sistema de alimentação e o tubo de descarga estão escondidos atrás das colunas dianteiras da cabine. O assento também tem possibilidade de giro em até 40 graus. Como nos outros modelos comparados, ao lado

direito do operador há um apoio de braço, com um console de suporte ao monitor IntelliView III. Neste monitor, sensível ao toque, é possível controlar todas as funções do trator em operação, inclusive alterar as configurações. Na lateral direita do apoio

Detalhes construtivos de tratores da Série 9R da John Deere (acima) e da Challenger da AGCO (abaixo)

Fotos Charles Echer

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DOS TRATORES NEW HOLLAND SÉRIE T9

New Holland T9.450New Holland FPT

Cursor 13™ TIER II624

Turbo intercooler12,940544622001400140040

Eletrônica – Common rail

1230

ModeloMotor

Número de cilindrosNúmero de Válvulas

AspiraçãoVolume do motor (L)Potência Nominal (cv)Potência Máxima (cv)

Rotação Potência Máx. (rpm)Torque Máx. (Nm)

Rotação Torque Máx (rpm)Reserva de Torque (%)

Sistema de Injeção

Tanque de Combustível (L)

New Holland T9.505New Holland FPT

Cursor 13™ TIER II624

Turbo intercooler12,9457502

22001575140040

Eletrônica – Common rail

1230

New Holland T9.560New Holland FPT

Cursor 13™ TIER II624

Turbo intercooler12,9507557

22001751140040

Eletrônica – Common rail

1230

New Holland T9.615New Holland FPT

Cursor 13™ TIER II 624

Turbo intercooler12,954261322001925140040

Commomrail/Twin turbo

1230

New Holland T9.670New Holland FPT

Cursor 13™ TIER II624

Turbo intercooler12.960866922002100140040

Commomrail/Twin turbo

1817

Page 28: Maquinas 135

chamado iTEC Pro que controla totalmen-te o conjunto mecanizado nas operações de manobras nas cabeceiras.

Os tratores da série T9 da New Holland apresentam um piloto automático PLM Auto-guidenceready e computador de bordo Intelliview III. Estes tratores apresentam três possibilidades de dire-cionamento automático. O sistema DGPS normal, aberto e standard, em todos os modelos possui precisão ao redor de 20cm. Através de assinatura, pode-se adquirir o pacote da Omnistar, podendo ser utiliza-do em duas opções: XP, com precisão de 7cm, e a HP para 5cm. A última opção compreende a utilização de antenas tipo RTK, com sistema VRS ou GPS permitin-do chegar a 2,5cm de precisão em ambos os sistemas.

A Case IH proporciona nos modelos da linha Steiger o sistema AFS que permite o gerenciamento das atividades através de um sistema de agricultura de precisão. A orientação automática se dá pelo AFS Guide que auxilia em todas as operações realizadas pelo trator, especialmente as que exigem elevada precisão, através da utilização do sistema de sinal RTK.

Os modelos da série MT800E da Challenger utilizam o sistema de direcio-namento automático Auto-guide 3000, da AGCO, com receptor AGI-4. O piloto automático oferece, para tratores desta potência, dois níveis de precisão: decimé-trico, 10cm de precisão na passada, através do uso do sinal de correção diferencial Omnistar, e centimétrico, que por meio de sinal RTK consegue uma precisão de até 2,5cm entre uma passada e outra dos equipamentos.

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br28

José Fernando Schlosser,Ulisses Giacomini Frantz,Marcelo Silveira de Farias eJavier Solis Estrada,UFSMAlexandre Russini,Unipampa

.M

de braço há um painel integrado, onde em um desenho do trator pode-se verificar e controlar algumas importantes funções de operação. Como é uma característica de modelos desta faixa é possível automatizar as manobras, por meio de programação.

Nos modelos Challenger da AGCO a impressão é de que o espaço da cabine é maior, em comparação com os outros mo-delos. O interior da cabine é todo em tons de cinza-escuro, com dois assentos, princi-pal e acompanhante, de material sintético antitranspirante. No lado direito do assento principal há um console no qual foram colocados os comandos e os controles de operação, onde se destacam os de gerencia-mento da potência do motor, os de controle do sistema hidráulico de três pontos e os das válvulas de controle remoto. Na coluna direita, levemente atrás do operador, estão alguns comandos e à frente do console um monitor colorido, sensível ao toque, padrão Isobus com 15 botões configuráveis. Este monitor pode ser utilizado tanto para a configuração do trator, motor, transmissão, sistema hidráulico, como também para a operação do piloto automático, inclusive com possibilidade de coleta e armazenamen-to de dados para gerenciamento.

RECURSOS TECNOLÓGICOSOs tratores da série 9R saem de fábrica

Challenger MT Cat Powershift com ADEM™ 4

16 à frente e 4 à ré

SérieNome

transmissãoNo de marchas

John Deere 9RFull PowerShift com

Efficiency Manager™18 à frente e 6 à ré

Steiger Powershift PS4 e PS6 com Automatic

Productivity Management16 à frente e 2 à ré

New Holland T9Full Powershift Ultra Command™

com Intellishift™16 à frente e 2 à ré

Tipo de Transmissão e Marchas

JD 9R5

2953 e 4N*9.072

1.000**

Válvulas de controle remotoVazão (litros/minuto)

CategoriaCapacidade de levante (kgf)

Rotação da TDP (rpm)

NH T95

4283

9.071 – 8.900***1.000

CASE Steiger6

216 ou 428*4N*

8.9001.000*

CHALLENGER MT800E4 ou 6*

164 ou 224,2*3 e 4N8.8451.000*

Sistema hidráulico, controle remoto e TDP

* Opcional ** Opcional nos modelos JD 9410 e JD 9460 *** Nos modelos T9.615 e T9.670

com sistema de gerenciamento agrícola (AMS), piloto automático AutoTrac com sinal SF2, monitor GS3 2630, sensível ao toque de 10,4”, e receptor SF 3000. Este receptor utiliza sinais de satélite GPS e Glonass combinados, para conseguir uma melhor disponibilidade dos satélites e adquirir a melhor precisão possível, principalmente nas proximidades de locais abrigados. Outro diferencial é o sistema de compensação da declividade, que ajusta automaticamente os erros de sinal provocados pela inclinação do terreno, realizando compensação horizontal, ver-tical e longitudinal. O piloto automático também apresenta um módulo opcional

Page 29: Maquinas 135
Page 30: Maquinas 135

trAtorES

A expansão da agricultura brasileira nas últimas décadas tem impulsio-nado os fabricantes de máquinas

e implementos agrícolas a incorporar novas tecnologias para aumentar o desempenho operacional desses equipamentos. Diante dessa demanda, houve um aumento significativo nas dimensões e também acréscimo na potência dos tratores. Assim, surge a preocupação correspon-dente às condições de segurança e conforto dos operadores de máquinas agrícolas, profissionais que, muitas vezes, durante sua jornada de trabalho, ficam expostos a fatores insalubres que podem trazer consequências graves para a sua saúde.

Um fator ergonômico que é preocupante com o aumento das dimensões e do acréscimo na potência das máquinas agrícolas é a expo-sição do operador ao ruído. Caso o ruído seja excessivo o operador poderá ter perda auditiva temporária ou permanente com o decorrer do tempo, sendo a intensidade e a exposição os fatores intensificadores para essa perda ou severidade dos agravos de saúde.

A Norma Reguladora (NR-15), em seu anexo n° 1, estabelece que o ruído contínuo ou intermitente deva ser medido em decibéis (dB)

Excesso de barulhoAvaliação dos níveis de ruído a que operadores de máquinas e implementos estão expostos,

mostra os riscos que longos períodos de exposição podem causar à saúde destes profissionaise com um instrumento que faz a medição do nível de pressão sonora. As leituras devem ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador, para que se possa captar o ruído que chega ao seu

aparelho auditivo.O ruído pode ser caracterizado de acordo

com sua frequência sonora e com o grau de exposição do trabalhador. No contexto da me-

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br30

Trator Valtra BM 125I, de 125cv de potência, utilizado no experimento para avaliar o nível de ruído para o operador

Page 31: Maquinas 135

canização agrícola, o trator emite altos níveis de ruído dependendo também da operação que será realizada, tendo em vista que algumas atividades exigem maior potência e aumento da rotação do motor.

O uso do protetor auricular, utilizado por trabalhadores que estão expostos a ruídos excessivos, é de fundamental importância na operação com máquinas agrícolas. Infeliz-mente, essa prática de utilização ainda é pouco adotada na agricultura. Dado que o ruído que a máquina produz durante o seu funcionamen-to é prejudicial à audição, a utilização desse

equipamento protetor poderá minimizar ou evitar a perda auditiva. Segundo as normas da NR-15, para um período de exposição diário de oito horas, o máximo de ruído que o operador pode ficar exposto é de 85dB (A), qualquer nível de ruído superior a esse caracteriza a atividade como insalubre.

Visando avaliar a exposição do operador de máquinas agrícolas ao ruído, o grupo de estudantes do Laboratório de Investigação de Acidentes com Máquinas Agrícolas (Lima) avaliou o nível de ruído no posto de operação de trator agrícola. Para isso foi utilizado um trator

marca Valtra BM 125I com 125cv de potência no motor, com capota e sem capota, realizando a operação de aração e subsolagem. Os métodos utilizados na avaliação foram de acordo com a Norma Reguladora 15 (NR-15) em seu Anexo I que estabelece o limite de 85dB como o limite máximo de exposição diária permissível para uma jornada de trabalho de oito horas diárias.

O experimento foi conduzido na área ex-perimental do Laboratório de Investigação de Acidentes com Máquinas Agrícolas, pertencen-te à Universidade Federal do Ceará, no Campus do Pici. Foram realizados quatro tratamentos

Arado de aiveca helicoidal Marchesan AAH, utilizado nos experimentos T1 e T4

Subsolador Marchesan AST/Matic 450 utilizado durante o experimento na operação de aração

Fotos Laboratório de Investigação de Acidentes com Máquinas Agrícolas

Page 32: Maquinas 135

Provavelmente a vibração do conjunto fez com que a capota emitisse certos níveis de ruído, aumentando o desconforto acústico do opera-dor, além disso, a remoção da capota facilitou a propagação do ruído para fora do posto de operação do trator agrícola.

Diante dos dados obtidos no experimento e comparados com as informações fornecidas na Tabela 3 da Norma Reguladora 15 (NR-15), foi possível comprovar que nos tratamentos 1 Subsolagem com capota e 2 Aração com capota, respectivamente, o operador só poderá ficar exposto em quatro horas e 30 minutos sem o uso de protetor auricular; no tratamento 3 Aração sem capota, sete horas; e no tratamento 4 Subsolagem sem capota, cinco horas. Diante dos resultados recomenda-se que o operador de máquinas agrícolas faça o uso de protetor auricular individual durante as operações de campo tratadas no presente trabalho.

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br32

inteiramente casualizados, sendo o T1 subsola-gem com capota, o T2 aração com capota, o T3 aração sem capota e T4 subsolagem sem capota, para avaliar se há ou não diferença quanto ao nível de ruído nas situações de trabalho citadas. Para medir o ruído contínuo ou intermitente foi utilizado o dosímetro - DOS-500, para coleta da dose de ruído e após convertido para ruído equi-valente (Equação), para oito horas de trabalho. O dosímetro foi acoplado ao corpo do operador, com microfone próximo ao ouvido para captar os ruídos que chegam ao seu aparelho auditivo. As coletas foram realizadas ao término de uma hora de trabalho, sendo realizadas quatro cole-tas diariamente. Os horários da coletas foram às 7h, 13h, 17h e 20h, com três repetições em cada tratamento. Os dados coletados foram alocados em uma planilha no Excel onde foram calculadas médias das três repetições em cada tratamento e após foram realizadas as análises estatísticas no Assistat Versão 7.6 beta (2013) para verificar se houve diferença significativa entre os tratamentos analisados.

Na Tabela 1 está exposto o resultado da análise de variância em que os dados apresen-tados foram significativos ao nível de 1% de probabilidade (p <.01) e que para verificar se há diferença significativa entre as médias dos quatro tratamentos apresentados no experi-mento foi realizado o teste de médias (Tabela 2) e o cálculo do Coeficiente de Variação (CV).

.M

EquAção Do ruÍDo

Leq = log (% dose x Tc) x N + Lc 100 x T

Onde:Lc - É o nível de critério utilizado (85

pela norma brasileira);% Dose- é o valor em % Dose, fornecido

pelo aparelho;Tc - É a constante de tempo de oito

horas;T - É o tempo de medição de ruído;N - É o valor padrão para cada norma;- Para N-15 utiliza-se “16,61”.

Segundo os dados da Tabela 2, não hou-ve diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey entre os tratamentos subsolagem com capota (T1) e aração com capota (T2). Mas aração sem capota (T3) apresentou diferença significativa quando comparada com a subsolagem sem capota (T4) e ambas em relação aos tratamentos 1 e 2, respectivamente. O coeficiente de variação (CV) encontrado foi 0,56, o que demonstra que houve uma variação muito baixa entre os dados apresentados e que os resultados estão bem ajustados à analise estatística apresentada no experimento.

De posse das médias de cada tratamento, foram comparadas com os dados fornecidos no Anexo I da Norma Reguladora 15 para determi-nar se o nível de ruído medido no experimento está dentro do limite aceitável para uma jornada de trabalho de oito horas diárias (Tabela 3).

Pela tabela do anexo n° 1 da Norma Regu-ladora 15 foi constatado que as operações de Subsolagem com capota e Aração com capota apresentaram médias de ruído de 88,91dB e 88,65dB, respectivamente, e comparando com a NR-15 é equivalente a quatro horas e 30 minutos de trabalho; a operação de Aração sem capota apresentou uma média de ruído de 85,80dB e comparando com a NR-15 é equi-valente a sete horas de trabalho e a operação de Subsolagem sem capota apresentou uma média de ruído de 87,41dB e comparando com a NR-15 é equivalente a cinco horas de trabalho.

Tabela 1 - Quadro dos valores de análise de variância para os quatro tratamentos do experimento

FVTratamentos

ResíduoTotal

GL34447

SQ72.6291310.7063484.33547

QM24.209710.24333

F99.4950**

** significativo ao nível de 1% de probabilidade (P < .01)*significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 = < p .05)ns não significativo (p > = .05)

Tabela 2 - Comparação de médias dos tratamentos e Coeficiente de Variação

TratamentosT1 - subsolagem com capota

T2 - aração com capotaT3 - aração sem capota

T4 - subsolagem sem capotaCV% = 0.56

Médias88.91534 a *88.65617 a *85.80812 c87.41381 b

*As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Tabela 3 - Comparação das médias dos tratamentos com a tabela da NR-15 anexo no 1

Tratamentos utilizados

T1 - subsolagem com capotaT2 - aração com capotaT3 - aração sem capota

T4 - subsolagem sem capota

Média dos tratamentos88.9153488.6561785.8081287.41381

Máxima exposição diária permissível (NR 15)

4 horas e 30 minutos4 horas e 30 minutos

7 horas5 horas

Dosímetro Instrutherm DOS-500 acoplado ao operador para medir o ruído contínuo ou intermitente no experimento

Autores fazem uma avaliação dos níveis de ruído a que operadores de máquinas e implementos estão expostos

José Evanaldo Lima Lopes,Leonardo de Almeida Monteiro,Mara Alice Maciel dos Santos,Daniel Albiero,Ricardo Bruno C. de Sousa eJoão Pereira Maciel Neto,Universidade Federal do Ceará

Foto

s La

bora

tóri

o de

Inve

stig

ação

de

Aci

dent

es c

om M

áqui

nas

Agr

ícol

as

Page 33: Maquinas 135

trAtorES

Mais torque, mais tração

A mecanização agrícola está presente em todo mundo, em alguns países com maior abundância, outros, nem

tanto. O Brasil, atualmente referência mundial em produção de alimentos e bioenergia, acom-panha as constantes inovações do mercado de máquinas agrícolas e, muitas vezes, se antecipa em relação a lançamentos mundiais.

Massey Ferguson

Diversos fatores influenciam o desempenho de um trator agrícola no campo, como textura do solo, cobertura vegetal,

tipo de pneus e outras variáveis. Mas o conhecimento da potência e da curva de torque de um trator ajuda o produtor

a identificar qual o melhor modelo para cada aplicaçãoO aumento da necessidade em produzir

alimentos, em função do crescimento da po-pulação mundial, faz com que a agricultura moderna se mantenha em expansão e, conse-quentemente, torna-se necessária a utilização de máquinas e equipamentos de alto desem-penho a campo, ficando as grandes lavouras dependentes de uma mecanização rápida e

eficiente. No Brasil, a modernização é visível através

de maquinários expostos em feiras e estes mesmos maquinários trabalhando no campo, na produção de grãos, cana-de-açúcar, fibras, biomassa, pastagens, entre outras atividades agropecuárias e florestais. Em relação a tratores agrícolas, o crescimento é notório, seja no ta-manho ou nos números de produção e vendas. Segundo a Anfavea, em 2012 foram produzidos no Brasil 64.456 tratores agrícolas de rodas e as vendas internas foram de 55.812 unidades. O recorde da produção é recente, em 2010, com mais de 71 mil unidades produzidas.

O Brasil comercializa diversos modelos de tratores sobre rodas, cada um corresponde a uma determinada atividade, os de maiores po-tências, em agriculturas de grande escala como, por exemplo, a cana-de-açúcar. Os tratores de menores potências, na faixa de 50cv a 100cv, têm preferência na compra pelos agricultores, podendo ser aproveitados em diversos traba-lhos. Na maioria das vezes o seu potencial não é bem aproveitado, devido à falta de informação e, às vezes, em função de diversidade de atividades em uma propriedade ao longo do ano.

Técnicos e agricultores usam seus conhe-

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br 33

Page 34: Maquinas 135

Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br34

Ensaios de Máquinas e Pneus Agroflorestais (Nempa), pertencente à Faculdade de Ciên-cias Agronômicas da Universidade Estadual Paulista, Campus de Botucatu (SP), buscou-se estimar a capacidade de tração de um trator agrícola, de acordo com a curva de torque do motor e por índices de eficiência e comparar com a força de tração real obtida em pista de concreto e em solo firme, para seis marchas usu-ais do trator operando em campo. Os ensaios de pista de concreto são utilizados para comparar tratores em mesmas condições, o que fornece maior precisão aos resultados podendo ser ex-trapolados para as condições de campo.

Para execução desta pesquisa foi utilizado um trator agrícola com uma potência usual entre os produtores (180cv), classificado como 4x2 TDA (Tração Dianteira Auxiliar), com a lastragem mínima (conforme vendido o

cimentos e suas experiências para adquirir um trator que melhor se encaixe às atividades do campo e, claro, não deixando a desejar por falta de potência ou por falta de torque. O termo torque é muitas vezes esquecido, tendo em vista que ao se saber a potência do motor do trator, já se tem uma boa noção de sua capacidade de trabalho.

O trator agrícola pode utilizar a sua energia para realizar trabalhos de diversas maneiras, podendo ser através da barra de tração (BT), da tomada de potência (TDP) e do sistema hidráulico (SH), mecanismos que permitem ao trator levantar, empurrar e tracionar máquinas e implementos, utilizados durante a realização das atividades a campo ou estáticas.

Uma problemática relacionada ao desempe-nho do trator é a variação das condições de tra-balho. Existem diversos fatores que influenciam

em seu desempenho, como a textura do solo, a cobertura vegetal, a relação peso-potência, a to-pografia do terreno, o tipo de pneu, entre outras variáveis. Para buscar melhorias operacionais e respostas em relação ao desempenho dos tratores, as empresas e instituições de ensino e pesquisa realizam trabalhos conjuntos para avaliar o comportamento destas máquinas, em diversas situações.

Nos ensaios dinamométricos, mediante uso da TDP, são obtidas as curvas características do motor do trator: curva de torque, potência e consumo de combustível. Através da utilização de modelos matemáticos e teorias preditivas, já aceitas cientificamente, pode-se estimar a potência de tração de um trator agrícola nas condições de campo ou em pista de ensaio padronizada (concreto).

Em um trabalho realizado pelo Núcleo de

A obtenção dos dados reais contou com o auxílio da Umeb, que tem como principal função aplicar cargas controladas na barra de tração do trator, através de um sistema pneumático de frenagem. Acoplado ao conjunto Trator-Umeb, utilizou-se uma instrumentação eletrônica e um sistema de aquisição de dados para a captação dos dados de interesse

Figura 1 - Curvas de torque e potência

Autores falam sobre os diversos fatores que influenciam no desempenho de um trator no campo, como textura do solo, cobertura vegetal, tipo de pneus entre outros

Foto

s U

nesp

Page 35: Maquinas 135

Marcha

7ª8ª9ª10ª11ª12ª

Rotação final (rpm)

232219471378131613131236

Tabela 1 - Resultados teóricos e reais para a condição de pista de concreto

TM (Nm)

526,8620,0713,2728,9729,9741,6

TE (Nm)

754377389770791600755136143326

FT teórica (kN)

70,969,466,456,147,740,0

FT real (kN)

67,266,864,354,946,938,3

Erro (%)

5,13,73,22,11,64,1

Superfície: concreto

Marcha

7ª8ª9ª10ª11ª12ª

Rotação final (rpm)

245123892199221113081359

Tabela 2 - Resultados teóricos e reais para a condição de solo firme

TM (Nm)

506,2558,2555,2730,8718,1

TE (Nm)

6033455406457635143041951

FT teórica (kN)

48,043,935,840,532,6

FT real (kN)

48,447

36,138,033,4

Erro (%)

-0,7-7,2-0,96,2-2,6

Superfície: solo firmeNão foi possível a comparação devido ao limitado coeficiente de tração

EquAção 1

FT = (TM . it . ηt / ro) - Rr) (1)em que:FT = força de tração teórica (N)TM - torque do motor (Nm)it - relação de transmissão entre motor

e eixos motrizesηt - eficiência da transmissãor - raio de rolamento dos rodados mo-

trizes (m)Rr - resistência ao rolamento (N)

cálculos teóricos foram próximos aos valores de campo, principalmente para os da pista de con-creto, onde se tem uma maior homogeneidade superficial. Para o cálculo do erro, utilizou-se como referência o valor de campo.

Pelos dados apresentados nas tabelas foi possível determinar a capacidade teórica de tração do trator através do torque do motor e dos índices de eficiência, com erros na ordem de 5% a 10% em relação à força de tração de campo, para mais ou para menos. Portanto, a curva de torque é uma boa alternativa para se estimar a capacidade de tração do trator e pode ajudar o produtor na hora da aquisição.

trator) mais 75% de água nos pneus traseiros, totalizando 9.000kgf, distribuídos com 60% no eixo traseiro e 40% no eixo dianteiro. Através do ensaio em dinamômetro acoplado à TDP do trator, foram obtidas as curvas de potência e torque do motor (TM). Com a curva de torque e através de índices de eficiência já conhecidos em normas internacionais (Asabe), foi possível determinar a capacidade de tração teórica do trator para duas condições de superfície.

Na Figura 1 observam-se as curvas de po-tência e torque, em função da rotação do motor. Através, da curva de torque é possível estimar a capacidade de tração do trator para cada uma das marchas, através de cálculos matemáticos, junto com outras informações, tais como efi-ciência na transmissão (ηt) e dimensões das rodas motrizes.

Tratores com tração dianteira auxiliar (TDA) possuem eficiência na barra de tração na ordem de 78% para pista de concreto e cerca de 68% para solo firme (Asabe, 2011). Estes valores foram utilizados alternativamente como valores da eficiência na transmissão (ηt) do torque do motor até as rodas motrizes para, assim, determinar a capacidade teórica de tração, de acordo com a relação de transmissão entre motor e rodas motrizes (it), raio de rola-mento das rodas motrizes (ro), torque do motor

(TM) e dedução da resistência ao rolamento do trator (Rr), variáveis estas que se remetem à determinação da tração teórica através da Equação 1 (Box).

Já para a obtenção dos dados reais contou-se com o auxílio da Unidade Móvel de Ensaio na Barra de Tração (Umeb), que tem como principal função aplicar cargas controladas na barra de tração do trator, através de um sistema pneumático de frenagem. Acoplado ao conjunto Trator-Umeb, utilizou-se uma instrumentação eletrônica e um sistema de aquisição de dados para a captação dos dados de interesse, como força de tração, rotação do motor e consumo de combustível, entre outros.

Nas Tabelas 1 e 2 podem ser observados, de forma sintetizada, os valores encontrados de torque do motor (TM), torque nos eixos motri-zes (TE), força de tração teórica (FT teórica) e real (FT real) e o erro associado entre a força de tração real e a teórica. Observa-se que para os

Murilo B. Martins,Diego A. Fiorese,Emanuel R. Spadim,Saulo P. S. Guerra eKleber P. Lanças,Unesp

.M

Page 36: Maquinas 135

Agosto 2013 • www.revistacultivar.com.br36

AgrICulturA DE prECISão

A agricultura de precisão é um ramo de pesquisa relativamente recente na área agrícola e é possivelmente a

que apresenta as perspectivas mais promissoras na geração de novas tecnologias e propostas de gerenciamento da lavoura. Estas tecnologias podem também incrementar a qualidade do uso de insumos e que permitam diminuição nos custos de produção ou aumento da produção por área, ou seja, melhoria na produtividade, além de possíveis benefícios ambientais. Para conseguir a máxima eficiência dos insumos agrícolas aplicados, pela utilização dessas téc-nicas, unidades de gerenciamento devem ser criadas, as quais representem uma combinação homogênea de fatores potenciais limitantes da produtividade (Fridgen et al, 2000). No contexto da agricultura de precisão, essas unidades são referentes a regiões geográficas que possuem atributos de relevo e do solo com mínima heterogeneidade (Luchiari Jr et al, 2000). Comumente, a determinação dessas áreas homogêneas dentro do talhão é difícil devido à complexa combinação entre os fatores que podem influenciar a produtividade das culturas.

Diversas metodologias para se definir essas unidades de gerenciamento foram propostas, entre elas utilização da topografia, fotografias aéreas, imagens do dossel das culturas, sen-soriamento remoto (Molin, 2001), além do

A utilização de aparelho que avalia a condutividade elétrica aparente pode auxiliar o produtor a corrigir em tempo real as deficiências de nutrientes em diferentes áreas da lavoura

mapeamento da produtividade, que é, dentre essas camadas de informações, a mais divulgada atualmente.

Mapas de colheitas fornecem informações dos processos físicos, químicos e biológicos sob certas condições climáticas, informando básicas condições de implementação do manejo em sítio-específico da cultura, indicando onde aplicar os insumos ou correções necessários, baseados nos padrões espaciais de produtivi-dade da cultura.

Porém, os mapas de colheitas, sozinhos, não são suficientes para fornecer informações para distinguir entre as diversas fontes de variabilida-de e não dão orientações claras sobre a influên-cia da variabilidade de clima, pragas, doenças e

propriedades físico-químicas do solo dentro de uma cultura em um determinado ano.

Para avaliar a utilização de uma nova tec-nologia na agricultura de precisão, foi realizado um trabalho na Usina Alta Mogiana, localizada no município de São Joaquim na Barra (SP), em dezembro de 2012, sobre área de Latossolo Vermelho Distroférrico, cultivado com cana em quarto corte. A área tem como histórico, sintomas de compactação do solo devido ao cultivo em época inadequada e de muita umi-dade, proporcionando espelhamento de sulco, ressecamento do solo, após um período drástico de intempéries etc.

O trabalho utilizou um aparelho que realiza

Solo elétrico

Charles Echer

Implemento cedido pela empresa Stara para pesquisas do Centro de Cana

Autores explicam como a condutividade elétrica pode auxiliar a corrigir as deficiências nutritivas

Foto

s IA

C

Page 37: Maquinas 135

a leitura da condutividade elétrica do solo, como forma de obter dados sobre fertilidade e carac-terísticas e atributos do solo. O equipamento utilizado foi o Veris 3000, da Stara, que utiliza como eletrodos de medida seis discos de 25cm de diâmetro, sendo os quatros discos internos para medida de condutividade elétrica a 30cm de profundidade e os dois externos para 90cm de profundidade (Figura 1).

O aparelho utilizado para fazer a leitura da Condutividade Elétrica (CE) do solo foi cedido pela empresa Stara da cidade de Não-Me-Toque (RS), para pesquisas do Centro de Cana (IAC – Ribeirão Preto) é um sistema móvel que permite análises de solo em tempo real. Sua construção é semelhante a outro implemento agrícola e contém seis discos sensoriais de 25cm de di-âmetro, sendo os quatros discos internos para medida de condutividade elétrica a 30cm de profundidade e os dois externos para 90cm de profundidade. Contém também um GPS que é posicionado na parte superior no implemento, preso através de um ímã.

Esse implemento é acoplado em um trator pequeno, é previamente calibrado de

acordo com recomendações do fabricante e capta dados através dos discos e envia para um pequeno painel (Dataloger) instalado na cabine do trator. Esses dados são um produto de fatores tanto estáticos como dinâmicos que podem ser correlacionados a atributos e características dos solos, tais como salinidade do solo, a mineralogia e argila, umidade, re-sistividade, temperatura, pH e capacidade de troca de cátions (CTC).

O Veris mediu a condutividade elétrica em uma área de 1,5 hectare com palhada de cana da variedade IAC-5000 que estava na fase de início da rebrota. A seguir, apresenta-se o mapa da área em questão, onde se conseguirá futu-ramente visualizar as alterações que poderão ser correlacionadas com atributos de solo e sistema radicular.

A cultura da cana produziu em média no talhão cerca de 69 toneladas de colmos/ha (TCH), o que está um pouco abaixo do patamar desta variedade para este ambiente de produ-ção. Entretanto, vale ressaltar que em outros talhões onde não foram visualizados os efeitos diretos da compactação, e o preparo do solo foi

em momento adequado, todas as variedades comportaram-se muito bem.

CONCLUSÕESCom base no estudo foi possível concluir

que o sistema radicular desta variedade foi mais expressivo na camada de 0-30cm, estando de acordo com Landell et al, 2007 (Boletim Técnico IAC-201). Embora se tenha obtido altos valores de Ds, a variedade desenvolveu-se promissoramente chegando um mês antes da colheita até ao acamamento em alguns pontos da área (estudo de caso).

Devido à ótima fertilidade natural do solo estudado os atributos químicos não comprome-teram o desenvolvimento radicular. E também foi possível concluir que em Ambientes com elevado estresse hídrico não se recomenda a IACSP95-5000.

Desenho da disposição dos discos no sistema Veris Mapa de Condutividade Elétrica Aparente, em Latossolo Vermelho (60% de argila), textura argilosa

Nayla Nogueira Cristovão eSandro Roberto Brancalião,Centro de Cana IACFabiano Tabaldi,Stara

Sistema de GPS do Veris, fixado através deum ímã na parte superior do implemento

Os dados coletados são salvos e posteriormente passados para o computador onde o programa SoilViewer transforma a leitura em mapas de condutividade elétrica

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br 37

.M

Page 38: Maquinas 135

pNEuS

TracionadoO raio de rolamento de um pneu

pode ser entendido como o valor que contribui efetivamente para o

seu deslocamento, ou seja, é a distância percor-rida por um pneu em uma revolução completa do eixo dividido por 2π, obtida em condição de tração nula, ou seja, deslocamento autoprope-lido sobre superfície indeformável.

O valor do raio de rolamento pode variar em função de desgaste, pressão interna do pneu e do peso sobre o rodado. Este valor é utilizado para calibração do indicador de velocidade de deslocamento dos tratores. Desta forma, pode-se observar algo comum à velocidade registrada no velocímetro nem sempre é a real.

O advento e a consolidação da computação e da eletrônica na agricultura ocorreram me-diante a redução dos custos e da complexidade, garantindo que tais sistemas tenham resultado favorável na agricultura.

A pressão interna dos pneus possui uma forte influência no desempenho dos conjuntos mecanizados, principalmente quanto à perda de eficiência dos tratores agrícolas promovida pela patinagem dos pneus. Além da patinagem,

considera-se também o efeito da deformação dos pneus e do solo na redução da velocidade translacional, esses fatores atuando concomi-tantemente.

A patinagem dos pneus de um trator agrícola pode ser obtida com o auxílio de ins-trumentação eletrônica, onde contadores de pulsos são instalados junto a cada pneu. Esse parâmetro operacional é definido mediante a comparação da velocidade atual do trator com a velocidade tangencial periférica dos pneus, que é dada pelo produto da velocidade angular com o raio de rolamento do pneu.

Sendo o raio de rolamento um parâmetro

importante na determinação da patinagem, objetivou-se com este trabalho determinar a influência do acionamento da tração dianteira auxiliar (TDA) no raio de rolamento para três pressões internas dos pneus.

MATERIAL E MÉTODOSO trabalho foi conduzido no Laboratório

de Mecanização Agrícola, da Universidade Federal de Viçosa, no Campus de Viçosa (MG). Foi utilizado um trator John Deere, modelo 5705 4x2 com tração dianteira auxiliar (TDA) e com potência de 62,56kW (85cv) no motor a 2.400rpm, o qual foi instrumentado para condução do trabalho. O trator estava equipado com pneus Pirelli TM 95 18.4-30 no eixo trasei-ro e Goodyear Dyna Torque II 12.4-24 no eixo dianteiro, ambos de construção diagonal.

A rotação das rodas motrizes do trator foi monitorada com o auxílio de transdutores indutivos tubulares associados a cada uma das rodas por meio de suportes. A alteração do

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br38

Fotos Vilnei Dias

Uso de diferentes pressões nos pneus, com tração dianteira ligada e desligada, altera significativamente a capacidade

de tração e o índice de patinagem de um trator

Tabela 1 - Valores médios para o raio de rolamento (m) dos pneus utilizados para as combinações entre TDA ligada e desligada, pressão interna dos pneus e eixo

Pressão(kPa)82,7496,53

110,32

Traseiro0,7092 A0,7216 A0,7291 A

Dianteiro0,5279 B0,5366 B0,5431 B

TDA ligadaTraseiro

0,7127 A0,7189 A0,7257 A

Dianteiro0,5348 B0,5400 B0,5473 B

TDA desligada

As médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, maiúscula na linha e para a mesma condição de acionamento da TDA, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Foram realizadas três repetições.

EquAção

rr = Vop (2π n)-1

Em que, rr – Raio de rolamento (m); Vop – Velocidade real de deslocamento

obtida pelo radar (m s-1); e, n – Rotação do eixo motriz (rps).

Page 39: Maquinas 135

campo magnético (indução) dos transdutores ocorreu pela passagem de aletas equidistantes dispostas na periferia de uma coroa circular afixada concentricamente dentro da calota dos rodados, servindo assim como sistema referencial. Todos os sensores foram conectados ao sistema de aquisição de dados Spider 8 e configurados pelo software Catman 2.2, ambos disponibilizados pela HBM.

Os tratamentos foram constituídos de três pressões internas 82,74, 96,53 e 110,32kPa (12, 14 e 16psi, respectivamente) combinadas com as condições de tração dianteira auxiliar ligada e desligada, no delineamento inteiramente casualizado, com três repetições. Em todos os tratamentos do experimento foi utilizada a marcha 1ª B a 2.400rpm no motor, o que proporciona uma velocidade operacional teórica média de 1,48m s-1 (5,33km/h). O trabalho foi realizado em pista de concreto com topografia plana, com 30 metros de comprimento e 15 metros adicionais para estabilizar o desloca-

mento do conjunto. A velocidade desenvolvida pelo trator du-

rante a operação, que corresponde à velocidade translacional dos pneus, foi obtida com o uso de uma unidade de radar de efeito Doppler acoplado ao chassi do trator. O raio de rola-mento foi obtido através de equação específica (ver Box).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de regressão linear, sendo os modelos selecionados com base no coeficiente de de-terminação, no comportamento do fenômeno e na significância dos coeficientes de regressão com a utilização do teste t. O efeito da tração foi analisado por teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS O raio de rolamento determinado com a

tração ligada e desligada não apresentou dife-rença estatística para nenhuma das pressões internas utilizadas nos pneus (Tabela 1).

Os raios de rolamento dos pneus de um mesmo eixo não apresentaram diferença sig-nificativa entre si, dessa forma, a análise foi baseada no raio de rolamento médio dos pneus dianteiros e traseiros. A pressão interna dos pneus teve efeito significativo, linear e positivo sobre o raio de rolamento médio dos pneus dianteiros e traseiros (Figura 1).

CONCLUSÕESO aumento da pressão interna dos pneus

aumentou o raio de rolamento dos pneus do trator. O modelo ajustado explica satisfatoria-mente o comportamento do raio de rolamento dos pneus em função da pressão interna.

A patinagem dos pneus pode ser obtida com o auxílio de instrumentação eletrônica, onde contadores de pulsos são instalados junto a cada pneu

A velocidade desenvolvida pelo trator durante a operação foi obtida com o uso de uma unidade de radar de efeito Doppler acoplada ao chassi do trator

A pressão interna dos pneus possui uma forte influência no desempenho dos conjuntos mecanizados, quanto à perda de eficiência dos tratores devido à patinagem dos pneus

Figura 1 - Raio de rolamento em função da pressão interna dos pneus. ** - Significativo ao nível de 1% de probabilidade

Marconi Ribeiro Furtado Júnior,Haroldo Carlos Fernandes eAnderson Candido da Silva,Universidade Federal de ViçosaDaniel Mariano LeiteUniv. Fed. do Vale do São Francisco

.M

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br 39

Page 40: Maquinas 135

pulvErIzADorES

A atividade agrícola é complexa, pois, além de fatores de ordem técnica, es-tão inseridos no processo produtivo

componentes econômicos, financeiros, sociais e ambientais. Dessa forma, qualquer decisão a ser tomada tem por base otimizar um objetivo. As tecnologias voltadas para o campo, em especial a mecanização agrícola, estão em fluxo contínuo de desenvolvimento de tal forma que se torna necessário o uso racional dos recursos, objeti-vando não só maior rendimento e produção, mas também a redução dos custos. No contexto agroindustrial a seleção adequada de máquinas e implementos, muitas das vezes, constitui um problema para o engenheiro responsável por dimensionar todas as operações visto que são inúmeras as variáveis a serem consideradas.

A modelagem matemática com base em programação linear é um método de planeja-mento que visa auxiliar a tomada de decisões e a programação de ações a serem executadas para maximizar ou minimizar um objetivo. As soluções são viáveis quando satisfazem todas as restrições impostas ao problema em estudo, havendo, no entanto, apenas uma solução ótima.

Tendo em vista as dificuldades que encon-tram os usineiros no que tange à escolha das formas de pulverizar cana-de-açúcar, o Depar-tamento de Engenharia Agrícola da Universi-

Aplicação calculadaQuais são as formas mais econômicas para pulverizar cana-de-açúcar? O Suplemento

Solver do Microsoft Excel pode ser utilizado para otimizar processos mecanizados

dade Estadual de Goiás (UEG) desenvolveu um modelo de programação linear inteiro para o auxílio no processo de seleção entre os vários

tipos de pulverização agrícola. Para aplicação do modelo, consideraram-

se as áreas agrícolas de uma usina situada na região do Vale do São Patrício, município de Goianésia (GO), que cultiva 30 mil hectares de cana-de-açúcar. Foi considerado que a usina realiza aplicações de dessecante, pós-emergente, herbicida de seca, inseticida sistêmico, matura-dores e inibidores durante a safra. A operação de reforma do canavial é realizada durante a safra em 17% da área total, ou seja, em cinco mil hectares.

A aplicação de herbicida de seca também foi realizada durante a safra, correspondendo a 83% da área total, ou seja, em 25 mil hectares. Para a aplicação de inseticida sistêmico, devido ao seu elevado custo, a área destinada para essa aplicação foi de 48% dos 25 mil hectares, correspondendo a 12 mil hectares. As aplicações aéreas somente ocorrem para maturadores e inibidores, perfazendo um total de seis mil hectares para os maturadores e dez mil hec-tares para os inibidores. Para as operações de reforma do canavial, aplicações de herbicida de seca, inseticida sistêmico, maturadores e inibidores, considerou-se o tempo disponível de: 140, 150, 60, 10 e 15 dias, respectivamente.

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br40

New

Hol

land

Tabela 1 - Tipo de pulverizador, preço, largura efetiva, capacidade de campo efetiva e capacidade do tanque

Tipo de Pulverizador/PulverizaçãoArrasto

AutopropelidoAérea

Preço (R$)70.000,00450.000,00654.000,00

Capacidade de Campo Efetiva (ha h-1)8,3322,44115,48

Capacidade do Tanque (L)1.5002.000600

Tabela 2 - Simulação para o custo horário devido ao aumento anual da área total da usina

Ano

0123456

Área (ha)

30000350004000045000500005500060000

Ritmo Operacional da Usina (ha h-1)

242,96282,25322,57362,89403,22443,54483,86

Número de Conjuntos

1 , 11 , 21 , 21 , 21 , 22 , 22 , 2

Tipo de Pulverizador Selecionado

Autopropelido + AviãoAutopropelido + AviãoAutopropelido + AviãoAutopropelido + AviãoAutopropelido + AviãoAutopropelido + AviãoAutopropelido + Avião

Custo Horário (R$ h-1) 2804,865518,645518,645518,645518,645609,725609,72

Custo por Área total (R$ ha-1)

29,9956,3056,4156,1855,9957,3957,13

Tabela 3 - Simulação para o custo horário devido às reduções de 25% e 50% do tempo total disponível para as operações de pulverização

Tempo total disponível* (dias) (%)375 (100)279 (25)187 (50)

Ritmo Operacional (ha h-1)242,96337,01485,91

Número de Conjuntos

1 , 11 , 22 , 2

Tipo de Pulverizador Selecionado

Autopropelido + Avião Autopropelido + AviãoAutopropelido + Avião

Custo Horário (R$ h-1)2804,865518,645609,72

Custo por Área (R$ ha-1)29,9956,4155,70

Page 41: Maquinas 135

Consideraram-se dois turnos de trabalho de oito horas por dia. O modelo de programa-ção linear desenvolvido avaliou os diferentes tratamentos fitossanitários e também as três formas de pulverização agrícola utilizadas no processo produtivo da usina, que são realizadas por meio de pulverizadores de arrasto, por meio de pulverizadores autopropelidos e por último utilizando aviação agrícola (Tabela 1).

Para a implantação do modelo, foi neces-sária a realização de cálculos preliminares à otimização, subdivididos em três etapas: cálculo do ritmo operacional do plano de produção da empresa agrícola; da capacidade de campo efetiva e dos custos fixos e variáveis dos equi-pamentos. Consideraram-se os custos fixos e operacionais do pulverizador autopropelido, do pulverizador de arrasto e do trator agrícola; entretanto, para a aviação agrícola, os custos foram fornecidos pela empresa terceirizada que presta serviço junto à usina.

Os custos referentes ao trator agrícola foram considerados e somados aos custos referentes ao pulverizador de arrasto. Foram inclusos os custos referentes a um trator agrí-cola de 91,9kW (125cv) de potência capaz de manter em operação o pulverizador de arrasto. Considerou-se o valor de compra desse trator de R$ 120.000,00.

O modelo de programação linear propos-to foi processado por um computador Intel Pentium Dual Core de 2.4GHz, com 2GB de memória RAM. Foi utilizado o aplicativo Solver do Excel 2007, que trabalha com programação linear inteira.

A solução gerada pelo programa foi conside-rada ótima, significando que a função-objetivo pôde ser minimizada. O valor da função-ob-jetivo encontrado foi de R$ 2.804,6/ha. O custo por unidade de área para os conjuntos selecionados foi de R$ 29,99/ha. Para atingir esse valor, foram selecionadas duas formas de pulverização: pulverizador autopropelido e aviação agrícola. O relaxamento da restrição do número máximo de operadores e pilotos não mudou a solução ótima para o problema. A Tabela 2 apresenta a análise de sensibilidade para o custo horário devido ao aumento da área total da usina. Considerou-se um incremento anual de cinco mil hectares, respeitando as proporções de área destinada a cada operação

de aplicação, descritas anteriormente.O incremento de cinco mil hectares em

relação à área inicial fez com que o modelo sele-cionasse dois aviões. O mesmo comportamento foi obtido para o aumento gradual da área até cinco mil hectares. Deste ponto em diante, o modelo selecionou o dobro do número de conjuntos obtidos para a condição inicial. Na Tabela 3, apresenta-se a análise de sensibilidade para o custo horário devido às reduções de 25% e 50% do tempo total disponível para as opera-ções de pulverização da usina. Verificou-se que, ao reduzir o tempo total disponível para todas as operações em 25%, o modelo selecionou outra aeronave devido ao aumento dos ritmos operacionais, principalmente dos tratamentos envolvendo maturadores e inibidores. Uma redução de 50% do tempo total fez com que

o modelo selecionasse dois pulverizadores autopropelidos e dois aviões. Pode-se observar que o custo horário dobrou quando o tempo disponível foi reduzido pela metade, pois o modelo dobrou o número de conjuntos me-canizados para atender ao ritmo operacional máximo no período.

CONCLUSÕESCom base nos dados obtidos é possível con-

cluir que modelo de programação linear inteira desenvolvido permitiu a otimização da função-objetivo, auxiliando no processo de seleção das formas de pulverização agrícola com base no menor custo-horário. O valor da função-objetivo encontrado foi de R$ 2.804,6/h. O custo por unidade de área para os conjuntos selecionados foi de R$ 29,99/ha. As análises de sensibilidade para o custo-horário com variação da área total da usina e do tempo total dispo-nível para cada aplicação demonstraram que a utilização de pulverizadores autopropelidos e aviões é a forma de pulverização que propor-ciona menores custos-horários obedecendo a todas as restrições.

O Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Goiás desenvolveu um modelo de programaçãolinear inteiro para o auxílio no processo de seleção entre os vários tipos de pulverização agrícola aérea e terrestre

Charles EcherDivulgação

CoMo utIlIzAr o MoDElo

O modelo matemático desenvol-vido para o auxílio na tomada

de decisão entre as diversas formas de pulverização agrícola, com base no menor custo horário, foi:

minC = AXTrator + Pul. Arrasto +BXPul.autopropelido +CXAvião

em que: C - Custo horário, R$/h.A - Custo horário total do conjunto

trator + pulverizador de arrasto, R$/hXTrator + Pul.arrasto- Quantidade de conjun-

tos mecanizados formados pelo trator + pulverizador de arrasto, unidades

B - Custo horário total do pulverizador autopropelido, R$/h

XPul. autopropelido - Quantidade de pulveri-zadores autopropelidos, unidades

C - Custo horário da aviação, R$/hXAvião- Quantidade de aviões, unidades

As restrições impostas ao modelo foram:

* Número mínimo de conjuntos sele-cionados:

XTrator + Pul. Arrasto +XPul.autopropelido +XAvião≥1

* Número máximo de operadores:XTrator + Pul. Arrasto +XPul.autopropelido ≤4

* Número máximo de pilotos:XAvião≤2

* Dessecante (Reforma do Canavial):CCeTrator + Pul. ArrastoXTrator + Pul. Arrasto+CCePul.

autopropelido+Pul.autopropelido≥RODessecação

* Pós-emergente (Reforma do Canavial): CCeTrator + Pul. ArrastoXTrator + Pul. Arrasto+CCePul.

autopropelido+Pul.autopropelido≥ROPós-Emergente

* Herbicida de Seca:CCeTrator + Pul. ArrastoXTrator + Pul. Arrasto+CCePul.autopropelido

XPul.autopropelido≥ROHerbicida de Seca

* Inseticida Sistêmico:CCePul. autopropelidoXPul.autopropelido≥ROInseticida Sistêmico

* Maturadores: CCeAviãoXAvião≥ROMaturadores

* Inibidores: CCeAviãoXAvião≥ROInibidores

Ródney Ferreira Couto eElton Fialho dos Reis,UEGJoão Paulo Barreto Cunha,Ufla

Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br 41

.M

Page 42: Maquinas 135

“Falso-ano-positivo”Seria viável pensar no futuro do mercado de

máquinas agrícolas no Brasil em 2014 depois de crescer cerca de 20% em 2013? E o que

esperar do mercado de máquinas de construção, que vive um falso-positivo? Bem, como estamos no final do ano, é sempre interessante analisarmos as previsões para os próximos 12 meses.

Por diversos motivos, não podemos esperar mais um expressivo aumento nas vendas de máquinas agrícolas para 2014. A expectativa de manutenção dos números de 2013, no momento, talvez seja o melhor cenário possível.

Mas antes de falar do futuro, vamos entender o ano que está no fim. Os agricultores brasileiros se beneficia-ram pelo clima, rentabilidade, demanda internacional e pelos financiamentos, conseguindo um considerável aumento de produtividade, sem necessariamente in-corporar novas áreas de terra. A safra brasileira de grãos subiu de 166 milhões de toneladas (safra 2011/12) para 187 milhões de toneladas na última safra de verão (2012/13), conforme números da Conab - recorde histórico. Essa elevação foi de suma importância para as vendas de máquinas agrícolas.

Mas o aumento da renda agrícola, que veio na esteira disso, começa a dar sinais de esgotamento. Apesar de o mercado agrícola ser eminentemente cíclico, iremos ter, em 2013, o terceiro ano consecu-tivo do crescimento da renda agrícola (VBP) - em torno de 20%. Isso é excepcionalmente muito bom, mas também é uma exceção à regra do sobe e desce histórico dos resultados da agricultura brasileira nas últimas décadas.

De fato, no ano que vem, os agricultores sentirão o impacto do aumento do dólar nos custos dos insumos. Por outro lado, os preços das commodities deverão se estabilizar, mesmo com São Pedro ajudando o Merco-sul e deixando as dificuldades climáticas apenas para os grandes produtores de grãos do hemisfério norte. Nesse cenário, dificilmente teremos uma diminuição na safra americana como observamos em 2012/13.

A grande mudança, no entanto, poderá estar no financiamento. Apesar de o Governo Federal ter asse-gurado a manutenção do PSI em 2014, dificilmente ele terá condições e taxas tão atrativas como as que temos hoje.

O governo está com pressão de caixa e o PSI, com

as taxas atuais, exige uma importante equalização do Tesouro Nacional. Até agora (fiz este texto na primeira semana de novembro), quando estamos a um mês do final do ano, o setor ainda não tem nenhuma informa-ção sobre como essa linha será operada em 2014.

A expectativa dos agentes financeiros é de uma taxa maior e da falta de visibilidade, que vão contribuir para uma queda do ritmo de pedidos de máquinas. Some-se a isso as incertezas de um ano eleitoral e temos os ingredientes para que os produtores adiem os seus investimentos.

Isso não significa que o mercado de 2014 não será bom. Pelo contrário, o Brasil, como um dos principais players na produção de proteína e de combustíveis sustentáveis do mundo, já se estabeleceu também como um dos principais mercados de máquinas agrícolas mundiais – com mais de 80 mil máquinas anuais. Por isso, manter números parecidos com 2013 já será positivo.

CONSTRUÇÃO: PROVÁVEL FALSO-POSITIVOPelo lado das máquinas de construção, o mercado

brasileiro deve fechar entre 30 e 31 mil unidades comercializadas em 2013, sem contar com rolos compactadores e guindastes. Esse valor irá significar um crescimento de cerca de 10% em relação ao ano passado.

O Brasil está investindo em infraestrutura, aproveitando os grandes eventos esportivos que irá sediar e fazendo com que o mercado de máquinas de construção cresça junto. Em curto prazo significa uma melhoria na logística que se difunde para todos os setores da economia e melhora a produtividade como um todo. Mas, neste caso, temos um provável “falso-positivo”.

Esse crescimento atual não reflete nada desse cenário que descrevi. De um modo geral, temos dificuldades de investimentos e isso influencia o mercado de máquinas de construção, assim como vários outros elos dessa cadeia. Desde julho, a única mudança expressiva veio do Governo Federal, por meio do MDA, que aumentou a compra de equipamentos de construção para prefeituras de municípios com até 50 mil habitantes. Foram adquiridas cerca de 6 mil máquinas, entre retroescavadeiras, pás carregadeiras e motoniveladoras, dentro desse programa.

Retirando esse montante da soma final, chegamos a aproximadamente 25 mil unidades vendidas em 2013, seme-lhante ao número de 2010/2011. Feita essa análise, não é difícil concluir que, na verdade, o Brasil pouco avançou em 2013 no setor de construção.

A questão já é velha conhecida de todos: não conseguimos deslanchar os projetos, tornar atrativas as parcerias e estamos perdendo uma oportunidade única de desenvolver o nosso País.

Resumo da ópera: no mercado de máquinas agrícolas nos acostumamos com um crescimento chinês nos últimos três anos. Algo que foi bom, mas que tende a ficar para trás, nos fazendo encarar como positiva a perspectiva de manutenção dos números de 2013 no ano que vem. Já em máquinas de construção, nossa indústria não está saudável, pois o mercado se mantém pequeno e não cresce. Logo, 2014 corre o risco de se tornar um novo, ou pior, “falso ano positivo”.

Milton Rego é engenheiro mecânico e

economista, especialista em gestão. Atua na área de máquinas agrícolas e

de construção desde 1988. Atualmente, é diretor de

Comunicações e Relações Ex-ternas da Case New Holland;

vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodovi-

árias da Abimaq e diretor da Anfavea e Sinfavea. Milton

é responsável pelo blog do Milton Rego, que aborda os mercados de máquinas agrícolas e de construção:www.blogdomiltonrego.com.br

Temos dificuldades de investimentos e isso influencia o mercado de máquinas de construção, assim como vários outros elos dessa cadeia

MuNDo MáquINAS

Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br14 Novembro 2013 • www.revistacultivar.com.br42

.M

Page 43: Maquinas 135
Page 44: Maquinas 135