biancademirandaperes mestrado p corrigida

Upload: gisela-de-souza-pereira

Post on 13-Oct-2015

11 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    1/35

    BIANCA DE MIRANDA PERES

    Bactrias indicadoras e patognicas em biofilmes de sistemas de tratamento de gua, sistemas

    contaminados e esgoto

    rea de concentrao: Microbiologia

    Orientador: Ren Peter Schneider

    SO PAULO

    2011

    Dissertao apresentada ao Programa dePs-Graduao em Microbiologia do

    Instituto de Cincias Biomdicas daUniversidade de So Paulo, para aobteno do Ttulo de Mestre emCincias.

    "Verso corrigida. Verso original seencontra arquivada no Servio deComunicaes do ICB"

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    2/35

    RESUMO

    BIANCA, M. P. Bactrias indicadoras e patognicas em biofilmes de sistemas de

    tratamento de gua, sistemas contaminados e esgoto. 2011. 105f. Dissertao (Mestrado

    em Microbiologia) - Instituto de Cincias Biomdicas, Universidade de So Paulo, 2011.

    Amostras de biofilme de biomassa suspensa de tanque de aerao de lodo ativado, de crrego

    contaminado com esgoto e de superfcies de planta de tratamento de gua expostas gua

    bruta ou parcialmente tratada, como tanque de floculao, tanques de areia, canais de ligaoentre os tanques e manacial, foram analisadas com relao presena de bactrias indicadoras

    e patognicas. Nos testes presuntivos foram detectados todos os microrganismos-alvo

    (Coliformes, Salmonella spp, Klebsiella spp., Staphylococcus spp., Pseudomonas spp.,

    Enterococcus spp., Vibrio spp., Clostridium spp., Shigella spp., Aeromonas spp.,

    Campylobacter spp. e Legionella. spp.), porm nos testes confirmatrios por PCR e teste

    bioqumico somente as espciesE. coli, Salmonella enterica subsp. Enterica serovar Typhi,

    K. pneumoniae, V. cholerae, A. hydrophila, e L. pneumophila foram confirmadas paraalgumas cepas selecionadas dos testes presuntivos. S. flexneri foi somente confirmada por

    teste bioqumico eS. aureus somente por PCR. Nenhuma amostra deC. jejuni foi confirmada

    por nenhum dos testes. Estes resultados demonstram que os meios seletivos para testes

    presuntivos no se mostraram confiveis uma vez que muitas amostras presuntivas no foram

    confirmadas por PCR ou teste bioqumico especfico. Estes resultados demonstram o

    potencial de biofilmes microbianos como reservatrio de patgenos.

    Palavras-chave: Biofilmes. Patgenos. Esgoto. Sistemas de tratamento de gua. Bactrias

    indicadoras.

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    3/35

    ABSTRACT

    BIANCA, M. P. Pathogenic and indicator bacteria in drinking water treatment plants, in

    sewage treatment plants and in a creek contaminated with raw sewage. 2011. 105f.

    Master thesis. Dissertao (Mestrado em Microbiologia) - Instituto de Cincias Biomdicas,

    Universidade de So Paulo, 2011.

    Biofilm samples from activated sludge reactors, surfaces from water treatment plants and

    water samples from a creek contaminated with raw sewage were analyzed for the presence of

    microbial indicator bacteria and pathogens. All target organisms (Coliforms, Salmonellaspp,

    Klebsiella spp., Staphylococcus spp., Pseudomonas spp., Enterococcus spp., Vibrio spp.,

    Clostridium spp., Shigella spp., Aeromonas spp., Campylobacter spp. and Legionella. spp.)

    were detected by using presumptive testing media. Only a small proportion of positive

    colonies from presumptive tests were confirmed as pathogenic strains of E. coli, Salmonella

    enterica subsp. Enterica serovar Typhi, K. pneumoniae, V. cholerae, A. hydrophila, and L.

    pneumophilain confirmatory testing by selective PCR and biochemical tests . S. flexneri was

    only confirmed in biochemical tests,S. aureus only by PCR and no colony of C. jejuni was

    confirmed positive by either PCR or biochemical testing.Presumptive media are therefore not

    safe means for assessing pathogen load in biofilm samples. These results demonstrate the

    importance of microbial biofilms as reservoirs for microbial pathogens.

    Key words:Biofilms. Pathogens. Sewage. Drinking water treatment plants. Indicator bactria

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    4/35

    1 INTRODUO E REVISO BIBLIOGRFICA

    1.1 gua potvel, tratamento da gua e monitoramento da qualidade da gua

    A gua um bem necessrio para o sustento da vida e, portanto, deve atender a

    padres de qualidade para no expor a populao a situaes de risco sade.

    Empresas produtoras de gua potvel so responsveis por garantir a qualidade da

    gua distribuda e o tratamento da gua visa retirada de slidos suspensos e dissolvidos,

    microorganismos potencialmente prejudiciais sade, minerais como ferro e mangans e

    poluentes. O tratamento bsico consiste nas seguintes etapas: pr-clorao, pr-alcalinizao,

    coagulao, floculao, decantao, filtrao, ps-alcalinizao, desinfeco e por fim

    fluoretao.

    A qualidade da gua depende da combinao da proteo das fontes de gua, controle

    dos processos de tratamento e da gesto da distribuio da mesma. O propsito dos programas

    de monitoramento microbiano nos sistemas de distribuio garantir que os suprimentos de

    gua estejam de acordo com as orientaes, padres ou regulamentaes.

    medida que a gua atravessa o sistema de distribuio, a qualidade da gua pode ser

    degradada. Esta degradao causada por vrios fatores, incluindo reduo da concentrao

    do resduo de desinfetante, destacamento de biofilme, ressuspenso do sedimento da

    tubulao causada por rpidas mudanas no fluxo, rupturas na tubulao, entrada de

    contaminantes na rede da tubulao, conexes cruzadas, recrescimento de bactrias que

    sobreviveram aos processos de tratamento e crescimento de biofilmes nas paredes das

    tubulaes e superfcies de tanques e reservatrios (Fox et al., 2006).

    Embora existam testes para a deteco direta dos microorganismos patognicos, estes

    so caros, demorados e geralmente difceis de implementar (World Health Organization,

    2004) alm disso, quando detectados, j foram disseminados pelo sistema de distribuio. Os

    mtodos aplicados na rotina para monitoramento da qualidade microbiolgica de guas de

    abastecimento so os que detectam e enumeram os indicadores fecais que no so

    necessariamente causadores de doenas, porm so, assim como os patognicos, de origem

    fecal.

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    5/35

    1.2 Parmetros utilizados na avaliao da qualidade da gua

    Para atender ao nvel de qualidade esttica (sabor, cor e odor) e de potabilidade, a guadeve ser avaliada com respeito a aspectos qumicos, radiolgicos, de aceitabilidade e por fim,

    e no menos importante, os microbiolgicos.

    Com intuito de monitorar a qualidade da gua, as autoridades sanitrias e rgos de

    saneamento realizam testes para deteco de microorganismos indicadores de poluio fecal,

    sobretudo em guas destinadas ao consumo humano (WHO, 2004). Os mtodos aplicados so

    os que detectam e enumeram os indicadores fecais.

    De acordo com Bitton (2005) e Environmental Protection Agency (2002), os critrios

    para que um microorganismo seja considerado um indicador ideal so: deve pertencer

    microflora intestinal de animais de sangue quente exclusivamente, deve estar presente sempre

    que um patgeno entrico esteja , deve estar presente em nmeros maiores que os patgenos,

    deve ter, no mnimo, resistncia igual dos patgenos em relao aos fatores ambientais e

    desinfeco da gua e deve ser rapidamente detectvel por mtodos simples e no deve

    crescer em guas naturais.

    No existe nenhum microorganismo que possua todas as caractersticas listadas acima,

    mas a Escherichia coli um membro dos coliformes fecais que satisfaz a maioria destes

    critrios. A ausncia de E.colino pode ser tomada como uma indicao absoluta de que os

    patgenos intestinais esto tambm ausentes (EPA, 2002).

    1.3 Microorganismos utilizados como indicadores

    1.3.1 Bactrias heterotrficas

    Estes microorganismos esto sempre presentes em concentraes maiores que os

    coliformes e um aumento em sua concentrao indica falha no tratamento da gua,

    contaminao ps-tratamento ou presena de depsitos, biofilmes ou ainda corroso na

    tubulao (WHO, 2004). No entanto, no existe evidncia de que os microorganismos

    heterotrficos sejam responsveis por efeitos na sade atravs da ingesto da gua (WHO,

    2003). Os rgos de monitoramento da qualidade da gua estabeleceram um valor limite de

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    6/35

    at 500 UFC/100 mL uma vez que concentraes maiores interferem na recuperao dos

    coliformes (LeChevallier, 1980).

    Embora as bactrias heterotrficas no sejam indicadoras diretas de contaminaofecal, indicam variao da qualidade da gua e potencial para a sobrevivncia e recrescimento

    dos microorganismos patognicos (Maier et al., 2004).

    1.3.2 Coliformes totais e termotolerantes

    Conforme mencionado, os coliformes so utilizados como indicadores de

    contaminao fecal. No entanto, este grupo dividido entre coliformes totais e

    termotolerantes. Os coliformes totais so definidos como bacilos Gram-negativos, no

    formadores de esporos, capazes de crescer aerobicamente e anaerobicamente na presena de

    sais biliares ou agentes tensoativos. Geralmente fermentam a lactose a 35-37C, com

    produo de cido, gs e aldedo em 48h. Possuem a enzima -galactosidase e so oxidase

    negativos. As bactrias coliformes pertencem famlia Enterobacteriacea e os gneros

    geralmente encontrados em suprimentos de gua so Citrobacter,Enterobacter,Escherichia,

    Hafnia,Klebsiella, Serratiae Yersinia. (CETESB, 2009).

    Uma fonte potencial de coliformes no abastecimento de gua resulta de uma operao

    sub-tima do processo de tratamento da gua ou ingresso atravs de quebras na integridade do

    sistema de distribuio. Isto inclui: vazamentos nos reservatrios, contaminao das vlvulas,

    infiltrao nos reservatrios, conexes cruzadas e efeitos de refluxo (EPA, 2002).

    O grupo dos coliformes tem sido usado como um padro para a avaliao dacontaminao fecal para guas potveis e recreacionais desde o comeo do sculo XX. No

    entanto, existem muitas deficincias no uso desses indicadores. Como exemplos podemos

    citar o recrescimento deste grupo nos ambientes aquticos e sistemas de distribuio,

    supresso por um alto crescimento de bactrias heterotrficas e inexistncia de relao de

    proporcionalidade com a infestao da gua com protozorios patognicos entricos e vrus

    entricos (Maier et al., 2004).

    Os coliformes termotolerantes possuem caractersticas dos coliformes totais, mas so

    capazes de fermentar a lactose a 44-45 C com formao de cido/gs e provas bioqumicas

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    7/35

    positivas para indol, -glucuronidase e ausncia de urease. O termo coliforme fecal no

    preciso porque somente E.coli, de origem exclusivamente fecal. Sabe-se que os outros

    membros do grupo coliforme esto presentes no solo e em outros materiais ambientais e so

    capazes de crescer em guas eutrficas e biofilmes.

    A E.coli encontrada nas fezes de todos os mamferos frequentemente em nmero

    elevado (109por grama de fezes) e mesmo que possa ser detectada mais facilmente que outros

    membros do grupo dos coliformes, possui as mesmas limitaes dos coliformes totais como

    indicador de contaminao fecal (Maier et al., 2004).

    1.3.3 Enterococos intestinais

    Os enterococos intestinais so um subgrupo dos estreptococos fecais, definidos como

    cocos Gram-positivos que tendem a formar pares ou cadeias, no formadores de esporos,

    oxidase negativos e catalase negativos. Podem crescer tanto aerobicamente quanto

    anaerobicamente na presena de sais biliares e so relativamente tolerantes a cloreto de sdio

    e pH alcalino (CETESB, 2009).

    Incluem espcies que ocorrem em fezes humanas e de animais de sangue quente como

    Enterococcus faecalis, Enterococcus faecium, Enterococcus durans e Enterococcus hirae.

    Alm disso, podem ser encontrados em alimentos onde sua presena geralmente no est

    relacionada com contaminao fecal direta.

    A principal razo para sua enumerao avaliar a significncia da presena de

    bactrias coliformes na ausncia de E.coliou prover informao adicional na avaliao deuma potencial contaminao fecal. Sua sobrevivncia 10 vezes menor que a da E.colinos

    ambientes aquticos e estes organismos so mais resistente clorao. Estes microorganismos

    possuem algumas vantagens sobre os coliformes, pois raramente se multiplicam em gua, so

    mais resistentes aos estresses ambientais e clorao que os coliformes e geralmente

    persistem por mais tempo no ambiente (Maier et al., 2004).

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    8/35

    1.3.4 Clostri dium perf ri ngens

    C. pefringens um bacilo Gram positivo, anaerbio, formador de esporo e sulfito

    redutor exclusivamente de origem fecal. Os esporos so extremamente resistentes ao calor e a

    desinfetantes e, por isso, sua deteco indica deficincias no tratamento e a possvel presena

    de organismos mais resistentes como protozorios parasitas ou vrus (Maier, 2004).

    Graas sua resistncia, so teis em avaliaes complementares, como indicadores

    de poluio remota ou intermitente (CETESB, 2009).

    1.4 Recrescimento

    O recrescimento o aumento do nmero de bactrias que ocorre depois do ponto de

    tratamento. Estes organismos derivam de clulas viveis e clulas dormentes ou ainda de

    clulas injuriadas que passaram pela planta de tratamento (Power, 1995).

    Este fenmeno mais comumente observado em coliformes totais, seguidos pelas

    bactrias heterotrficas e raramente os coliformes fecais. A deteco do recrescimento destes

    organismos pode ser devido natureza seletiva dos programas de monitoramento de gua que

    somente enumeram certos organismos ou devido s caractersticas fisiolgicas das clulas que

    resulta na sobrevivncia de alguns organismos ao tratamento enquanto outras morrem (Power

    et al., 1996).

    No caso de bactrias heterotrficas, o recrescimento ocorre quando a concentrao decloro residual encontra-se abaixo de 0,2 mg/L, a temperatura da gua excede 10 C e o

    carbono orgnico assimilvel maior que 50 g/L (Maier et al., 2004). O recrescimento

    destes microorganismos pode inibir ou mascarar a deteco dos organismos indicadores. Esta

    inibio pode ser resultado tanto da produo de substncias semelhantes bacteriocinas

    quanto pelo crescimento em altos nmeros de antagonistas aos coliformes (LeChevallier e

    McFeters, 1985a). A no deteco dos microorganismos indicadores pode, por sua vez,

    implicar em surtos de doenas de transmisso hdrica uma vez que os microorganismos

    patognicos poderiam estar presentes, porm foram subestimados. Outra razo pela qual se

    deve evitar o recrescimento bacteriano a habilidade dos organismos que fazem parte da

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    9/35

    microbiota natural heterotrfica dos sistemas de distribuio em se comportar como

    patgenos oportunistas. Estes organismos so considerados patgenos emergentes que

    apresentam um srio problema de sade pblica (Reasoner, 1992).

    Um dos principais parmetros ligados ao recrescimento a desinfeco da gua e a

    presena de cloro residual. A manuteno do resduo desinfetante importante para controlar

    uma possvel contaminao e na desativao de qualquer clula que tenha sobrevivido ao

    tratamento ou ainda clulas que venham a se dispersar dos biofilmes. A manuteno

    inadequada de um resduo tambm permitir a recuperao ou reativao de bactrias

    parcialmente injuriadas (LeChevallier e McFeters, 1985b).

    A carga orgnica da gua tratada tambm possui um efeito sobre o recrescimento porinterferir com a eficincia dos desinfetantes e tambm por representar uma fonte de nutriente

    ao crescimento bacteriano (Power, 1995). Os nveis de carbono orgnico assimilvel so

    reduzidos medida que a gua se move atravs do sistema sendo estes valores

    correlacionados ocorrncia de coliformes e de bactrias heterotrficas (LeChevallier et al.,

    1991).

    A temperatura da gua no s importante devido correlao com o crescimento

    bacteriano, mas tambm por afetar a taxa das reaes qumicas relativas destruio dos

    microorganismos pelos desinfetantes ou a atividade das enzimas de crescimento dos

    organismos (Hutchinson e Ridgway, 1977).

    Os biofilmes presentes em um sistema de distribuio so os principais contribuidores

    do recrescimento (Power, 1995).

    1.5 Biofilmes

    Um biofilme microbiano constitudo por clulas envoltas em uma matriz de

    exopolmeros produzida pelos prprios microorganismos, que as mantm unidas. Pode estar

    aderido ou no a um substrato e seu desenvolvimento depende do carbono orgnico

    assimilvel.

    Seu desenvolvimento ocorre em estgios (Figura 1). No primeiro e no segundo

    estgios, ocorre uma associao frouxa ou transiente entre o microorganismo e a superficieseguida de uma adeso forte. A ligao reversvel mediada pela atrao fsico-qumica,

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    10/35

    ocorrendo em funo de uma atrao inicial da bactria pela superfcie e controlada por

    diversas foras competitivas como foras repulsivas eletrostticas e foras atrativas de van der

    Waals.

    As propriedades da superfcie podem ser modificadas pela adsoro de um filme

    condicionante de compostos orgnicos. A ligao bacteriana promovida quando o material

    orgnico cobre a superfcie dos slidos uma vez que a solubilidade da gua tenha se tornado

    limitante (Maier, 2009).

    A ligao reversvel dos organismos s superfcies pode, com o tempo, se tornar

    permanente. Esta ltima inicia-se pela excreo dos polmeros extracelulares produzidos pelas

    bactrias ligadas ainda de modo reversvel. A excreo da matriz prov a ligao das bactriase forma a arquitetura interna da comunidade. O desenvolvimento de um biofilme maduro

    devido no somente proliferao das clulas aderidas mas tambm pela contnua deposio

    de clulas planctnicas (Maier, 2009).

    Os exopolmeros tambm influenciam no funcionamento e sobrevivncia do biofilme

    em ambientes hostis (Sandrin et al, 2009).

    Nos estgios trs e quatro, h a agregao das clulas em microcolnias e subseqentecrescimento e maturao (Stoodley et al., 2004). O ltimo estgio caracteriza-se pela

    possibilidade de ocorrer disperso do biofilme por eroso (apenas uma clula) ou por

    sloughing (pedao de biofilme). O exato mecanismo de como e porque ocorre a disperso

    ainda est sob investigao, mas est provavelmente ligado a fatores de presso ambiental

    como diminuio da matria orgnica disponvel ou superpopulao (Richards e Melander,

    2009).

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    11/35

    Figura 1 - Estgios da formao de um biofilme. Legenda: 1) e 2) Adeso inicial e fraca dos

    microorganismos ao substrato. 3) e 4) Agregao de microcolnias e subseqente crescimento

    e maturao do biofilme. 5) Estgio final caracterizado por eroso ou sloughing.

    FONTE: Fairley (2010).

    A estrutura do biofilme depende da natureza dos microorganismos presentes, da

    concentrao de nutrientes, das propriedades hidrodinmicas e presena de alguma fora

    mecnica, portanto pode variar de um tipo achatado at uma organizao complexa em forma

    de cogumelo envolvendo agregados separados por canais de gua, sendo que este ltimo

    forma-se em ambientes de baixa concentrao de nutrientes, alto estresse hidrodinmico e

    ausncia de foras mecnicas, abrasivas e compressivas (Wilson, 2001).

    Por causa do gradiente dos nutrientes e de fatores fsico-qumicos, as clulas em

    diferentes profundidades dentro do biofilme esto expostas a diferentes condies e, portanto,

    apresentaro padres diferentes de expresso de genes e consequentemente diferentes

    fentipos (Wilson, 2001).

    Uma componente chave, que permite certo grau de homeostase dentro do biofilme, a

    matriz exopolimrica (Davey e OToole, 2000). A matriz desempenha diversas funes: pode

    estar relacionada ao desenvolvimento e estrutura do biofilme, concentrao de nutrientes

    essenciais e fatores de crescimento (Wolfaardt et al., 1998), preveno da entrada de agentes

    antimicrobianos dentro do biofilme (Gilbert et al., 1997), adsoro de metais, ctions e

    toxinas e proteo contra estresses ambientais, como UV, variao de pH, choque osmticoe dessecao (Flemming H-C.,1993).

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    12/35

    Devido aos canais de gua, a troca de nutrientes e metablitos com a massa de gua

    mais eficiente, o que aumenta a disponibilidade de nutrientes e a remoo de substncias

    potencialmente txicas (Costerton et al., 1995).

    Muito do que se sabe do incio do desenvolvimento do biofilme, origina-se de estudos

    a respeito do quorum sensing (QS). QS o termo empregado para descrever como as

    bactrias se comunicam com as outras para coordenar a expresso gnica dentro da

    populao. A inibio do QS atravs do uso de homoserinolactonas a base para o controle

    dos biofilmes (Simes et al., 2007).

    1.5.1 Fatores que contribuem para a formao dos biofilmes nos sistemas detratamento e distribuio de gua potvel

    A maioria das bactrias em ambientes oligotrficos cresce em biofilmes em vez de

    crescerem como clulas individuais planctnicas. Isto porque os biofilmes podem prover um

    grau de proteo e estabilidade em relao s mudanas do ambiente (Stoodley e Stoodley,

    2004). Os principais fatores que favorecem o crescimento de biofilmes nos sistemas de

    tratamento e distribuio de gua potvel so: fatores ambientais, presena de nutrientes,

    interaes microbianas, material da tubulao, hidrulica do sistema, resduo desinfetante e

    acumulao de sedimentos (EPA, 2002).

    Temperaturas mais amenas facilitam o crescimento microbiano e diminuem a

    eficincia dos desinfetantes. Outros fatores ambientais que afetam o desenvolvimento do

    biofilme so turbidez da gua final e pH. A turbidez pode interferir com a desinfeco j que

    as partculas podem proteger os patgenos adsorvidos a elas, impedindo que eles entrem emcontato com o desinfetante enquanto o pH influencia a efetividade dos desinfetantes ou

    mesmo podem causar o destacamento dos coliformes dos biofilmes (EPA, 2002).

    Os nutrientes tendem a se acumular na interface slido/lquido, criando um ambiente

    favorvel para o crescimento do biofilme (Lechevallier, 1989). A acumulao de depsitos

    nos sistemas gerada por muitos mecanismos, entre eles, a precipitao, floculao e

    sedimentao de material durante o tratamento da gua ou corroso da superfcie da tubulao

    (Batt et al., 2003).

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    13/35

    A ausncia ou presena de nutrientes especficos pode selecionar uma populao

    microbiana, incluindo os patgenos. No entanto, alguns microorganismos, como a P.

    aeruginosa, especialmente verstil em relao aos nutrientes orgnicos que ela pode usar

    (WHO, 2002).

    Alguns microorganismos oportunistas como L. pneumophila e patgenos primrios

    como V. cholerae e E. coli 0157:H7 sobrevivem e at crescem dentro de certas amebas e

    portanto, esto protegidos da desinfeco (Barker e Brown, 1994).

    Em relao ao material da tubulao, alguns so especialmente favorveis ao

    desenvolvimento de biofilme. Enquanto alguns provm um nicho onde o crescimento pode

    ocorrer, outros provm nutrientes que mantm o crescimento microbiano (WHO, 2002). Atubulao antiga e de ferro, facilita a formao de tubrculos que so primariamente xidos de

    ferro (Tuovinen et al., 1980) que adsorvem matria orgnica (Geldreich, 1996). O

    sloughing dentro da coluna d`gua tambm pode ocorrer como resultado de um alto nvel

    de biofilmes sobre a tubulao de ferro (Norton e Lechevallier, 2000).

    Uma variedade de fatores relacionados hidrulica do sistema como longos tempos de

    residncia devido a baixas taxas de fluxo ou tubulao em looping, altas taxas de fluxo, ou

    mesmo taxas flutuantes de fluxo, podem influenciar a sobrevivncia e crescimento de

    microorganismos em biofilmes. Uma velocidade muito elevada de gua na tubulao pode

    aumentar o nvel de nutrientes e desinfetantes em contato com o biofilme, bem como causar o

    despreendimento dos biofilmes que podem conter patgenos da superfcie da tubulao. A

    reverso do fluxo tambm pode causar o espalhamento de biofilmes que por sua vez, levam

    ao desprendimento de microorganismos dos biofilmes que podem se acumular em reas de

    baixo fluxo (WHO, 2002).

    Uma vez que o biofilme estabilizado, ele pode demandar uma alta taxa de cloro

    residual (maior que 0,2 mg/L) para reduzir os nveis microbianos significativamente

    (Lechevallier, 1989). No entanto, a manuteno de altos nveis de cloro pode ser complicada

    pela necessidade de controlar os subprodutos e a corroso da tubulao e tambm os

    problemas relacionados ao sabor e odor da gua (WHO, 2002).

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    14/35

    1.6 Doenas transmitidas pela gua

    Muitas doenas esto relacionadas gua. De acordo com a causa, estas doenaspodem ser classificadas em quatro tipos (Maier et al., 2009):

    Transmisso hdrica. Os microorganismos patognicos so de origem fecal; transmissopor ingesto.

    Privao hdrica. Microorganismos de origem fecal; transmisso por contato devido falta de saneamento ou higiene.

    Base hdrica. Organismos originrios da gua ou com parte do ciclo de vida na gua;transmisso por contato dos humanos com gua ou por inalao.

    Criao hdrica. Microorganismos com ciclos de vida associados a insetos que vivem ouproliferam na gua.

    A via de transmisso mais relevante das doenas de transmisso hdrica a fecal-oral.

    Os microorganismos atingem a gua atravs das excretas de humanos ou outros animais

    infectados e esta gua ao ser ingerida ou utilizada no preparo de alimentos, pode causar

    distrbios gastrointestinais. Outras vias correspondem inalao e contato direto (Figura 2).

    Figura 2 -Vias de transmisso de microorganismos patognicos

    FONTE: WHO (2004)

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    15/35

    Os organismos que podem ser transmitidos pela via fecal-oral atravs da gua de

    consumo humano esto listados na Tabela 1.

    Tabela 1 - Patgenos de transmisso fecal-oral e sua significncia nos suprimentos de gua

    potvel

    FONTE: adaptado de WHO, 2004

    (a) Perodo de deteco da forma infecciosa na gua a 20 C: baixa-at uma semana, moderada-1 semana a 1

    ms, elevada>1 ms.

    (b) Dose para causar infeco em 50% em voluntrios sadios

    Patgeno Significncia

    sanitria

    Persistncia

    na gua

    Resistncia

    ao cloro (a)

    Dose

    infectante

    (b)

    Reservatrio

    animal

    Bactrias

    Campylobacter

    jejuni

    Alta Moderada Baixa Moderada Sim

    E. coli

    patognica

    Alta Moderada Baixa Alta Sim

    Salmonella

    typhi

    Alta Moderada Baixa Alta No

    Outras

    Salmonellae

    Alta Prolongada Baixa Alta Sim

    Shigellaspp. Alta Curta Baixa Moderada No

    Vibrio cholerae Alta Curta Baixa Elevada No

    Yersinia

    enterocolitica

    Alta Prolongada Baixa Elevada

    (?)

    No

    Pseudomonas

    aeruginosa

    Moderada Pode

    multiplicar-

    se

    Moderada Elevada

    (?)

    No

    Aeromonas spp Moderada Pode

    multiplicar-

    se

    Baixa Elevada

    (?)

    No

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    16/35

    1.6.1 Surtos de doenas de transmisso hdrica

    Surtos causados por bactrias de transmisso hdrica continuam ocorrendo naatualidade, apesar de todos os aprimoramentos da tecnologia de tratamento de gua e de

    desinfeco. Estes surtos no esto confinados a pases em desenvolvimento, onde a

    infraestrutura de tratamento e distribuio de gua mais precria, mas ocorrem tambm em

    pases desenvolvidos.

    Em janeiro de 1991, uma epidemia de clera iniciada no Per, resultou em mais de

    533.000 casos e 4700 mortes dentre 19 pases da Amrica do Sul. Na cidade de Trujillo, a

    gua no era clorada e sua contaminao era comum (Swerdlow et al., 1992a). Outros fatoresque contriburam para o espalhamento da contaminao foram ligaes cruzadas irregulares, e

    baixa e intermitente presso da gua na rede (WHO, 2004).

    Outro grande surto ocorreu nos EUA, em 1992, em um pequeno povoado em

    Missouri, onde havia um abastecimento de gua no clorada (Swerdlow et al., 1992b). O

    microorganismo em questo foi a cepa enterohemorrgica E.coliO157:H7 que provocou 243

    casos. Um estudo mostrou que durante o pico do surto, a diarria sanguinolenta ocorreu 18.2

    vezes mais nas pessoas que viviam na cidade e que e que usavam a gua municipal do que nas

    pessoas que viviam fora da cidade e utilizavam gua de fontes particulares. O nmero de

    casos declinou quando os residentes foram ordenados a ferver a gua e a gua de

    abastecimento foi clorada.

    Em 2000, Walkerton, uma pequena cidade do Canad, sofreu um surto onde quase

    metade da populao apresentou gastroenterite causando a morte de seis pessoas. Os

    patgenos primeiramente identificados foram E. coli O157:H7 e Campylobacter jejuni

    embora outros patgenos tambm estavam presentes. O surto foi atribudo contaminao de

    um poo raso por esterco de gado de uma fazenda prxima seguida de um intenso perodo de

    chuvas (Hrudey et al., 2003).

    Embora P.aeruginosa no tenha sido conclusivamente relacionada em um surto de

    veiculao hdrica, est muito relacionada a surtos em hospitais (EPA, 2002).

    O caso clssico causado por L. pneumophila ocorreu em 1976 em Filadlfia, EUA.

    Um surto de pneumonia acometeu a American Legion Conventione, por isso, a doena foi

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    17/35

    denominada Doena dos Legionrios. O microorganismo s foi identificado depois de uma

    exaustiva investigao microbiolgica.

    1.7 Crescimento de microorganismos nos sistemas tratamento e distribuio de guapotvel

    Os sistemas de distribuio de gua potvel podem representar um hbitat favorvel ao

    desenvolvimento dos microorganismos. Os principais fatores que controlam o crescimento

    bacteriano neste ambiente so: temperatura, pH, oxignio, nutrientes, variaes hidrulicas e

    caractersticas dos materiais.

    O crescimento microbiano na superfcie das tubulaes da rede de distribuio pode

    causar vrios problemas como corroso (Beech e Sunner, 2004), formao de biofilmes

    (Camper, 2004) e a consequente persistncia dos patgenos (Emtiazi et al., 2004),

    deteriorao da qualidade esttica da gua (sabor, odor e descolorao) e interferncia nos

    mtodos utilizados para monitorar os parmetros de potabilidade da gua (WHO, 2004). Uma

    vez que os microorganismos patognicos podem tambm estar presentes nos sistemas de

    distribuio, isto se torna um problema de sade pblica, pois podem ocorrer surtos de

    doenas de veiculao hdrica.

    Nos sistemas de distribuio, a relao volume:superfcie drasticamente diferente

    dos reatores e reservatrios; estima-se que 95% da biomassa presente nos sistemas esteja

    aderida s paredes em contato prximo com a gua (Flemming et al., 2002), contribuindo para

    a contaminao da mesma (Block, 1992).

    1.7.1 Patgenos

    Nos estudos dos patgenos nos sistemas de distribuio so analisados os seguintes

    aspectos: monitoramento da qualidade higinica da gua, avaliao dos padres de

    transmisso dos surtos de doenas de veiculao hdrica, esclarecimento das fontes

    microbianas de contaminao e por fim, entendimento da emergncia de novosmicroorganismos patognicos (Brettar e Hfle, 2008).

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    18/35

    As maiores fontes de bactrias patognicas so o esgoto, principalmente o oriundo de

    hospitais e o inadequadamente tratado das grandes reas urbanas (Brettar e Hfle, 2008).

    A maioria das bactrias nos sistemas de distribuio ocorrem dentro de biofilmes(Szewzyk et al., 2000) e estes podem atuar como uma forma de proteo contra condies

    ambientais extremas (September et al., 2007) para os patgenos alvo deste estudo. Sendo

    assim, os biofilmes podem se tornar um reservatrio para o susbsequente espalhamento de

    organismos patognicos (Camper et al., 1996).

    Alm disso, patgenos que sobreviveram ao tratamento podem colonizar um biofilme

    pr-existente, onde podem crescer e mais tarde serem liberados no fluxo de gua. Os

    patgenos liberados na gua representam um risco aos consumidores (September et al., 2007).

    A maioria dos microorganismos em biofilmes de gua potvel so bactrias Gram

    negativas, particularmente patgenos oportunistas como Pseudomonas spp. Pseudomonas

    aeruginosa sensvel desinfeco e sua entrada no sistema de distribuio pode ser

    minimizada por desinfeco adequada, medidas de controle de crescimento de biofilmes

    restrio do tempo de residncia da gua no sistema e manuteno dos resduos desinfetantes

    (WHO, 2006).

    September et al. (2007) coletaram amostras de biofilme de sistemas de distribuio

    assim como de reservatrios domsticos na frica do Sul a fim de determinar a prevalncia de

    patgenos, dentre eles:Aeromonas,E.coli,Pseudomonas, Salmonella, Shigellae Vibrio. Estes

    microorganismos foram selecionados com base na anlise da qualidade da gua bruta nos

    mananciais de abastecimento. Os autores concluram que os sistemas de distribuio menores

    apresentam nmeros maiores de patgenos do que os grandes sistemas. Outra concluso

    importante foi a constatao da inadequao dos meios seletivos utilizados; nenhuma dasamostras putativas de Salmonella e Shigellapuderam ser confirmadas, indicando que estes

    patgenos no podem ser recuperados por mtodos de cultivo em se tratando de biofilmes

    relacionados aos sistemas de distribuio.

    Legionella spp. tambm um patgeno tipicamente encontrado em biofilmes e em

    sistemas de distribuio j que muito resistente ao cloro (Maier et al., 2009). Como os

    biofilmes demonstram ser um fator importante no crescimento de Legionellanos ambientes

    de gua potvel (Rogers e Keevil, 1992), medidas de controle do crescimento dos biofilmesassim como controle da temperatura podem minimizar o risco de infeco por este

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    19/35

    microorganismo. De acordo com Steinert et al. (1998),Acanthamoeba polyphagapode conter

    altos nveis de L. pneumophila, protegendo as clulas contra os desinfetantes. Havendo

    depleo do desinfetante, pode ocorrer a recolonizao dos biofilmes pelos patgenos que

    estavam protegidos na ameba (Thomas et al, 2004).

    Geralmente as espcies de Klebsiella detectadas em gua potvel so organismos

    localizados em biofilmes, porm estes no representam um risco sade, pois so organismos

    razoavelmente sensveis aos desinfetantes e sua entrada nos sistemas de distribuio pode ser

    prevenida pelo tratamento adequado da gua (WHO, 2006).

    Embora Shaphylococcus aureus possa ocorrer nos sistemas de distribuio, no h

    evidncia de transmisso atravs do consumo de gua potvel. Apesar de ser altamenteresistente aos resduos de cloro, sua presena na gua controlada por tratamentos

    convencionais e processos de desinfeco

    A habilidade de Aeromonas sp crescer e sobreviver na gua potvel, tem sido

    demonstrada em diversos estudos devido ao potencial de se desenvolver em biofilmes (Sen e

    Rodgers, 2004). Havelaar et al. (1990), reportaram o recrescimento na maior parte do sistema

    de distribuio analisado.

    Resultados baseados em estudos de laboratrio sugerem que os biofilmes representam

    um mecanismo eficaz de persistncia das espcies de Vibrio no ambiente. Uma pesquisa

    epidemiolgica e ecolgica no ecossistema da costa da baa de Bengala produziu evidncias

    de que Vibrio choleraeO1 em estado no cultivvel, estava presente em biofilmes coletados

    de corpos d`gua que serviam de fonte de gua potvel para uma rea de Bangladesh onde

    surtos de clera ocorrem anualmente (Alam et al., 2006).

    Estudos recentes tm reportado a sobrevivncia de Campylobacterspp. em biofilmes

    (Buswell et al., 1998). A deteco deCampylobacter jejuni na gua problemtica devido aos

    baixos nmeros e ao crescimento lento do organismo. As tcnicas de cultivo apresentam

    falhas no que diz respeito ao isolamento de microorganismos de amostras provenientes de

    guas contaminadas que possam ser a causa de epidemias recorrendo-se, portanto, aos

    mtodos moleculares (Ferreira Miguel, 2007).

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    20/35

    1.7.1.1Shigella spp.

    Pertencentes famlia Enterobacteriacea, so bacilos Gram negativos, no mteis,que crescem tanto na presena quanto na ausncia de oxignio. Os membros deste gnero

    possuem um padro antignico complexo e so divididos em 4 espcies: S. flexneri, S. sonnei,

    S. dysenteriae e S. boydii (WHO, 2006). Shigellaspp. um gnero muito relacionado E.

    coli, no entanto as espcies de Shigellaso geralmente patognicas ao homem podendo causar

    uma gastroenterite grave (Madigan, 2004).

    geralmente encontrada em guas poludas com esgoto humano e transmitida pela

    rota fecal-oral (Maier, 2009).

    Sua presena em gua potvel sugere contaminao recente uma vez que so

    particularmente instveis em ambientes aquticos e so sensveis desinfeco. E. coli um

    ndice adequado indicao da presena de Shigella spp. nos sistemas de abastecimento de

    gua potvel.

    1.6.1.2Salmonell a spp.

    Salmonella um grande grupo de bacilos, Gram negativos, no mteis, que no

    fermentam a lactose, mas produzem gs ou H2S a partir da fermentao de carboidratos.

    Compreendem mais de 2000 sorotipos conhecidos que so membros da famlia

    Enterobacteriaceae. Todos os sorotipos so patognicos a humanos e podem causar uma srie

    de sintomas variando desde uma gastroenterite branda a uma doena severa ou mesmo morte

    (Maier, 2009).

    Est amplamente distribuda no ambiente e particularmente S. typhi e paratyphi so

    restritas a humanos, embora S. paratyphi possa ser raramente encontrado em animais

    domsticos. Os patgenos tipicamente entram no sistema de distribuio de gua potvel

    atravs da contaminao fecal por descargas de esgotos, de gado e animais selvagens, sendo a

    rota de transmisso fecal oral. Esta transmisso, mais comumente envolvendo S. typhimurium,

    tem sido associada com o consumo de gua subterrnea e abastecimento de guas superficiaiscontaminados (WHO, 2006).

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    21/35

    Salmonellaspp. relativamente sensvel desinfeco e E.coli um ndice adequado

    para a indicao da presena de salmonelas em sistemas de fornecimento de gua potvel

    (WHO, 2006).

    1.7.1.3Aeromonas spp.

    Aeromonasspp. so bacilos anaerbios facultativos no formadores de esporos, Gram-

    negativos e pertencentes famlia Aeromonadacae. As espcies mais importantes para a

    sade humana so A.hydrofila, A. caviae, A. veronii subsp. sobria, A. jandaei, A.veronii

    subsp. veronii andA. schubertii (CETESB, 2009).

    So geralmente encontradas em guas doces e tm sido detectadas em sistemas de

    distribuio, porm os dados disponveis no so suficientes para comprovar sua transmisso

    hdrica. Medidas de controle para otimizar a remoo de carbono orgnico, restrio do tempo

    de residncia na gua do sistema de distribuio e manuteno dos resduos desinfetantes,

    podem limitar o crescimento desta bactria neste ambiente (WHO, 2006).

    Tem sido considerada problemtica uma vez que pode gerar resultados falsos positivos

    na contagem de coliformes e, por isso, a E. colino um ndice adequado para indicar sua

    presena (WHO, 2006).

    1.7.1.4Pseudomonas aeruginosa

    um bacilo Gram negativo, aerbio, no esporulante e membro da famlia

    Pseudomonadacea.Algumas linhagens produzem um pigmento no fluorescente denominado

    piocianina enquanto outras adicionalmente produzem um pigmento fluorescente verde, a

    pioverdina. Pseudomonas aeruginosa, assim como outras linhagens fluorescentes, produz

    catalase, oxidase e amnia a partir de degradao da arginina e pode crescer com citrato como

    fonte de carbono (Madigan, 2004).

    Por ser um microorganismo ubquo, pode ser isolado de diversas fontes, inclusive deambientes hospitalares, sistemas de aquecimento de gua e piscinas. Raramente causa doenas

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    22/35

    em indivduos saudveis, mas o patgeno oportunista que mais causa infeces em

    indivduos imunocomprometidos e vtimas de queimaduras e geralmente causa infeces nos

    olhos e sistema respiratrio. Numerosos casos de foliculite, dermatite e infeces do trato

    urinrio foram reportados devido P.aeruginosa associada gua de piscina contaminada

    (Maier et al., 2009). Trata-se de organismo extremamente resistentes maioria dos

    antibiticos pela transferncia de plasmdeos de resistncia (Madigan, 2004).

    Apesar da ingesto no ser uma fonte importante de infeco, a presena de altos

    nmeros em gua potvel pode estar relacionada com queixas em relao ao sabor, odor e

    turbidez. sensvel desinfeco e medidas de controle do crescimento de biofilmes

    incluindo tratamento para otimizao da remoo do carbono orgnico, reduo de tempo de

    residncia da gua nos sistemas de distribuio e manuteno dos resduos desinfetantes

    dever reduzir o crescimento deste microorganismo. Por ser um microorganismo comum no

    ambiente,E. colino adequada para detectar sua presena (WHO, 2006).

    1.7.1.5Staphylococcus aureus

    Este gnero de coco Gram positivo, no esporulante, aerbio, catalase positivo

    relativamente resistentes a potenciais de gua reduzidos , exibindo tolerncia ao dessecamento

    e s condies de alta salinidade (Madigan, 2004).

    Apesar de S.aureusser membro da flora microbiana normal da pele humana, pode ser

    liberado por contato humano em ambientes aquticos e tambm tem sido detectado em gua

    potvel (WHO, 2006).

    O contato com as mos a via mais comum de transmisso e no existem relatos de

    transmisso de doena pela ingesto de gua contaminada. Como o microorganismo no

    originado de material fecal, a E. coli no uma indicadora adequada de sua presena

    (CETESB, 2009).

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    23/35

    1.7.1.6Campylobacter spp.

    Campylobacter spp. um bacilo curvado e espiral com um flagelo polar

    desembainhado, Gram negativo e microaeroflico.

    frequentemente isolado de gado saudvel, frangos e aves e, portanto, carne e leite

    no pasteurizado so importantes fontes de infeco. gua potvel contaminada tem sido

    implicada como fonte de organismos em surtos (WHO, 2006).

    Medidas de controle podem ser aplicadas para gerenciar o risco potencial de

    Campylobacter spp. incluindo proteo das guas brutas de dejetos animais e humanos,

    tratamento adequado e proteo da gua durante a distribuio. Os estoques de guas tratadas

    e desinfectadas devem ser protegidos das fezes de aves. Campylobacterspp. so patgenos de

    origem fecal e no so particularmente resistentes desinfeco. Deste modo, a E.coli um

    indicador apropriado da presena/ausncia de Campylobacterspp. nos suprimentos de gua

    potvel (WHO, 2006).

    1.7.1.7Legionell a spp.

    Legionellaspp, um gnero pertencente famliaLegionellaceae , e que compreende

    bacilos Gram negativos, no formadores de esporos e que requerem L cistena para o

    crescimento. So heterotrficas encontradas em ambientes aquticos e podem proliferar a

    temperaturas acima de 25 C (WHO, 2006).

    No mnimo 40 espcies de legionelas tm sido relacionadas a doenas, mas a espciemais proeminente L. pneumophila. o agente causador da febre Pontiac (casos brandos e

    autolimitantes) e doenas dos legionrios (infeces com pneumonia). A rota mais comum de

    infeco a inalao de aerossis sendo a aspirao identificada como rota em alguns casos.

    No h evidncia de transmisso intrapessoal (WHO, 2006).

    Este microorganismo est associado ao ambiente aqutico tanto natural como artificial

    e tem sido isolado de gua potvel, gua subterrnea e superficial. Muitos autores tm isolado

    Legionella spp. de ambientes artificiais como reservatrios de torres de resfriamento,

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    24/35

    condensadores evaporativos, aquecedores de gua, chuveiros etc (Kim et al., 2002; Mampel et

    al., 2006; Pereira et al., 1990).

    Esta bactria pode ser de vida livre, planctnica, estar associada a biofilmes ou aindaser parasita intracelular de protozorios (Carvalho et al., 2007). Estes protozorios podem

    providenciar um ambiente intracelular para a multiplicao bem como manuteno e seleo

    de cepas virulentas (Lau e Ashbolt, 2009). Legionella spp. pode se desenvolver em pelo

    menos 20 espcies de amebas, duas espcies de protozorios ciliados e uma espcie de bolor

    (Lau e Ashbolt, 2009).

    Legionellaspp. no detectada por tcnicas de isolamento de heterotrficas e E. coli

    no um ndice adequado para indicar presena deste organismo.

    1.7.1.8Linhagens patognicas deEscherichi a coli

    E.coli est presente em grandes nmeros na microbiota intestinal de humanos e

    animais de sangue quente onde geralmente no causa danos. Entretanto, em algumas partes do

    corpo, pode causar doenas graves como infeces do trato urinrio, bacteremia e meningite.

    Um nmero limitado de linhagens enteropatognicas pode causar diarria aguda. Muitas

    classes de E.coli enteropatognicas tm sido identificadas com base na diferenciao dos

    fatores de virulncia incluindo E. colienterohemorrgica (EHEC), enterotoxignica (ETEC),

    enteropatognica (EPEC), enteroinvasiva (EIEC), enteroagregativa (EAEC) e por fim,

    difusamente aderente DAEC (CETESB, 2009).

    Para todas, o via de trasmisso fecal-oral (Maier et al. 2004) e podem causar desdeuma diarria at colite hemorrgica ou disenteria.

    A transmisso pela gua das E.coli enteropatognicas tm sido documentadas para

    guas recreacionais e gua potvel contaminada. Em sistemas de distribuio, medidas de

    controle podem ser aplicadas para gerenciar o risco potencial incluindo proteo da gua bruta

    dos dejetos de animais e humanos, tratamento adequado e proteo da gua durante a

    distribuio.

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    25/35

    1.7.1.9Vibrio spp.

    O grupo Vibrio composto de bacilos Gram negativos aerbios facultativos e bacilos

    curvos com metabolismo fermentativo, sendo que a maioria apresenta flagelos polares

    (Madigan, 2004). So classificados de acordo com o antgeno O, destacando-se os sorotipos

    O1 e O139 de V. choleraeque causam clera (CETESB, 2009).

    O sorotipo O1 ainda dividido em dois biotipos, o clssico e o El Tor. Os humanos

    so os nicos hospedeiros naturais conhecidos, embora reservatrios ambientais podem

    existir, aparentemente em associao com coppodos e fitoplanctn (Maier, 2004).

    A clera tipicamente transmitida pela rota fecal-oral e predominantemente

    contrada pela ingesto de gua ou alimentos contaminados por fezes, disseminando-se

    rapidamente nos locais onde as condies sanitrias so inadequadas (CETESB, 2009).

    V. cholerae altamente sensvel aos processos de desinfeco. Os sorotipos O1 e no-

    O1 tm sido detectados na ausncia deE.colie, portanto, este no um ndice adequado para

    vibrios em gua potvel (WHO, 2006).

    1.7.1.10Klebsiella spp.

    Klebsiella spp., so bacilos Gram negativos, no mteis que pertencem famlia

    Enterobacteriaceae. Aproximadamente 60-80 % de todas as Klebsiella spp. isoladas de fezes

    ou espcimes clnicas, so K. pneumoniae. K. oxytoca tambm tem sido identifiada como

    patognica. No considerada uma fonte de doena gastrointestinal pela ingesto de guapotvel, mas pode causar infeces nosocomiais por causa da colonizao de torneiras (WHO,

    2006)

    Klebsiella spp. capaz de sobreviver e at crescer em biofilmes de sistemas de

    tratamento de gua potvel e tanques de armazenamento (LeChevallier, 1987).

    Como Klebsiella spp. um coliforme, pode ser detectado por mtodos tradicionais

    para coliformes totais (WHO, 2006).

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    26/35

    5 CONCLUSES

    Apesar da deteco dos coliformes totais e termotolerantes serem o principal alvo nos

    programas de monitoramento, tambm deve ser dada ateno aos microorganismos

    patognicos e populao geral de microorganismos visto que alguns deles so patgenos

    oportunistas. Alm disso, a E. coli no um ndice adequado para indicar a presena da

    maioria dos microorganismos deste estudo.

    Os meios seletivos para testes presuntivos no se mostraram confiveis uma vez que

    muitas amostras presuntivas no foram confirmadas por PCR ou teste bioqumico especfico.

    Como algumas bactrias podem entrar em estado vivel, mas no cultivvel, osresultados dependentes de cultivo devem ser complementados com mtodos que no

    dependam de cultura.

    A desagregao se mostrou eficiente na homogeneizao das amostras de biofilme

    afetando muito pouco a viabilidade das clulas.

    A tcnica de PCR se mostrou sensvel deteco de DNA em baixas concentraes.

    Para a extrao de DNA, as bactrias Gram negativas, com exceo de S. flexneri, o mtodo

    de choque trmico teve um maior rendimento de cido nuclico.

    Devido ao alto nmero de deteco de bactrias potencialmente patognicas, os

    biofilmes possivelmente servem como reservatrio de patgenos. Muitos destes organismos

    podem persistir nos biofilmes e serem liberados na gua, representando um problema de

    sade pblica que deve ser includo na avaliao de risco aplicado aos patgenos relacionados

    gua. No entanto, os resultados no so ainda conclusivos uma vez que o seqenciamento

    no foi realizado.

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    27/35

    REFERNCIAS*

    Alam M, Hasan NA, Sadique A, Bhuiyan N, Ahmed KU, Nusrin S. Seasonal cholera caused

    by Vibrio cholerae serogroups O1 and O139 in the coastal aquatic environment of

    Bangladesh. Applied and Environmental Microbiology, 2006;72(6):40964104.

    American Public Health Associaton. Standard methods for the examination of water and

    wastewater. Disponvel em: [2010 mar 9].

    Barker J, Brown M, et al. Trojan horses of the microbial world: protozoa and the survival of

    bacterial pathogens in the environment. Microbiology,1994;140:1253.

    Batt M, Appenzeller B, Grandjean D, Fass S, Gauthier V, Jorand F, et al. Bio films in

    drinking water distribution systems. Reviews in Environmental Science and Biotechnology,

    2003;2(2):147168.

    Beech IB, Sunner J. Biocorrosion: towards understanding interactions between bio films and

    metals. Current Opinion in Biotechnology, 2004;15(3):181186.

    Binsztein N, et al. Viable but nonculturable Vibrio cholerae O1 in the aquatic environment of

    Argentina. Applied and Environmental Microbiology. 2004;70(12):7481.

    Bitton G. Wastewater Microbiology. New Jersey: Wiley Online Library; 1994.746 p.

    Block JC. Biofilms in drinking water distribution systems. Em: Melo, L.M., Fletcher, M.M.,Bott, T.R., Capdeville, L. (eds.): Biofilms science and technology. Kluwer Acad. Publ.,

    Doordrecht; 469486.

    Bradford MM. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of

    protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry.

    1976;72(1):248254.

    *De acordo com: International Committee of Medical Journal Editors. Uniform requirements for manuscriptssubmetted to Biomedical Journal: sample references. Available from: http//www.icmje.org [2007 May 22].

    http://www.standardmethods.org/store/http://www.standardmethods.org/store/
  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    28/35

    Brettar I, Hfle M. Influence of ecosystematic factors on survival of Escherichia coli after

    large-scale release into lake water mesocosms. Applied and Environmental Microbiology,

    1992;58(7):22012210.

    Brettar I, Hofle MG. Molecular assessment of bacterial pathogensa contribution to drinking

    water safety. Current Opinion in Biotechnology, 2008;19(3):274280.

    Buswell CM, Herlihy YM, Lawrence LM, McGuiggan J, Marsh PD, Keevil CW, et al.

    Extended survival and persistence of Campylobacter spp. in water and aquatic bio films and

    their detection by immunofluorescent-antibody and-rRNA staining. Applied and

    Environmental Microbiology, 1998;64(2):733.

    Camper AK, Jones WL, Hayes JT. Effect of growth conditions and substratum composition

    on the persistence of coliforms in mixed-population biofilms. Applied and Environmental

    Microbiology, 1996;62(11):4014.

    Camper AK. Involvement of humic substances in regrowth. International journal of food

    microbiology, 2004;92(3):355364.

    Carvalho FRS, Foronda AS, Pellizari VH. Detection ofLegionella pneumophilain water and

    biofilm samples by culture and molecular methods from man-made systems in So Paulo-

    Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, 2007;38(4):743751.

    CETESB (1993). Enterococos - determinao pela tcnica de membrana filtrante: mtodo de

    ensaio. Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.

    CETESB (2009). Tcnicas de anlises bacteriolgicas da gua: membrana filtrante.

    Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Apostila.

    Costerton JW, Lewandowski Z, Caldwell DE, Korber DR, Lappin-Scott HM. Microbial

    biofilms. Annual Reviews in Microbiology, 1995;49(1):711745.

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    29/35

    Davey ME, Otoole GA. Microbial biofilms: from ecology to molecular genetics.

    Microbiology and Molecular Biology Reviews, 2000;64(4):847.

    Dogsa I, Kriechbaum M, Stopar D, Laggner P. Structure of bacterial extracellular polymeric

    substances at different pH values as determined by SAXS. Biophysical Journal,

    2005;89(4):27112720.

    Vital M, Stucki D, Egli T, Hammes F. Evaluation the growth potential of pathogenic bacteria

    in water. Applied and Environmental Microbiology, 2010; 76(19):6477.

    Egli T. How to live at a very low concentration. Water Research, 2010; 44: 4826-4837.

    Emtiazi F, Schwartz T, Marten SM, Krolla-Sidenstein P, Obst U. Investigation of natural

    biofilms formed during the production of drinking water from surface water embankment

    filtration. Water Research, 2004;38(5):11971206.

    Evans RC, Holmes CJ. Effect of vancomycin hydrochloride on Staphylococcus epidermidis

    biofilm associated with silicone elastomer. Antimicrobial. Agents Chemotheraphy,1987;31(6):889.

    Environmental Protection Agency: 2002. Health risks from microbial growth and biofioms in

    drinking water distribution systems environmental protection agency. Pennsylvania, 2002.

    Flemming HC. Biofilms and environmental protection.. Water Science & Technology,

    1993;27(7-8):110

    Flemming H, Percival S, Walker J. Contamination potential of biofilms in water distribution

    systems. Water Supply, 2002;2(1):271280.

    Fox KR, Reasoner DJ, Gerting KR . Water, quality in source water, treatment and distribution

    systems. In Waterborne Pathogens 2nd ed. Denver: American Water Works Association,

    2006; 21-34.

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    30/35

    Geldreich EE. Microbial quality of water supply in distribution systems. Boca Raton: Lewis

    Publishers, 1996.

    Gilbert P, Das J, Foley I. Biofilm susceptibility to antimicrobials. Advances in Dental

    Research, 1997;11(1):160167.

    Hall-Stoodley L, Costerton JW, Stoodley P. Bacterial biofilms: from the natural environment

    to infectious diseases. Nature Reviews Microbiology, 2004;2(2):95108.

    Hartman AB, Venkatesan M, Oaks E, Buysse J. Sequence and molecular characterization of a

    multicopy invasion plasmid antigen gene, ipaH, of Shigellaflexneri. Journal of Bacteriology,

    1990;172(4):1905.

    Harwood V, Delahoya N, Ulrich R, Kramer M, Whitlock J, Garey J. Molecular confirma tion

    of Enterococcus faecalis and E. faecium from clinical, faecal and environmental sources.

    Letters in Applied Microbiology, 2004;38(6):476482.

    Havelaar A, Versteegh J, During M. The presence of Aeromonas in drinking water supplies inThe Netherlands. Zentralblatt fr Hygiene und Umweltmedizin. International Journal of

    Hygiene and Environmental Medicine, 1990;190(3):236.

    Heuer H., Krsek M., Baker P., Smalla K. Wellington M. H. E. Analysis of actinomycete

    communities by specific amplification of genes encoding 16S rRNA and gel-electrophoretic

    separation in denaturating gradients. Applied Environment Microbiology, 1997; 63:3233-

    3241.

    Hutchinson M, Ridgway J. Microbiological aspects of drinking water supplies. Aquatic

    Microbiology, 1977;p. 179218.

    Kapley A, Lampel K, Purohit HJ. Development of duplex PCR for the detection of

    Salmonellaand Vibrioin drinking water. World Journal of Microbiology and Biotechnology,

    2000;16(5):457458.

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    31/35

    Kim B, Anderson J, Mueller S, Gaines W, Kendall A. Literature reviewefficacy of various

    disinfectants against Legionella in water systems. Water Research, 2002;36(18):44334444.

    Koneman EW, Allen SD, Janda W, Schreckenberger P, Winn W. Color atlas and textbook of

    diagnostic microbiology. Riverwoods: Lippincott Williams & Wilkins; 1988.

    Lane A. N. Solution conformation and dynamics of the octadeoxy-nucleotide

    d(CACTAGTG)2: A multinuclear n.m.r. relaxation study. Carbohydrate Research, 1991; 221:

    123-144.

    LeChevallier MW, McFeters GA. Enumerating injured coliforms in drinking water. Journal of

    the American Water Works Association, 1985;77(6):817.

    LeChevallier MW, McFeters GA. Interactions between heterotrophic plate count bacteria and

    coliform organisms. Applied and Environmental Microbiology, 1985;49(5):1338.

    LeChevallier MW, Babcock TM, Lee RG. Examination and characterization of distribution

    system biofilms. Applied and Environmental Microbiology, 1987;53(12):27142724.

    LeChevallier M. Treatment to meet the microbiological MCL in the face of a coliform

    regrowth problem. In: Proc. AWWA Water Quality Tech. Conf., Philadelphia, PA. American

    Waterworks Association Denver, CO; 1989.

    LeChevallier MW. Coliform regrowth in drinking water: a review. Journal-American Water

    Works Association, 1990;82(11):7486.

    Lee DY, Shannon K, Beaudette LA. Detection of bacterial pathogens in municipal wastewater

    using an oligonucleotide microarray and real-time quantitative PCR. Journal of

    Microbiological Methods, 2006;65(3):453467.

    Madigan MT, Martinko JM, Dunlap PV, Clark DP. Microbiologia de Brock. 2 ed. So Paulo:

    Pearson Education, 2004.

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    32/35

    Maier RM, Pepper IL, Gerba CP. Environmental microbiology. 2nd ed. San Diego: Academic

    Press; 2009.

    Mampel J, Spirig T, Weber SS, Haagensen JAJ, Molin S, Hilbi H. Planktonic replication is

    essential for biofilm formation byLegionella pneumophilain a complex medium under static

    and dynamic flow conditions. Applied and Environmental Microbiology, 2006;72(4):2885.

    Martinez FO, Lema J, Mndez R, Cuervo-Lopez F, Role of exopolymeric protein on the

    settleability of nitrifying sludges. Bioresources Technology, 2004; 94:4348.

    Michalowski WD, Bressler D, Broekman S, Flemming H-C, Wingender J. Extracellular

    polymeric substances in drinking water biofilms. Disponvel em:

    Norton CD, LeChevallier MW. A pilot study of bacteriological population changes through

    potable water treatment and distribution. Applied and Environmental Microbiology,

    2000;66(1):268.

    Oliver JD. Recent findings on the viable nut nonculturable state in pathogenic bacteria. FEMS

    icrobiology, 2010; 34:415-425.

    Ortiz N, Godi EL, Polakiewicz L, Pires MAF. Monitoramento de guas de superfcie

    densamente poludas O crrego Pirajuara localizado na Regio Metropolitana de So

    Paulo. Exacta, 2008;6(2):245-257.

    Pepper IL, Gerba CP, Brusseau, ML. Environmental and Pollution Science. Academic Press,

    San Diego, CA.; 2006.

    Pratt LA, Kolter R. Genetic analyses of bacterial biofilm formation. Current Opinion in Micro

    biology, 1999;2(6):598603.

    Reasoner D. Pathogens in drinking water: Are there any new ones. Environmental Protection

    Agency, Cincinnati, OH (United States). Risk Reduction Engineering Lab.; 1993.

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    33/35

    Richards JJ, Melander C. Controlling bacterial biofilms. Chembiochem, 2009;10(14):2287

    2294.

    Rogers J, Keevil C. Immunogold and fluorescein immunolabelling ofLegionella pneumophila

    within an aquatic biofilm visualized by using episcopic differential interference contrast

    microscopy. Applied and Environmental Microbiology, 1992;58(7):23262330.

    Saarman N. Molecular ecology and Evolutionary genetics: Laboratory handbook. Department

    of ecology and evolucionary biology. Disponvel em:

    [2011 nov 22].

    Salhani N. e Uelker-Deffur. Improved quantification of aggregated bacteria by combined.

    enzymatic and mechanical treatment of flocs and biofilm from a rotating drum bioreactor.

    Water Research, 1998; 32(4): 1287-1295.

    Sen K, Rodgers M. Distribution of six virulence factors in Aeromonas species isolated from

    US drinking water utilities: a PCR identification. Journal of Applied Microbiology,

    2004;97(5):10771086.

    September S, Brozel V, Venter S. Diversity of nontuberculoid Mycobacterium species in

    biofilms of urban and semiurban drinking water distribution systems. Applied and

    Environmental Microbiology, 2004;70(12):7571.

    Simes LC, Simes M, Vieira M. Microbial interactions in drinking water bio films.

    BiofilmClub; 2007.

    Singh, D. V., M. H. Matte, G. R. Matte, S. Jiang, F. Sabeena, B. N. Shukla, S. C. Sanyal, A.

    Huq, and R. R. Colwell. 2001. Molecular analysis of Vibrio cholerae O1, O139, non-O1, and

    non-O139 strains: clonal relationships between clinical and environmental isolates. Appl.

    Environ. Microbiol. 67: 910921.

    Spilker T, Coenye T, Vandamme P, LiPuma JJ. PCR-based assay for differentiation of

    Pseudomonas aeruginosa from other Pseudomonas species recovered from cystic fibrosis

    patients. Journal of Clinical Microbiology, 2004;42(5):2074.

    http://bio.research.ucsc.edu/meeg/handbook.pdfhttp://bio.research.ucsc.edu/meeg/handbook.pdfhttp://bio.research.ucsc.edu/meeg/handbook.pdfhttp://bio.research.ucsc.edu/meeg/handbook.pdf
  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    34/35

    Szewzyk U, Szewzyk R, Manz W, Schleifer KH. Microbiological safety of drinking water.

    Annual Reviews in Microbiology, 2000;54(1):81127.

    Tantawiwat S, Tansuphasiri U, Wongwit W, Wongchotigul V, Kitayaporn D. Development of

    multiplex PCR for the detection of total coliform bacteria for Escherichia coli and

    Clostridium perfringensin drinking water, Southeast Asian Journal of Tropical Medicine and

    Public Health 2005; 36(1):162169

    Technology Enabled Universal Access to Sfae Water (TECHNEAU). Disponvel em:

    [2011 nov 11].

    Thomas V, Bouchez T, Nicolas V, Robert S, Loret J, Lvi Y. Amoebae in domestic water

    systems: resistance to disinfection treatments and implication in Legionella persistence.

    Journal of applied microbiology. 2004;97(5):950963.

    Tuovinen OH, Button KS, Vuorinen A, Carlson L, Mair DM, Yut LA. Bacterial, chemical,

    and mineralogical characteristics of tubercles in distribution pipelines. Journal AmericanWater Works Association, 1980;72(11):626635.

    Toze S, Sly LI, MacRae IC, Fuerst JA. Inhibition of growth ofLegionella species by

    heterotrophic plate count bacteria isolated from chlorinated drinking water. Current

    Microbiology, 1990;21(2):139143.

    Vital M, Stucki D, Egli T, Hammes F. Evaluation the growth potential of pathogenic bacteriain water. Applied and Environmental Microbiology, 2010; 76(19):6477.

    WHO (2004). Safe Piped Water. Managing Microbial Water Quality in Piped Distribution

    Systems. World Health Organization, Geneva, IWA Publishing

    WHO (2006). Guidelines for drinking water quality: Recommendations. 3rdedition. World

    Health Organization, Geneva, IWA Publishing. Wilson M. Bacterial biofilms and human

    disease. Science progress, 2001;84(3):235254.

  • 5/22/2018 BiancadeMirandaPeres Mestrado P Corrigida

    35/35

    Wingender J. Hygienically relevant microorganisms in biofilms of manmade water systems.

    Em: Flemming H-C, Wingender J, Szewzyk U (Eds). Biofilm Perspectives. New York:

    Springer International. 2004.

    Windenger J e Flemming H-C. Biofilms in drinking water and their role as reservoir for

    pathogens. International Journal of Hygiene and Environmental Health, 2011;

    doi:10.1016/j.ijheh.2011.05.009.

    Wolfaardt G, Lawrence J, Robarts R, Caldwell D, et al. In situ characterization of biofilm

    exopolymers involved in the accumulation of chlorinated organics. Microbial ecology,

    1998;35(3):213223.

    Zhang W, DiGiano FA. Comparison of bacterial regrowth in distribution systems using free

    chlorine and chloramine: a statistical study of causative factors. Water Research,

    2002;36(6):14691482.