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Pelotas, RS Dezembro, 2009 84 ISSN 1981-5999 Autores Luis A. Suita de Castro Eng. Agrôn. M.Sc. Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS [email protected] Carlos A. Pozzer Silveira Eng. Agrôn. Dr. Pesquisador Embrapa Clima Temperado, Pelotas,/ RS [email protected] Processo de Seleção Escape para Obtenção de Plantas de Pessegueiro e Ameixeira com Alta Sanidade Introdução A partir do segundo semestre de 2000, foram iniciadas atividades na Embrapa Clima Temperado para obtenção de plantas de pessegueiro e ameixeira com a finalidade de constituir um banco de matrizes fornecedor de material propagativo com alta sanidade. Ao longo do processo estão sendo obtidas plantas avaliadas em relação às principais enfermidades transmitidas vegetativamente, selecionando-se, desta forma, plantas matrizes denominadas “escapes”, por estarem naturalmente isentas de patógenos. A realização deste trabalho necessita de um conjunto de atividades, em etapas sequenciais, que iniciam com a seleção em campo do material propagativo usado para enxertia e produção das mudas as quais darão início ao processo de obtenção das plantas com alta sanidade. Em todas as culturas perenes, multiplicadas vegetativamente, o acúmulo de enfermidades após sucessivas multiplicações é um problema extremamente sério, podendo haver contaminação por uma ou mais viroses ou bacterioses, o que ocasiona altas reduções de produtividade, comprometimento da qualidade dos frutos ou dos produtos finais, assim como da rentabilidade do processo produtivo, depreciando os investimentos realizados para implantação e manutenção de pomares. Com relação à cultura do pessegueiro, sabe-se que praticamente todo o material propagativo, usado na produção de mudas no Rio Grande do Sul não tem sido avaliado em relação à infecção por viroses. Com relação à ameixeira, o problema é ainda mais sério pois além de estar exposta à contaminação de todas as viroses que ocorrem no pessegueiro, também sofre com a infecção de uma bactéria denominada Xylella fastidiosa, cujos efeitos incondicionalmente levam a morte das plantas, causando declínio dos pomares e desmotivação dos produtores na realização de novos investimento com a cultura. Portanto, a sustentabilidade da cadeia produtiva, tanto da cultura do pessegueiro como da ameixeira, necessitam de ações de planejamento e de estruturação de programas de pesquisa voltados a atividades que envolvam o desenvolvimento de tecnologias estratégicas para a produção de mudas de qualidade. Para o desenvolvimento de um sistema de produção e distribuição de material básico certificadamente sadio, países onde a fruticultura tem longa tradição já estabeleceram sistemas de limpeza e distribuição de material propagativo (MEIJNEKE et al., 1982). Atualmente, a maioria dos fruticultores e viveiristas estão conscientes do risco que as doenças transmitidas vegetativamente representam para suas plantas e para toda a atividade econômica. Mudas produzidas a partir de material propagativo livre de vírus apresentam melhor desenvolvimento. Material propagativo obtido por seleção e checagem, cultura de meristemas, termoterapia e indexação, pode ser mantido sadio, desde que sejam seguidas normas específicas que evitem contaminações futuras. No caso do pessegueiro e da ameixeira, a micropropagação não tem sido recomendada, embora seja o processo mais comum para obter plantas livres de vírus para várias espécies vegetais. Apenas algumas atividades com porta enxertos do gênero Prunus têm sido realizadas (COUTO et al, 2004). Para as culturas onde a

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Pelotas, RSDezembro, 2009

84

ISSN 1981-5999

Autores

Luis A. Suita de CastroEng. Agrôn. M.Sc.

PesquisadorEmbrapa Clima Temperado,

Pelotas, [email protected]

Carlos A. Pozzer SilveiraEng. Agrôn. Dr.

PesquisadorEmbrapa Clima Temperado,

Pelotas,/ [email protected]

Processo de Seleção Escape para Obtençãode Plantas de Pessegueiro e Ameixeira comAlta Sanidade

Introdução

A partir do segundo semestre de 2000, foram iniciadas atividades na Embrapa ClimaTemperado para obtenção de plantas de pessegueiro e ameixeira com a finalidade deconstituir um banco de matrizes fornecedor de material propagativo com altasanidade. Ao longo do processo estão sendo obtidas plantas avaliadas em relação àsprincipais enfermidades transmitidas vegetativamente, selecionando-se, desta forma,plantas matrizes denominadas “escapes”, por estarem naturalmente isentas depatógenos. A realização deste trabalho necessita de um conjunto de atividades, emetapas sequenciais, que iniciam com a seleção em campo do material propagativousado para enxertia e produção das mudas as quais darão início ao processo deobtenção das plantas com alta sanidade.

Em todas as culturas perenes, multiplicadas vegetativamente, o acúmulo deenfermidades após sucessivas multiplicações é um problema extremamente sério,podendo haver contaminação por uma ou mais viroses ou bacterioses, o que ocasionaaltas reduções de produtividade, comprometimento da qualidade dos frutos ou dosprodutos finais, assim como da rentabilidade do processo produtivo, depreciando osinvestimentos realizados para implantação e manutenção de pomares. Com relação àcultura do pessegueiro, sabe-se que praticamente todo o material propagativo, usadona produção de mudas no Rio Grande do Sul não tem sido avaliado em relação àinfecção por viroses.

Com relação à ameixeira, o problema é ainda mais sério pois além de estar exposta àcontaminação de todas as viroses que ocorrem no pessegueiro, também sofre com ainfecção de uma bactéria denominada Xylella fastidiosa, cujos efeitosincondicionalmente levam a morte das plantas, causando declínio dos pomares edesmotivação dos produtores na realização de novos investimento com a cultura.Portanto, a sustentabilidade da cadeia produtiva, tanto da cultura do pessegueirocomo da ameixeira, necessitam de ações de planejamento e de estruturação deprogramas de pesquisa voltados a atividades que envolvam o desenvolvimento detecnologias estratégicas para a produção de mudas de qualidade.

Para o desenvolvimento de um sistema de produção e distribuição de material básicocertificadamente sadio, países onde a fruticultura tem longa tradição jáestabeleceram sistemas de limpeza e distribuição de material propagativo (MEIJNEKEet al., 1982). Atualmente, a maioria dos fruticultores e viveiristas estão conscientesdo risco que as doenças transmitidas vegetativamente representam para suas plantase para toda a atividade econômica. Mudas produzidas a partir de material propagativolivre de vírus apresentam melhor desenvolvimento. Material propagativo obtido porseleção e checagem, cultura de meristemas, termoterapia e indexação, pode sermantido sadio, desde que sejam seguidas normas específicas que evitemcontaminações futuras.

No caso do pessegueiro e da ameixeira, a micropropagação não tem sidorecomendada, embora seja o processo mais comum para obter plantas livres de víruspara várias espécies vegetais. Apenas algumas atividades com porta enxertos dogênero Prunus têm sido realizadas (COUTO et al, 2004). Para as culturas onde a

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2 Processo de seleção escape para obtenção de plantas de pessegueiro e ameixeira com alta sanidade

técnica está bem estabelecida, apresenta asvantagens de possibilitar a produção massal de mudaslivres de patógenos e com uniformidade genética empequenos espaços físicos e curto período de tempo.Tentativas realizadas em 1997 (CHALFUN eHOFFMANN, 1997) demonstraram que amicropropagação de Prunus apresenta problemas deoxidação, contaminação por bactérias endofíticas,dificuldade de enraizamento e, principalmente, baixataxa de multiplicação dos explantes, havendo anecessidade de maiores estudos. Segundo Parfitt eAlmehdi (1986), também existe uma respostadiferencial em relação aos genótipos, sendonecessários protocolos diferenciais. O cultivo in vitro,como qualquer outro processo, é sensível a algunsproblemas de ordem ambiental ou biológico queafetam diretamente o desenvolvimento das culturas.Dentre estes problemas podem ser citada a oxidação,o declínio no vigor e a hiperhidricidade (SANTOS etal., 2001). Atividades desenvolvidas na EmbrapaClima Temperado com ameixeira da cultivar SantaRosa mostraram que as plantas podem apresentarrejuvenescimento, retardando a entrada no períodoprodutivo. Também podem apresentar mutações quesó são visíveis ao longo do tempo e que podem seestender por anos caso sejam descobertastardiamente e caso esta planta venha a ser usadacomo matriz.

Independente do processo utilizado para obter plantascom alta sanidade, qualquer material vegetal só podeser considerado isento de inóculo causador deenfermidades a partir da realização de testes deindexação. Os métodos são amplamente estabelecidose podem incluir a sorologia, indexação biológica,molecular, histológica e bioquímica, segundo aconveniência, adequação e necessidade (STOUFER eFRIDLUNG, 1989; SANTOS FILHO e NICKEL, 1993).

O objetivo do trabalho realizado foi adaptarprocedimentos que permitissem obter plantas dasprincipais cultivares de pessegueiro e ameixeiraisentas das principais enfermidades propagadasvegetativamente, disponibilizando material propagativocom alta sanidade para as entidades de pesquisa e aosviveristas regionais.

Procedimentos realizados para seleçãode plantas escapes livres de patógenos

O processo de obtenção de plantas de pessegueirocom alta sanidade tem por base a seleção deindivíduos escapes, ou seja, plantas que, embora

estejam expostas aos organismos causadores deenfermidade, não apresentam infecção por patógenos,principalmente viroses e bacterioses (Figura 1).Muitas dessas enfermidades, após a infecção natural,são disseminadas vegetativamente, por vezes deforma até mais intensa, como é o caso de algumasviroses do pessegueiro que são transmitidas porenxertia, nas quais a partir de apenas uma plantapodem ser produzidas centenas de outras plantascontaminadas.

O processo para obtenção de plantas escapes iniciapela seleção de plantas produtivas e vigorosasexistentes em pomares. Nesta etapa, podem serrealizados testes de sanidade preliminares que darãomaior confiabilidade na utilização do materialpropagativo. Este material será utilizado paraobtenção das mudas que darão início às atividades deobtenção de plantas com alta sanidade. Geralmentepodem ser selecionadas várias plantas, inclusiveprovenientes de locais diferentes, para a coleta dematerial propagativo e para a produção das mudas, asquais são obtidas pelo processo normal de enxertia.Um lote de mudas deve ser separado tendo por baseas características visuais, como: ser vigorosa,apresentar ausência de patógenos e lesões causadaspor insetos. No grupo de plantas selecionadas sãorealizados testes para diagnóstico das principaisenfermidades que ocorrem no pessegueiro e naameixeira e que podem ser transmitidasvegetativamente, como é o caso das viroses. Sãorealizados testes sorológicos, testes com plantasindicadoras e avaliação por microscopia eletrônica.

Após esta etapa, é selecionado um lote de plantasescapes, geralmente contendo entre 10 e 15indivíduos, que é mantido em condições deconfinamento, ou seja, são plantadas em vasos comcapacidade de 100 litros e mantidos sob teladoscobertos. Este lote de plantas constituirá o conjuntode plantas básicas da cultivar que está sendotrabalhada.

Nos próximos dois ciclos vegetativos as plantasbásicas são novamente indexadas para detecção deenfermidades que podem não ter sido diagnosticadasnos testes anteriores pois há situações em que o níveldo inóculo é extremamente baixo não sendo possíveldetectá-lo pelos testes realizados anteriormente.Nestes casos, com o passar do tempo, a infecçãotorna-se generalizada e, portanto, mais facilmentediagnosticada. Raramente esta situação ocorre,entretanto sendo facilmente solucionada com a

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3Processo de seleção escape para obtenção de plantas de pessegueiro e ameixeira com alta sanidade

eliminação da planta com problema, retirando-se ovaso em que ela está sendo mantida em telado.Quando isso ocorre, é aconselhável eliminar todas asmudas originadas de uma mesma matriz. Em casos emque todas as mudas têm origem de uma única matriz,mesmo ocorrendo alguma contaminação, é possívelobter plantas sadias, pois pode ter sido coletadomaterial propagativo de um local da planta ainda nãocontaminado. É aconselhável, entretanto, avaliar asplantas aparentemente sadias por mais alguns ciclos.

No quarto período vegetativo, em cada lote deplantas, é selecionada apenas uma planta de cadacultivar que se destaque, por sua aparência, entre asdemais. Apenas desta planta serão produzidas novasmudas que constituirão o lote de matrizes com altasanidade que fornecerão borbulhas com elevadospadrões técnicos. Elas serão mantidas sobconfinamento para fornecimento de materialpropagativo utilizado na estruturação de matrizeirosem viveristas e entidades de pesquisas.

Periodicamente, de preferência anualmente, o lote dematrizes de alta sanidade deve ter sua sanidadeavaliada.

Figura 1. Esquema do processo de obtenção de plantasmatrizes com alta sanidade pela seleção de plantasescapes.

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1º TESTE DE SANIDADESOROLOGIA

PLANTAS INDIDADORASMICROSCOPIA

2º ANO

PLANTIO EM TELADO(PLANTAS BÁSICAS)

4º ANO

1º ANO

2º TESTE DE SANIDADEPLANTAS CONFINADAS

3º TESTE DE SANIDADEPLANTAS CONFINADAS

SELEÇÃO DE UMA PLANTAPELAS CARACTERÍSTICAS

FENOLÓGICAS (VIGOR)

COLETA DEMATERIALPROPAGATIVO:- ALPORQUIA- ESTAQUIA- ENXERTIA

PLANTAS MATRIZES COMALTA SANIDADE – CLONES

(Produção de borbulhas)

INDEXAGENS ANUAIS

3º ANO

SELEÇÃO DE PLANTAS DE CAMPO

SELEÇÃO PLANTAS ESCAPES

1 2 3 ...................... N

Mudas Planta 1

1 2 3 .... N

Mudas Planta 2

1 2 3 .... N

Mudas Planta N

1 2 3 ... N

Métodos de produção de mudasutilizados durante as etapas do processode obtenção de plantas escapes

Durante o processo de obtenção de plantas escapes,existem duas etapas que exigem a produção demudas. Há necessidade de produzir mudas para darinício ao trabalho de seleção de plantas com altasanidade (processo de enxertia) e, posteriormente, háa necessidade de produzir mudas sem a utilização deporta-enxerto, que serão mantidas como fonte dematerial propagativo (alporquia ou enraizamento deestacas).

Na enxertia (Figura 2A), utilizada na primeira etapa doprocesso, são produzidas as mudas que serãotrabalhadas para obtenção das plantas com altasanidade. O processo de enxertia usado é o de gemaviva, por ser o mais rápido e prático para a obtençãode mudas em grande escala. Esse tipo de enxertia érealizado, geralmente, no final da primavera,permitindo a produção de mudas padronizadas emapenas um ciclo vegetativo. Deve ser realizada o maiscedo possível, dando-se preferência ao final do mês denovembro ou ao início de dezembro, quando os porta-enxertos atingem em torno de 70 cm de altura eaproximadamente 6 milímetros de diâmetro.

Após a seleção das plantas localizadas em pomares, écolhido o material propagativo. Dos ramos coletadossão utilizadas as gemas localizadas entre a base e aporção mediana. No processo de enxertia, após alimpeza da haste do porta-enxerto, faz-se uma incisãocom o canivete de enxertia em forma de “T” invertido,à altura de 30 cm do solo. A borbulha é retirada doramo na forma de um pequeno escudo de casca, comcomprimento variável, tendo o lenho removido. Esseescudo é introduzido na incisão em forma de “T”invertido, sob a casca do porta-enxerto, com o auxíliodo canivete de enxertia, cortando-se a porção doescudo que sobressaiu ao corte horizontal do “T”,amarrando-a firmemente com fita de polietileno.Dessa maneira, assegura-se às plantas um bomdesenvolvimento, obtendo-se mudas prontas emmeados de julho (CASTRO et al., 2003).

Na segunda etapa do processo de seleção das plantascom alta sanidade, quando se escolhe apenas umaplanta representativa do padrão genético da cultivar,embora a enxertia possa ser utilizada, é preferívelutilizar outros métodos de propagação vegetativa,como o enraizamento de estacas ou a alporquia(mergulhia aérea), porque estes métodos permitemobter plantas que não entram em contato direto com osolo, melhorando a qualidade fitossanitária das mudas

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4 Processo de seleção escape para obtenção de plantas de pessegueiro e ameixeira com alta sanidade

que irão permanecer por longo tempo como doadorasde material propagativo de alta sanidade.

Para o desenvolvimento do processo de alporquia(Figura 2B) devem ser utilizados ramos lenhosos doúltimo período vegetativo da planta de pessegueiro ouameixeira selecionada. Os ramos não são removidosda plantas, apenas é feita a retirada de um anel dacasca, com aproximadamente 1,0 - 1,5 centímetrosde largura, que deve ser completamente removidocom o auxílio de um canivete de enxertia. Sobre cadaferimento são colocadas quatro gotas de hormôniopara enraizamento (ácido indolbutírico / 3000 ppm).Posteriormente, é colocado o substrato necessáriopara dar suporte às raízes que irão se desenvolver.Neste processo, podem ser utilizados diferentes tiposde materiais desde que sejam praticamente inertes etenham boas características de aeração e manutençãode umidade, tais como areia e vermiculita, entreoutros.

Nos trabalhos realizados tem sido utilizada comosubstrato, a vermiculita umedecida, colocada ao redorda lesão feita no ramo, sendo envolvida por uminvólucro plástico nas dimensões de 10 x 20 cm,obtido a partir de saco plástico transparente com asextremidades abertas. Deve ser colocada após aamarração de uma das extremidades do tubo plásticoao ramo, abaixo do ferimento. Posteriormente, aextremidade superior do tubo também é amarrada aoramo, visando criar um ambiente úmido e escuro aoredor da lesão.

O processo de separação da muda da planta mãe érealizado entre 45 e 90 dias, dependendo do estágiode desenvolvimento das raízes, o que depende daépoca em que o processo é realizado e dascaracterísticas genéticas das cultivares a seremmultiplicadas. A alporquia normalmente tem sidorealizada poucos dias antes do início da floração dasplantas, ainda no estágio de dormência, pois o inícioda brotação estimula o desenvolvimento das raízes.Tem-se obtido, aproximadamente, 100% deenraizamento nos ramos em que se tem utilizado estatécnica (CASTRO e SILVEIRA, 2003).

Para realizar o enraizamento de estacas, os ramos sãodestacados das plantas sendo utilizada a porçãomediana, descartando-se o ápice e a base, sendopadronizadas em um comprimento deaproximadamente 15cm (TONIETO et al., 1997). Asestacas sofrem um corte transversal próximo a umagema, na base, e em bisel na parte superior, além deduas lesões laterais de l cm em cada lado da base.Posteriormente a este preparo, as estacas são

tratadas com ácido indolbutírico (AIB) na formalíquida, nas concentrações de 1000 a 3000ppm. Otempo de imersão é de, aproximadamente, de 5segundos e, após, as estacas são colocadas em caixascontendo substrato (Figura 2 C). A melhor época decoleta das estacas é em março, porque possuemmaiores teores de carboidratos (FACHINELLO et al.,1994). Na prática, entretanto, este método depropagação, apesar de bastante pesquisado, temmostrado resultados pouco satisfatórios, além deapresentar como inconveniente a necessidade de umainfra-estrutura adequada e de custo elevado (casa devegetação).

Figura 2. Métodos de produção de mudas utilizadosdurante as etapas do processo de obtenção de plantasescapes. Enxertia em “T” invertido (A), enraizamentode estacas lenhosas (B) e alporquia (C).

Principais patógenos transmitidosvegetativamente no pessegueiro e naameixeira e que devem ser indexadospara obtenção de plantas com altasanidade

- Xylella fastidiosa: A “escaldadura das folhas daameixeira” (Figura 3A) foi inicialmente relatada comovirose por ser desconhecido o agente causal, sendoconstatada na Argentina em 1935. Décadas maistarde (1978), no Brasil, foram observadas bactérias nointerior dos vasos do xilema em ameixeiras doentes.Considera-se que a escaldadura das folhas daameixeira é nativa dos EUA, tendo sido introduzida naAmérica do Sul com a remessa de mudas infectadas.Desde a constatação da existência da escaldadura dasfolhas da ameixeira no Brasil, houve acentuadodeclínio dos pomares das regiões produtoras do Sul doPaís. Suspeita-se que a doença esteja presente no RioGrande do Sul desde a década de 50. A difusão daenfermidade dentro do pomar é completamente

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5Processo de seleção escape para obtenção de plantas de pessegueiro e ameixeira com alta sanidade

irregular, havendo casos em que plantas enfermaspermanecem longo tempo sem contagiar as sadias,sendo que o contágio geralmente ocorre entreplantações vizinhas, sendo que, em alguns pomares,entretanto, mesmo nessas condições de proximidadenão se manifestam sintomas.

A transmissão por materiais propagativos constitui oprincipal modo de transmissão. Estacas, borbulhas egarfos disseminam a doença a curtas distâncias,enquanto que mudas produzidas de matrizesinfectadas disseminam a doença a longas distâncias.Esta bactéria se constitui no patógeno mais agressivoencontrado nas regiões produtoras de ameixa noBrasil, porque invariavelmente, leva as plantasinfectadas à morte. Considera-se de extremaimportância o uso de mudas sadias, provenientes dematrizes indexadas.

- Prune Dwarf Vírus (PrDV): Este vírus está associadoa várias doenças economicamente importantes empessegueiros e ameixeiras. Plantas infectadas por estevírus desenvolvem folhas estreitas e mais espessasque as normais. Os internós ficam dispostos em formade roseta no início da primavera, adquirindo a formanormal no final desta estação. O agente causal dessaenfermidade pertence ao grupo ilarvirus, compartículas isométricas ou na forma de pequenosbacilos. Este vírus infecta um grande número deespécies de Prunus e pode ser transmitido, porinoculação, para várias espécies de plantas herbáceas.A disseminação ocorre por meio do pólen, da sementee, principalmente, pelo uso de material vegetalcontaminado, durante a produção de mudas(DANIELS, et al., 1994).

- Prunus Necrotic Ringspot Vírus (PrNRV): Váriasespécies de Prunus podem ser hospedeiras do PrNRV.Alguns strains não induzem sintomas aparentes,entretanto, podem ser diagnosticados com o uso deplantas indicadoras, ou com testes sorológicos,principalmente o teste de ELISA. Outras variaçõesdesse vírus podem ocasionar lesões necróticas noprimeiro ano, seguindo clorose crônica das folhas comnecrose, deformações e maturação tardia de frutos. Oagente causal inclui um complexo de vírus. Étransmitido pelo pólen, podendo infectar sementes.Uma estratégia de controle consiste em evitar aintrodução de materiais provenientes de locais onde oproblema ocorre. Plantas enfermas devem serimediatamente retiradas do pomar. Foram realizadoslevantamentos para determinar a incidência deIlarvirus em pomares das principais cultivares depessegueiro, em regiões produtoras do Rio Grande doSul. Os dois vírus (PrDV e PrNRV) foram detectados

em todas as cultivares analisadas, sendo que, no total,36,7% das plantas estavam infectadas (MACIEL etal., 2002).  

- Plum Line Pattern Ilarvirus (PlPV): De acordo comdados de literatura, sua ocorrência tem sido descritaem países europeus e nos Estados Unidos da América,sendo normalmente transmitido mecanicamente entrecultivares de ameixeira. As características do agentecausal dessa doença ainda não estão bem definidas.Em algumas cultivares, a sintomatologia inicia porlinhas amarelas ou amarelo-esverdeado na primavera,evoluindo para o branco durante o verão. Muitascultivares podem não apresentar sintomas aparentes.A sintomatologia é variável com a estirpe do vírus,com a cultivar e com o meio ambiente. Embora muitosilarvirus sejam transmitidos pelo pólen e pela semente,até o momento, o único modo de transmissãoconhecido é através da enxertia de material depropagação infectado. Sintomas de Plum Line PatternVirus têm sido observados em pomares de ameixeirada cultivar Golden Japan localizados na região dePelotas, Rio Grande do Sul (Figura 3B) (CASTRO, etal., 2008).

- Plum Pox Vírus (PPV): Esta virose foi inicialmenterelatada na Bulgária em 1918. Bastante conhecidapela denominação de “Sharca”. Constitui-se em umproblema de extrema severidade, principalmente paraas culturas da ameixeira e do pessegueiro. Até opresente sua introdução não foi relatada nas regiõesprodutoras brasileiras. O Plum Pox Virus tem causadosérias perdas em pomares de ameixeira(principalmente Prunus domestica), pessegueiro enectarineira. Os sintomas foliares em ameixeiraconsistem em manchas cloróticas verde-pálido, anéis elinhas irregulares podem ser visíveis a partir do iníciodo verão. Frequentemente os sintomas são restritos aalgumas poucas folhas por ramos. Plantas infectadasgeralmente não apresentam redução nodesenvolvimento e são difíceis de identificar. Ossintomas em frutos verdes podem ser observados pelaocorrência de manchas escuras espalhadasirregularmente sobre a superfície. Em frutos madurosse caracterizam pela presença de anéis de coloraçãocontrastante com a da epiderme. É transmitido porafídeos (pulgões), sendo que seu diagnóstico pode serrealizado com o uso de plantas indicadoras e peloteste imunológico ELISA. No Brasil, devido a nãodetecção dessa enfermidade, os principais modos decontrole consistes em evitar a introdução de materiaisnão certificados e na utilização de sistemasquarentenários, mantidos por entidadesgovernamentais (CASTRO, et al., 2008).

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6 Processo de seleção escape para obtenção de plantas de pessegueiro e ameixeira com alta sanidade

Figura 3. Sintomas de algumas enfermidadestransmitidas vegetativamente em ameixeira: Xylellafastidiosa (A) e Plum Line Pattern Virus (B).

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Testes de indexação realizados empessegueiros e em ameixeiras paraobtenção de plantas com alta sanidade

Vários métodos são rotineiramente utilizados nadiagnose de doenças transmitidas vegetativamente.Na indexação das principais viroses e bacterioses, cujoagente causal é amplamente conhecido, o teste maisrecomendado constitui-se no teste ELISA (Enzime-Linked Immunosorbent Assay), pois permitediagnosticar a ocorrência dessas enfermidades comprecisão e rapidez, inclusive em algumas viroseslatentes, nos quais os sintomas não são visíveis naplanta hospedeira (SUTULA, 1986). Para viroses emque não se dispõe de testes sorológicos, podem serutilizadas técnicas de microscopia eletrônica e plantasindicadoras, que são processos mais demorados, masque, por serem mais abrangentes, permitem avaliarum número maior de agente infecciosos.

Na sorologia o procedimento básico consiste nométodo ELISA (Figura 4A), seguindo-se oprocedimento determinado por Clark e Adams (1977)e atualizações metodológicas específicasdeterminadas pelas empresas fornecedoras dosantissoros.

A indexação com plantas indicadoras consiste nodiagnóstico visual ou associado a técnicas demicroscopia para avaliação de agentes virais quecausam infecções latentes em plantas cultivadas,como é o caso do pessegueiro e da ameixeira, masque apresentam sintomas característicos quepermitem sua identificação em outras plantas,denominadas indicadoras. É o sistema de diagnosemais abrangente pois tem como função o diagnóstico

de viroses que não são detectadas por outros métodosde rotina. Constitui-se em um processo trabalhoso edemorado podendo, no caso do uso de plantasindicadoras lenhosas, necessitar de até três anos pararealização do diagnóstico.

Quando se utilizam plantas indicadoras herbáceas,como por exemplo o Chenopodium quinoa (Figura 4B),o diagnóstico é mais rápido, necessitando em torno de30 a 45 dias. Entretanto, este procedimento necessitade infraestrutura de casa de vegetação e cuidadosdiários na manutenção das plantas. Os sintomas maisevidentes são os foliares, como mosaico (alternânciade áreas verde-escuras e claras ou amareladas),necrose sistêmica, amarelecimento (clorose),clareamento das nervuras, manchas anulares, linhasnecróticas, redução/encarquilhamento/enrolamento dolimbo foliar. Manchas e lesões podem surgir nos ramose, em casos severos, induzem a sua morte peloanelamento causada pela fusão de lesões. Na plantacomo um todo podem ocorrer nanismo, declínio e, atémesmo, a morte.

Para análises de viroses em microscopia eletrônica detransmissão, pode ser utilizado o método leaf dip, queconsiste em uma técnica relativamente simplesutilizada para detecção de vírus de planta empreparações obtidas sem necessidade de cortesultrafinos do tecido vegetal. O método foi introduzidopor Johnson em 1951 e utiliza o exsudato do sistemavascular da planta para exame ao microscópio.Kitajima (1965) combinou o método de leaf dip com acontrastação negativa, obtendo excelentes resultados,permitindo a detecção de numerosos vírus isométricose alongados (Figura 4C).

Figura 4. Testes de Indexação realizados nopessegueiro e ameixeira para obtenção de plantas comalta sanidade. Teste ELISA (A), inoculação em plantasindicadoras (B) e microscopia eletrônica - leaf dip (C).

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7Processo de seleção escape para obtenção de plantas de pessegueiro e ameixeira com alta sanidade

Principais resultados obtidos:

- Ameixeira Stanley clone 21

Entre as ameixeiras do grupo europeu (Prunusdomestica) destaca-se a cultivar Stanley. Foidesenvolvida em Nova York, por Richard Wellington,sendo cultivada comercialmente a partir de 1926.Resultou do cruzamento entre Agen x Grand Duk feitoem 1912, sendo que a semente germinou em 1913(BROOKS & OLMO, 1972). No Brasil, encontra-seapenas nas regiões frias do Sul do país, embora comgrande potencial de produção. Dentre os produtosderivados desta fruta, a ameixa seca é o maisconhecido, sendo que o Brasil importa tudo queconsome (10.000 t/ano). A região serrana (nordestedo Rio Grande do Sul) tem condições para cultivo daameixeira européia.

O clone “Stanley C21” foi obtido a partir de plantasde campo introduzidas na antiga Estação Experimentalde Pelotas, atual Campo Experimental de Cascata, edifundidas a partir de 1972 pelas regiões mais friasdos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.Foi selecionado em avaliações periódicas realizadasdurante sete anos consecutivos (2000 a 2007) sobcondições de campo e de telados cobertos, pelaresistência às principais enfermidades viróticas ebacterianas que ocorrem na ameixeira. A plantaobtida, correspondente ao clone número 21 foiselecionada como planta padrão da cultivar, sendodenominada “Stanley C21” para diferenciar domaterial propagado que vem sendo utilizado pelosviveiristas, resultante de sucessivas multiplicaçõesvegetativas sem controle de qualidade fitossanitárias.Este clone foi multiplicado para obtenção de plantasmatrizes, responsáveis pela produção de materialpropagativo de alta sanidade. As plantas são mantidasem sistema confinado, em telados cobertos,construídos de forma a respeitar rigorosamentenormas técnicas pré-estabelecidas (Figura 5A).

- Pessegueiro Bonão clone 12

Cultivar originada pelo cruzamento realizado em 1995,entre a seleção Conserva 594 e a cv. Pepita. Estacultivar é vigorosa e produtiva, com plantas decrescimento semi-vertical e com muito boa adaptaçãoa condições de inverno ameno. A plena floraçãoocorre em geral entre a segunda e terceira semanasde julho e a colheita inicia no final de outubro ou iníciode novembro. As frutas apresentam forma redondacônica, podendo apresentar sutura levemente

desenvolvida; o tamanho é médio a grande e o pesomédio é, geralmente, superior a 100 gramas. A polpaé amarela assim como a película. Adapta-se em áreascom cerca de 200 horas de frio hibernal.

Para obter matrizes de alta sanidade, foi utilizada umaplanta de campo da cultivar Bonão durante o processode desenvolvimento da cultivar, ainda com adenominação de “Conserva 1124”, localizada em umpomar da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS),durante o ano de 2003. Foi realizada a enxertia degema, sobre porta-enxertos de pessegueiro. Um grupode mudas foi selecionado levando-se em consideraçãosuas características visuais, sendo plantado sobcondições de telado coberto. As plantas forammantidas em vasos plásticos individuais, comcapacidade de 100 litros.

Um grupo de 12 mudas que apresentavam o mesmopadrão fenológico e, consequentemente, idênticogeneticamente à planta padrão da cultivar Bonão,após vários testes de avaliações fitossanitárias, foiselecionado para compor o grupo de matrizes doborbulheiro de prunoídeas localizado na Embrapa ClimaTemperado. Desde o primeiro ano dedesenvolvimento, as mudas foram indexadas emrelação às principais doenças transmitidasvegetativamente, selecionando-se plantas “escapes” àpresença dos principais organismos patogênicos queinfectam o pessegueiro. Atualmente, uma parte dosclones selecionados (12 plantas) é mantida em sistemaconfinado, em telados cobertos (Figura 5B).

Figura 5. Plantas de ameixeira cultivar Stanley-C21 eplantas de pessegueiro cultivar Bonão-C12selecionadas com alta sanidade, mantidas sob condi-ções de confinamento.

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8 Processo de seleção escape para obtenção de plantas de pessegueiro e ameixeira com alta sanidade

Considerações gerais

- Outras técnicas para indexagem de plantas podem seutilizadas desde que estejam disponíveis e acessíveis.As técnicas de biologia molecular apresentaramgrande desenvolvimento a partir da década de 80sendo que o primeiro fitopatógeno estudado no Brasilutilizando PCR foi um vírus, em 1992 (BRIOSO et al.,2001). Inicialmente é obtido um extrato da plantainfectada e feita uma purificação na qual as partículasdo vírus podem então ser “capturadas”, com autilização de anticorpos específicos. O DNA daspartículas virais capturadas pelos anticorpos pode seramplificado. Esta técnica tem diversas vantagenssobre outros métodos de detecção, pois utiliza umapequena quantidade de amostras de tecido, permitindoa detecção do vírus mesmo em baixas concentraçõese em amostras guardadas por longos períodos.Possibilitando ainda, além da detecção, umacaracterização suplementar do vírus e a clonagemcompleta do genoma viral para estudos deinfectividade (ZERBINI et al., 2001). Infelizmente estatécnica ainda está pouco difundida para as viroses queocorrem no pessegueiro e na ameixeira, dificultandoseu uso rotineiro. Segundo Fajardo et al. 2003, asprincipais limitações seriam em relação aos custos e àpraticidade.

- Em alguns casos não é possível obter plantas de altasanidade por seleção de escapes. Várias tentativasforam realizadas em relação a cultivar de pessegueiroAldrighi, mas não houve sucesso na obtenção deplantas isentas de Prunus Necrotic Ringspot Vírus ePrune Dwarf Virus. Todas as plantas avaliadasapresentaram infecção por um dos vírus ou porambos. É provável que este resultado tenha ocorridodevido ao “Aldrighi” ser muito antigo e ter sidoutilizado como porta-enxerto por algumas décadas.Como atualmente esta cultivar quase não é utilizada,as plantas existentes estão há muito tempo expostasàs condições ambientais, e, consequentemente, aosagentes transmissores de viroses.

- O processo de seleção de plantas escapes pode seraperfeiçoado e, inclusive, utilizado para outra culturas.É um procedimento que embora demorado, permitemelhorar consideravelmente as condiçõesfitossanitárias do pomares brasileiros. Em muitoscasos é possível liberar material propagativo após aprimeira avaliação fitossanitária das plantas pois, comcerteza, o material estará em melhores condições quea maioria das plantas matrizes utilizadas pelosprodutores de mudas. Atualmente as mudas deameixeira e pessegueiro são produzidas praticamentesem nenhum controle sobre os microorganismos

transmitidos vegetativamente o que pode ocasionarsérios problemas após a instalação do pomar. No casoda bactéria Xylella fastidiosa o problema éextremamente sério porque os sintomas visuais daenfermidade só aparecem após o terceiro ciclovegetativo das plantas de ameixeira, reduzindo aprodutividade e a vida útil do pomar, sem que qualquercontrole possa ser realizado. O único controlerecomendado atualmente para doenças causadas porvírus e bactérias consiste no uso de mudascomprovadamente sadias. No caso da seleção deplantas escapes, a execução de todas as etapasdescritas permite assegurar que o materialpropagativo que está sendo utilizado na produção demudas realmente está isento dos principais patógenosque ocasionam problemas para determinada cultura.

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9Processo de seleção escape para obtenção de plantas de pessegueiro e ameixeira com alta sanidade

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Presidente: Ariano Martins de Magalhães JúniorSecretária- Executiva: Joseane Mary Lopes GarciaMembros: José Carlos Leite Reis, Ana Paula SchneidAfonso, Giovani Theisen, Luis Antônio Suita de Castro,Flávio Luiz Carpena Carvalho, Christiane RodriguesCongro Bertoldi e Regina das Graças Vasconcelos dosSantos

Supervisor editorial: Antônio Luiz Oliveira HeberlêRevisão de texto: Marcos de Oliveira TreptowEditoração eletrônica: Sérgio Ilmar Vergara dos Santos

Comitê depublicações

Expediente

CircularTécnica, 84

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