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CONDICIONANTES FISIOGRÁFICOS PARA A DISTRIBUIÇÃO
DE MARMITAS DE DISSOLUÇÃO EM ROCHAS CRISTALINAS
NO ESTADO DE PERNAMBUCO
Cláudio José Cabral (a)
, Daniel Rodrigues de Lira (b)
, Osvaldo Girão da Silva(c)
,
Antônio Carlos de Barros Corrêa(d)
(a) Universidade Federal de Pernambuco, [email protected]
(b) Universidade Federal de Sergipe, [email protected]
(c) Universidade Federal de Pernambuco, [email protected]
(d) Universidade Federal de Pernambuco, [email protected]
Eixo: Paisagens semiáridas: estrutura, dinâmica e adaptação
Resumo
As marmitas de dissolução são formas originadas por processos intempéricos e erosivos, atualmente
enconstradas sob a ação de climas secos e principalmente sobre rochas cristalinas fraturadas e mais
susceptíveis a alteração geoquimica. Em Pernambuco a ocorrência dessas formas é reportada em 38
municípios, exibindo geometrias e dimensões variadas. O objetivo da pesquisa é produzir um inventário
das áreas de ocorrência de marmitas no Estado para identificar seu padrão de organização espacial, a
partir de condicionantes físicos. A metodologia empregada baseou-se na identificação das áreas de
ocorrências destas feições em trabalhos acadêmicos, uso de SIGs, imagens de satélites, técnicas de
sensoriamento remoto e geoprocessamento para confecção da base cartográfica, o que possibilitou
determinar a distribuição espacial, contexto geológico, condições climáticas e unidades geomorfológicas
nas quais as marmitas estão inseridas. Com isso, identificaram-se os fatores limitantes no que tange as
áreas de ocorrência, jogando-se luz sobre o porquê de sua existência em certas áreas no semiárido
pernambucano.
Palavras chave: Marmitas de Dissolução; Rochas Cristalinas; Semiárido Pernambucano.
1. Introdução
A Geomorfologia é a ciência responsável pelo estudo das feições superficiais, oriundas
da ação de um conjunto de fatores que se processam no interior da Terra ou em superfície,
consistindo em um conhecimento específico, sistematizado, que tem por objetivo analisar as
formas do relevo, buscando compreender os processos pretéritos e atuais (KÜGLER, 1976).
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Estudando as formas de relevo e processos formadores atuais, podem-se traçar
métodos para compreender a raiz embrionária das formas no passado, uma vez que a
intensidade, a quantidade de energia e matéria mobilizadas através de um sistema natural
seguramente atuou em tempos pretéritos, embora sob magnitude e volume diferentes dos
atuais. Esta ideia foi apresentada a comunidade científica por James Hutton no século XVIII,
ao afirmar que ―o presente é a chave para o passado”.
O entendimento do relevo se faz importante por se tratar do substrato onde se processa
a atividade antropogênica, sendo um dos atributos determinantes da ocupação, construção e
reconstrução do espaço ao longo do tempo, além de ser de suma relevância para a gestão
territorial. Um dos maiores desafios da geomorfologia sempre foi tentar entender a evolução
do modelado terrestre e sua gama de formas distintas. Por isso, surge a necessidade de
classificar as formas em grupos. As formas do relevo terrestre são resultantes de duas forças
antagônicas (endógenas e exógenas) que agem concomitantemente durante todo o processo de
sua formação (ROSS, 1991). Por meio desta categorização dos processos formadores do
relevo, as várias formas geomórficas vão se enquadrar em duas entidades taxonômicas:
morfoestruturas e morfoesculturas. As primeiras são decorrentes da imposição de fenômenos
desencadeados a partir da dinâmica interna do planeta, tais como o tectonismo, vulcanismo e
abalos sísmicos. Já o segundo grupo engloba formas originadas por meio dos processos
superficiais (intemperismo, erosão, clima, biota, circulação atmosférica).
Todavia, as formas de relevo podem seguir outros arranjos sistemáticos, na medida em
que novas pesquisas são desenvolvidas e novas percepções sobre a realidade espacial são
criadas. Sendo assim, estas podem ter gênese na intersecção dos dois grupos de fatores
geomórficos (agentes endógenos e exógenos), como é o caso das marmitas de dissolução ou
depressões fechadas em rocha. Muitos especialistas já há muito sinalizam que em
determinados casos a dinâmica interna e externa atuam concomitantemente na elaboração de
muitas das formas identificadas na paisagem. Tais feições são em muitos casos controladas
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pelas condições climáticas e pela predisposição mineralógica e petrográfica às alterações
químicas (VIDAL ROMANI & TEMIÑO, 2004).
As marmitas de dissolução têm sua gênese associada ao intemperismo sobre rochas
graníticas, principalmente, aquelas sujeitas a deformações rúpteis de origem endógena, tais
como os elementos característicos às falhas, além do tipo de material litológico (TWIDALE,
1982). Estas feições recebem várias denominações: gnamas, rock basins, termos consagrados
na literatura internacional, e depressões ou potes de intemperismo e cacimbas ou oriçangas,
como conhecidas pelos estudos desenvolvidos no Nordeste Brasileiro (BARRETO, 2004;
SILVA et al., 2017).
Fazendo um breve inventário acerca da espacialidade das marmitas, percebe-se que
sua distribuição está estreitamente relacionada ao material litológico aflorante, que em muitos
casos correspondem a suítes intrusivas de granitóides, e às condições climáticas vigentes no
momento de sua formação, que em suma traduziriam a passagem de condições
biopedoclimáticas mais úmidas para áridas ou semiáridas com perda do manto de
intemperismo pela ação dos agentes denudacionais (BIGARELLA, 1994).
Várias são as definições de marmitas encontradas na literatura internacional e
nacional. Uma delas, proposta por Mabessone et al.(1990) diz que estas são cavidades
naturais encontradas no relevo granítico-gnáissico e, ocasionalmente, em rochas sedimentares
(plataformas calcárias). Ximenes (2006) diz que estas seriam depressões naturais que se
formam na superfície de rochas cristalinas de idade Pré-Cambriana, sendo de ocorrência
muito comum na região Nordeste do Brasil. Neste caso o autor desconsidera a ocorrências das
marmitas em ambientes constituídos essencialmente em litologias mais tenras, visto que a
quase totalidade das marmitas tem sua ocorrência notadamente sobre estruturas crustais de
origem plutônica ou metamórfica, maciças e de textura fanerítica e/ou porfirítica.
Há muito estas feições vêm sendo estudadas por vários pesquisadores estrangeiros e
brasileiros, sobretudo por conta da sua importância no que diz respeito ao conteúdo detrítico e
fossilífero disposto nestes ambientes, o que as torna um elemento chave para elucidar hiatos
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na história evolutiva da paisagem geomorfológica do Nordeste brasileiro. Estes testemunhos
paleoambientais podem ser encontrados em vários estados da região: Sergipe, Alagoas,
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí (LOBO et al., 2015).
As primeiras referências sobre marmitas, na literatura acadêmica, datam do final do
século XVIII e início do século XIX (WALDHERR et al., 2017). No Brasil os estudos sobre
o tema têm o seu início na primeira metade do século XX com trabalhos pioneiros de
pesquisadores como Branner (1902), Moraes (1924), Moraes Rêgo (1926), Alvin (1939) e
Domingues (1947).
Sobre sua dimensão e morfologia, as marmitas podem ser por vezes
consideravelmente profundas, chegando a alguns metros, o que, em relação ao pequeno
diâmetro lhe conferem uma aparência particular que se reflete na designação toponímica
regional como tanques e ate caldeiroes. Algumas vezes as suas dimensões laterais se
apresentam mais amplas, conservando contudo margens sempre íngremes sobre o fundo
chato. Assim existem depressões que ultrapassam 1000 metros de comprimento, podendo
assumir um caráter circular, oval ou elíptico (XIMENES, 2009).
Sendo assim, devido à sua vasta ocorrência na superfície terrestre e sua complexidade
no que tange sua origem, evolução e significado geológico-geomorfológico, faz-se pertinente
realizar o presente estudo, com o intuito de contribuir com mais este capítulo no que diz
respeito ao contexto de distribuição espacial e temporal das marmitas.
2. Localização e Caracterização da Área de Estudo
A área de estudo abrange 15 municípios pernambucanos (Afrânio, Alagoinha, Bom
Jardim, Bonito, Brejo da Madre de Deus, Caétes, Capoeiras, Caruaru, Lagoa dos Gatos,
Pedra, Pesqueira, Salgueiro, Santa Cruz do Capibaribe, São Bento do Uma, Venturosa), tendo
em vista a ocorrência de marmitas de dissolução em seus domínios territoriais e seu registro
em publicações acadêmicas (artigos, monografias, dissertações e teses) previamente
identificados na revisão bibliográfica (FIGURA 01).
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A geomorfologia da área está compreendida entre o Planalto da Borborema, onde
encontramos os pontos de topografia mais acentuada, fortemente influenciado por eventos
tectônicos que por vezes arquearam terrenos que formam superfícies de cimeiras estruturais,
onde se evidencia ação da neotectonica. A outra unidade sobre a qual ocorrem essas formas é
Depressão Sertaneja, que se caracteriza por ser uma morfoestrutura denudada originando
vastos pediplanos, cortados por drenagens intermitentes ou mesmo efêmeras, onde se fazem
presente campos de matacões, inselbergues, Bornhadts, boulders, inselbguebirges, castle
koopies), tafonis, marmitas, etc, formados a partir da exposição subaérea de corpos graníticos
(TWIDALE, 1995). O clima predominante é o semiárido, que podem ser subdivididos nas
seguintes classes segundo Koppen: BShs’, BShw e BShw’, com precipitação anual inferior a
700 mm.
Figura 1: Localização das áreas de ocorrência de marmitas de dissolução em Pernambuco.
Fonte: Os autores, 2019.
3. Materiais e Métodos
A metodologia empregada para a realização da pesquisa observou as etapas a seguir:
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Revisão bibliográfica sobre marmitas de dissolução, análise de sua distribuição no estado
de Pernambuco. Nesta etapa houve coleta de dados em artigos de revistas ou comunicações
científicas da geologia, geomorfologia, geografia física, arqueologia e áreas afins, além de
dissertações, teses e notícias jornalísticas de descobertas de fósseis do megafauna
quaternária;
Identificação e espacialização das marmitas em Pernambuco, com base nas coordenadas
geográficas das áreas de ocorrência, documentadas em registros científicos em trabalhos
acadêmicos ou mesmo jornalísticos;
Confecção de mapas temáticos estabelecendo relações entre a distribuição espacial das
marmitas de dissolução, geologia (litologias predominantes e suas respectivas estruturas
tectônicas) e o contexto climático de Pernambuco, a partir do uso de SIGs, imagens de
satélites, técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento. Nesta fase buscou-se obter
respostas a cerca dos fatores limitantes/condicionantes para a ocorrência ou não de marmitas
no semiárido pernambucano.
4. Resultados e Discussões
4.1 Condicionantes litológicos para a ocorrência de marmitas de dissolução em Pernambuco
Com base nas afirmações obtidas junto às várias pesquisas publicadas no meio
acadêmico nacional e internacional, no que diz respeito à ocorrência de marmitas de
dissolução, é regra afirmar que estas feições se desenvolvem em regiões de litologia ígnea ou
metamórficas (rochas cristalinas) em contextos continentais sob climas áridos e semiáridos.
Em se tratando do estado de Pernambuco, constata-se a ocorrência de marmitas em 38
municípios localizados no Agreste e Sertão do estado, sob condições semiáridas (SILVA et
al., 2010). Todavia, no artigo em curso foram selecionados 15 municípios, em virtude de
terem sitos encontrados registros de marmitas nos mesmos e suas respectivas coordenadas
geográficas.
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Analisando o embasamento cristalino onde as marmitas estão inseridas, percebeu-se
que a máxima citada acima, no que tange a localização das mesmas, se confirma, visto que as
litologias no embasamento das áreas investigadas é dominado por rochas ígneas plutônicas ou
metamórficas, associadas ao contexto geotectonico do Ciclo Brasiliano e suas intrusões
plutônicas (BRITO NEVES, 1975). As rochas do embasamento dos municípios de ocorrência
das marmitas são basicamente dos seguintes tipos: granitos, dioritos, sienitos, granodiorito
(ígneas) e gnaisses e micaxistos (metamórficas). Estes tipos de litologia favorecem, em
condições normais, a formação de feições do diferentes tipos, sobretudo aquelas associadas à
meteorização como os tafonis, caneluras e marmitas de dissolução (MAIA &
NASCIMENTO, 2018).
Figura 2: Geologia da área de estudo.
Fonte: Os autores, 2018.
No mapa geológico acima (FIGURA 2) é possível ver a localização das marmitas de
dissolução nos municípios selecionados. Com base em sua análise foi possível verificar que a
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ocorrência das feições citadas se dá em consonância com as áreas de ocorrência de rochas
ígneas e metamórficas. Em síntese, depreende-se que as marmitas estão subordinadas a um
certo contexto litológico, no qual prevalecem rochas ígneas ou metamórficas (WALDHERR
et al., 2017).
4.2 Condicionantes tectônicos e estruturais
Com base ainda na análise da figura 2, é possível constatar outro aspecto relevante
acerca da ocorrência de marmitas de dissolução em Pernambuco. Estas feições tendem a se
originar em regiões marcadas pela presença de estruturas tectônicas tais como falhas e fraturas
(FIGURA 3).
Sendo assim, zonas de cisalhamento como as que se fazem presentes no Nordeste e,
por conseguinte, em Pernambuco, como o Lineamento Pernambuco e o Lineamento Patos, são
condicionantes que favorecem a criação de espaços por onde a água tende a percolar e
acelerar o desgaste das rochas por meio do intemperismo químico ou bioquímico, uma vez
que água transporta consigo compostos ácidos gerados por meio de reações químicas entre
água atmosférica e gases como o CO2. Ainda sobre este ponto, não podemos deixar de
mencionar a ação dos liquens, que colaboram para acelerar o intemperismo das rochas nas
localidades estudadas, e que se vinculam ás fases posteriores de denudação subaérea das
marmitas de dissolução.
No tocante a este último aspecto, Hughes (2012) realizou um estudo sobre a ação
bacteriana como condicionante para a formação de marmitas de dissolução no Planalto
Semiárido do Colorado, EUA. Neste contexto, a autora afirma que a presença de água com
elevado PH acelera a decomposição das rochas em superfície, criando microambientes que
favorecem o desenvolvimento de colônias de bactérias, que por sua vez funcionam como um
catalizador para acelerar mais ainda o intemperismo das rochas.
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Figura 3: Distribuição das marmitas de dissolução ao longo de estruturas tectônicas (falhas e fraturas) em um
recorte espacial do estado de Pernambuco. Fonte: Os autores, 2019.
4.2 Tafonomia dos depósitos em marmitas de dissolução em Pernambuco
A tafonomia estuda os processos de preservação e como eles afetam as informações no
registro fossilífero (SIMÕES & HOLZ, 2004). O Nordeste do Brasil é uma área onde a
ocorrência de fósseis da megafauna pleistocênica é abundante, visto que se fazem presentes
em todos os estados da região, e vem sendo estudados desde o início do século XX (ROLIM,
1981).
Em Pernambuco existe um grande acervo espalhado por todas as regiões do estado, já
documentado na literatura. Neste tópico iremos apresentar os principais grupos de animais
que viveram no passado geológico recente do estado de Pernambuco, com base nos dados
bibliográficos analisados ao longo da pesquisa. Optou-se aqui citar os principais representes
da megafauna, que segundo estudos, viveram em um ambiente favorável, durante um
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momento no qual as condições climáticas eram bem mais úmidas do que o regime atual, onde
a caatinga se revestia de uma fisionomia de cerrado típico, com valores de pluviosidade
superior aos volumes aos do presente, o que tornava o atual semiárido um ambiente adequado
para diversas espécies de mamíferos e répteis sobreviverem.
Vejamos a seguir (na tabela 01) as principais espécies/gênero que comprovadamente
habitaram a região o estado de Pernambuco durante o Pleistoceno, nos municípios
selecionados. É importante salientar aqui que não há registro fossilífero documentado em
todas as marmitas estudadas, visto que as condições ambientais não são iguais em todos os
pontos analisados.
Registro fóssil identificado e catalogado em alguns municípios de Pernambuco
Municípios Conteúdo Fóssil
Afrânio Eremotherium laurillardi, Mylodonopsis sp, Panochthus greslebini, Hoplophorus
euphractus, Holmesina paulacoutoi, Stegomastodon waringi, Toxodon platensis.
Alagoinha Panochthus sp., Hippidion principale, Equus (Amerhippus) neogeus, Eremotherium
laurillardi, Glyptodon sp., Stegomastodon waringi, Toxodon platensis.
Brejo da Madre
de Deus
Glyptodon clavipes, Panochthus greslebini, Eremotherium laurillardi, Holmesina
paulacoutoi, Stegomastodon waringi, Eremotherium Laurillardi, Toxodon platensis.
Capoeira Eremotherium laurillardi, Notiomastodon platensis, Toxodon platensis, Glyptotherium sp., e
Protocyon troglodites.
Caruaru Eremotherium laurillardi, Palaeolama major, toxodontes e mastodontes
Pesqueira Hippocamelus, Macrauchenia, Mylodon, Equus, Megatherium americanum, Cuvieronius
humboldtii, Toxodon platensis, gliptodonte.
Salgueiro Eremotherium rusconii, Pampatherium humboldti, Glyptodon cf. clavipes, Haplomastodon
waringi, Macrauchenia patachonica, Toxodontidae, Hippidion bonaerensis e Mazama
gouazoubira.
Santa Cruz do
Capibaribe
Hippocamelus sulcatus, Eremotherium, Panochtus, Toxodon, Haplomastodon e Hippidion.
Eremotherium, Panochtus, Toxodon, Haplomastodon e Hippidion.
São Bento do
Uma
Gomphortheriidae, Eremotherium, Toxodon, Gliptodon, Macrauchenia, Smilodon.
Tabela 01 – Registros da Megafauna nos municípios de Pernambuco. Fonte – os autores, 2019
5. Considerações Finais
Com base nas análises realizadas acerca dos condicionantes fisográficos para a
ocorrência de marmimitas de dissolução no estado de Pernambuco, constatou-se que estas
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feiçoes geomórficas ocorrem nas localidades onde a estrutura litológica do embasamento é
constituída por rochas ígneas e metamóricas, sobretudo aquelas denominadas genericamente
de granitóides e gnáissicas, em ambientes com condições de clima semiárido (moderado e
severo). Outrosim, as marmitas se distribuirem por espaços que foram ou ainda são afetadas
por processos tectônicos, onde determinadas estruturas (falhas e frturas) se desenvolvem e
mantêm zonas de interseção de planos rochosos que permitem a percolação da agua em
profundidade.
Além de tais constatações supracitadas, foi possível verificar que embora haja uma
boa quantidade de estudos realizados sobre as marmitas de dissolução no estado de
Pernambuco, eles priorizam uma discussão sobre questões relacionadas ao contexto
tafonômico, visto que tal objeto de estudo é tradicionamlemte investigados por ramos do
saber afins à geografia física e geomorfologia, tais como a geologia/paleontologia, visto que
desde o século XVIII tais especialistas enveredaram por tais estudos.
6. Referências Bibliográficas
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