teologia sistemática - louis berkhof

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TEOLOGIA SISTEMÁTICA Louis Berkhof Teologia Sistemática Louis Berkhof Título do original em Inglês Systematic Theology 1990 Direitos reservados pelo autor. Publicado com a devida autorização por Luz Para o Caminho, Caixa postal 130, CEP 13001-970, Campinas, São Paulo, Brasil. Berkhof, Louis

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  • TEOLOGIA

    SISTEMTICA

    Louis Berkhof

    Teologia Sistemtica Louis Berkhof

    Ttulo do original em Ingls

    Systematic Theology

    1990 Direitos reservados pelo autor. Publicado com a devida autorizao por Luz Para o

    Caminho, Caixa postal 130, CEP 13001-970, Campinas, So Paulo, Brasil.

    Berkhof, Louis

  • Teologia Sistemtica/ Louis Berkhof; trad. por

    Odayr Olivetti. Campinas: Luz Para o Caminho, 1990.

    791p.

    1. Teologia doutrinal crist Estudo. I. Ttulo

    CDD 230.07

    1 Edio, 1990 3.000 exemplares.

    2Tiragem, 1992 3.000 exemplares.

    3 Tiragem, 1994 3.000 exemplares.

    4 Tiragem, 1996 3.000 exemplares.

    5 Tiragem, 1998 3.000 exemplares.

    6 Tiragem, 2000 3.000 exemplares.

    Editora Cultura Crist

  • Prefcio

    Agora que minha teologia sistemtica est sendo novamente impressa, o prefcio pode ser

    curto. No necessrio dizer muita coisa acerca da natureza da obra, visto que ela tem estado

    perante o pblico durante mais de quinze anos e tem sido amplamente usada. Tenho todas as razes

    para estar agradecido pela maneira bondosa como ela tem sido recebida, pelo testemunho favorvel

    de muitos crticos e pelo fato de o livro estar sendo agora usado como livro-texto em muitos

    seminrios teolgicos e institutos bblicos em nosso pas, e de que tm sido feitos pelos pedidos do

    estrangeiro de permisso para traduzi-la em outras lnguas. Estas so as bnos que eu no previa,

    pelas quais estou profundamente agradecido a Deus. A Ele toda a honra. E se a obra puder

    continuar sendo uma bno em muitas partes da igreja de Jesus Cristo, simplesmente aumentar o

    meu reconhecimento da abundante graa de Deus.

    L. BERKHOF

    Grand Rapids, Michigan,

    1 de agosto de 1949.

  • NDICE GERAL

    Primeira Parte

    A DOUTRINA DE DEUS

    (O Ser de Deus)

    I. A Existncia de Deus: A. Lugar da Doutrina de Deus na Dogmtica ..................................................................... 21 B. Prova Bblica da Existncia de Deus .............................................................................. 22 C. Negao da Existncia de Deus Em Suas Vrias Formas .............................................. 23 D. Provas Racionais Da Existncia de Deus, Assim Chamadas ......................................... 27

    II. Cognoscibilidade de Deus: A. Deus Incompreensvel e Contudo Cognoscvel .............................................................. 31 B. Negao da Cognoscibilidade de Deus ........................................................................... 32 C. Auto-revelao, Requisito de Todo Conhecimento de Deus .......................................... 36

    III. Relao do Ser e dos Atributos de Deus: A. O ser de Deus .................................................................................................................. 43 B. A possibilidade de Conhecer o Ser de Deus ................................................................... 45 C. O Ser de Deus Revelado em Seus Atributos .................................................................. 47

    IV. Os nomes de Deus: A. Os Nomes de Deus em Geral .......................................................................................... 49 B. Os Nomes do Velho Testamento e Seu Significado ....................................................... 50 C. Os Nomes do Novo Testamento e Seu Significado ........................................................ 52

    V. Os Atributos de Deus em Geral: A. Avaliao dos Termos Empregados ............................................................................... 54 B. Mtodo de Determinao dos Atributos de Deus ........................................................... 54 C. Sugestes Feitas Quanto s Divises dos Atributos ....................................................... 57

    VI. Os Atributos Incomunicveis: A. A Existncia Autnoma de Deus .................................................................................... 61 B. A Imutabilidade de Deus ................................................................................................ 61 C. A Infinidade de Deus ...................................................................................................... 62 D. A Unidade de Deus ......................................................................................................... 64

    VII. Os Atributos Comunicveis: A. . A Espiritualidade de Deus ............................................................................................ 68 B. Atributos Intelectuais ...................................................................................................... 69 C. Atributos Morais ............................................................................................................ 73 D. Atributos de Soberania ................................................................................................... 78

    VIII. Trindade Santa: A. A Doutrina da Trindade na Histria ............................................................................... 84 B. Deus como Trindade em Unidade ................................................................................. 86 C. As Trs Pessoas Consideradas Separadamente ............................................................. 92

    (As Obras de Deus)

    I. Os Decretos Divinos em Geral:

  • A. A Doutrina dos Decretos na Teologia .......................................................................... 101 B. Nomes Bblicos para os Decretos Divinos ................................................................... 102 C. A Natureza dos Decretos Divinos ................................................................................. 103 D. As caractersticas dos Decretos Divinos ....................................................................... 104 E. Objees Doutrina dos Decretos ................................................................................ 106

    II. Predestinao: A. A Doutrina da Predestinao na Histria ...................................................................... 110 B. Termos Bblicos para a Predestinao .......................................................................... 113 C. O Autor e os Objetos da Predestinao ........................................................................ 114 D. As Partes da Predestinao ........................................................................................... 115 E. Supra e Infralapsarianismo ........................................................................................... 119

    III. Criao em Geral: A. A Doutrina da Criao na Histria ............................................................................... 127 B. Prova Bblica da Doutrina da Criao .......................................................................... 128 C. A Idia da Criao ........................................................................................................ 129 D. Teorias Divergentes a Respeito da Origem do Mundo ................................................. 138

    IV. Criao do Mundo Espiritual: A. A Doutrina dos Anjos na Histria ................................................................................ 141 B. A Existncia dos Anjos ................................................................................................. 143 C. A Natureza dos Anjos ................................................................................................... 144 D. Nmero e Organizao dos Anjos ................................................................................ 145 E. O Servio dos Anjos ..................................................................................................... 147 F. Os Anjos Maus ............................................................................................................. 148

    V. Criao do Mundo Material: A. O Relato Bblico da Criao ......................................................................................... 150 B. O Hexameron, ou a Obra dos Dias Separados .............................................................. 152

    VI. Providncia: A. Providncia em Geral ................................................................................................... 164 B. Preservao ................................................................................................................... 168 C. Concorrncia ................................................................................................................. 170 D. Governo ........................................................................................................................ 174 E. Providncias Extraordinrias ou Milagres .................................................................... 175

    Segunda parte

    A DOUTRINA DO HOMEM COM RELAO A DEUS

    O Homem e Seu Estado Original

    I. A Origem do Homem: A. A Doutrina do Homem na Dogmtica .......................................................................... 181 B. Relato Bblico da origem do Homem ........................................................................... 181 C. A Teoria Evolucionista da Origem do Homem ............................................................ 183 D. A Origem do Homem e a Unidade da Raa .................................................................. 188

    E. A Natureza do Homem: A. Os Elementos Constitutivos da natureza Humana ........................................................ 191 B. A Origem da Alma no Indivduo .................................................................................. 196

  • F. O Homem Como a Imagem de Deus: A. Conceitos Histricos da Imagem de Deus no Homem ................................................. 202 B. Dados Bblicos a Respeito da Imagem de Deus no Homem ........................................ 203 C. O Homem como a imagem de Deus ............................................................................. 205 D. A Condio Original do Homem como a Imagem de Deus ......................................... 208

    G. O Homem na Aliana das Obras: A. A Doutrina da Aliana das Obras na Histria ............................................................... 211 B. O Fundamento Bblico da Doutrina da Aliana das Obras ........................................... 213 C. Elementos da Aliana das Obras .................................................................................. 215 D. A Situao Atual da Aliana das Obras ........................................................................ 218

    O Homem no Estado de Pecado

    I. A Origem do Pecado: A. Conceitos Histricos a respeito da Origem do Pecado ................................................. 220 B. Dados Bblicos a respeito da Origem do Pecado .......................................................... 221 C. A Natureza do Primeiro pecado ou da Queda do Homem ............................................ 223 D. O Primeiro Pecado ou a Queda Como Ocasionada pela Tentao ............................... 224 E. A Explicao Evolucionista da Origem do Pecado ...................................................... 225 F. Os Resultados do Primeiro Pecado ............................................................................... 226

    G. Carter Essencial do Primeiro Pecado A. Teorias Filosficas a respeito da natureza do Mal ........................................................ 230 B. A Idia Bblica do Pecado ............................................................................................ 233 C. O Conceito Pelagiano do Pecado .................................................................................. 235 D. O Conceito Catlico Romano do Pecado ..................................................................... 237

    H. A Transmisso do Pecado: A. Resenha Histrica ......................................................................................................... 239 B. A Universalidade do pecado ......................................................................................... 241 C. A Relao do pecado de Ado com o da Raa ............................................................. 242

    I. O pecado na Vida da Raa Humana: A. O pecado Original ......................................................................................................... 246 B. O Pecado Fatual ............................................................................................................ 252

    C. A Punio do Pecado: A. Punies Naturais e Positivas ....................................................................................... 257 B. A Natureza e o Propsito das Punies ........................................................................ 258 C. O Castigo Efetivo do Pecado ........................................................................................ 260

    O Homem na Aliana da Graa

    I. Nome e Conceito da Aliana: A. O Nome .......................................................................................................................... 264 B. O Conceito ..................................................................................................................... 265

    II. A Aliana da Redeno: A. A Discusso Separada Disto Desejvel ....................................................................... 267 B. Dados Bblicos Quanto Aliana da Redeno ............................................................ 268 C. O Filho na Aliana da Redeno .................................................................................... 269

  • D. Requisitos e Promessas na Aliana da Redeno .......................................................... 271 E. Relao de Cristo com a Aliana da Graa ................................................................... 272

    III. Natureza da Aliana da Graa: A. Comparao da Aliana da Graa com a Aliana das Obras ......................................... 273 B. As partes Contratantes ................................................................................................... 273 C. O Contedo da Aliana da Graa ................................................................................... 278 D. Caractersticas da Aliana da Graa ............................................................................... 279 E. Relao de Cristo com a Aliana da Graa .................................................................... 283

    IV. O Aspecto Duplo da Aliana: A. Uma Aliana Externa e uma Interna .............................................................................. 285 B. A Essncia e a Administrao da Aliana ..................................................................... 286 C. Uma Aliana Condicional e uma Absoluta .................................................................... 286 D. A Aliana Como Relao Puramente Legal e Como Comunho de Vida ..................... 287 E. Participao na Aliana como uma Relao Legal ........................................................ 288

    V. Diferentes Dispensaes da Aliana: A. O Conceito Adequado das Diferentes Dispensaes .................................................... 291 B. A Dispensao do Velho Testamento ........................................................................... 294 C. A Dispensao do Novo Testamento ............................................................................ 300

    Terceira Parte

    A DOUTRINA DA PESSOA E OBRA DE CRISTO

    A Pessoa de Cristo

    I. A Doutrina de Cristo na Histria: A. Relao entre Antropologia e Cristologia ..................................................................... 305 B. A Doutrina De Cristo Antes da Reforma ...................................................................... 305 C. A Doutrina De Cristo depois da reforma ...................................................................... 308

    II. Nomes e naturezas de Cristo: A. Os Nomes de Cristo ...................................................................................................... 312 B. As Naturezas de Cristo ................................................................................................. 315

    III. A Unipersonalidade de Cristo: A. Exposio do Conceito da Igreja a respeito da pessoa de Cristo .................................. 321 B. Prova Bblica da Unipersonalidade de Cristo ............................................................... 322 C. OS Efeitos da Unio das Duas Naturezas em Uma Pessoa .......................................... 323 D. A Unipersonalidade de Cristo, Um Mistrio ................................................................ 325 E. A Doutrina Luterana da Comunicao de Atributos .................................................... 325 F. A Doutrina da Knosis em Suas Vrias Formas ............................................................327 G. A Teoria da Encarnao Gradual .................................................................................. 329

    Os Estados de Cristo

    I. O Estado de Humilhao: A. A Doutrina dos Estados de Cristo em Geral ................................................................. 332 B. O Estado da Humilhao .............................................................................................. 333

    1. A Encarnao e o Nascimento de Cristo ................................................................ 334 2. Os Sofrimentos do Salvador ................................................................................... 337 3. A Morte do Salvador .............................................................................................. 339

  • 4. O Sepultamento do Salvador .................................................................................. 341 5. A Descida do Salvador ao Hades ............................................................................ 341

    II. O Estado de Exaltao: A. Notas Gerais Sobre o Estado de Exaltao ...................................................................... 345 B. Os Estgios do Estado de Exaltao ................................................................................ 347

    1. A Ressurreio ........................................................................................................ 347 2. A Ascenso ............................................................................................................. 350 3. O Sentar-se Direita de Deus ................................................................................. 352 4. A Volta Fsica de Cristo ......................................................................................... 354

    Os Ofcios de Cristo

    I. Introduo: O Ofcio Proftico: A. A Idia dos Ofcios na Histria .................................................................................... 357 B. O Ofcio Proftico ........................................................................................................ 359

    II. O Ofcio Sacerdotal: A. A Idia Bblica de Um Sacerdote ................................................................................. 362 B. A Obra sacrificial de Cristo .......................................................................................... 363

    III. Causa e necessidade da Expiao: A. A Causa Motora da Expiao ....................................................................................... 368 B. Conceitos Histricos da necessidade da Expiao ....................................................... 369 C. Provas da Necessidade da Expiao ............................................................................. 371 D. Objees Doutrina da Absoluta Necessidade da Expiao ....................................... 372

    IV. A Natureza da Expiao: A. Declarao da Doutrina da expiao Substitutiva e penal ............................................ 374

    1. A Expiao Objetiva ............................................................................................ 374 2. Uma Expiao Vicria ........................................................................................ 376 3. Inclui a Obedincia Ativa e a Obedincia Passiva de Cristo .................................. 380

    B. Objees Doutrina da Expiao Substitutiva e Penal ou da Satisfao ..................... 382

    V. Teorias Divergentes da Expiao: A. Teorias da Igreja Primitiva ........................................................................................... 385 B. A Teoria da Satisfao de Anselmo .............................................................................. 386 C. A Teoria da Influncia Moral ....................................................................................... 387 D. A Teoria do Exemplo .................................................................................................... 388 E. A Teoria Governamental .............................................................................................. 389 F. A Teoria Mstica ........................................................................................................... 390 G. A Teoria do Arrependimento Vicrio ........................................................................... 391

    VI. Propsito e Extenso da Expiao: A. O Propsito da Expiao .............................................................................................. 393 B. A Extenso da expiao ................................................................................................ 394

    VII. A Obra Intercessria de Cristo: A. Prova Bblica da Obra Intercessria de Cristo .............................................................. 401 B. Natureza da Obra Intercessria de Cristo ..................................................................... 402 C. As Pessoas Por Quem e as Coisas Pelas Quais Ele Intercede ...................................... 405 D. Caractersticas da Sua Intercesso ................................................................................ 405

  • VIII. O Ofcio Real: A. O Reinado Espiritual de Cristo ..................................................................................... 407 B. O Reinado de Cristo Sobre o Universo ......................................................................... 411

    Quarta Parte

    A DOUTRINA DA APLICAO DA OBRA DE REDENO

    I. Soteriologia em Geral: A. Relao Entre Soteriologia e os Loci Anteriores ......................................................... 415 B. A Ordo Salutis ............................................................................................................. 416

    C. Operaes do Esprito Santo em Geral: A. Transio Para a Obra do Esprito Santo ...................................................................... 424 B. Operaes Gerais e Especiais do Esprito Santo .......................................................... 425 C. O Esprito Santo Como o Despenseiro da Graa Divina .............................................. 427

    D. Graa Comum: A. Origem da Doutrina da Graa Comum ......................................................................... 433 B. Nome e Conceito da Graa Comum ............................................................................. 435 C. A Graa Comum e a Obra Expiatria de Cristo ........................................................... 438 D. Relao Entre a Graa Especial e a Comum ................................................................ 440 E. Meios pelos Quais Opera a Graa Comum ................................................................... 441 F. Frutos da Graa Comum ............................................................................................... 443 G. Objees Doutrina Reformada da Graa Comum ..................................................... 445

    E. A Unio Mstica: A. Natureza da Unio Mstica .......................................................................................... 449 B. Caractersticas da Unio Mstica ................................................................................. 452 C. Conceitos Errneos da Unio Mstica ......................................................................... 453 D. Significado da Unio Mstica ...................................................................................... 454

    E. Vocao em Geral e Vocao Externa: A. Razes para Discutir Primeiro a Vocao .................................................................... 456 B. Vocao em Geral ......................................................................................................... 459 C. Vocao Externa ........................................................................................................... 461

    F. Regenerao e Vocao Eficaz: A. Termos Bblicos para a Regenerao e sua Implicao ................................................ 467 B. Emprego do Termo Regenerao na Teologia ............................................................. 467 C. A Natureza Essencial da Regenerao ......................................................................... 470 D. A Vocao Eficaz em Relao Vocao Externa e Regenerao ........................... 471 E. A Necessidade da Regenerao .................................................................................... 474 F. A Causa Eficiente da Regenerao ............................................................................... 475 G. O Emprego da palavra de Deus como Instrumento de Regenerao ............................ 476 H. Conceitos Divergentes de Regenerao ........................................................................ 479

    G. Converso: A. Os Termos Bblicos para a Converso .......................................................................... 482 B. A Idia Bblica de Converso Definio ................................................................... 484 C. Caractersticas da Converso ........................................................................................ 486 D. Elementos Diferentes na Converso ............................................................................. 488

  • E. A Psicologia da Converso ........................................................................................... 489 F. O Autor da Converso .................................................................................................. 492 G. Necessidade da Converso ........................................................................................... 493 H. Relao da Converso Com Outros Estgios do Processo de Salvao ....................... 493

    H. F: A. Termos Bblicos para F ............................................................................................... 496 B. Expresses figuradas Empregadas para Descrever a Atividade da F ......................... 498 C. A Doutrina da F na Histria ........................................................................................ 499 D. A Idia da F na Bblia ................................................................................................. 501 E. A F em Geral ............................................................................................................... 503 F. A F no Sentido Religioso e particularmente a F Salvadora ...................................... 504 G. F e Certeza .................................................................................................................. 510 H. O Conceito catlico Romano de F .............................................................................. 512

    I. Justificao: A. Termos Bblicos para Justificao e Seus Significados ................................................ 514 B. A Doutrina da Justificao na Histria ......................................................................... 515 C. Natureza e caractersticas da Justificao ..................................................................... 517 D. Elementos da Justificao ............................................................................................. 518 E. Esfera em que Ocorre a Justificao ............................................................................. 520 F. Ocasio em que se d a Justificao ............................................................................. 521 G. Base da Justificao ...................................................................................................... 527 H. Objees Doutrina da Justificao ............................................................................. 527 I. Conceitos Divergentes de Justificao ......................................................................... 528

    J. Santificao: A. Termos Bblicos para Santificao e Santidade ........................................................... 531 B. A Doutrina da Santificao na Histria ....................................................................... 533 C. A Idia Bblica de Santidade e Santificao ................................................................ 535 D. Natureza da Santificao .............................................................................................. 536 E. Caractersticas da Santificao ..................................................................................... 538 F. O Autor e os Meios da Santificao ............................................................................. 539 G. Relao da Santificao Com Outros Estgios da Ordo Salutis ................................... 540 H. O Carter Imperfeito da Santificao Nesta Vida ........................................................ 541 I. Santificao e Boas Obras ............................................................................................ 544

    K. A Perseverana dos Santos: A. A Doutrina da Perseverana dos Santos na Histria .................................................... 549 B. Exposio da Doutrina da Perseverana ....................................................................... 550 C. Prova da Doutrina da Perseverana .............................................................................. 550 D. Objees Doutrina da Perseverana ........................................................................... 552 E. A Negao Desta Doutrina Torna a Salvao Dependente da Vontade Humana ........ 553

    Quinta Parte

    A DOUTRINA DA IGREJA E DOS MEIOS DE GRAA

    A Igreja

    I. Nomes Bblicos da Igreja e a Doutrina da Igreja na Histria: A. Nomes Bblicos da Igreja .............................................................................................. 559 B. A Doutrina da Igreja na Histria .................................................................................. 562

  • II. Natureza da Igreja: A. A Essncia da Igreja ..................................................................................................... 566 B. O Carter Multiforme da Igreja .................................................................................... 569 C. Vrias Definies da Igreja .......................................................................................... 571 D. A Igreja e o Reino de Deus ........................................................................................... 572 E. A Igreja e as Diferentes Dispensaes .......................................................................... 574 F. Os Atributos da Igreja ................................................................................................... 575 G. As marcas da Igreja ...................................................................................................... 579

    III. O Governo da Igreja: A. Diferentes Teorias e Respeito do Governo da Igreja .................................................... 583 B. Os Princpios Fundamentais do Sistema Reformado ou Presbiteriano ........................ 585 C. Os Oficiais da Igreja ..................................................................................................... 589 D. As Assemblias Eclesisticas ....................................................................................... 592

    IV. O Poder da Igreja: A. A Fonte do Poder da Igreja ........................................................................................... 598 B. A Natureza Deste Poder ................................................................................................ 599 C. Diferentes Espcies de Poder Eclesistico ................................................................... 600

    Os meios de graa

    I. Os meios de Graa em geral: A. A Idia dos Meios de Graa .......................................................................................... 609 B. Caractersticas da palavra e dos Sacramentos Como Meios de Graa ......................... 610 C. Conceitos histricos a respeito dos Meios de Graa .................................................... 611 D. Elementos Caractersticos da Doutrina Reformada dos Meios de Graa ..................... 613

    II. A Palavra Como Meio de Graa: A. Sentido do Termo Palavra Neste Contexto ............................................................... 615 B. A Relao da palavra com o Esprito Santo ................................................................. 616 C. As Duas partes da palavra de Deus Considerada como Meios de Graa ..................... 617 D. O Trplice Uso da Lei ................................................................................................... 619

    III. Os Sacramentos em Geral: A. Relao Entre a palavra e os Sacramentos ................................................................... 621 B. Origem e Sentido da Palavra Sacramento .................................................................... 622 C. Partes Componentes do Sacramento ............................................................................. 622 D. Necessidade dos Sacramentos ...................................................................................... 623 E. Os Sacramentos do Velho e do Novo Testamentos Comparados ................................ 624 F. Nmero dos Sacramentos ............................................................................................. 625

    IV. Batismo Cristo: A. Analogias do Batismo Cristo ...................................................................................... 627 B. A Instituio do Batismo Cristo .................................................................................. 629 C. A Doutrina do Batismo na Histria .............................................................................. 631 D. O Modo Prprio do Batismo ......................................................................................... 633 E. Legtimos Administradores do Batismo ....................................................................... 636 F. Os Objetivos do Batismo .............................................................................................. 637

    V. A Ceia do Senhor: A. Analogias da Ceia do Senhor ........................................................................................ 650

  • B. A Doutrina da Ceia do Senhor na Histria ................................................................... 651 C. Nomes Bblicos para a Ceia do Senhor ........................................................................ 652 D. Instituio da Ceia do Senhor ....................................................................................... 653 E. As Realidades Significadas e Seladas na ceia do Senhor ............................................. 656 F. A Unio Sacramental ou a Questo da presena Real de Cristo na Ceia do Senhor .... 658 G. A Ceia do Senhor Como Meio de Graa ou Sua Eficcia ............................................ 660 H. As pessoas para as Quais Foi Instituda a ceia do Senhor ............................................ 662

    Sexta Parte

    A DOUTRINA DAS LTIMAS COISAS

    Escatologia Individual

    I. Captulo Introdutrio: A. A Escatologia na Filosofia e na Religio ...................................................................... 667 B. A Escatologia na Histria da Igreja Crist ................................................................... 668 C. Relao da Escatologia com o Restante da Dogmtica ................................................ 670 D. O Nome da Escatologia ................................................................................................ 672 E. Contedo da Escatologia: Escatologia geral e Individual ............................................ 672

    II. Morte Fsica: A. Natureza da Morte Fsica .............................................................................................. 674 B. Relao entre o Pecado e a Morte ................................................................................. 675 C. Significado da Morte dos Crentes ................................................................................. 676

    III. A Imortalidade da Alma: A. Diferentes Conotaes do termo Imortalidade ............................................................. 678 B. Testemunho da revelao Geral quanto Imortalidade da Alma ................................. 679 C. Testemunho da Revelao Especial Quanto Imortalidade da Alma .......................... 680 D. Objees Doutrina da Imortalidade Pessoal e Seus Modernos Substitutos ............... 683

    IV. O Estado Intermedirio: A. Conceito Bblico do Estado Intermedirio ................................................................... 685 B. Doutrina do Estado Intermedirio ................................................................................ 686 C. A Construo Moderna da Doutrina do Sheol-Hades .................................................. 687 D. A Doutrina Catlica Romana a Respeito do Domiclio da Alma Depois .................... 692 E. O Estado da Alma Depois da Morte, um Estado de Existncia Consciente ................ 694 F. O estado Intermedirio no um Estado de provao ou Prova Posterior .................. 698

    Escatologia Geral

    I. A Segunda Vinda de Cristo: A. A Segunda Vinda, Um Evento nico ........................................................................... 701 B. Os Grandiosos Eventos que Precedero a Parousia ...................................................... 702 C. A Parousia ou A Segunda Vinda Propriamente Dita. ................................................... 709

    II. Correntes Milenistas: A. Premilenismo ................................................................................................................ 714

    1. O Premilenismo do Passado ................................................................................... 715 2. O Premilenismo do Presente ................................................................................... 716 3. Objees ao Premilenismo ..................................................................................... 718

    B. Ps-Milenismo .............................................................................................................. 722 1. Diferentes Formas de Ps Milenismo ..................................................................... 722

  • 2. Objees ao Ps Milenismo ................................................................................... 723

    III. A Ressurreio dos Mortos: A. A Doutrina da Ressurreio na Histria ....................................................................... 726 B. Prova Bblica da Ressurreio ...................................................................................... 727 C. A Natureza da Ressurreio ......................................................................................... 728 D. A Ocasio da Ressurreio ........................................................................................... 730

    IV. Juzo Final: A. A Doutrina do Juzo Final na Histria .......................................................................... 734 B. Natureza do Juzo Final ................................................................................................ 735 C. Conceitos Errneos a Respeito do Juzo ...................................................................... 736 D. O Juiz e Seus Assistentes ............................................................................................. 737 E. As Partes que Sero Julgadas ....................................................................................... 738 F. A Ocasio do Juzo ....................................................................................................... 738 G. O Padro do Juzo ......................................................................................................... 739 H. As Diferentes partes do Juzo ....................................................................................... 740

    V. Estado Final: A. O Estado Final dos mpios ............................................................................................ 741 B. O Estado Final dos Justos ............................................................................................. 742

    Bibliografia .................................................................................................................................... 745

    ndice dos Autores ........................................................................................................................ 753

    ndice de Assuntos ........................................................................................................................ 757

    ndice de Passagens Bblicas ........................................................................................................ 767

  • Primeira Parte

    A DOUTRINA DE DEUS

  • I. A Existncia de Deus

    A. Lugar da Doutrina de Deus na Dogmtica.

    As obras de dogmtica ou de teologia sistemtica geralmente comeam com a Doutrina de

    Deus. A opinio prevalecente tem reconhecido sempre este procedimento mais lgico, e ainda

    continua apontando na mesma direo. Em muitos casos, mesmo aqueles cujos princpios

    fundamentais pareceriam exigir outro arranjo, continuam na prtica tradicional. H boas razes para

    comear com a Doutrina de Deus, se partirmos da admisso que a Teologia o conhecimento

    sistematizado de Deus de quem, por meio de quem, e para quem so todas as coisas. Em vez de

    surpreender-nos de que a dogmtica comece com a Doutrina de Deus, bem poderamos esperar que

    seja completamente um estudo de Deus, em todas as suas ramificaes, do comeo ao fim. Como

    uma questo de fato, isto exatamente o que se pretende que seja, embora somente o primeiro locus

    ou captulo teolgico trate diretamente de Deus, enquanto que as partes ou loci subseqentes tratam

    dele de maneira mais indireta. Iniciamos o estudo de teologia com duas pressuposies a saber: (1)

    Que Deus existe; (2) Que Ele se revelou em Sua Palavra divina. E por esta razo no nos

    impossvel comear com o estudo de Deus. Podemos dirigir-nos a Sua revelao para aprender o

    que Ele revelou a respeito de Si mesmo e a respeito de Sua relao para coma as Suas criaturas.

    Tm-se feito tentativas no curso dos tempos para distribuir o material da dogmtica de tal modo que

    exiba claramente que ela no apenas em um locus, mas em sua totalidade, um estudo de Deus. Isto

    foi feito pela aplicao do mtodo trinitrio, que dispe o assunto da dogmtica sob os trs ttulos:

    (1) O Pai; (2) O Filho; (3) O Esprito Santo. Esse mtodo foi aplicado em algumas das primeiras

    obras sistemticas, foi restaurado ao favor geral por Hegel, e se pode ver ainda na Dogmtica

    Crist, de Martensen. Uma tentativa semelhante foi feita por Breckenridge, quando dividiu o

    assunto da dogmtica em (1) O Conhecimento de Deus Objetivamente Considerado; (2) O

    Conhecimento de Deus subjetivamente Considerado. Nem um nem outro destes podem ser

    considerados como tendo tido sucesso.

    At o comeo do sculo XIX era quase geral a prtica de comear o estudo da dogmtica com a

    doutrina de Deus, mas ocorreu uma mudana sob a influncia de Schleiermacher, que procurou

    salvaguardar o carter cientfico da teologia com a introduo de um novo mtodo. A conscincia

    religiosa do homem substituiu a palavra de Deus como a fonte da teologia. A f na Escritura como

    autorizada revelao de Deus foi desacreditada e a compreenso humana, baseada na apreenso

    emocional ou racional do homem, veio a ser o padro do pensamento religioso. A religio

    gradativamente tomou o lugar de Deus como objeto da teologia. O homem deixou de ser ou de

    reconhecer o conhecimento de Deus como algo que lhe foi dado na Escritura e comeou a orgulhar-

    se de Ter a Deus como seu objeto de pesquisa. No curso do tempo tornou-se comum falar do

    descobrimento de Deus feito pelo homem, como se o homem alguma vez O tivesse descoberto; e

    toda descoberta feita nesse processo foi dignificada com o nome de revelao. Deus vinha no

    final de um silogismo, ou como o ltimo elo de uma corrente de raciocnio, ou como a cumeeira de

    uma estrutura de pensamento humano. Sob tais circunstncias, era simplesmente natural que alguns

    considerassem incoerncia comear a dogmtica pelo estudo de Deus. Antes surpreendente que

    tantos, a despeito do seu subjetivismo, tenham continuado a seguir a ordem tradicional.

    Contudo, alguns perceberam a incongruncia e partiram por outro caminho. A obra dogmtica

    de Schleiermacher dedica-se ao estudo e anlise do sentimento religioso e das doutrinas nele

    envolvidas. Ele no trata da doutrina de Deus de maneira conexa, mas apenas em fragmentos, e

    conclui a sua obra com uma discusso sobre a Trindade. Seu ponto de partida antropolgico, e no

    teolgico. Alguns telogos intermedirios foram to influenciados por Schleiermacher que,

    logicamente, comearam os seus tratados de dogmtica com o estudo do homem. Mesmo nos dias

    presentes esta ordem seguida ocasionalmente. Acha-se um notvel exemplo disto na obra de O. A.

    Curtis em The Christian Faith. Esta comea com a doutrina do homem e conclui com a doutrina de

    Deus. Poderia parecer que a teologia da escola de Ritschl requeresse ainda outro ponto de partida,

  • desde que encontra a revelao objetiva de Deus, no a Bblia como na palavra divinamente

    inspirada, mas em Cristo como fundador do Reino de Deus, e considera a idias do Reino como o

    conceito central e absolutamente dominante da teologia. Contudo, dogmticos da Escola de Ritschl,

    como Herrmann, Haering e Kaftan, seguem, pelo menos formalmente, a ordem usual. Ao mesmo

    tempo, h vrios telogos que em suas obras comeam a discusso da dogmtica propriamente dita

    com a doutrina de Cristo ou da Sua obra redentora. T. B. Strong distingue entre teologia e teologia

    crist, define esta ltima como a expresso e anlise da encarnao de Jesus Cristo, e faz da

    encarnao o conceito dominante em todo o seu Manual of Theology.

    B. Prova Bblica da Existncia de Deus.

    Para ns a existncia de Deus a grande pressuposio da teologia. No h sentido em falar-se

    do conhecimento de Deus, se no se admite que deus existe. A pressuposio da teologia crist

    um tipo muito definido. A suposio no apenas de que h alguma coisa, alguma idia ou ideal,

    algum poder ou tendncia com propsito, a que se possa aplicar o nome de Deus, mas que h um

    ser pessoal auto-consciente, auto-existente, que a origem de todas as coisas e que transcende a

    criao inteira, mas ao mesmo tempo imanente em cada parte da criao. Pode-se levantar a

    questo se esta suposio razovel, questo que pode ser respondida na afirmativa. No significa,

    contudo, que a existncia de Deus passvel de uma demonstrao lgica que no deixa lugar

    nenhum para dvida; mas significa, sim, que, embora verdade da existncia de Deus seja aceita pela

    f, esta f, se baseia numa informao confivel. Embora a teologia reformada considere a

    existncia de Deus como pressuposio inteiramente razovel, no se arroga a capacidade de

    demonstrar isto por meio de uma argumentao racional. Dr. Kuyper fala como segue da tentativa

    de faz-lo: A tentativa de provar a existncia de Deus ou intil ou um fracasso. intil se o

    pesquisador acredita que Deus recompensa aqueles que O procuram. um fracasso se se trata de

    uma tentativa de forar, mediante argumentao, ao reconhecimento, num sentido lgico, uma

    pessoa que no tem esta pistis.1

    O Cristo aceita a verdade da existncia de Deus pela f. Mas esta f no uma f cega, mas f

    baseada em provas, e as provas se acham, primariamente, na Escritura como a Palavra de Deus

    inspirada, e, secundariamente, na revelao de Deus na natureza. A prova bblica sobre este ponto

    no nos vem na forma de uma declarao explcita, e muito menos na forma de um argumento

    lgico. Nesse sentido a Bblia no prova a existncia de Deus. O que mais se aproxima de uma

    declarao talvez seja o que lemos em Hebreus 11:6 ... necessrio que aquele que se aproxima de

    Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam. A Bblia pressupe a

    existncia de Deus em sua declarao inicial, No principio criou Deus os cus e a terra. Ela no

    somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas, mas tambm como o Sustentador de

    todas as Suas criaturas. E como o Governador de indivduos e naes. Ela testifica o fato de que

    Deus opera todas as coisas de acordo com o conselho da Sua vontade, e revela a gradativa

    realizao do Seu grandioso propsito de redeno. O preparo para esta obra, especialmente na

    escolha e direo do povo de Israel na velha aliana, v-se claramente no Velho Testamento, e a sua

    culminao inicial na Pessoa e Obra de Cristo ergue-se com grande clareza nas pginas do Novo

    testamento. V-se Deus em quase todas as pginas da Escritura Sagrada em que Ele se revela em

    palavras e atos. Esta revelao de Deus constitui a base da nossa f na existncia de Deus, e a torna

    uma f inteiramente razovel. Deve-se notar, contudo, que somente pela f que aceitamos a

    revelao de Deus e que obtemos uma real compreenso do seu contedo. Disse Jesus, Se algum

    quiser fazer a vontade dele, conhecer a respeito da doutrina, se ela de Deus ou se eu falo por mim

    mesmo, Joo 7.17. este conhecimento intensivo, resultante de ntima comunho com Deus, que

    Osias tem em mente quando diz, Conheamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor, Osias

    6.3. O incrdulo no tem nenhuma real compreenso da palavra de Deus. As palavras de Paulo so

    pertinentes nesta conexo: Onde est o sbio? Onde o escriba? Onde o inquiridor deste sculo?

    1 Dict, Dogm., De Deo I, p. 77 (traduo de L. B. ao ingls).

  • Porventura no tornou Deus louca a sabedoria do mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o

    mundo no conheceu por sua prpria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crem, pela loucura

    da pregao, 1 Corntios 1.20, 21.

    C. A negao da existncia de Deus em suas Vrias Formas.

    Os estudiosos de religies comparadas e os missionrios freqentemente do testemunho do

    fato de que a idias de Deus praticamente universal na raa humana. encontrada at mesmo

    entre as mais atrasadas naes e tribos do mundo. Isto no significa contudo, que no h indivduos

    que negam a existncia de Deus completamente, nem tampouco que no h um bom nmero de

    pessoas em terras crists que negam a existncia de Deus como Ele revelado na Escritura, uma

    Pessoa de perfeies infinitas, auto-existente e auto-consciente, que realiza todas as coisas segundo

    um plano predeterminado. esta ltima forma de negao que temos particularmente em mente

    aqui. Ela pode assumir vrias formas e, na verdade, tem assumido vrias formas no curso da

    histria.

    1. A ABSOLUTA NEGAO DA EXISTNCIA DE DEUS. Como acima foi dito, h forte

    prova da presena universal da idia de Deus na mente humana, mesmo entre as tribos no

    civilizadas e que no tem recebido o impacto da revelao especial. Em vista deste fato, alguns

    chegam a negar a existncia de pessoas que negam a existncia de Deus, que haja verdadeiros ateus,

    a saber, os ateus prticos e os tericos. Os primeiros so simplesmente pessoas no religiosas,

    pessoas que na vida prtica no contam com Deus, mas vivem como se Deus no existisse. Os

    ltimos so em regra, de um tipo mais intelectual, e baseiam a sua negao num processo de

    raciocnio. Procuram provar que Deus no existe usando para este fim aquilo que lhes parece

    argumentos racionais conclusivos. Em vista da semen reliogionis implantada em todos os seres

    humanos, pela criao do homem imagem de Deus, seguro admitir que ningum nasce ateu. Em

    ltima anlise, o atesmo resulta do estado moral pervertido do homem e do seu desejo de fugir de

    Deus. deliberadamente cego para o instinto mais fundamental do homem, para as necessidades

    mais profundas da alma, para as mais elevadas aspiraes do esprito humano, e para os anseios de

    um corao que anda tateando em busca de um ser mais alto; cego para estas realidades e as

    procura suprimir. Esta supresso prtica ou intelectual da operao da semen reliogionis

    freqentemente envolve prolongados e penosos conflitos.

    No se pode duvidar da existncia de ateus prticos, visto que tanto a Escritura como a

    experincia a atestam. A respeito dos mpios o Salmo 14.1 declara: Diz o insensato no seu corao:

    no h Deus (cf. Sl 10.4b). E Paulo lembra aos Efsios que eles tinham estado anteriormente sem

    Deus no mundo, Efsios 2.12. A experincia tambm d abundante testemunho da presena deles

    no mundo. Eles no so necessariamente mpios notrios aos olhos dos homens, mas podem

    pertencer aos assim chamados homens decentes do mundo, embora consideravelmente

    indiferentes para com as coisas espirituais. Tais pessoas muitas vezes tm a conscincia do fato de

    que esto em desarmonia com Deus, tremem ao pensar em defront-lo e procuram esquec-lo.

    Parecem Ter um secreto prazer em exibir o seu atesmo quando tudo vai bem, mas sabido que

    dobram os seus joelhos em orao quando sua vida entra repentinamente em perigo. Na poca

    presente, milhares desses ateus prticos pertencem Associao Americana para o Progresso do

    Atesmo.

    Os ateus tericos so doutra espcie. Geralmente so de um tipo mais intelectual e procuram

    justificar a afirmao de que no h Deus por meio de argumentao racional. O professor Flint

    distingue trs espcies de atesmo terico, a saber, (1) Atesmo dogmtico, que nega

    peremptoriamente a existncia de um ser divino; (2) Atesmo ctico, que duvida da capacidade da

    mente humana de determinar se h ou no h um Deus; (3) Atesmo crtico, que sustenta que no h

    nenhuma prova vlida da existncia de deus. Estes freqentemente caminham de mos dadas, mas

    mesmo o mais moderado deles realmente declara que toda e qualquer crena em Deus uma

  • iluso.1 Nesta diviso se ver que o agnosticismo tambm aparece como uma espcie de atesmo,

    classificao que desagrada a muitos agnsticos. Deve-se Ter em mente, porm, que o agnosticismo

    referente existncia de deus, embora admitindo a possibilidade da sua realidade, deixa-nos sem

    um objeto de culto e adorao exatamente como faz o atesmo dogmtico. Contudo, o verdadeiro

    ateu o ateu dogmtico, o homem que faz a afirmao categrica de que no h Deus. Essa

    afirmao pode significar uma de duas coisas: ou que ele no reconhece Deus nenhum, de nenhuma

    espcie, no erige nenhum dolo para si mesmo, ou que no reconhece o Deus da escritura. Ora, h

    muitos poucos ateus que na vida prtica no modelam alguma espcie de Deus para si prprios. H

    um nmero muito maior daqueles que teoricamente pem de lado todo e qualquer deus; e um

    nmero ainda maior dos que romperam com o Deus da Escritura. O atesmo terico geralmente est

    arraigado em alguma teoria cientfica ou filosfica. O monismo materialista, em suas vrias formas,

    e o atesmo normalmente andam de mos dadas. O idealismo subjetivo absoluto pode ainda deixar-

    nos a idia de Deus, mas nega que haja qualquer realidade que lhe corresponda. Para o humanista

    moderno Deus simplesmente significa o esprito da humanidade, o sentimento de

    integralidade, meta racial e outras abstraes desta espcie. Outras teorias no somente do lugar

    a Deus; tambm pretendem manter a sua existncia, mas certamente excluem o Deus do tesmo, um

    Ser pessoal supremo, o Criador, o Preservador, e o Governador do Universo, distinto de Sua criao

    e ,contudo, em toda parte presente nela. O pantesmo funde o natural e o sobrenatural, o finito e o

    infinito numa s substncia. Muitas vezes fala de Deus como base oculta do mundo fenomenal, mas

    no O concebe como pessoal e, portanto dotado, como dotado de inteligncia e vontade.

    Ousadamente declara que tudo Deus, assim se envolve naquilo a que Brightman chama a

    expanso de Deus, de modo que temos muito de Deus, visto que Ele inclui tambm todo o mal

    do mundo. Isto exclui o Deus da escritura, e at aqui claramente atesta. Spinoza pode ser chamado

    O homem intoxicado por Deus, mas o seu Deus certamente no o Deus que os cristos cultuam

    e adoram. Seguramente, no pode haver dvida da presena de ateus tericos no mundo. Quando

    David Hume expressou dvida a respeito da existncia de um ateu dogmtico, o Baro dHolbach

    replicou: Meu caro senhor, neste momento estais sentado mesa na companhia de dezessete

    pessoas dessa classe. Os que so agnsticos quanto existncia de Deus podem diferir um tanto do

    ateu dogmtico, mas eles, como estes ltimos, deixam-nos sem Deus.

    2. FALSOS CONCEITOS ATUAIS DE DEUS QUE ENVOLVEM NEGAO DO

    VERDADEIRO DEUS. Em nossos dias h vrios conceitos falsos de Deus, conceitos que

    envolvem a negao do conceito testa de Deus. Basta nesta conexo uma breve indicao dos mais

    importantes destes falsos conceitos.

    a. Um Deus imanente e impessoal. O tesmo sempre acreditou num Deus que transcendente e

    imanente. O desmo retirou deus do mundo, e deu nfase Sua transcendncia, em detrimento da

    Sua imanncia. Sob a influncia do pantesmo, porm o pndulo pendeu noutra direo. Identificou

    Deus com o mundo e no reconheceu um Ser divino distinto da Sua criao e infinitamente exaltado

    acima dela. Por intermdio de Schleiermacher, a tendncia de fazer Deus um Ser em linha de

    continuidade com o mundo obteve um ponto de apoio na teologia. Ele ignora completamente o

    Deus transcendente e s reconhece um Deus que pode ser conhecido pela experincia humana e se

    manifesta na conscincia crist como causalidade absoluta, qual corresponde um sentimento de

    dependncia absoluta. Os atributos que atribumos a Deus, so, nesta maneira de ver, meras

    expresses simblicas dos vrios modos assumidos por este sentimento de dependncia, idias

    subjetivas sem nenhuma realidade correspondente. Suas representaes de Deus mais antigas e

    posteriores parecem diferir um pouco, e os intrpretes de Schleiermacher diferem quanto maneira

    pela qual as suas afirmaes devam ser harmonizadas. Contudo, Brunner parece estar certo quando

    diz que, para Schleiermacher, o universo toma o lugar de Deus, embora seja usado este ltimo

    nome; e que ele concebe a Deus como idntico ao universo e como a unidade subjacente ao

    universo. Muitas vezes parece que a distino entre o mundo como uma unidade e o mundo em suas

    1 Anti-Theories, p.4s.

  • multiformes manifestaes. Ele fala muitas vezes de deus como o Universum ou o Welt-All, e

    argumenta contra a personalidade de Deus; apesar disso, incoerentemente, fala como se pudssemos

    Ter comunho com Ele em Cristo. Estas opinies de Schleiermacher, fazendo de Deus um Ser em

    linha de continuidade com o mundo, dominou grandemente a teologia do sculo passado, e esta

    opinio que Barth combate com a sua forte nfase a Deus como O Totalmente Outro.

    b. Um Deus finito e pessoal. A idia de um Deus finito ou deuses finitos no nova; to

    antiga como politesmo e o henotesmo. A idias harmoniza-se com o pluralismo, no porm com o

    monismo filosfico bem com o monotesmo teolgico. O tesmo sempre considerou Deus como um

    Ser pessoal, absoluto, de perfeies infinitas. Durante o sculo XIX, quando a filosofia monstica

    estava em ascendncia, tornou-se comum identificar o Deus da teologia com o Absoluto da

    filosofia. Mais para o fim do sculo, porm, o termo Absoluto, como uma designao para Deus,

    caiu em descrdito, em parte por causa de suas implicaes agnsticas e pantesticas, e em parte

    como resultado da oposio idia do Absoluto na filosofia, e do desejo de excluir toda

    metafsica da teologia. Bradley considerava o deus da religio crist como uma parte do Absoluto, e

    James defendia um conceito de Deus que estava mais em harmonia com a experincia humana de

    que com a idia de um Deus infinito. Ele elimina de Deus os atributos metafsicos de auto-

    existncia, infinidade e imutabilidade, e declara supremos os atributos morais. Deus tem um meio-

    ambiente, existe no tempo, e elabora uma histria exatamente como ns o fazemos. Em vista do mal

    existente no mundo, Ele deve ser imaginado como limitado em conhecimento ou no poder, ou em

    ambos. As condies do mundo tornam impossvel crer num Deus bondoso, infinito em

    conhecimento e poder. A existncia de um poder superior amistoso para com o homem e com o

    qual este pode comungar satisfaz todas as necessidades e experincias prticas da religio. James

    concebia este poder como pessoal, mas no desejava expressar-se como se acreditasse num Deus

    finito ou em vrios deuses finitos. Bergson acrescentou a este conceito de James a idia de um Deus

    em luta e em crescimento, constantemente envolvendo em seu meio-ambiente. Outros que

    defendiam a idias de um Deus finito, embora de diferentes maneiras, so Hobhouse, Shiller, James

    Ward, Rashdall e H.G. Wells.

    c. Deus como personificao de uma simples idia abstrata. Ficou muito em voga na moderna

    teologia liberal considerar o nome de Deus como um simples smbolo, representando algum

    processo csmico, uma vontade ou poder universal, ou um ideal elevado e abrangente. Repete-se

    com freqncia a afirmao de que, se Deus criou o homem Sua imagem, o homem agora est

    devolvendo o cumprimento criando a Deus imagem do homem. Diz-se a respeito de Harry Elmer

    Barnes que uma vez ele disse numa de suas aulas de laboratrio: Cavalheiros, agora vamos criar

    Deus. Essa foi uma rude expresso de uma idia muito comum. A maioria dos que rejeitam o

    conceito testa de Deus ainda professa f em Deus, mas este um Deus de sua prpria imaginao..

    A forma que ele assume numa ocasio particular depende, segundo Shailer Matthews dos atuais

    modelos de pensamento. Nos tempos anteriores guerra, o padro dominante era o de um soberano

    autocrtico, que exigia obedincia absoluta; agora o de um governante democrtico, disposto a

    servir a todos que lhe esto subordinados. Desde os dias de Comte tem havido a tendncia de

    personificar a ordem social da humanidade como um todo e de cultuar esta personificao. Os assim

    chamados melhoristas ou telogos sociais revelam a tendncia de identificar Deus de algum modo

    com a ordem social. E os neopsicologistas dizem-nos que a idia de Deus uma projeo da mente

    humana, que em seus primeiros estgios inclinada a formar imagens de suas experincias e a

    revesti-las de uma semi-personalidade. Leuba de opinio que esta iluso de Deus no ser

    necessria. Umas poucas definies serviro para mostrar as tendncias dos dias presentes. Deus

    o esprito imanente da comunidade (Royce). Deus aquela qualidade da sociedade humana em

    desenvolvimento (E. S. Ames). A palavra deus um smbolo para designar o universo em sua

    capacidade ideal de formao (C.B. Foster). Deus o nosso conceito, nascido da experincia

    social, dos elementos que desenvolvem personalidade e os elementos de explicao pessoal do

    nosso ambiente csmico, como o qual estamos organicamente relacionados (Shailer Matthews).

  • Mal se precisa dizer que o Deus assim definido no um Deus pessoal e no responde s

    necessidades mais profundas do corao humano.

    D. As Assim Chamadas Provas Racionais da Existncia de Deus.

    No transcurso do tempo foram elaborados alguns argumentos em favor da existncia de Deus.

    Acharam ponto de apoio na teologia, especialmente pela influncia de Wolff. Alguns deles j

    tinham sido sugeridos, em essncia, por Plato e Aristteles, e outros foram acrescentados

    modernamente por estudiosos da filosofia da religio. Somente os mais comuns podem ser

    apresentados aqui.

    1. O ARGUMENTO ONTOLGICO. Este argumento foi apresentado em vrias formas por

    Anselmo, Descartes, Samuel Clark, e outros. Foi apresentado em sua mais perfeita forma por

    Anselmo. Este argumenta que o homem tem a idia de um ser absolutamente perfeito; que a

    existncia atributo de perfeio; e que, portanto, um ser absolutamente perfeito tem que existir.

    Mas evidente que no podemos tirar uma concluso quanto existncia real partindo de um

    pensamento abstrato. O fato de que temos uma idia de Deus ainda no prova a Sua existncia

    objetiva. Alm disto, este argumento pressupe tacitamente como j existente na mente humana o

    prprio conhecimento da existncia de Deus que teria que derivar de uma demonstrao lgica.

    Kant declarou, com nfase, insustentvel este argumento, mas Hegel o aclamou como um grande

    argumento em favor da existncia de Deus. Alguns idealistas modernos sugeriram que ele poderia

    ser proposto de forma um tanto diferente, como a que Hocking chamou, O registro da

    experincia. Em virtude podemos dizer: Tenho idia de Deus: portanto, tenho experincia de

    Deus.

    2. O ARGUMENTO COSMOLGICO. Este argumento tem aparecido em diversas formas.

    Em geral se apresenta como segue: Cada coisa existente no mundo tem que ter uma causa

    adequada; sendo assim, o universo tambm tem que ter uma causa adequada, isto , uma causa

    indefinidamente grande. Contudo, o argumento no produz convico, em geral. Hume questionou

    a prpria lei de causa e efeito, e Kant assinalou que, se tudo que existe tem uma causa adequada,

    isto se aplica tambm a Deus, e, assim, somos suposio de que o cosmo teve uma cauda nica,

    uma causa pessoal e absoluta, e, portanto, no prova a existncia de Deus. Esta dificuldade levou a

    uma construo ligeiramente diversa do argumento como, por exemplo, a que B.P.Bowne fez. O

    universo material aparece como sistema interativo e, portanto, como uma unidade que consiste de

    vrias partes. Da, deve haver um Agente Integrante que veicule a interao das vrias partes ou

    constitua a base dinmica da existncia delas.

    3. O ARGUMENTO TELEOLGICO. Este argumento tambm causal e, na verdade,

    apenas uma extenso do imediatamente anterior. Pode ser exposto da seguinte forma: Em toda parte

    o mundo revela inteligncia, ordem, harmonia e propsito, e assim implica a existncia de um ser

    inteligente e com propsito, apropriado para a produo de um mundo como este. Kant considera

    este argumento o melhor dos trs que mencionamos, mas alega que ele no prova a existncia de

    Deus, nem de um criador, mas somente a de um grande arquiteto que modelou o mundo. superior

    ao argumento cosmolgico no sentido de que explicita aquilo que no firmado no anterior, a

    saber, que o mundo contm evidncias de inteligncia e propsito. No se segue necessariamente

    que este ser o Criador do mundo. A prova teolgica. Diz Wright.1 indica apenas a provvel

    existncia de uma mente que, ao menos em considervel medida, controla o processo do mundo,

    suficiente para explicar a quantidade de teleologia que nele transparece. Hegel considerava este

    argumento vlido, mas o tratava como um argumento subordinado. Os telogos sociais dos nossos

    dias rejeitam-no, juntamente com todos os outros argumentos, como puro refugo, mas os neotestas

    o aceitam.

    1 A Students Philosophy of Religion, p.341.

  • 4. O ARGUMENTO MORAL. Como os outros argumentos, este tambm assumiu diferentes

    formas. Kant tomou seu ponto de partida no imperativo categrico, e deste deferiu a existncia de

    algum que, como legislador e juiz, tem absoluto direito de dominar o homem. Em sua opinio, este

    argumento muito superior a qualquer dos outros. o argumento em que se apia principalmente,

    em sua tentativa de provar a existncia de Deus. Esta pode ser uma das razes pelas quais este

    argumento mais geralmente reconhecido do que qualquer outro, embora nem sempre com a

    mesma formulao. Alguns argumentam baseados na desigualdade muitas vezes observada entre a

    conduta moral dos homens e a prosperidade que eles gozam na vida presente, e acham que isso

    requer um ajustamento no futuro que, por sua vez, exige um rbitro justo. A teologia moderna

    tambm o usa amplamente, em especial na forma de que o reconhecimento que o homem tem do

    Sumo Bem e a sua busca de uma ideal moral exigem e necessitam a existncia de um ser santo e

    justo, no torna obrigatria a crena em um Deus, em um Criador ou em um Ser de infinitas

    perfeies.

    5. O ARGUMENTO HISTRICO OU ETNOLGICO. Em geral este argumento toma a

    seguinte forma: Entre todos os povos e tribos da terra h um sentimento religioso que se revela em

    cultos exteriores. Visto que o fenmeno universal, deve pertencer prpria natureza do homem. E

    se a natureza do homem naturalmente leva ao culto religioso, isto s pode achar sua explicao num

    ser superior que constituiu o homem um ser religioso. Todavia, em resposta a este argumento, pode-

    se dizer que este fenmeno universal pode ter-se originado num erro ou numa compreenso errnea

    de um dos primitivos progenitores da raa humana, e que o culto religioso referido aparece com

    mais vigor entre as raas primitivas e desaparece medida que elas se tornam civilizadas.

    Ao avaliar estes argumentos racionais, deve-se assinalar antes de tudo que os crentes no

    precisam deles. Sua convico a respeito da existncia de Deus no depende deles, mas, sim, da

    confiante aceitao da auto-revelao de Deus na Escritura. Se muitos em nossos dias esto

    querendo firmar sua f na existncia de Deus nesses argumentos racionais, isto se deve em grande

    medida ao fato de que eles se negam a aceitar o testemunho da palavra de Deus. Alm disso, ao usar

    estes argumentos na tentativa de convencer pessoas incrdulas, ser bom ter em mente que de

    nenhum que nenhum deles se pode dizer que transmite convico absoluta. Ningum fez mais para

    desacredit-los que Kant. Desde o tempo dele, muitos filsofos e telogos os tm descartado como

    completamente inteis, mas hoje os referidos argumentos esto recuperando apoio e o seu nmero

    est crescendo. E o fato de que em nossos dias tanta gente acha neles indicaes satisfatrias da

    existncia de Deus, parece indicar que eles no so inteiramente vazios de valor. Tm algum valor

    para os prprios crentes, mas devem ser denominados testimonia, e no argumentos. Eles so

    importantes como interpretaes da revelao geral de Deus e como elementos que demonstram o

    carter razovel da f em um ser divino. Alm disso. Podem prestar algum servio na confrontao

    com os adversrios. Embora no provem a existncia de Deus alm da possibilidade de dvida e a

    ponto de obrigar o assentimento, podem ser elaborados de maneira que estabeleam uma forte

    probabilidade e, por isso, podero silenciar muitos incrdulos.

    QUESTIONRIO PARA PESQUISA: 1. Por que a teologia moderna inclinou-se a dar

    primazia ao estudo do homem e no ao estudo de Deus? 2. A Bblia prova a existncia de Deus ou

    no? 3. Se prova, como o faz? 4. O que que explica o sensus divinitatis geral do homem? 5.

    Existem naes ou tribos que absolutamente no o possuem? 6. Pode-se sustentara a posio de que

    no existem ateus? 7. Os humanistas do presente devem ser classificados como ateus? 8. Que

    objees h para a identificao de Deus com o Absoluto da filosofia? 9. Um Deus finito satisfaz as

    necessidades da vida crist? 10. A doutrina de um Deus finito s se encontra nos pragmatistas? 11.

    Por que que a idia de um Deus personificado um pobre substituto do Deus vivo? 12. Em que

    consiste a crtica de Kant aos argumentos da razo especulativa em favor da existncia de Deus? 13.

    Como devemos julgar esta crtica?

  • BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Bavinck, Geref. Dogm. II, p.52-74; Kuyper, Dirct.

    Dogm. De Deo I, P. 77-123; Hodge, Syst. Theol. I, p. 221-248; Dabney, Syst. And Polem. Theol,

    p.5-26; Macintosh, Theol. as an Empirical Sciense, p.90-99; Knudson, The Doctrine of God, p. 203-

    241; Beathie, Apologetics, p.250-444; Brightman, The Problem of God, p. 139-165; Wright, A

    Students Phil of Rel., p.339-390; Edward, The Philosophy of Rel., p. 218-305; Beckwith, The Idea

    of God, p. 64-115; Thompson, The Chirstian Idea of God, p. 160-189; Robinson, The God of the

    Liberal Christian, p.114-149; Galloway, The Phil, of Rel., p.382-394.

  • II. A cognoscibilidade de Deus

    A. Deus Incompreensvel e, contudo, Cognoscvel.

    A igreja crist confessa, por um lado, que Deus o Incompreensvel, mas tambm, por outro

    lado, que Ele pode ser conhecido e que conhec-lo um requisito absoluto para a salvao. Ela

    reconhece a fora da questo levantada por Zofar, Porventura desvendars os arcanos de Deus ou

    penetrars at a perfeio do Todo-Poderoso? J 11.7. E ela percebe que no tem resposta para a

    indagao de Isaas. Com quem comparareis a Deus? Ou que cousa semelhante confrontareis com

    ele? Isaas 40.18. Mas, ao mesmo tempo, ela tambm est atenta afirmao de Jesus: E a vida

    eterna esta: que te conheam a ti, o nico Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste Joo

    17.3. Ela regozija no fato de que o Filho de Deus vindo, e nos tem dado entendimento para

    reconhecermos o verdadeiro, e estamos no verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo 1 Joo 5.20. As

    duas idias refletidas nestas passagens sempre foram sustentadas lado a lado na igreja crist. Os

    primitivos pais da igreja, assim chamados, falavam do Deus invisvel como um Ser no gerado,

    indenominvel, eterno, incompreensvel, imutvel. Eles tinham ido bem pouco alm da antiga idia

    grega de que o Ser Divino existncia absoluta e sem atributos. Ao mesmo tempo, eles

    confessavam que Deus revelou-se no Logos e, portanto, pode ser conhecido para a salvao. No

    sculo IV Eunmio, um ariano, argumentou, com base na simplicidade ontolgica de Deus, que no

    h nada em Deus que no seja perfeitamente cognoscvel e compreensvel para o intelecto humano,

    mas a sua opinio foi rejeitada por todos os lderes reconhecidos da igreja. Os escolsticos

    distinguiam entre o Quid e o Qualis de Deus, e sustentavam que no sabemos o que Deus em Seu

    Ser essencial, mas podemos saber algo da Sua natureza, daquilo que Ele para ns, como Ele se

    revela em Seus atributos divinos. As mesmas idias gerais foram expressas pelos Reformadores,

    apesar de que eles no concordavam com os escolsticos quanto possibilidade de adquirir real

    conhecimento de Deus pela razo humana desajudada, partindo da revelao geral. Lutero fala

    repetidamente de Deus como o Deus Absconditus (Deus oculto), em distino dele como o Deus

    Revelatus (Deus revelado). Em algumas passagens ele at fala do Deus Revelado como ainda um

    Deus Oculto, em vista do fato de que, mesmo atravs da Sua revelao especial, no podemos

    conhec-lo plenamente. Para Calvino, Deus, nas profundezas do Seu Ser, insondvel. Sua

    essncia, diz ele, incompreensvel; desse modo, Sua divindade escapa totalmente aos sentidos

    humanos. Os Reformadores no negam que o homem possa aprender alguma coisa da natureza de

    Deus por meio da Sua obra criadora, mas sustentam que ele s pode adquirir verdadeiro

    conhecimento de Deus por meio da revelao especial, sob a influncia iluminadora do esprito

    Santo. Sob a influncia da teologia da imanncia, de tendncia pantesta, inspirada por Hegel e

    Schleiermacher, ocorreu uma mudana. A transcendncia de Deus, segundo o novo conceito,

    enfraquecida, ignorada ou explicitamente negada. Deus reduzido ao nvel do mundo, colocado

    em linha contnua com ele e, portanto, considerado como menos incompreensvel, embora ainda

    envolto em mistrio. A revelao especial, no sentido de uma direta comunicao de Deus ao

    homem, negada. Pode-se obter suficiente conhecimento de Deus sem ela, uma vez que o homem

    pode descobrir Deus por si mesmo nas profundezas do seu prprio ser, no universo material e,

    acima de tudo em Jesus Cristo, dado que estas coisas so manifestaes externas do Deus imanente.

    contra esta tendncia da teologia que Barth levanta a sua voz e assinala que no podemos

    encontrar Deus nem na natureza, nem na histria, nem na experincia humana de qualquer espcie,

    mas somente na revelao especial, que chega at ns na Bblia. Em suas vigorosas afirmaes a

    respeito do Deus oculto, Ele emprega a linguagem de Lutero, e no a de Calvino.

    A teologia reformada sustenta que Deus pode ser conhecido, mas que ao homem impossvel

    Ter um exaustivo e perfeito conhecimento de Deus, de modo algum. Ter esse conhecimento de

    Deus seria equivalente a compreend-lo, e isto est completamente fora de questo: Finitum non

    possit capere onfinitum. Ademais, o homem no pode dar uma definio de Deus no sentido exato

    da palavra, mas apenas uma descrio parcial. Uma definio lgica impossvel porque Deus no

  • pode ser consubstanciado de forma sumria debaixo de algum gnero mais alto. Ao mesmo tempo,

    sustenta-se que o homem pode obter um conhecimento de Deus perfeitamente adequado

    realizao do propsito divino na vida do homem. Contudo, o verdadeiro conhecimento de Deus s

    pode ser adquirido graas auto-revelao divina, e somente pelo homem que aceita isso com f

    semelhante de uma criana. A religio necessariamente pressupe tal conhecimento. Este

    conhecimento a mais sagrada relao entre o homem e seu Deus, relao na qual o homem tem

    conscincia da absoluta grandeza e majestade de Deus como o Ser Supremo, e de sua completa

    insignificncia e sujeio ao Altssimo e Santo Ser. E se isto verdade, segue-se que a religio

    pressupe o conhecimento de Deus no homem. Se o homem fosse deixado absolutamente nas trevas

    a respeito do Ser de Deus, ser-lhe-ia impossvel assumir uma atitude religiosa. No poderia haver

    reverncia, piedade, temor de Deus, servio de adorao.

    B. Negao da Cognoscibilidade de Deus.

    A possibilidade de conhecer a Deus tem sido negada sobre diferentes bases. Geralmente essa

    negao se baseia nos supostos limites da faculdade cognitiva humana, embora se apresente de

    diferentes formas. A posio fundamental a de que a mente humana incapaz de conhecer

    qualquer coisa que esteja alm e por trs dos fenmenos naturais, e, portanto, necessariamente

    ignorante quanto s coisas supersensoriais e divinas. Huxley foi o primeiro a aplicar queles que

    assumem esta posio, ele prprio includo, o nome de agnsticos. Estes acham-se inteiramente

    alinhados com os cticos dos sculos anteriores e da filosofia grega. Em regra, os agnsticos no

    gostam de ser rotulados de ateus, desde que eles no negam absolutamente a existncia de um Deus,

    mas declaram que no sabem se Ele existe ou no e, mesmo que exista, no esto certos de terem

    algum genuno conhecimento dele, e, em muitos casos, negam de fato que possam Ter algum real

    conhecimento dele.

    Hume tem sido chamado o pai do moderno agnosticismo. Ele no negava a existncia de Deus,

    mas afirmava que no temos um verdadeiro conhecimento dos Seus atributos. Todas as nossas

    idias dele so, e s podem se, antropomrficas. No podemos estar certos de que haja alguma

    realidade correspondente aos atributos que a Ele atribumos. O seu agnosticismo resultou do

    princpio geral de que todo o conhecimento se baseia na experincia. Contudo, foi especialmente

    Kant que estimulou o pensamento agnstico com sua inquisidora sondagem dos limites do

    entendimento e da razo humanos. Ele afirmava que a razo terica s conhece fenmenos e

    necessariamente ignora aquilo que est subjacente a esses fenmenos a coisa em si. Disto segue-

    se, naturalmente, que nos impossvel Ter algum conhecimento terico de Deus. Mas Lotze j

    assinalou que os fenmenos, quer fsicos quer mentais, esto sempre relacionados com alguma

    substncia subjacente, da qual eles so manifestaes. O filsofo escocs, Sir Willian Hamilton,

    embora no concordam inteiramente com Kant, partilhou do agnosticismo intelectual dele. Ele

    afirma que a mente humana s sabe aquilo que est condicionado e existe em vrias relaes, que

    existe independentemente de quaisquer relaes, no podemos obter nenhum conhecimento dele.

    Mas, conquanto negue que o Infinito pode ser conhecido por ns, no nega a Sua existncia. Diz

    ele: Pela f apreendemos aquilo que est alm do nosso conhecimento. As suas opinies foram

    partilhadas substancialmente por Mansel, e por este foram popularizadas. Para ele tambm parecia

    completamente impossvel conceber a idia de um Ser Infinito, embora tambm professasse f em

    Sua existncia. O raciocnio destes dois homens no levava convico consigo, visto que se

    percebia que o Absoluto ou Infinito no existe necessariamente fora de todas as relaes, mas pode

    entrara em vrias relaes, e que o fato de que s conhecemos as coisas em suas relaes no

    significa que o conhecimento assim adquirido seja simplesmente um conhecimento relativo ou

    irreal. Comte, pai do positivismo, tambm era agnstico em religio. De acordo com ele, o homem

    nada pode conhecer, seno os fenmenos fsicos e suas leis. Os seus sentidos so as fontes de todo

    verdadeiro pensamento, e ele nada pode conhecer, exceto os fenmenos que os seus sentido

    apreendem e as relaes em que estes se mantm uns para com os outros. Os fenmenos mentais

    podem ser reduzidos a fenmenos materiais, e, na cincia, o homem no pode ir alm deste. Mesmo

  • os fenmenos suscetveis de percepo imediata esto excludos, e mais, tudo o que est por trs

    dos fenmenos. A especulao teolgica representa o pensamento em sua infncia. No se pode

    fazer nenhuma afirmao positiva a respeito da existncia de Deus, e, portanto, tanto o tesmo como

    atesmo esto condenados. Mais tarde em sua vida, Comte sentiu a necessidade de alguma religio e

    introduziu a religio da Humanidade, assim chamada. Ainda mais que Comte, Herbert Spencer

    reconhecido como o grande expoente do moderno agnosticismo cientfico. Ele foi muito

    influenciado pela doutrina de Hamilton sobre a relatividade do conhecimento e pelo conceito do

    Absoluto de Mansel, e, luz destas coisas, elaborou a sua doutrina do Incognoscvel, que foi a

    designao que deu ao que quer que seja absoluto, o primeiro ou o ltimo na ordem do universo,

    Deus inclusive. Ele parte da suposio de que h alguma realidade subjacente aos fenmenos, mas

    sustenta que toda reflexo sobre isso nos larga em meio a contradies. Esta realidade ltima

    completamente inescrutvel. Conquanto devamos aceitar a existncia de um Poder ltimo, pessoal

    ou impessoal, nenhuma concepo dele podemos formar. Incoerentemente, ele dedica grande parte

    do seu First Principles ao desenvolvimento do contedo positivo do Incognoscvel, como se, na

    verdade, fosse ele bem conhecido. Outros agnsticos, influenciados por ele, so, entre outros,

    Huxley, Fiske e Clifford. Tambm encontramos repetidamente o agnosticismo no humanismo

    moderno. Diz Harry Elmer Barnes: Para o autor, parece inteiramente bvio que a posio

    agnstica a nica que pode ser apoiada por uma pessoa de mentalidade cientfica e com disposio

    crtica no presente estado do conhecimento.1

    Alm das formas indicadas acima, o argumento agnstico tem assumido vrias outras, das

    quais as seguintes so algumas das mais importantes. (1) O homem s tem conhecimento mediante

    analogia. Conhecemos somente aquilo que tem alguma analogia com a nossa natureza ou com a

    nossa experincia: Similia similibus percipiuntur. Mas, embora seja verdade que aprendemos

    muita coisa por meio de analogia, tambm aprendemos por contraste. Em muitos casos as

    diferenas so precisamente as coisas que chamam a nossa ateno. Os escolsticos falavam da via

    negationis pela qual eles, em seu pensamento, eliminavam de Deus as imperfeies da criatura.

    Alm disso, no devemos esquecer que o homem foi feito a imagem de Deus, e que existem

    importantes analogias entre a natureza divina e a natureza do homem. (2) O homem realmente

    conhece somente aquilo que ele pode captar em sus inteireza. Em resumo, a posio a de que o

    homem no pode compreender a Deus, que infinito; no pode Ter um exaustivo conhecimento

    dele, e, portanto no pode conhec-lo. Mas esta posio parte da duvidosa suposio de que um

    conhecimento parcial no pode ser um conhecimento real, suposio que, na verdade, invalidaria

    todo o nosso conhecimento, desde que este sempre incompleto. O nosso conhecimento de Deus,

    conquanto exaustivo, pode, contudo, ser muito real e perfeitamente adequado s nossas

    necessidades. (3) Todos os predicados de Deus so negativos e, portanto, no fornecem

    conhecimento real. Diz Hamilton que o Absoluto e o Infinito s podem ser concebidos como uma

    negao imaginvel; o que de fato significa que no podemos Ter deles absolutamente nenhuma

    concepo. Mas, embora seja verdade que muito daquilo que ns atribumos a Deus negativo,

    quanto sua forma, isto no significa que, ao mesmo tempo, no possa comunicar alguma idia

    positiva. A asseidade de Deus inclui a idias positivas da Sua auto-existncia e auto-suficincia.

    Alm disso, idias como amor, espiritualidade e santidade so positivas. (4) Todo o nosso

    conhecimento relativo ao sujeito que exerce o conhecimento. Diz-se que conhecemos os objetos

    de conhecimento, no como eles so objetivamente, mas somente como eles so em sua relao

    com os nossos sentidos e faculdades. No processo de conhecimento, ns os torcemos e lhes damos

    colorido. Num sentido, perfeitamente certo que todo o nosso conhecimento subjetivamente

    condicionado, mas o significado insinuado pela assertiva em foco parece consistir em que, uma vez

    que s conhecemos as coisas por intermdio dos nossos sentidos e faculdades, no as conhecemos

    como elas so. Mas isto no verdade; na medida em que temos algum real conhecimento das

    coisas, esse conhecimento corresponde realidade objetiva. As leis da percepo e do pensamento

    no so arbitrrias, mas correspondem natureza das coisas. Sem tal correspondncia, no s o

    1 The Twilight of Christianity, p.260.

  • conhecimento de Deus, mas tambm todo verdadeiro conhecimento seria completamente

    impossvel.

    Alguns tendem a considerar a posio de Barth como uma espcie de agnosticismo. Zerbe

    afirma que o agnosticismo prtico domina o pensamento de Barth e o torno vtima da

    incognocibilidade kantiana da coisa-em-si-mesma, e o cita como segue: Romanos uma revelao

    do Deus Desconhecido; Deus vem ao homem, no o homem a Deus. Mesmo aps a revelao, o

    homem no pode conhecer a Deus, pois Este sempre o Deus desconhecido. Ao se manifestar, Ele

    est mais longe que nunca antes (Rbr. p. 53).1 Ao mesmo tempo, ele acha incoerente o

    agnosticismo de Barth, como tambm o de Herbert Spencer. Diz ele: J se disse de Herbert

    Spencer que ele sabia muita coisa acerca do Incognoscvel, assim, quanto a Barth, fica-se a

    indagar como ele veio a saber tanta coisa do Deus Desconhecido.2 Dickie toca na mesma tecla,

    quando diz: A