tecnologia ancestral no peru e bolivia

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David Hatcher Childress

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Todos os direitos reservados por

Editora Anunaki

E-mail: [email protected]

anunaki.com.br

Editor: André de Pierre

Capa: Ediene Rosa

Diagramação: Marina Avila

Revisão: Wanessa Carmen

Tradução: Eleonora Meier

Ficha Catalográfica: Ronaldo M. Vieira

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C464t Childress, David Hatcher

Childress; Tradução Eleonora Meier - - Tietê. / Anunaki, 2015.

Tecnologia ancestral no Peru e Bolívia / David Hatcher

ISBN 978-85-69053-11-8

1. História. 2. Arqueologia. 3. Antropologia. I. Autor. II.

Eleonora Meier. III. Tradutor. IV. Título.

CDD: 980

Índices para catálogo sistemático:1. História. 980

2. Arqueologia. 930.1

3. Antropologia. 301

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Obrigado às muitas pessoas que me ajudaram na pesquisa e acabamento deste

livro incluindo Jennifer Bolm, Christopher Dunn, Steve Zagata, David Espejo,

J.M. Allen, Jean-Pierre Protzen, Alan Alford, Gene Savoy, ao Museu de Me-

tais Preciosos em La Paz e muitos outros.

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SU MÁ R IO

1. O MUNDO PERDIDO DA AMÉRICA DO SUL 15

2. O ENIGMA DA TECNOLOGIA ANTIGA 41

3. TECNOLOGIA ANTIGA

EM TIAHUANACO E PUMA PUNKU 69

4. O COMPLEXO SUMÉRIO

DE MINERAÇÃO EM TIAHUANACO 133

5. OS MISTÉRIOS DO LAGO TITICACA

E DAS TORRES 174

6. TECNOLOGIA ANTIGA EM CUSCO 217

7. OS MEGÁLITOS DE OLLANTAYTAMBO 263

8. OS INCAS CONSTRUÍRAM MACHU PICCHU? 326

9. BIBLIOGRAFIA E NOTAS 360

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Duas figuras de barro sumerianas do Período Ubaid (5000 a. C.) mostrando cabeças

alongadas. O homem à esquerda é de Eridu e a mulher à direita é da antiga cidade de

Ur. Eles são os Annunaki da antiga lenda sumeriana?

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CA P Í TU LO U MO M U N D O PE R DI D O

DA A M É R IC A D O S U L

Se tu procuras El Dorado tu deves andar,

andar corajosamente sobre as Montanhas da Lua

através do vale da sombra...

– Edgar Allen Poe

Houve uma guinada e salto súbitos quando as rodas do avião

atingiram o asfalto da pista do aeroporto. Olhei pela janela para Lima,

para os edifícios do aeroporto do Peru onde o avião estaria aportando.

Estava de volta à América do Sul, uma terra de mistério e aventura.

Eu tinha estado aqui muitas vezes antes, começando em 1985. Vim

pela primeira vez depois de viajar pela Ásia e África por anos. Um ano

depois daquela viagem de 1985, o meu terceiro livro foi publicado, Ci-

dades Perdidas e Antigos Mistérios da América do Sul1, um livro de bolso, hoje

ainda em impressão e considerado um clássico no campo da arqueologia

e turismo de aventura.

A América do Sul ainda era um enigma na minha recente chegada

tanto quanto era há quase trinta anos. O continente de mistério e aventura

que me atraiu de volta ainda mantinha seus muitos segredos e cidades

perdidas, ruínas antigas e arquitetura desconcertante que alguns atribuíam

aos alienígenas do passado. De fato, nos muitos anos desde que vim pela

primeira vez à América do Sul, viajei para muitos cantos da terra, escrevi

outros livros e apareci em vários programas de televisão, incluindo um

para o History Channel chamado Alienígenas do Passado.

Esse programa postulava que muitas das relíquias megalíticas colossais

ao redor do mundo eram obras de antigos astronautas e humanos híbri-

dos de sua criação. Enquanto alguns consideravam o programa apenas

como uma promoção sensacional da teoria de que antigos astronautas

tinham feito (ou tiveram alguma participação na elaboração) muitos

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dos monumentos surpreendentes e intrigantes ao redor do mundo, in-

cluindo alguns na América do Sul, eu me perguntava seriamente sobre a

tecnologia utilizada na construção de algumas dessas estruturas e quem

seriam realmente os construtores. Eles seriam extraterrestres ou houve

uma cultura humana antiga com tecnologia muito avançada que cons-

truiu essas paredes gigantes, ou então talvez uma combinação de ambos?

Os destruidores de mitos sustentam que não há nada de tão especial

sobre esses monumentos antigos. Trabalho duro, demorado, paciência

e grande mão de obra, foi tudo o que era necessário para extrair, mover

e erguer esses megálitos de pedra. Sem dúvida, em muitos casos, o tra-

balho em pedra é extremamente excelente, mas não é grande coisa. Por

que denegrir o talento dos moradores locais atribuindo o seu trabalho a

alienígenas ou à tecnologia avançada?

Mas como e por que essas pessoas moveriam blocos gigantes de

pedra por muitas milhas? A pedra é muitas vezes de granito ou basalto

muito sólido e muito difícil de cortar e moldar. Isso foi feito com brutos

martelos de pedra e cinzéis de metal ou com equipamentos de precisão

que usavam serras diamantadas, brocas e outras ferramentas elétricas

poderosas? Todas essas questões me fascinavam.

Utilizando os fundos e recursos agora disponíveis para mim, decidi

viajar novamente para La Paz, o Lago Titicaca e a área de Cusco para

fazer mais pesquisas. Pedi ao amigo e engenheiro britânico/americano

Christopher Dunn para me acompanhar ao Peru e à Bolívia para dar

uma olhada em algumas das pedras trabalhadas e dar sua opinião profis-

sional de engenheiro. Ele é o autor de dois livros, The Giza Power Plant2

(A Usina Elétrica de Gizé) e Lost Technologies of Ancient Egypt3 (Tecnologias

Perdidas do Egito Antigo). Eu era um fã do seu trabalho e tinha estado em

várias viagens com ele para o Egito, e ainda era um crente na tecnologia

antiga que incluía metais duros, eletricidade, máquinas complicadas e

alta tecnologia como levitação, antigravidade e voo.

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Um método típico de escavar blocos megalíticos em uma pedreira.

Os meus próprios livros muitas vezes discutem esses tópicos e alguns

como A Incrível Tecnologia dos Antigos4 e Vimana: Aeronáutica da Índia An-

tiga e da Atlântida5 são bem conhecidos por sua exposição do conceito de

tecnologia avançada no mundo antigo.

Chris, minha esposa Jennifer, e alguns membros do Clube dos Ex-

ploradores, que também nos acompanharam, me seguiram para fora

do avião. Nós pegamos nossa bagagem e saímos do terminal principal

do Aeroporto Internacional Hugo Chávez. Providenciei para que dois

táxis nos levassem ao Hotel El Condado, no bairro de Miraflores, em

Lima. Depois de nos instalarmos em nossos quartos, caminhamos ao

longo da costa e almoçamos em um restaurante à beira de uma falésia

sobre o Oceano Pacífico.

Perguntei ao Chris porque ele acreditava que os antigos egípcios ti-

nham usado ferramentas elétricas para cortar e moldar blocos de granito e

basalto nas estruturas egípcias, incluindo a Grande Pirâmide. Ele explicou

que era muito difícil fazer as longas lajes de granito, perfeitamente retas,

que podem ser vistas no Egito; além disso, ele tinha observado os cantos

internos de blocos de granito que tinham uma borda muito precisa que

seria quase impossível fazer sem ferramentas de corte precisas. Martelos

de pedra e cinzéis de cobre, que os egiptólogos tradicionais afirmam

que foram usados para fazer esses monumentos, não seriam capazes do

trabalho exato. Alega-se que os egípcios não tinham ferramentas de

ferro, mas eles devem ter tido não só essas, mas furadeiras e até mesmo

grandes serras diamantadas!

Salientei que também se dizia que os olmecas da Mesoamérica ca-

reciam de ferro como uma ferramenta de lapidação. Mas toneladas de

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escória de ferro foram encontradas perto da capital olmeca de La Venta,

somente ferramentas de ferro, e provavelmente só ferramentas elétricas

poderiam ter esculpido as cabeças colossais de vinte toneladas, todas feitas

de basalto extremamente duro, pelas quais os olmecas eram famosos.

Uma das estranhas cabeças de aparência africana tem marcas côncavas

singulares distribuídas na rocha, possivelmente em um esforço para des-

figurar a cabeça gigantesca. As marcas côncavas parecem tão regulares

e lisas que parece que alguma ferramenta elétrica foi usada para fazer os

inúmeros entalhes. Detalho isso no meu livro The Mystery of the Olmecs6.

Chris acredita que algumas das estátuas no Egito, muitas delas enormes

efígies de granito, também foram feitas usando algum tipo de ferramenta

de design auxiliada por computador que cortava uma imagem espelho

exata em ambos os lados do rosto e do corpo. As surpreendentemente

precisas estátuas de granito polido do Egito antigo são tão perfeitas e

realistas que são tão boas quanto qualquer estátua de granito que pode-

ríamos fazer hoje em dia. Chris disse acreditar que os egípcios devem

ter tido máquinas muito grandes de metal com brocas e cabeças de corte

para cortar blocos e fazer suas estátuas e obeliscos enormes.

Contei a Chris sobre a minha crença de que as máquinas voadoras,

vimanas, da antiga tradição indiana e asiática realmente existiram. Elas

poderiam ter sido utilizadas em algum antigo intercâmbio cultural para

trazer equipamentos de lapidação para a América do Sul? Chris riu e

bebeu um gole.

“Bem, acho que eles poderiam ter feito isso”, disse ele. “Vai ser inte-

ressante examinar cuidadosamente o trabalho em pedra em Tiahuanaco

e Puma Punku”.

No dia seguinte fomos para o Museu de Arqueologia e vimos algu-

mas das exposições. A história oficial da antiga América do Sul é que a

sociedade mais antiga foi Chavin, uma cultura megalítica nas montanhas

da Cordilheira Branca perto de Huaraz.

O Complexo Megalítico em Chavin de Huantar

Visitei pela primeira vez Chavin de Huantar (às vezes chamado ape-

nas de Chavin) em 1990, pegando um ônibus noturno para Huaraz, a

capital de esqui do Peru. Huaraz é a capital da região de Ancash, a cerca

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de 420 quilômetros ao norte de Lima. Localizada a mais de 10.000 pés

(3.000 metros), Huaraz é cercada pelas montanhas mais altas do Peru

conhecidas como a Cordillera Blanca, ou Cordilheira Branca, por causa

de suas geleiras permanentes e pesada cobertura de neve.

Fiquei por um par de noites nessa agradável cidade alpina de esquia-

dores, alpinistas e caminhantes e então tomei um ônibus local para o

leste ao longo de um desfiladeiro alto para a cidade de Chavin. Estive lá

por duas noites e investiguei o sítio arqueológico durante o dia. Fiquei

maravilhado com a complexidade do sítio na época e voltei para outra

visita no início de 2011 com Jennifer.

Chavin de Huantar é considerado por muitos arqueólogos peruanos

como a gênese da civilização sul-americana. Eles acham que as fases

iniciais de Chavin começaram há mais de 5.000 anos, por volta de 3.000

a. C., e que as estruturas imensas que podem ser vistas hoje estavam em

uso antes de 900 a. C. A construção de Tiahuanaco veio pouco depois

da construção de Chavin, de acordo com a opinião tradicional. De fato,

há muitas semelhanças entre Chavin e Tiahuanaco e parece que os dois

estão muito ligados. Pensa-se que Chavin deixou de ser um centro

importante por volta de 400 a. C. e se tornou ruínas em um vale de

montanhas remoto e desabitado.

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Hoje, a vila de Chavin, de centenas, até milhares de anos de idade,

é em grande parte construída de pedras recuperadas do antigo sítio de

Chavin de Huantar. O que resta do sítio arqueológico é basicamente

os maiores blocos megalíticos e a extensa estrutura subterrânea. Partes

foram reconstruídas por arqueólogos modernos.

O ponto central do templo subterrâneo é um monólito esculpido

com um monstro dentuço que dizem ser o objeto de adoração no

templo. Lendas falam do complexo indo nove ou doze andares abaixo

do solo, onde uma enorme pedra preciosa pode ser encontrada.

Naturalmente, o complexo ruiu há muito tempo e está enterrado sob

escombros nas partes mais baixas. É permitido hoje que os turistas

desçam até perto do terceiro nível.

Mapa da área central de Chavin

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O local é enorme e impressionante. Uma boa descrição pode ser

encontrada no livro da Time-Life The Search for El Dorado:

Muito do poder de atração de Chavin de Huantar originou-se da

sua arquitetura imponente e detalhes esculturais monumentais. Em suas

fases iniciais o templo consistia em três enormes montes de plataformas

dispostos em forma de U sobre um suporte de blocos ciclópicos de pedra.

Contemplando suas paredes enormes, os adoradores viam um friso em

baixo relevo de criaturas antropomórficas, jaguares manchados, serpentes

se contorcendo e aves de rapina selvagens, abaixo do qual se projetava

uma fileira de cabeças humanas monstruosas esculpidas de blocos de

pedra pesando tanto quanto meia tonelada cada. Cavilhas na parte de

trás das cabeças engatavam confortavelmente em juntas de encaixe na

alvenaria, criando a ilusão de que as esculturas estavam flutuando a cer-

ca de 30 pés (9 metros) acima do solo. Um friso representando figuras

semelhantes – onças e seres humanos trajados exoticamente – adornava

a praça circular afundada que se encontrava entre os três montes. Uma

escadaria de granito branco subia da praça até o topo do templo.

Na época as grandes estruturas de Chavin de Huantar provaram ser

muito pequenas e trabalhadores dobraram o tamanho do monte sul e

acrescentaram plataformas de terraços e pátios retangulares afundados ao

sudeste da praça circular. Um pórtico emoldurado por colunas pretas e

brancas enfeitava a frente da ala sul, que é citada como o Novo Templo,

cujo topo então se tornou o ponto focal das cerimônias públicas. Pere-

grinos reunidos na praça principal do Novo Templo teriam tido uma

visão imponente da plataforma de rituais. Nenhuma escadaria exterior

encimava essa nova estrutura, o topo aparentemente inacessível do monte

era, em vez disso, acessado por uma rede labiríntica de passagens e escadas

internas. Vestidos com algodão fino, lã ou túnicas de penas e enfeitados

com ornamentos de nariz de ouro, alargadores de orelha e cocares,

os sacerdotes de Chavin de Huantar devem ter provocado admiração

considerável quando, como que por magia, eles emergiam no topo.44

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A megalítica parede leste do Novo Templo em Chavin.

Uma foto rara de 1934 da ponte megalítica outrora em Chavin,

agora inexistente.

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Galeria de túneis sob o Novo Templo em Chavin, parte de uma

extensa rede de canais.

Pensa-se então que esses peregrinos partiam com várias lembranças de

sua visita ao complexo ciclópico, incluindo objetos de argila, objetos de

ouro, tecidos pintados e outras “lembranças”. Esses foram encontrados

em áreas distantes montanhosas e costeiras do Peru. O renomado arque-

ólogo peruano Julio Tello descobriu um gorjal de ouro representando

duas serpentes entrelaçadas a mais de 280 milhas de distância do sítio

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(em Chongoyape), que ele identificou como proveniente de Chavin de

Huantar44. Esse artefato de ouro foi feito no sítio megalítico? Outros

artefatos, tais como as cerâmicas e os tecidos, foram feitos lá também?

Chavin era um centro de fabricação? Os arqueólogos realmente não

abordam essa questão.

Chavin de Huantar é geralmente descrito como um centro cerimo-

nial, situado nas cabeceiras do rio Maranon. Dois rios convergem em

Chavin, o rio Mosna e o rio Huanchecsa. Os construtores do complexo

realmente desviaram um dos rios para entrar no complexo. Coisas se-

melhantes foram feitas em Tiahuanaco.

A Praça Circular de Chavin é decorada com uma galeria de figuras esculpidas.

Túnel de drenagem megalítico em Chavin. Parte da lavagem de minérios?

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Chavin está a mais de 10.000 pés (3.000 metros) nos Andes e se en-

contra em um vale muito íngreme. Por que esse complexo, uma enorme

obra de engenharia, seria colocado nesse local bastante remoto e difícil?

Bem, de acordo com os principais arqueólogos que trabalham no

local, ele era um centro cerimonial e religioso “centralmente localizado”

para os povos andinos e para as áreas costeiras também. Aqui as pessoas

ingeriam extratos de cactos psicodélicos e geralmente participavam de

cerimônias religiosas de algum tipo. Embora isso possa ser parcialmente

verdade e certamente tais cerimônias com substâncias psicotrópicas devem

ter ocorrido, parece que os construtores eram gênios muito sóbrios que

estavam projetando instalações muito complicadas.

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Frente e verso da Estela de Raimondi dentro do complexo de Chavin.

Eles não só construíram um complexo subterrâneo pré-concebido

com blocos megalíticos cortados e alinhados, mas também desviaram

um rio para dentro do complexo como parte de seu projeto. Por que

fizeram isso?

Sempre que blocos gigantescos de granito, calcário ou basalto estão

sendo usados em um edifício é óbvio que uma grande quantidade de

planejamento organizado está envolvida. Extrair os blocos, desbastá-los,

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movê-los para o sítio e então erguê-los é uma tarefa considerável, não

uma que deve ser tomada levianamente. Quem quer que fossem as

mentes por trás desse empreendimento, eram muito inteligentes, hábeis

em engenharia e arquitetura e ainda tinham uma mentalidade voltada

para o futuro. Em outras palavras, eles estavam colocando uma grande

quantidade de esforço organizacional e custo em algo que só compen-

saria mais tarde.

O monólito Kuntur Wasi de Chavin com figuras estranhas.

Os arqueólogos tradicionais dizem que o objetivo desse esforço

extraordinário, especialmente para uma sociedade supostamente pri-

mitiva, era puramente cerimonial. Mas, como em Tiahuanaco, como

veremos em breve, a construção desses “templos” enormes é algo que

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não só exige planejamento prévio, mas também técnicas sofisticadas de

trabalho em pedra, o que envolve cinzéis de metal. Parece que outros

artigos de metal eram trabalhados no local também. Onde eram as minas

antigas que produziam esses metais? Elas eram a verdadeira razão pela

qual Chavin de Huantar foi construída, em primeiro lugar, e um rio

desviado para a cidade?

De fato, embora Chavin possa ter sido um destino de culto também,

sua finalidade original pode ter sido uma fábrica de processamento

metalúrgico com o rio desviado utilizado para lavar minérios trazidos

de minas próximas. Até hoje várias minas operam nas imediações de

Chavin. A Cordilheira dos Andes contém uma abundância de metais

preciosos e outros minerais, e a mineração ocorre em todo o lugar. A

área de Chavin não é exceção.

Na verdade, os espanhóis colonizaram Ancash e a área adjacente de

Callejon muito rapidamente por causa de sua riqueza mineral. Logo havia

minas de prata, chumbo e estanho sendo operadas em torno de Huaraz e

Chavin e por volta de 1570 centenas ou mesmo milhares de trabalhadores

de língua quíchua estavam trabalhando nas minas. A mineração sempre

foi uma indústria importante nos Andes, mesmo antes dos espanhóis.

De fato, um dos objetos de metal mais antigos já encontrados na

América do Sul supostamente veio de Chavin de Huantar. É uma pe-

quena colher de rapé datada de cerca de 3.000 a. C. feita “de folhas de

ouro e folhas de prata que foram moldadas em forma e soldadas juntas7”.

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Portanto, sabemos que a prata estava sendo usada em Chavin, bem

como o ouro. Outros metais podem ter estado em uso lá também, mas

eles podem ter oxidado e desaparecido, como ocorre com muitos me-

tais. O ouro é praticamente indestrutível e itens feitos de ouro durarão,

inalterados, muitos milhares de anos a mais do que outros objetos de

metal. Objetos que são feitos de uma mistura de ouro e outros metais,

como a prata, também durarão mais do que objetos de metal comum.

E para quê essa colher de rapé era usada? Provavelmente o rapé era

um pó alucinógeno de algum tipo, inalado pelo nariz a partir da co-

lher. Uma das figuras esculpidas na inscrição superior da praça circular

em Chavin de Huantar mostra seres alados com presas segurando um

bastão que se assemelha ao cacto alucinógeno de São Pedro7. Outros

estranhos homens-pássaros alados aparecem em outra arte de Chavin.

Outro mistério sobre Chavin de Huantar é que é dito que a cerâmica

encontrada lá é uma das mais antigas encontradas no Peru, de aproxima-

damente 2.000 a. C. Richard Burger em seu livro Chavin and the Origins

of Andean Civilization7 (Chavin e as Origens da Civilização Andina) diz

que a fabricação de cerâmica foi adotada no Peru mais de 1.000 anos

mais tarde do que no Equador ou na Colômbia e até provavelmente nas

planícies da Amazônia. Enquanto se pensa que a cerâmica mais antiga

na América do Sul vem de Valdivia, no Equador, por volta de 3.500 a.

C., nenhuma cerâmica ainda foi descoberta ou datada no Peru que seja

igualmente antiga. A cerâmica valdiviana é frequentemente comparada

com a idêntica cerâmica Jomon no Japão do mesmo período, por volta

de 3.500 a. C7. Por que demorou tanto tempo para a fabricação de cerâ-

mica chegar ao Peru? Talvez não tenha. Talvez haja cerâmica no Peru de

3.500 a. C. que ainda não foi datada. As técnicas modernas de datação de

cerâmica são bastante recentes e muitos testes simplesmente não foram

feitos. Certos objetos cerâmicos como o vaso Fuente Magna agora no

Museu de Metais Preciosos em La Paz podem muito bem ser de 3.500

a. C. (como a escrita sobre ele indica), mas nenhum teste de datação de

cerâmica (como termoluminescência) foi feito nele ainda, apesar de ele ser

um objeto importante em um grande museu. Discutiremos esse objeto

curioso mais detalhadamente em um capítulo posterior.

Page 30: Tecnologia Ancestral no Peru e Bolivia

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Então, Chavin de Huantar era um antigo centro de mineração que

mais tarde se tornou um centro de culto ao longo das suas centenas de

anos de operação? Como um dos primeiros centros econômicos, a fonte

de cobre, ouro, prata, estanho e bronze – e possivelmente até mesmo de

ferro – Chavin teria atraído um grande número de pessoas e deve ter

tido um mercado muito intenso durante o seu apogeu, muito melhor do

que o que pode ser visto lá hoje. De fato, quando se visita Chavin neste

tempo e época, fica-se impressionado com o quão solitário e isolado o

local é. Esse certamente não é o “Centro do Mundo”, como Cusco é

descrito frequentemente. Esse parece ser um vale remoto nos Andes,

e isso é exatamente o que ele é. Qual foi o propósito de construir um

complexo tão elaborado nesse local? Um centro de processamento me-

talúrgico é a melhor resposta, no que me diz respeito.

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Mapa de algumas das galerias subterrâneas de Chavin.

Caixa de rapé cerimonial de Chavin.

Um bronze chinês Shang.

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Fala com a terra, e

Ela te ensinará.

– Livro de Jó 12:8

A Busca por Metais, Jade e Obsidiana

O homem antigo sempre procurou materiais da terra. As rochas são

normalmente abundantes, mas certos tipos de rochas são mais desejáveis

e valiosos do que outros. Obsidiana e sílex podem ser encontrados facil-

mente em certas áreas, mas podem ser bastante raros em outras áreas e,

portanto, mais valiosos. Jade é ainda mais raro e difícil de encontrar e,

por conseguinte, mais valioso, especialmente porque jade é uma subs-

tância muito dura, embora trabalhável.

Muito parecida com a busca de especiarias no leste da Indonésia

pelos primeiros exploradores portugueses, a busca por boas fontes de

obsidiana, que pode ser transformada em navalhas muito afiadas, pon-

tas de lança, pontas de flechas e outros objetos, levou o homem antigo

para ilhas remotas e afloramentos vulcânicos. O controle de uma fonte

de obsidiana podia significar tremendo poder e riqueza, como visto no

grupo de ilhas vulcânicas de Manu’a em Samoa, cujo chefe era supos-

tamente o “rei” de todas as Ilhas Polinésias. Havaí e Rapa Nui (Ilha de

Páscoa) – ambas as ilhas extremamente remotas – também tinham fontes

valiosas de obsidiana. A área ao redor da Cidade do México-Teotihua-

can-Tenochtitlan também é rica em obsidiana, e os astecas, assim como

as culturas anteriores, centraram sua civilização nas imediações dessas

fontes importantes de obsidiana. Minas de obsidiana também estão

localizadas na América do Sul, e podem estar perto de áreas vulcânicas

no Equador, Peru, Bolívia e Chile, entre outros lugares.

Metais eram muito desejados também, e muitos metais, como ouro e

cobre, podem ser fáceis de obter. Ouro e cobre podem ser encontrados

em grandes veios de minério puro e pepitas muitas vezes podem ser

facilmente moldadas em folhas planas. O ouro é demasiado macio para

ser usado para ferramentas ou armas, embora o cobre possa ser utilizado

para fazer tais artigos. As ligas de metais são sempre mais duras que os

originais e uma vez que o homem antigo descobriu como criar calor

intenso com fundições e fornos, a fusão e refinação de vários minérios

Page 33: Tecnologia Ancestral no Peru e Bolivia

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em ligas tais como bronze e eletro (além de outras ligas de prata, ouro

ou cobre de, literalmente, qualquer mistura) foram amplamente pra-

ticadas. Os minérios podiam ser transformados em algum produto de

metal fundido e então despejados em um molde de pedra que o moldava

como em lingote, machado de cabeça dupla, ponta de lança ou outro

objeto metálico.

A busca por pedras preciosas é em grande parte uma questão fora do

âmbito desse livro, embora objetos de cristal de quartzo e a procura por

diamantes, esmeraldas, rubis e safiras tenham o seu próprio fascínio e

tradição. A procura por turquesa, lápis-lazúli e jade é igualmente fasci-

nante e é a busca por jade que é de interesse especial para aqueles de nós

em procura pela tecnologia antiga e o desenvolvimento de brocas, serras,

cinzéis e outros equipamentos de lapidação comumente utilizados em

mineração e cantaria.

Outros produtos valiosos e raros são os corantes púrpuras derivados

de certas espécies de moluscos, às vezes conhecidos como murex, e cer-

tas especiarias como cravo e canela. A busca por e o conhecimento da

extração de corantes púrpuras no Mediterrâneo e na América Central

são discutidos em Myths of Pre-Columbian America16 (Mitos da América

Pré-colombiana) por Donald Mackenzie, que foi publicado pela primeira

vez em 1923. Mackenzie discute o curioso corante púrpura real que era

de cor profunda, de longa duração e muito caro. Diz Mackenzie:

Murex púrpura, que tinha um valor religioso, era utilizado no Novo

Mundo como no Antigo. Ele parece ter sido primeiro introduzido em

Creta já em 1.600 a. C. Em Leuke, uma ilha ao largo da costa sudeste

e no antigo porto marítimo de Palaikastro, o professor Bosanquet des-

cobriu um banco de conchas de murex quebradas associado à cerâmica

de Kamares. Os fenícios de Tiro e Sidon adotaram a indústria e a “púr-

pura de Tiro” tornou-se famosa. Outros centros de tingimento foram

estabelecidos. A púrpura de Laconia, no Golfo de Corinto, era muito

estimada. Conchas produtoras de púrpura eram procuradas por todo o

Mediterrâneo ocidental. Tarento, a moderna Otranto, tornou-se uma

importante cidade tintureira. Bede, “o Pai da História Inglesa,” diz que

nas Costas Britânicas foram encontrados não só mexilhões que produziam

pérolas de todas as cores, incluindo vermelhas, roxas, violetas, verdes e

brancas, mas também berbigões, “dos quais o corante escarlate é feito:

uma cor belíssima que nunca desbota com o calor do sol ou a lavagem da

Page 34: Tecnologia Ancestral no Peru e Bolivia

34

chuva, mas quanto mais antiga mais bela se torna”. “Montes de púrpura»

foram descobertos na Irlanda... Acredita-se que os fenícios obtiveram

das Ilhas Britânicas um tom escuro de concha púrpura chamado de

“púrpura negra”.

Conchas produtoras de púrpura eram procuradas, encontradas e usadas

tão a Leste quanto China e Japão. Um fato interessante sobre as conchas

descobertas nos montes de Omori, no Japão, é que muitas delas tinham

uma porção do corpo-verticilo quebrada “como se com o propósito de

extrair mais convenientemente o animal”. As conchas de Caithness

Broch [Escócia] eram quebradas da mesma maneira.

Traços da indústria de púrpura foram encontrados, como foi dito,

no Novo Mundo. A Sra. Zelia Nuttall publicou um artigo intitulado

“Uma Curiosa Sobrevivência no México do Uso do Marisco Púrpura

para Tingimento16”.

Mackenzie diz que Nuttal e outros apontam que conchas púrpuras,

ou murex, foram retiradas de sepulturas incas no norte do Chile, bem

como de sambaquis na América do Norte. A indústria da tintura púrpura,

tanto na Europa quanto nas Américas, estava relacionada de perto com

a procura por pérolas e a utilização da trombeta de concha, que precisa

de um buraco especial cortado na parte de trás dela para funcionar cor-

retamente. Acredita-se fortemente que a indústria do corante púrpura

originalmente começou no leste do Mediterrâneo – assim como no Mar

Vermelho – e que “existia uma relação íntima entre essa arte e a habili-

dade em tecelagem, assim como a mineração, o trabalho e o comércio

de metais, tais como ouro, prata e cobre. No Novo Mundo, a indústria

da púrpura está associada com atividades semelhantes”.

De acordo com Mackenzie, esses marinheiros e fazedores de corante

púrpura, as mesmas pessoas que foram para ilhas e baías remotas ao redor

do mundo “para trabalhar ouro e cobre, e incidentalmente erigir tumbas

e templos megalíticos, também estavam à procura de pérolas e fazendo

uso de trombetas de concha”. Mackenzie chega a citar o professor G.

Elliot Smith, um famoso especialista da indústria do murex na época:

Há razões para crer que todos esses usos especiais das conchas foram

amplamente difundidos junto com a complexa mistura de artes, costu-

mes e crenças associadas com a construção de monumentos megalíticos.

O uso mais antigo da trombeta de concha foi no culto minoico em

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Creta. Daí ele se espalhou largamente, até que veio a desempenhar um

papel nos serviços religiosos, cristãos e judeus, bramânicos e budistas,

xintoístas e xamanistas, em partes muito diferentes do mundo – no

Mediterrâneo, na Índia, na Ásia Central, na Indonésia e no Japão, na

Oceania e na América16.

Assim, as evidências sugerem que em vários períodos durante os

tempos antigos houve algumas missões importantes para locais remotos

ao redor do mundo em busca de conchas de murex, pérolas, ouro, co-

bre e outros metais. Nós poderíamos acrescentar a essa lista a busca por

especiarias, bem como drogas alucinógenas como cogumelos secos ou

partes de cactos que contêm ingredientes psicodélicos ativos. Pensava-se

que muitas dessas raras substâncias prolongavam a vida ou mesmo davam

imortalidade, assim como o ginseng pode ser visto hoje.

Parece que a antiga indústria da tintura púrpura poderia ser muito mais

velha do que 1.600 a. C. e não ser necessariamente originária de Cre-

ta. Ela pode ter vindo originalmente da Índia antiga ou Indonésia, ou

mesmo de alguma terra agora submersa, como a lendária Atlântida. A

primeira extração de tintura púrpura está perdida nas brumas do tempo,

embora ela fosse usada pelos romanos, gregos e fenícios. Na mitologia

grega, sua descoberta é creditada a Hércules – ou melhor, ao seu cão,

cuja boca ficou roxa depois de mastigar alguns caracóis ou berbigões.

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Mas podemos supor que alguns dos antigos marinheiros que vieram para

as ilhas nos oceanos Pacífico e Atlântico, bem como para as Américas,

estavam usando esse nobre tecido púrpura. Sua busca era por aquelas

coisas especiais: ouro, cobre, prata, estanho e outros metais. Na Cordi-

lheira dos Andes eles iriam encontrá-los.

Esses antigos viajantes cruzando os Oceanos Atlântico e Pacífico

teriam levado equipamentos de pesca com eles bem como animais. Um

dos animais que era tipicamente levado pelos marinheiros antigos era a

galinha, e porque as galinhas têm DNA rastreável, suas origens podem

ser determinadas cientificamente. De fato, um estudo recente, publicado

em julho de 2012, fez exatamente isso. O London Telegraph relatou em

12 de agosto de 2012 que todas as galinhas, incluindo as do Chile, das

ilhas do Pacífico e da República Dominicana (no Caribe) eram todas

descendentes de galinhas do Sudeste da Ásia.

Dizia o artigo, que cita da Australian Broadcasting Corporation (ABC):

A equipe de pesquisadores da Universidade da Nova Inglaterra

(Armidale, Austrália) estudou o antigo DNA – conhecido como DNA

mitocondrial – preservado dentro de quarenta e oito ossos de galinha

arqueológicos e encontrou a mesma assinatura de DNA presente em ossos

da Europa, Tailândia, do Pacífico, Chile, da República Dominicana e

sítios coloniais espanhóis na Flórida.

A pesquisadora do projeto Dra. Alison Storey diz que as galinhas

foram domesticadas há pelo menos 5.400 anos e que tem sido difícil

determinar a antiga origem e dispersão das galinhas devido ao modo

como as civilizações sucessivas levavam as aves domésticas com elas para

onde quer que fossem.

“O que descobrimos é que uma das sequências nos diferentes ossos

de galinha era muito semelhante sobre uma ampla área geográfica. Isso

nos diz que as galinhas que nós encontramos em sítios arqueológicos

em todo o mundo compartilharam de um antepassado antigo que foi

domesticado em algum lugar do sudeste da Ásia há muito tempo”, a

Dra. Storey disse à ABC.

“Todas as nossas galinhas domésticas são descendentes de algumas

galinhas que eu gosto de pensar como as ‘tata... tataravós’ do mundo das

galinhas”, diz ela.

O relatório, publicado na revista PLos ONE, tem implicações para

o mundo do movimento humano tanto quanto para o DNA das aves

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domésticas. O relatório diz: “Compreender quando as galinhas foram

transportadas a partir dos centros de domesticação e as direções nas quais

elas foram movidas, fornece informações sobre a migração pré-histórica,

rotas de comércio e difusão cultural recíproca”.

Assim, de acordo com os pesquisadores da Universidade da Nova

Inglaterra em Armidale, na Austrália, galinhas foram transportadas

através do Pacífico do Sudeste da Ásia para o Chile (e outros locais),

possivelmente já em 3.400 a. C., em uma “difusão cultural” que fornece

informações sobre “rotas pré-históricas de migração e comércio”. Isto

é, de culturas antigas saindo do Sudeste da Ásia e provavelmente cru-

zando o Pacífico até a América do Sul, deixando galinhas em ilhas ao

longo do caminho. Em outras palavras, essas galinhas do Sudeste Ásia

não voaram ou andaram até a América do Sul por conta própria – elas

foram trazidas por humanos.

E, de fato, uma proclamação dessas tem implicações de longo alcan-

ce para as surpreendentes ruínas megalíticas na América do Sul, Ilha

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de Páscoa, Taiti e as Ilhas Marquesas, Tonga e muitos outros lugares

do Pacífico ou ao longo da costa do Pacífico. A possibilidade de que a

Ilha de Páscoa permaneceu um ponto isolado no oceano sem contato

com a América do Sul parece cada vez mais remota – para o horror dos

isolacionistas – visto que antigos ossos de galinha e seu DNA no Chile

foram rastreados cientificamente até o Sudeste Asiático.

Uma vez que esse livro é sobre a América do Sul, vamos nos concen-

trar nesse aspecto da difusão antiga e na tecnologia que veio com ela.

O que mais foi trazido para a América do Sul do Sudeste da Ásia além

de galinhas? Ferramentas de ferro, tecnologias de mineração e refino

foram trazidas para a América do Sul do outro lado do Pacífico? Anti-

gos costumes, tais como a tatuagem e o alongamento da parte inferior

da orelha também foram trazidos através do oceano – até os costumes

bizarros de alongar os crânios das crianças para criar “cabeças de cone”?

O antropólogo canadense Brien Foerster e eu discutimos esse assunto

em nosso livro, The Enigma of Cranial Deformation61.

Mas, por agora, vamos olhar para a alta tecnologia espantosa que

foi usada nos sítios megalíticos nas montanhas andinas ricas em mine-

rais – de onde quer que ela tenha vindo.

A Grande Muralha do Peru, que se estende por centenas de milhas ao norte do Peru.

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Um desenho do livro de Squier de 1877, no Peru, de um sítio desconhecido perto de

Chavin, que parece ser cortado à máquina por ferramentas elétricas e pode ter contido

maquinário também.

Dois crânios alongados de Paracas, no Peru, agora no Museu de Arqueologia de Ica.

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Mathew Stirling (centro) e colegas em uma das cabeças olmecas colossais em San

Lorenzo, 1946. Seu olho apareceu em uma pista erodida levando à sua descoberta.

Stirling limpa detritos da Colossal Cabeça Olmeca 1 de Tres Zapotes, México, 1939.