ato infracional e medidas

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Estatuto da criança e do adolescente. 1

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Trabalho de Curso I 2014/2

Estatuto da criana e do adolescente.

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Ttulo IIIDa Prtica de Ato InfracionalCaptulo I ao V2

ATO INFRACIONAL O ECA define ATO INFRACIONAL como a conduta descrita como crime ou contraveno penal.

Toda conduta que a Lei Penal tipifica como crime ou contraveno, se praticada por criana ou adolescente tecnicamente denominada ato infracional.3

A Constituio Federal, em seu art. 228, estabelece que so penalmente INIMPUTVEIS os menores de 18 anos. Ser inimputvel significa no ter a capacidade de ser responsabilizado penalmente pelos seus prprios atos. Se uma criana ou um adolescente no pode ser responsabilizado penalmente por seus atos ento, em tese, no se pode responsabiliz-los por crimes ou contravenes penais tipificados em Lei.

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Essa terminologia foi dada no intuito de produzir uma designao diferenciada procurando enaltecer o carter extra penal da matria, assim como do atendimento a ser prestado em especial ao adolescente em conflito com a lei. Ao cometer um crime ou uma contraveno penal, a criana ou o adolescente no ficaram de todo impunes. Haver um tipo de responsabilizao diferenciada.5

O ECA estabelece, portanto, que a criana ou o adolescente que cometer ato infracional estar sujeito s medidas nele previstas e que, para o estabelecimento dessas medidas, ser considerada a idade do adolescente data do fato.

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Se o agente cometer ato infracional enquanto tiver idade inferior a 12 (doze) anos, ser tratado como CRIANA mesmo aps completar esta idade.

Se praticar o ato estando com a idade entre 12 (doze) e 17 (dezessete) anos, ser tratado como ADOLESCENTE mesmo aps completar 18 (dezoito) anos.

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ATO INFRACIONAL COMETIDO POR CRIANASSe uma criana comete um crime ou uma contraveno penal, no responde conforme as disposies do Cdigo Penal e nem conforme a da Lei de Contravenes Penais. Estar sujeita s medidas estabelecidas no ECA.A criana autora de ato infracional no est sujeita aplicao das medidas scio-educativas previstas no Estatuto (como acontece com os adolescentes), mas apenas a medidas de PROTEO, que sero aplicadas s crianas infratoras:8

Encaminhamento aos pais ou responsvel, mediante termo de responsabilidade;Orientao, apoio e acompanhamento temporrios;Matrcula e freqncia obrigatrias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;Incluso em programa comunitrio ou oficial de auxlio famlia, criana e ao adolescente;

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Requisio de tratamento mdico, psicolgico ou psiquitrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;Acolhimento institucional;Incluso em programa de acolhimento familiar;Colocao em famlia substituta.

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Quanto aos pais ou responsveis, art. 129 I ao X:Encaminhamento a programa oficial ou comunitrio de proteo famlia.Incluso em programa oficial ou comunitrio de auxlio, orientao e tratamento a alcolatras e toxicmanos.Encaminhamento a tratamento psicolgico ou psiquitrico.Encaminhamento a cursos ou programas de orientao.Obrigao de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequncia e aproveitamento escolar.Obrigao de encaminhar a criana ou adolescente a tratamento especializado.Advertncia.Perda da guarda.Destituio da tutela.Suspenso ou destituio do poder familiar.

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Os rgos competente para aplicar as MEDIDAS DE PROTEO s crianas infratoras so a VIJ e o CONSELHO TUTELAR; O ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL e o ACOLHIMENTO FAMILIAR so MEDIDAS PROVISRIAS E EXCEPCIONAIS, utilizveis como forma de transio para reintegrao familiar ou, no sendo esta possvel, para colocao em famlia substituta, no implicando privao de liberdade. A permanncia da criana e do adolescente em programa de ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL no se prolongar por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciria.12

ATO INFRACIONAL COMETIDO POR ADOLESCENTESEm se tratando de adolescentes que cometam atos infracionais, preciso aplicar os seguintes princpios fundamentais: Aos procedimentos regulados no ECA aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na LEGISLAO PROCESSUAL pertinente. assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitao dos processos e procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execuo dos atos e diligncias judiciais a eles referentes. Nenhum adolescente ser privado de sua liberdade sem o devido processo legal.13

O procedimento para apurao de ato infracional praticado por adolescente, embora revestido das mesmas garantias processuais e demandando as mesmas cautelas que o processo penal instaurado em relao a imputveis, com este no se confunde.

Ao contrrio do processo penal instaurado em relao a imputveis, o procedimento para a apurao de ato infracional NO tem como objetivo final a singela aplicao de uma pena, mas sim, em ltima anlise, a proteo integral do jovem, as medidas scio-educativas se constituem apenas no meio que se dispe para chegar a este resultado.14

Toda e qualquer disposio estatutria somente pode ser interpretada e aplicada no sentido da proteo integral infanto-juvenil, e da previso expressa da aplicao, e em carter subsidirio, das regras gerais contidas na Lei Processual Penal. So estas as garantias asseguradas aos adolescentes:15

Pleno e formal conhecimento da atribuio de ato infracional, mediante citao ou meio equivalente; Igualdade na relao processual, podendo confrontar-se com vtimas e testemunhas e produzir todas as provas necessrias sua defesa; Defesa tcnica por advogado; Assistncia judiciria gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei; Direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; Direito de solicitar a presena de seus pais ou responsvel em qualquer fase do procedimento.16

AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS Destinadas apenas a adolescentes acusados da prtica de atos infracionais, devendo ser considerada a idade do agente data do fato. (A criana est sujeita APENAS a medidas de proteo);

Embora pertenam ao gnero "sano estatal (decorrentes da no conformidade da conduta do adolescente a uma norma penal proibitiva ou impositiva), no podem ser confundidas ou encaradas como penas, pois tm natureza jurdica e finalidade diversas. 17

As penas possuem um carter eminentemente retributivo/punitivo, as medidas socioeducativas tm um carter preponderantemente pedaggico;

Com preocupao nica de educar o adolescente acusado da prtica de ato infracional, evitando sua reincidncia.

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A autoridade competente poder aplicar ao adolescente as seguintes medidas:Advertncia; Obrigao de reparar o dano; Prestao de servios comunidade; Liberdade assistida; Insero em regime de semi-liberdade; Internao em estabelecimento educacional e; Todas aquelas medidas de PROTEO aplicadas s crianas infratoras, com exceo das medidas de acolhimento institucional, de incluso em programa de acolhimento familiar e de colocao em famlia substituta (essas trs no sero aplicadas aos adolescentes infratores como modalidades de medidas scio-educativas).19

Competncia para aplicao das medidas:

Uma das competncias do Juiz de Infncia e da Juventude de conhecer de representaes promovidas pelo Ministrio Pblico, para apurao de ATO INFRACIONAL atribudo a adolescente, aplicando as medidas cabveis.20

Princpios fundamentais referentes s medidas scio-educativas:

A medida aplicada ao adolescente levar em conta A SUA CAPACIDADE DE CUMPRI-LA, as CIRCUNSTNCIAS e a GRAVIDADE da infrao;

Os adolescentes PORTADORES DE DOENA OU DEFICINCIA MENTAL recebero tratamento individual e especializado, em local adequado s suas condies.

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A advertnciaVersa o Estatuto que a advertncia consistir em ADMOESTAO VERBAL, que ser reduzida a termo e assinada.Admoestar aconselhar, advertir, repreender com brandura.A advertncia a nica das medidas socioeducativas que deve ser executada diretamente pela autoridade judiciria.

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O Juiz deve estar presente audincia admonitria, assim como o representante do Ministrio Pblico e os pais ou responsvel pelo adolescente, devendo ser estes alertados das consequncias da eventual reiterao na prtica de atos infracionais e/ou do descumprimento de medidas que tenham sido eventualmente aplicadas cumulativamente.Os pais ou responsvel devero ser tambm orientados e, se necessrio, encaminhados ao Conselho Tutelar para receber as medidas a eles pertinentes.

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A obrigao de reparar o danoSe o ato infracional cometido por um adolescente tiver reflexos patrimoniais, a autoridade poder determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma,compense o prejuzo da vtima. fundamental que a reparao do dano seja cumprida pelo adolescente, e no por seus pais ou responsvel, devendo ser assim verificado, previamente, se o adolescente tem reais capacidades de cumpri-la. A reparao pode se dar diretamente, atravs da restituio da coisa, ou pela via indireta, atravs da entrega de coisa equivalente ou do seu valor correspondente em dinheiro.Se houver manifesta impossibilidade do adolescente reparar o dano, a medida poder ser substituda por outra adequada.

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A prestao de servios comunidade

A prestao de servios comunitrios consiste na realizao de tarefas gratuitas de interesse geral junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congneres, bem como em programas comunitrios ou governamentais.

Cabe ressaltar que as tarefas sero atribudas conforme as aptides do adolescente, devendo ser cumpridas aos sbados, domingos e feriados ou em dias teis. IMPORTANTE:

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Para a prestao de servios comunitrios o adolescente dever cumprir jornada MXIMA de 08 HORAS de modo a no prejudicar a freqncia escola ou jornada normal de trabalho; A PRESTAO DE SERVIOS COMUNITRIOS NO poder exceder os 06 MESES; EM HIPTESE ALGUMA E SOB PRETEXTO ALGUM, ser admitida a prestao de trabalho forado;O adolescente vinculado a tal medida no pode ser obrigado a realizar atividades degradantes, humilhantes e/ou que o exponham a uma situao constrangedora. A medida no pode se restringir explorao da mo-de obra do adolescente, devendo ter um cunho eminentemente pedaggico.26

Insero em regime de semi-liberdadeO Estatuto dispe que o regime de semi-liberdade pode ser determinado de duas formas: como medida inicial ou como forma de transio para o meio aberto, possibilitada a realizao de atividades externas, independentemente de autorizao judicial.A semi-liberdade das medidas de execuo mais complexa e difcil dentre todas as previstas pelo ECA. Em 1996, o Conselho Nacional dos Direitos da Criana e do Adolescente CONANDA expediu a Resoluo n 47, de 06/12/1996, na tentativa de regulamentar a matria.Vrios aspectos sobre a forma como se dar o atendimento do adolescente permanecem obscuros, o que contribui para a existncia de poucos programas em execuo em todo o Pas.No h qualquer obrigatoriedade de o adolescente que est internado passar primeiro pela semi-liberdade antes de ganhar o meio aberto e que a medida no comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposies relativas internao.27

A liberdade assistida

A liberdade assistida ser adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.A autoridade designar pessoa capacitada, denominado ORIENTADOR, para acompanhar o caso, a qual poder ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.A liberdade assistida a medida que melhor traduz o esprito e o sentido do sistema scio-educativo estabelecido pelo ECA e, desde que corretamente executada, sem dvida a que apresenta melhores condies de surtir os resultados positivos almejados, no apenas em benefcio do adolescente, mas tambm de sua famlia e, acima de tudo, da sociedade.28

No se trata de uma mera liberdade vigiada, na qual o adolescente estaria em uma espcie de perodo de prova, mas sim importa em uma interveno efetiva e positiva na vida do adolescente e, se necessrio, em sua dinmica familiar, por intermdio de uma pessoa capacitada para acompanhar a execuo da medida, chamada de orientador.

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Incumbe ao orientador, como o apoio e a superviso da autoridade competente, a realizao das seguintes tarefas:

promover socialmente o adolescente e sua famlia, fornecendo-lhes orientao e inserindo-os, se necessrio, em programa oficial ou comunitrio de auxlio e assistncia social;supervisionar a freqncia e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrcula;diligenciar no sentido da profissionalizao do adolescente e de sua insero no mercado de trabalho;apresentar relatrio do caso.30

A internaoA internao constitui medida PRIVATIVA DA LIBERDADE, sujeita aos seguintes princpios: da brevidade; da excepcionalidade e; do respeito condio peculiar de pessoa em desenvolvimento.A recluso de um jovem em um estabelecimento deve ser feita apenas em ltimo caso e pelo menor espao de tempo necessrio. Medida privativa de liberdade por excelncia, a internao somente dever ser aplicada em casos extremos, quando, comprovadamente, no houver possibilidade da aplicao de outra medida menos gravosa devendo sua execuo se estender pelo menor tempo possvel.31

Hipteses de aplicao:

A medida de INTERNAO s poder ser aplicada quando tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaa ou violncia pessoa;Por reiterao no cometimento de outras infraes graves;Ou por descumprimento reiterado e injustificvel da medida anteriormente imposta.OBS: dever do Estado zelar pela integridade fsica e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de conteno e segurana.

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A medida de internao no comporta prazo determinado, devendo sua manuteno ser reavaliada, mediante deciso fundamentada, no mximo a cada 06 meses. Caso a medida seja aplicada por conta de descumprimento reiterado e injustificvel de medida anteriormente imposta (e somente neste caso), o prazo de internao NO PODER SER SUPERIOR A 03 MESES.33

A internao dever ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes;Em local distinto daquele destinado ao abrigo;Obedecida rigorosa separao por critrios de idade, compleio fsica e gravidade da infrao. Durante todo o perodo de internao, mesmo que essa internao seja provisria, sero obrigatrias atividades pedaggicas. A realizao de atividades externas ser PERMITIDA, a critrio da equipe tcnica da entidade a no ser por expressa determinao judicial em contrrio.34

Em NENHUMA HIPTESE o perodo mximo de internao exceder a 03 ANOS; Atingido o tempo limite de 03 ANOS, o adolescente DEVER SER LIBERADO, colocado em regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida; A liberao ser COMPULSRIA (obrigatria) aos 21 anos de idade. Em qualquer hiptese a desinternao ser precedida de AUTORIZAO JUDICIAL, ouvido o Ministrio Pblico apenas.35

Direitos aos adolescentes internados:ser tratado com respeito e dignidade;permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais prxima ao domiclio de seus pais ou responsvel; receber visitas, ao menos, semanalmente; corresponder-se com seus familiares e amigos; habitar alojamento em condies adequadas de higiene e salubridade; receber escolarizao e profissionalizao; realizar atividades culturais, esportivas e de lazer; ter acesso aos meios de comunicao social; receber, quando de sua desinternao, os documentos pessoais indispensveis vida em sociedade; em hiptese alguma poder ficar incomunicvel.36

A REMISSOVersa o Estatuto, em seu art. 126, que antes de iniciado o procedimento judicial para apurao de ato infracional, o representante do Ministrio Pblico poder conceder a REMISSO, como forma de EXCLUSO DO PROCESSO, atendendo s circunstncias e conseqncias do fato, ao contexto social, bem como personalidade do adolescente e sua maior ou menor participao no ato infracional.37

A remisso se constitui em instituto prprio do Direito da Criana e do Adolescente, que pretende sanar os efeitos negativos e prejudiciais acarretados pela deflagrao ou demora na concluso do procedimento judicial destinado apurao do ato infracional praticado por adolescente.

A concesso da remisso dever ser sempre a regra, podendo j ocorrer logo aps a oitiva informal do adolescente pelo representante do Ministrio Pblico, ou a qualquer momento, antes de proposta a ao socioeducativa, via representao.38

A remisso visa evitar ou abreviar o processo envolvendo o adolescente acusado da prtica infracional, para uma rpida soluo para o caso.O objetivo do procedimento scio-educativo no a aplicao de uma sano estatal, mas sim a efetiva recuperao do adolescente.Aplica-se nos casos de menor gravidade.Iniciado o procedimento judicial, a concesso da REMISSO ser feita pela autoridade judiciria e importar na SUSPENSO ou EXTINO do processo.

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ANTES DE OFERECIDA a representao scio-educativa, a prerrogativa pela concesso da remisso do Ministrio Pblico, que o titular exclusivo da ao scio-educativa. Neste caso, a remisso concedida excluir o processo (evitar a representao).

APS O OFERECIMENTO da representao scio-educativa, a prerrogativa pela concesso da remisso passa autoridade judiciria (invariavelmente o Juiz da Infncia e Juventude), que pode optar por tal soluo a qualquer momento, antes de prolatar a sentena, aps ouvir o Ministrio Pblico.40

O Estatuto ainda dispe que:a remisso no implica necessariamente o reconhecimento ou comprovao da responsabilidade; nem prevalece para efeito de antecedentes;podendo incluir eventualmente a aplicao de qualquer das medidas previstas em lei; exceto a colocao em regime de semi-liberdade e a internao;41