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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA RENOVADA PSICOLOGIA PROFESSORA: ELIETTE ALVES DA SILVA LARA 1

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SEMINRIO TEOLGICO BATISTA RENOVADA

PSICOLOGIA

PROFESSORA: ELIETTE ALVES DA SILVA LARA

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SUMRIO

1 PISICOLOGIA................................................................................................05 1.1 Abordagens psicolgicas............................................................................06 1.2 O que Psicologia Pastoral?...........................................................................07 1.2.1 Desafios do cotidiano: Incluso social/eclesistica..................................08 1.2.2 Convvio na cidade...................................................................................09 1.2.3 Ciberencontros.........................................................................................09 1.2.4 Sofrimento psicolgico, espiritual, scia...................................10 1.2.5 Sociologia da emoo..............................................................................11 1.2.6 Evangelho integral...................................................................................12 2 CICLO DE VIDA HUMANA............................................................................12 2.1 Infncia, adolescncia, fase adulta e terceira idade...................................12 2.1.1 Infncia.....................................................................................................13 2.1.2 Adolescncia ...........................................................................................15 2.1.3 Fase adulta...............................................................................................17 2.1.4 Terceira Idade..........................................................................................18 3 PERSONALIDADE........................................................................................21 4 NOES BSICAS DE PSICOPATOLOGIA...............................................23 4.1Sade/Doena mental... .............................................................................34 5TRANSTORNO ALIMENTAR..... ...................................................................47 6 PERDAS/SOFRIMENTO...............................................................................54 7 AUTO ESTIMA ..............................................................................................56 8 RESILINCIA.................................................................................................58 9 CICLO DE VIDA FAMILIAR...........................................................................59 10 ACONSELHAMENTO PASTORAL.............................................................61 REFERNCIAS................................................................................................66

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Amado, desejo que te v bem a todas as coisas e que tenhas sade, assim como bem vai a tua alma III Joo 2.NOME DA DISCIPLINA: Psicologia, Aconselhamento cristo. CARGA HORRIA: 20 hs/aula

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PROFESSORA: Eliette Alves da Silva Lara METODOLOGIA: Procedimentos metodolgicos Tcnica de apresentao simples; Aula Expositiva e recursos disponveis oferecidos pela instituio. EMENTA: Instrumentalizar, a partir de um referencial tico-cristo, pessoas que pretendem se envolver ou j se encontram envolvidas em tarefas de cuidado e aconselhamento pastoral. Fundamentado na perspectiva da sade espiritual, mental e fsica, a disciplina objetiva a levar leigos a atuarem de forma diferenciada OBJETIVOS: 1. Possibilitar a compreenso das bases conceituais da psicologia como cincia e sua aplicao ao pastoral teolgica; 2. Oferecer noes bsicas para a compreenso do desenvolvimento humano; noes bsicas de psicopatologia e de sade/doena mental; 3. Maior senso crtico e maior responsabilidade na ajuda aos membros de sua comunidade; 4. Maior capacidade de ouvir; aconselhamento pastoral 5. Maior confiana em si; 6. Maior comprometimento com a realidade e compreenso do outro; PROGRAMA: Cincia Psicolgica; Abordagens psicolgicas; Psicologia pastoral; Noes bsicas de: desenvolvimento humano; psicopatologia e sade/doena mental; aconselhamento pastoral; contribuies da Psicologia no ministrio; AVALIAO: desempenho do aluno em sala, avaliao escrita. na rea do cuidado e do aconselhamento pastoral, compreendendo o ser humano com um ser biopsicossocial.

1 PSICOLOGIA

5 A Psicologia enquanto conhecimento cientfico tem como marco histrico o primeiro psiclogo Wilhelm Maximilian Wundt em 1879, na Alemanha, em Leipzig, com a criao do primeiro laboratrio de Psicologia. Na tica de Wundt, a Psicologia era uma cincia intermediria entre as cincias naturais e as cincias da cultura. Os estudos dele se estendem da psicologia experimental fisiolgica psicologia social. O objeto da psicologia , segundo Wundt, a experincia imediata dos sujeitos. Experincia imediata, esta por sua vez, a experincia tal como o sujeito a vive antes de se pr sobre ela, antes de comunic-la, antes de conhec-la. , em outras palavras, a experincia tal como se d (Figueiredo, 2000); Wundt afirmava que h duas formas de fazer psicologia: a) Utilizando o mtodo experimental, ele pretende pesquisar os processos elementares da vida mental que so aqueles processos mais fortemente determinados pelas condies fsicas do ambiente e pelas condies fisiolgicas dos organismos; b) Por meio da anlise dos fenmenos culturais como a linguagem, os sistemas, os mitos, etc., segundo Wundt, manifestam-se os processos superiores da vida mental como o pensamento, a imaginao, etc. (Figueiredo, 2000); Segundo Gazzaniga & Heatherton (2005), a Psicologia uma cincia que estuda a mente, o crebro e o comportamento. Mente se refere atividade mental, como os seus pensamentos e sentimentos. As experincias perceptivas que voc tem ao interagir com o mundo (isto , viso, olfato, paladar, audio e tato) so exemplos da mente em ao, assim como as memrias, pensar sobre o que voc quer comer no almoo, o que voc pretende fazer hoje depois da aula. O crebro um rgo localizado no crnio da onde resultam as atividades mentais, tal como ao de clulas nervosas e reaes qumicas associadas. Pode-se dizer que a mente o que o crebro faz. O comportamento se refere s aes observveis: movimentos corporais, aes intencionais como comer ou beber e expresses faciais como sorrir. O termo comportamento empregado para descrever umas amplas variedades de aes fsicas, sutis ou complexas, que ocorrem nos organismos dos humanos e dos animais. A cincia psicologia gera uma prtica profissional. Enquanto cincia tem por objetivo explicar como o ser humano pode conhecer e interpretar a si mesmo os fenmenos e os processos psicolgicos. Como pode interpretar e conhecer o mundo em que vive (a includas a interao dos indivduos entre si, a interao com a natureza, com a teologia, com os objetos e com os sistemas sociais, econmicos e polticos dos quais faam parte). Enquanto prtica profissional, a psicologia coloca o conhecimento por ela acumulado a servio de indivduos e instituies. Segundo Teles (1991) a Psicologia, enquanto conhecimento cientfico, procura compreender o Homem, seu comportamento, para facilitar a convivncia consigo prprio e com o outro. Pretende fornece-lhe subsdios para que ele saiba lidar consigo mesmo e coma as experincias da vida (p.9).

6 Resumindo: A psicologia uma cincia que busca compreender o homem, seus fenmenos e os processos psicolgicos que mantm o comportamento desse sujeito.

1.1Abordagens psicolgicasNo campo da Psicologia existem diversas abordagens para tratamentos de conflitos. H aquelas em que o cunho est mais voltado para o autoconhecimento do sujeito, seus traumas e conflitos internos, existem aquelas que trabalham com as crises suas repercusses no momento e h tambm as de fundo filosfico que vem o sujeito no somente como uma psique em crise, e sim como um todo levando em conta seu lado social e seu relacionamento com consigo mesmo e com o mundo. A Psicologia Cientfica de Wundt, no sculo XX, possibilitou a formao de vrias escolas psicolgicas: Estruturalismo, Funcionalismo, Behaviorismo, Gestalt e Psicanlise. De acordo com Wertheimer (1989), essas escolas tiveram convices particulares a respeito da definio e da tarefa da Psicologia, e ainda mtodos adequados execuo dessa tarefa. Wertheimer (1989) descreve os objetivos dessas escolas: a) Estruturalismo - descobrir tudo a respeito do contedo da mente e a estudava por introspeco; b) Funcionalismo preocupava-se mais com a adaptao, ou seja, para que servem as vrias atividades da mente? c) Behaviorismo a psicologia deve estudar o comportamento e no a experincia; a experimentao objetiva era o nico mtodo legitimo John Broadus Watson (1878-1958), Burrhus Frederic Skinner (1904-1990); d) Psicologia da Gestalt tanto a experincia quanto o comportamento so reas legitimas de estudo da Psicologia; se devem empregar mtodos adequados ao problema, desde que seja cauteloso para evitar a fragmentao do fenmeno sobre o qual se trabalha; Gestalt surge na Alemanha, por volta de 1910-1912. Diferentemente das outras duas escolas, essa abordagem foi constituda a partir de vrios tericos e no apenas de uma nica personalidade, como Freud, na Psicanlise ou Watson, no Behaviorismo Metodolgico. Seu elaborador inicial foi Max Wertheimer (1880-1943), depois houve as contribuies Kurt Koffka (18861941) e Wolfgang Khler (1887-1967). No entendimento de Figueiredo e Santi (2000) essa abordagem parte da experincia imediata e adotava como procedimento para a captao da experincia tal como se dava ao sujeito, o mtodo fenomenolgico. e) Psicanlise objetiva compreender, partir da associao livre e da anlise de sonhos, os processos fundamentais da mente consciente e inconsciente e as foras dinmicas que compem a personalidade. Sigmund Freud (18561939), austraco, de origem judia. A Psicanlise uma abordagem que tem diversas ramificaes. Do seu inicio at aos nossos dias. Nomes como de Alfred Adler (1870-1937), austraco; Carl Gustav Jung (1875-1961), suo; Sandor Ferenczi (1873-1933), hngaro; Melanie Klein (1882-1960), austraca; Harry Stack Sullivan (1892-1949), norte-americano; Jacques Lacan (1901-

7 1981); Wilfred Ruprecht Bion (1897-1979), indiano; Donald Winnicott (19791983), ingls. f) Sistmica Terapia Familiar A abordagem sistmica em Terapia Familiar assenta em dois paradigmas cientficos fundamentais da segunda metade do sculo XX que se aplicam o estudo do comportamento humano: a Teoria Geral dos Sistemas e a Ciberntica. Nesta perspectiva, a famlia encarada como um conjunto de pessoas entre as quais existem de um modo repetitivo interaes circulares, ou seja, o comportamento de um dos seus membros afeta todos os outros elementos e estes funcionam em reciprocidade. Assim, a terapia est orientada para uma mudana na estrutura familiar, pois, quando a estrutura familiar transformada, as posies dos membros nesse grupo ficam alteradas e, por conseqncia, as experincias de cada indivduo mudam v a famlia como um sistema. A terapia familiar sistmica estruturada em torno desses conceitos entende a famlia como um sistema aberto que se autogoverna atravs de regras que definem o padro de comunicao mantendo uma interdependncia entre os membros e com o meio no que diz respeito troca de informaes e usa de recursos de retroalimentao para manter o grau de equilbrio em torno das transaes entre os membros (Boscolo, 1993). Psicologia Scio-Histrica: um conhecimento scio-cultural A Psicologia Scio-Histrica surgiu no incio do sculo XX, na antiga Unio Sovitica, suas teorias cientficas foi construda a partir do referencial marxista. Neste perodo predominava problemas sociais e econmicos. Vygotsky (1896-1934) faz crticas a Psicologia, principalmente, a sovitica que se estabelecia dentro da lgica dualista: objetividade versus subjetividade ou interno versus externo. Vygotsky propunha construir uma Psicologia guiada pelos princpios e mtodos do materialismo dialtico, sua produo objetiva descrever e explicar a construo e o desenvolvimento do psiquismo e do comportamento humano, a partir das funes psicolgicas superiores (pensamento, linguagem e conscincia), norteado pelo princpio da gnese social da conscincia.

1.2 O que Psicologia Pastoral?A Psicologia a cincia que estuda o crebro a mente e o comportamento humano. No tocante aos seres humanos, somos semelhantes, porm no idnticos, a no ser como pessoas jurdicas, j que nesta rea do saber todos so iguais perante a lei. Como psiclogos e conhecedores de inmeras tipologias de personalidades, podemos analis-las, como tambm o comportamento do ser humano, estudando as influncias tnicas, morais, religiosas, pastorais e outras. A psicologia est em cada setor de atividades dos seres vivos. Em cada setor nos quais conhecimentos e tcnicas aplicados, ela recebe uma denominao suplementar, que especifica o campo de trabalho para o qual foram

8 transferidos os conhecimentos psicolgicos. Isso acontece de acordo com o que fazemos com a funo desempenhada por inmeras pessoas, de cuidar, proteger e proporcionar meios adequados para que o seu semelhante possa ter melhor qualidade de vida. A este campo da psicologia, chamamos de Psicologia Pastoral (Quirino, 2008). Psicologia Pastoral o campo da psicologia em que os cientistas do comportamento humano e animal procuram estudar e difundir tudo o que diz respeito conduta de cuidar, proteger e proporcionar meios adequados para que o ser humano possa melhorar a qualidade de vida do seu semelhante, independente de raa, credo, cor e posio social (Sathaler-Rosa2004). . O objetivo da Psicologia Pastoral estudar e compreender o comportamento de seres humanos que procuram meios adequados para melhorar a qualidade de vida de seu semelhante, e, a partir deste conhecimento, cunhar conceitos e difundi-los, a fim de que cada ser humano ou comunidade possa utiliz-los de acordo com seu interesse especfico. A psicologia pastoral esta fundamentada no amor de Deus, que se revela na disponibilidade, ateno, compreenso, partilha benevolncia, pacincia, dilogo, atitudes estas praticadas por Jesus Cristo em forma corprea, que no s se preocupou em ajudar as pessoas a transpor conflitos intra-psquicos, mas tambm as dificuldades biolgicas, sociais e espirituais. Para a psicologia pastoral no s o esprito do homem que importante, mas tambm a alma (pensamento, sentimento e vontade) e o corpo. Portanto, para a psicologia pastoral, todo o constituinte do ser humano importante. O homem visto como ser biopsicossocial e espiritual (corpo, alma e esprito). I Ts. 5:23 Surge o questionamento. Quirino (2008) pontua quais so os objetivos e contribuies da psicologia pastoral numa sociedade como a de hoje. Quais os componentes que ainda necessitam ser trabalhados com mais afinco na psicologia pastoral? O autor sugere alguns tpicos que so desafios para Psicologia Pastoral na atualidade.

Desafio do cotidiano; Sociologia da emoo; Evangelho integral;

1.2.1 Desafios do cotidiano: Incluso social/eclesisticaEste assunto no novidade na rea de psicologia pastoral. Porm, aliado incluso social necessrio repensarmos tambm o patamar eclesistico/ religioso. O que significa para as pessoas participar, ingressar numa

9 comunidade religiosa nos dias de hoje? O que elas buscam quando necessitam ser ouvidas e orientadas a partir da nossa viso crist. A incluso eclesistica, religiosa, supera os pareceres estatsticos, nos remetendo ao processo de identificao das pessoas com um ambiente de esperana que um dos focos das igrejas, das comunidades religiosas (Allen, 1998). Diante disso, h grande necessidade de revermos nossas eclesiologias (doutrinas) e formas de nos envolvermos em comunidade. O foco da psicologia pastoral vai alm do eclesistico. Nesse sentido, podemos considerar o espao eclesistico como parte da rede psicolgico-pastoral (Auge, 1994).

1.2.2 Convvio na cidadeO homem atual tem enfrentado outro fenmeno que est inserido no dia-a-dia das pessoas, medo e a insegurana. O medo da violncia tem modificado, de forma significativa, a imagem de mundo das pessoas. O enclausuramento nas grandes cidades tem criado novos tipos de relacionamentos e de famlias. De outro lado, a imagem do mundo habitado tem despertado vrios tipos de discusso e criao de grupos e redes de apoio para lidar com o medo, com a instabilidade e com a insegurana (Zygmunt, 1998). O medo da cidade tem proporcionado o nascimento da demanda scioexistencial de grupos humanos por identificao. Segundo Quirino (2008), o espao permeado no s pela demarcao de fronteiras, mas tambm pela sensao de segurana. Porm, percebe-se que o espao de vivncia e convivncia tem causado sofrimento significativo na vida das pessoas. No contexto urbano as pessoas correm em busca de um bem-estar, segurana, sonho... A busca permeada por um mecanismo de comunicao e crena. Isso tem levado a igreja, comunidade religiosa a assumir uma funo significativa na vida da pessoa.

1.2.3 CiberencontrosAnos atrs pensar em ciberencontros era uma utopia. A psicologia pastoral desafiada tambm a dialogar com a infncia e juventude de nosso pas, mundo em dois aspectos: da expectativa de vida e tambm de maneiras de se relacionar, do seu mundo afetivo e do trabalho. Os ciberencontros que acontecem a todo instante, tm transformado as configuraes de relacionamentos entre as pessoas, especialmente a juventude (Koury, 2003). Os ciberencontros tm gerado novas formas de relacionamento (Filho, 1995). distncia espacial entre as pessoas, de certa maneira, garante o no enfrentamento das rupturas existenciais to dolorosas. Ou seja, os ciberencontros tm sido um componente vital para evitar sofrimento, a frustrao e a dor. Surge a afetividade virtual. A imagem do mundo se mistura ao mundo da imagem. Como a psicologia pastoral responde s demandas dos relacionamentos virtuais de nossos tempos? Estamos diante de uma gerao

10 que evita o sofrimento. O relacionamento virtual no exige total envolvimento entre as pessoas (Baudrillard, 1997).

1.2.4 Sofrimento psicolgico, espiritual, social.

Definir o sofrimento humano nunca foi uma tarefa fcil, num contexto em que ele se faz presente diariamente na vida de tantas pessoas. Na psicologia, o sofrimento est ligado dor. Ao falarmos sobre o sofrimento impossvel no adentrarmos na dinmica da realidade de vida e experincias da pessoa e tudo aquilo que envolve a vida do sujeito: as pessoas, a f e o contexto em que ocorrem as vivncias (Allen, 1998). Estudos e pesquisas no conseguiram encontrar conceitos que, por si mesmos, consigam explicar o sofrimento na sua totalidade. O sofrimento no conceituado com argumentos lgicos, teolgicos e cientficos puros. O sofrimento pode atingir qualquer pessoa independentemente de sua crena. Convivemos com o sofrimento, mas isso no quer dizer que o aceitamos, mas sabemos que para cada sujeito ele possui uma dimenso (Yancey, 1985). O sofrimento pode impactar algum que, convivendo numa comunidade de f, sente-se excludo porque no consegue aceitar as explicaes mais comuns para o sofrimento como: foi vontade de Deus, voc est em pecado, o diabo causou isso. De certa forma, o que pode de um lado trazer certo consolo, pode mascarar o que de fato a pessoa est sentindo naquele momento. Muitas vezes o sofrimento faz calar argumentos da f (Resende, 2006). A psicologia pastoral, como parte da rede de apoio de pessoa, famlia, cuidador/a, pode ser um espao de expresso do sofrimento sem exlio. A psicologia tem ampliado seus estudos sobre a influncia teraputica da Espiritualidade na sade das pessoas. Portanto, vem questionando modelos de Espiritualidade que possam nutrir o sofrimento e a dor humana sem uma elaborao adequada. Franois Varone (2001) nos ajuda a redimensionar o conceito de sofrimento: O sofrimento humano o resultado normal da fragilidade fsica e moral da humanidade e do mundo. O sentido de tal sofrimento , dessa forma, puramente imanente ao acontecimento e s suas causas concretas, em princpio assinalveis (p.32). Ao tratar do sofrimento, surge a pergunta: a psicologia pastoral est voltada nica e exclusivamente para as pessoas de dentro de nossas igrejas, ou ela amplia sua contribuio com a sade pblica ao ampliar sua atuao como parte de redes de apoio em prol do cuidado com o ser humano?

1.2.5 Sociologia da emoo

11 A Sociologia da Emoo um ramo de pesquisa no Brasil realizado pelo antroplogo brasileiro Mauro Guilherme Koury, dentre outros - tem possibilitado pesquisas em reas de interesse da psicologia pastoral, como luto, medo, vergonha, culpa, entre outras. Segundo Koury (2003), as intervenes na realidade do sofrimento social devem incluir, em suas aes, o conhecimento de grandes restries que o brasileiro tem para expressar seu sofrimento existencial. A individualizao crescente das relaes sociais no Brasil atual tende a um refreamento do processo de individuao do sujeito que sofre a perda, atravs do mascaramento da dor, do sofrimento e da morte. Essa tendncia social de escamoteamento da expresso pblica dos sentimentos e a valorizao da interiorizao, enquanto espao da intimidade, do privado, ou da subjetividade, cria uma predisposio permanente no indivduo desconfiana no outro, e por extenso, no social. Nessa sociedade moderna no permitido sofrer, chorar, expressar os sentimento sinal de fraqueza. Nessa gerao o que conta o desempenho, o sofrimento compromete o desempenho a produtividade. (Stone & Keefauver, 2006). A exacerbao da interiorizao pode redundar em srios riscos para a sade pblica em nossas Igrejas. Os estudos da sociologia da emoo podem nos ajudar a ampliar nossas vises sobre o ser humano e sua relao social. Diante do olhar interdisciplinar para a sociedade nos deparamos com a necessidade de checar a realidade da funo da Igreja na promoo de sade ao ser humano. A IGREJA, Comunidade religiosa precisa atuar como agente de promoo de qualidade de vida espiritual, emocional e social (Allen1980). O evangelho integral o grande desafio da Igreja atual. A Psicologia Pastoral pode contribuir de forma significativa para fazer cumprir a proposta do Evangelho integral. O CRISTO NO PODE VIVER NO SOFRIMENTO PERPETUO, MAS DEVE TER LIBERDADE, NA COMUNIDADE RELIGIOSA EM QUE ELE VIVE, DE EXPRESSAR O SOFRIMENTO E PEDIR AJUDAR. SOMOS UM CORPO EM QUE TODOS OS MEMBROS ESTO LIGADOS. I Co. 12:20

1.2.6 Evangelho integralO cristo dos dias atuais tem vislumbres, imagens, sonhos e idias. Nos paises latinos temos gente sofrendo e lutando, sede de justia, de esperana, e sorrisos. Essas coisas no dependem de geraes. Elas esto to presentes nesta gerao como nas geraes anteriores. Mas esto presentes com outra cara: no ciberespao, no MP3 player tocando msica evanglica, no gosto amargo da desiluso poltica, nas infindveis CPIs..., nas drogas, na crise de identidade e carter, na falta do alimento, da moradia, da assistncia mdica, da oportunidade de estudo e qualificao, do emprego, da segurana, so sinais da nossa gerao. Quando olhamos para o Brasil percebemos que no h terceira via, temos de apresentar o evangelho integral. (www.apecma.com.br)

12 A misso integral no s uma bandeira nem necessariamente um posicionamento teolgico. pertencimento, pertencer ao esforo de mudar uma trajetria triste e sofrida atravs de um evangelho integral, saudvel, cheio de nutrientes e de combate pobreza com esperana e funo teraputica (Allen, 1998). As Escrituras so claras: A tribulao produz perseverana; a perseverana, um carter aprovado; e o carter aprovado, esperana (Rm 5.4). A misso integral uma porta de esperana para todos aqueles que tm se envolvido com a revitalizao desta gerao. Esperana para uma gerao que passa tempo demais com os olhos semicerrados diante das imagens da TV ou da internet, no Big brother, esperana para uma gerao que tem dificuldade com relacionamentos e teme compromisso, no que se envolver com o sofrimento alheio. A porta est aberta. Nosso grito de esperana no o eco de uma gerao anterior. um grito nosso, da nossa voz proftica como igreja clamar a Deus em busca de cura e esperana de redeno. O evangelho integral oferece ao individuo a transformao do corpo alma e esprito. Oferece comida ao faminto, acolhimento ao desesperado e salvao ao perdido (Allen, 1998). Evangelho que no leva a um envolvimento da igreja com a sociedade onde ela est inserida, no verdadeiro Evangelho. No h como ser igreja se ausentado da comunidade. Como poderemos ser luz do mundo e sal da terra se estivermos recolhidos em nosso gueto evanglico? O Esprito Santo de Deus tem nos inquietado e empurrado para fora das quatro paredes do templo, nos conscientizando que preciso ser igreja l onde as necessidades existem, vendo o homem como um ser integral, levando a ele o Evangelho que tem respostas para todas as reas da vida humana. A Psicologia Pastoral tem como desafio despertar o senso crtico, responsvel do cristo deste tempo a ocupar os lugares que PERTENCE AO POVO DE DEUS em todos os seguimentos da sociedade para que assim seja possvel cumprir a misso do evangelho integral (Allen1998).

2 CICLO DE VIDA HUMANADe acordo com Erikson (1998), o Ciclo de vida o conjunto de transformaes que podem passar os indivduos de uma espcie para assegurar a sua continuidade;

2.1 INFNCIA; ADOLESCENCIA; FASE ADULTA E TERCEIRA IDADE. 2.1.1 INFNCIAA primeira grande experincia vivida pelo ser humano o nascimento. Este o primeiro obstculo a ser vencido no processo do desenvolvimento. O feto deixa

13 a segurana e a proteo do tero materno para enfrentar os estmulos do mundo externo. A mudana de ambiente implica em grandes reajustamentos psciofisiolgicos, o beb tem que suportar de uma s vez grandes alteraes internas (maturao dos rgos) e externas. Segundo DAndrea (2001), o nascimento constitui um trauma com o qual o individuo jamais se reconcilia. Muitas pessoas, que no se adaptam as exigncias do mundo externo, parecem procurar a vida toda, reconstruir a simbolicamente as condies de vida intra-uterina. A experincia de nascimento contribui significativamente para a vida futura do sujeito. As impresses so registradas na personalidade da pessoa. Desde os primeiros instantes de vida, o comportamento materno exerce influncia na formao da personalidade da criana. A relao dos pais com a criana fundamental para a sade mental na infncia, nesse perodo que a personalidade formada. O relacionamento entre pais e filhos na infncia base da confiana, a criana aprende com a me e o pai. Os pais devem suprir as necessidades da criana. A falta ou o exagero (de amor e cuidado) prejudicam o desenvolvimento da criana e as conseqncias sero percebidas na adolescncia e na vida adulta do individuo (Dorin, 1982). Os pais e responsveis devem imprimir, clara e objetivamente, certos limites e regras fceis e simples de serem cumpridas, desde a mais tenra idade. No se pode deixar uma criana agir de forma totalmente desregrada e livre, sem qualquer fronteira. Inmeros livros j foram escritos sobre o assunto, com ttulos assemelhados a Limites na medida certa, Colocando regras, com afeto; ou, Seu filho precisa conhecer as regras do jogo da vida. Outro aspecto a coerncia entre palavras e atitudes. No possvel conciliar uma regra enunciada verbalmente com uma atitude oposta. Por exemplo, afirmar o acerto de hbitos de higiene e, depois, deixar objetos pelo cho, no recolher roupas sujas, ou varrer o p para debaixo dos tapetes... Para que o desenvolvimento das crianas ocorra de forma natural e saudvel: absolutamente necessrio que elas se entreguem, em grande parte de seu tempo ativo, s brincadeiras prprias de sua idade, individual ou coletivamente. As brincadeiras coletivas proporcionam o relacionamento interpessoal, de extrema importncia para a formao do carter social do indivduo. A livre expresso da alegria, prpria das atividades ldicas, fundamental para a saudvel formao da personalidade. O psicanalista Donald Winnicott (1975) trabalhava com crianas separadas de suas famlias em conseqncia da Segunda Guerra Mundial quando encontrou um interessante campo de estudo que lhe permitiu perceber etapas fundamentais do desenvolvimento da pessoa. Donald Winnicott constatou a importncia do brincar e dos primeiros anos de vida na construo da identidade pessoal. As concluses a que ele chegou so valiosas para o trabalho dos educadores. Boa parte dos conceitos de Winnicott se refere ao "desenvolvimento emocional primitivo", cujos efeitos, segundo ele, so de importncia crucial para o

14 indivduo por se estenderem para alm da infncia. Muitos problemas da fase adulta estariam vinculados a disfunes ocorridas entre a criana e o "ambiente", representado geralmente pela me. "O precursor do espelho o rosto da me." A brincadeira algo universal, prpria da sade, o brincar facilita o crescimento e, portanto a sade, conduzindo aos relacionamentos grupais, enfim, uma coisa natural e universal (WINNICOTT, 1975, p. 63). Para ele, o brincar representaria sempre uma experincia criativa na continuidade espao-tempo, uma forma bsica de viver, estando estreitamente relacionado ao que chamou de espao potencial, ("rea de subjetividade" entre o beb e a me, que emerge durante a fase de repdio do objeto "no-eu". "A caracterstica especfica deste lugar em que se inscrevem o jogo e a experincia cultural a seguinte: a existncia deste lugar depende da experincia da vida e no da tendncia herdadas" (WINNICOTT, 1967, p. 45).) o qual se desenvolve inicialmente entre a me e o beb e, posteriormente, entre a criana e a famlia, entre o indivduo e a sociedade ou o mundo. Da magnitude desse espao potencial depender a experincia que conduz confiana em si prprio e nos outros. Winnicott (1975) acreditava que o amor a emoo humana fundamental, a partir do amor mais genuno da me pelo filho. Para ele, a me sustenta a criana algumas vezes fisicamente e todo o tempo figurativamente. O autor usa a expresso holding para nominar sustentao, conteno. O holding inclui a comunicao silenciosa entre a me e seu beb e a raiz de todas as outras comunicaes entre os seres humanos. atravs do holding materno que a criana se sente integrada em si mesma e comea a experimentar uma sensao de diferenciao do mundo em que vive. Para Winnicott, no existe sade para o ser humano que no tenha sido iniciado suficientemente bem pela me (WINNICOTT, 1975, p. 26). A me precisa, com o tempo, diminuir aos poucos o grau de sua adaptao s necessidades iniciais do beb. De certo momento em diante, preciso que ela permita a ocorrncia de pequenas frustraes no dia-a-dia do beb, pois esta ser a nica maneira de ele desenvolver um contato com o mundo em que ter de viver que no se caracterize por hostilidade e receio. Para Winnicott (2002), a base da sade mental adulta constituda ao longo da infncia e da adolescncia. A grande maioria das crianas e adolescentes abrigados j vivenciou alguma situao grave de vulnerabilidade pessoal ou social. Muitos possivelmente j tiveram uma experincia de desintegrao familiar ou viveram em famlias que, por diferentes razes, no conseguiram cumprir sua funo provedora e formadora. Neste contexto cabe citar, por exemplo, o pensamento de Winnicott (2002) que acredita que por mais simples que seja um lar, ele mais importante para o sujeito do que qualquer outro lugar e, prossegue afirmando que se deve sempre ter o cuidado de jamais interferir em um lar que esteja funcionando, nem mesmo em nome de seu prprio bem. Existem situaes em que o adolescente "no pode ou no deve ficar com seus pais biolgicos" (Fonseca, 2004, p.1). Esse conceito pode ser estendido para situaes onde o adolescente no pode ficar com seus cuidadores.

15 Para Winnicott (2002), a possibilidade de sentir-se pertencente segurana de um lar condio fundamental para o saudvel desenvolvimento da personalidade de um indivduo. "A unidade familiar possibilita uma segurana indispensvel criana pequena. A ausncia dessa segurana ter efeitos sobre o desenvolvimento emocional e acarretar danos personalidade e ao carter" (p.18). Resumindo-A infncia o perodo que vai desde o nascimento at aproximadamente o dcimo-primeiro ano de vida de uma pessoa. um perodo de grande desenvolvimento fsico, marcado pelo gradual crescimento da altura e do peso da criana - especialmente nos primeiros trs anos de vida e durante a puberdade. Mais do que isto, um perodo onde o ser humano desenvolvese psicologicamente, envolvendo graduais mudanas no comportamento da pessoa e na adquisio das bases de sua personalidade.. A bblia traz ensinamentos indispensveis para essa fase do desenvolvimento. Provrbios 22:6; 23:12, 13 e ainda Deuteronmio 6:4 a 9. A infncia uma fase extremamente importante, nesse perodo a personalidade da criana formada e os contedos internalizados, pela criana, vo nortear toda a sua vida. A funo do pai proteo e limite. A funo da me carinho e afeto.

2.1.2 ADOLESCNCIAA adolescncia uma fase de transio entre a infncia e a vida adulta, em que a criana gradualmente passa para a vida adulta de acordo com as condies ambientais e de histria pessoal. Para o mdico psiquiatra Luis Carlos Osrio (2004), o termo adolescncia no universal, muitas sociedades no possui este conceito. Cada cultura possui um conceito de adolescncia, baseando-se sempre nas diferentes idades para definir este perodo. A adolescncia fenmeno das sociedades modernas, necessidade do capitalismo, surgidas no final do sculo XIX e incio do sculo XX com o incremento da urbanizao e industrializao, emergindo entre a infncia e a vida adulta como um perodo intermedirio. uma etapa evolutiva peculiar ao ser humano e para compreend-la preciso estudar os aspectos biolgicos, psicolgico, sociais ou culturais, sendo estes o conjunto que resulta em caractersticas que confere unidade ao fenmeno da adolescncia. Para alguns tericos existe a "sndrome normal da adolescncia", caracterizada por uma sintomatologia que inclui: "((((1) busca de si mesmo e da identidade; 2) tendncia grupal; 3) necessidade de intelectualizar e fantasiar; 4) crises religiosas, que podem ir desde o atesmo mais intransigente at o misticismo mais fervoroso; 5) deslocalizao temporal, em que o pensamento adquire as caractersticas de pensamento primrio; 6) evoluo sexual manifesta, desde o auto-erotismo at a heterossexualidade genital adulta; 7) atitude social reivindicatria com tendncias anti ou associais de diversa intensidade; 8) contradies sucessivas em todas as manifestaes da conduta, dominada pela ao, que constitui a forma de expresso conceitual mais tpica deste

16 perodo da vida; 9) uma separao progressiva dos pais; e 10) constantes flutuaes de humor e do estado de nimo" (Knobel, 1989, p.29.) Segundo Iami Tiba (1985), pesquisador brasileiro de grande repercusso na rea da educao, define a adolescncia como uma fase do desenvolvimento no estabilizada por tempo de durao, mas que sempre tem incio aps a puberdade, e nada mais so do que a maturao filogeneticamente programada do aparelho reprodutor. A adolescncia seria uma fase de reestruturao do "ncleo do eu", quando as estruturas psquica/corporais, familiares e comunitrias sofrem mudanas conflitantes. Lutos e fragilidades psquicas afloram neste perodo em que o adolescente tende a buscar autonomia, liberdade, prazer e status, agindo de maneira compulsiva e agressiva. A cultura aparece como reflexo dos aspectos corporais e psicolgicos (naturais), assim como os modos de produo da vida tambm no so vistos como constitutivos da adolescncia (Dorin, 1982). A maior dificuldade do adolescente, entretanto, est em aceitar uma autoridade imposta. A autoridade pode adquirir um espao importante no conjunto de valores do adolescente quando se constri atravs da conquista e do respeito e no submetendo o jovem s presses. Nessa fase os valores, princpios so reafirmados e a identidade da pessoa e consolidada, pode ocorrer, a identidade do sujeito pode ser reeditada. Nesse perodo a famlia, a igreja tem papel fundamental. Eclesiastes cp.12 apresenta uma receita infalvel ao adolescente. A queda do poder paterno, possibilitado por todas as mudanas que vivemos, fez com que surgisse a necessidade de um terceiro poder na manuteno da ordem e da lei social. A clivagem que se estabelece no seio familiar, mudando esta estrutura, trouxe uma nova configurao do pblico e do privado. A famlia que at ento se mantinha no privado se torna pblica. Dividem-se os papis da conjugalidade e da parentalidade, tornando-se este da ordem do pblico, enquanto aquele se torna da ordem do privado. Dessa diviso surge a necessidade, na viso de Julien (2000), de um terceiro poder, representado hoje pelo juiz, pelo mdico, pelo psiclogo, pela escola, atuando como suporte e muitas vezes como salvaguarda para as crianas e adolescentes que se vem sem referncia familiar. A falta de competncia dos pais tem ocasionado principalmente no jovem um hiato no seu desenvolvimento. Faltam-lhe referncia e suporte na estruturao de normas e valores sociais. Estudos tm mostrado que grande a perspectiva desses adolescentes encontrarem a lei exerccio da Funo Paterna - no traficante, nas armas e na violncia. ((Uma lei que por no estar contida nas regras sociais pode levar o adolescente para o caminho da excluso e do desvio) Paggi&guarechi, 2004). Winnicott, como dissemos, sustenta que a transgresso um gesto de esperana. O adolescente o usa como forma de se fazer veste pelo contexto familiar e social. A justia muitas vezes entra nesse espao, tornando-se para o adolescente o limite que a famlia tem dificuldade de exercer. Segundo Levisky (1998),

17 ... adolescer resulta de um processo complexo de redes e funes intra, inter e transpsquicas geradas por inmeras transformaes biolgicas, psicolgicas, culturais, histricas, sociais iniciadas pelas transformaes orgnicas por ocasio da maturao sexual e da capacidade procriadora (p.161).

Resumindo - Adolescncia a fase do desenvolvimento humano que marca a transio entre a infncia e a idade adulta. Com isso essa fase caracteriza-se por alteraes em diversos nveis - fsico mental e social - e representa para o indivduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilgios tpicos da infncia e de aquisio de caractersticas e competncias que o capacitem a assumir os deveres e papis sociais do adulto. Na verdade, a adolescncia valorizada de modo significativo no mundo ocidental. A adolescncia no universal a puberdade sim. A puberdade o nome que se d a fase em que ocorrem as mudanas fsicas e psicolgicas no individuo. Hoje existe a adolescncia prolongada.

2.1.3 FASE ADULTAPara definir a fase adulta podemos nos basear em vrios aspectos: fsicos, biolgicos, sociais, psicolgicos, polticos e legais. O indivduo considerado adulto em nossa sociedade quando completa 18 anos, se tornando responsvel civil e criminalmente pelos seus atos. A partir da se espera que possa de alguma maneira estar encaminhado para a sua independncia financeira, o que de certo modo refora a sua condio de ser dono do prprio nariz, arcando com suas despesas, responsabilidades e escolhas. O indivduo nesta fase adulta, independentemente do sexo, deve estar preparado para cumprir as suas funes, ou melhor, ser capaz de viver em liberdade, sem que fique dependente de outros, comprometendo em responder por seus atos, escolhas e decises. O Adulto desafiado a ter competncia, independncia, capacidade relacional, direo. (Collins, 2004). Levinson (1974, 1978) considera que a vida adulta marcada por perodos de estabilidade e transio. Aos perodos de transio sucedem-se momentos de integrao, a que correspondem mudanas na estrutura do indivduo, ou seja, na forma de ele se ver a si prprio, o mundo e os outros. Nestes perodos de transio na vida da pessoa, os papis (casamento, nascimento de filhos, viuvez, etc.) que o indivduo assume tm crucial importncia. A relevncia dos papis ou tarefas especficas prende-se no s com a forma como o indivduo encara esses mesmo papis, mas tambm pelas expectativas sociais acerca dessas mesmas tarefas. Assim como nas demais fases da nossa vida, enquanto adultos somos desafiados constantemente a encarar as modificaes impostas pelas experincias vivenciadas, nossas escolhas, sucessos e frustraes, acenando

18 com momentos da vida que oportunizaro novas aprendizagens.

Segundo Pierre Furter, o ser humano vive em constante estado de aprendizagem, est sempre em busca do aprimoramento. O adulto atravs de suas vivncias motivado a realizar novas descobertas ampliando cada vez mais os seus conhecimentos. O desenvolvimento do adulto visto como a capacidade progressivamente desenvolvida de validar a aprendizagem anterior atravs do discurso reflexivo e de agir sobre os resultados obtidos. Tudo o que levar o indivduo a perspectivas de sentido mais inclusivas, diferenciadas, permeveis (aberta a outros pontos de vista), a validade do que foi estabelecido atravs do discurso racional, ajuda o desenvolvimento do adulto. (1991, p. 7) O salmista Davi mostra que a fase adulta pode ser abenoada e frutifera se houver o temor do Senhor no corao do homem. Sl, 1; 128;

2.1.4 TERCEIRA IDADEO que terceira idade?A terceira idade uma etapa da vida de uma pessoa. A terceira idade uma etapa da vida de um indivduo. A poca em que uma pessoa considerada na fase da terceira idade varia conforme a cultura e desenvolvimento da sociedade em que vive. Em pases classificados como em desenvolvimento, por exemplo, algum considerado de terceira idade a partir dos 60 anos. Para a geriatria, somente aps alcanar 75 anos a pessoa considerada de terceira idade. Para a Organizao Mundial da Sade (1991), a qualidade de vida na terceira idade pode ser definida como a manuteno da sade, em seu maior nvel possvel, em todos os aspectos da vida humana: fsico, social, psquico e espiritual. com a chegada da terceira idade, que alguns problemas de sade passam a ser mais frequentes, e outros, incomuns nas fases de vida anteriores, comeam a aparecer. A osteoporose e o mal de Alzheimer, por exemplo, so mais suscetveis de acontecer nessa fase. Nessa fase o idoso enfrenta o sentimento de desamparo. As limitaes corporais, a consciencia da temporalidade pasam a serem problemticas fundamentais no processo do envelhecimento humano, e aparecem de forma repetida no discurso do idoso. Embora possam adquirir diferentes nuances e intensidades dependendo da sua situao social e da prpria estrutura psquica (Goldfarb, 1998).

19 Do ponto de vista social, o individuo torna-se, de um dia para o outro, improdutivo. Na maioria dos casos, o status dentro da familia modificadao, e o sentimento de incapacidade para iniciar novos tarefas e projetos aparece com frequencia. Muito idoso se sente inuteis. As mudanas biologicas e sociais do lugar a depresso involutiva. Segundo Zimermam (2004), comum o idoso enfrentar a depresso involutiva, ... o sujeito entra na idade mais avanada sente estar perdendo o vigor fsico, a memria... (p, 300). A chegada da velhice traz o sentimento de inadequao e disfuncionalidade. As principais dificuldades que os idosos enfrentam com os avanos tecnolgicos so para manusear e ter acesso aos equipamentos, como a compra de um computador e acesso Internet, dificuldades para realizar atividades laborais e de lazer. Essas dificuldades podem estar associadas s deficincias sensoriais, dficits somticos, psquicos e pedaggicos. Uma das principais necessidades humanas bsicas, para o idoso ou qualquer outro, a chamada Autonomia Funcional. Esta, dizem respeito capacidade que tem a pessoa para valer-se de si mesmo, interatuar com o ambiente e satisfazer suas necessidades. Atualmente tem-se a Gerontecnologia o estudo multidisciplinar do envelhecimento e da tecnologia para adaptar os ambientes no qual vivem e trabalham os idosos e seus cuidadores para que tenham sua independncia preservada, possam participar da sociedade e trabalhar melhor com sade conforto e segurana. Gerontecnologia uma rea profissional nova, ou disciplina aplicada, concebida para o desenvolvimento de tcnicas e produtos baseados no conhecimento do processo do envelhecimento e preferncias e aspectos culturais dos idosos. As cinco principais abordagens da Gerontecnologia so: A. melhorar as ferramentas tecnolgicas para o estudo do processo de envelhecimento; B. prevenir os efeitos do declnio da fora, flexibilidade e resistncia associadas com a idade; C. aumentar a desempenho das novas funes (oportunidades) a serem assumidas decorrentes do envelhecimento; D. compensao do declnio das capacidades (os desafios) associada com o envelhecimento; e. E. Assistncia aos cuidadores (VERCRUYSSEN et al, 1996). Percepo do envelhecimento a manifestao subjetiva das alteraes sofridas a nvel somtico e funcional, atribudas ao envelhecimento. Isto se expressa numa troca da identidade pessoal, a imagem corporal, a autovalorizao, etc. Operacionalmente pode definir-se como a auto-atribuio de traos de velhice. A percepo do envelhecimento se d, mais destacadamente, nas seguintes observaes segundo Collins (2004).

20 Alteraes na aparncia fsica. A grande maioria dos idosos se percebe com menos cabelo, cabelos brancos (91.2%); manchas e rugas na pele (81.1%); problemas de viso e de audio (74.9%); dficit na fora muscular (59.7%), etc. A isso se associa uma caracterstica psicolgica, que um forte apego ao passado (57.2%). Os fatores sociais e os elementos gerais parecem exercer uma forte influencia. As mulheres levam mais em conta as mudanas em sua aparncia externa, os homens, por sua vez, ressentem mais a debilidade fsica. Dentro da percepo do envelhecimento, cabe chamar a ateno sobre a explicao que os idosos realizam de sua velhice, e sobre a rapidez com que esta se instaura para eles. O ritmo do envelhecimento percebido de forma diferente por homens e mulheres. A maioria dos homens (59.1%) pensa envelhecer de forma lenta ou pouco a pouco. As mulheres (52.7%), em troca, vem este processo como algo normal, nem lento nem rpido. Causas mentais. O declnio da capacidade mental. A correlao entre Sade Mental e Percepo do Envelhecimento faz supor uma influncia negativa dos problemas psicolgicos sobre a auto percepo dos idosos. A presena de ansiedade, irritabilidade, sensao de insuficincia, de inutilidade, entre outras, pode levar aos idosos a supervalorizar (e em alguns casos extremos, a acelerar) alguns traos prprios da velhice. Segundo Goldfarb (1998) a presena de certos traos do envelhecimento e seus efeitos nas vidas das pessoas pode gerar problemas psicolgicos, as limitaes do envelhecimento e a marginalizao social concomitante, terminam por afetar o equilbrio interno dos indivduos. Para o autor existe uma influencia recproca entre ambos os fatores que num crculo vicioso se retroalimentam mutuamente. Causas econmicas. A aposentadoria faz com que a pessoa no precise mais trabalhar (p.253) com isso cai renda familiar, o padro de vida e as despesas com medicamentos sempre aumentam. Causas interpessoais. Para muitos a velhice traz a perda do contato social, o isolamento, solido e dependncias de terceiros. Causas ligadas a autoestima. A pior e esmagadora sensao de que tudo sua volta est lhe dizendo que voc no mais extremamente importante (p.253). A autoestima do idoso minada o tempo todo. Causas espirituais e existenciais. A idade avana, a sade precria e o falecimento dos amigos nos colocam face a face com a realidade e inevitabilidade da morte (p.255). Sabe-se que a inatividade o elemento que mais compromete a qualidade de vida na terceira idade. Por isto, importante que os idosos pratiquem alguma atividade prazerosa como, por exemplo: ginstica, estudos, leitura, etc. A famlia e a igreja que tem Deus com criador absoluto, podem proporcionar ao

21 idoso qualidade de vida e se cumprir a promessa do Salmo 92:14 Na velhice daro ainda frutos, sero cheios de seiva e de verdor, para anunciar que o Senhor reto. A sade espiritual do idoso extremamente importante. A bblia mostra um idoso que mesmo na velhice sentia-se como jovem. Josu 14: 6 a 14 temos Calebe exemplo a ser seguido. Em nossa sociedade a terceira idade deveria estar associada com felicidade, experincia e sabedoria. Mas ainda no vista dessa forma por muitos. Mas a Igreja de Cristo pode mudar essa perspectiva, considerando que pesquisas mostram que em 2020/2025 a populao brasileira ser composta de 77,08 de idosos.

3 PERSONALIDADEPersonalidade deriva do latim - persona - que significava mscara, ou seja, aquilo que queremos parecer aos outros. Na Psicologia a Personalidade uma organizao dos vrios sistemas fsicos, fisiolgicos, psquicos e morais que se interligam, determinando o modo como o indivduo se ajusta ao ambiente em que vive. Personalidade o conjunto de caractersticas psicolgicas, de certa forma estveis que determinam a maneira como o indivduo interage com o seu ambiente. Tambm podemos definir personalidade como a organizao integral e dinmica do contexto formado pelos atributos fsicos, mentais e morais do indivduo, compreendendo as caractersticas hereditrias e as adquiridas durante a vida: hbitos, interesses, inclinaes, complexos, sentimentos e aspiraes. (Allport, 1966).

A formao da personalidadeA formao da personalidade tem incio a partir do nascimento. Assim, os primeiros anos de vida de uma pessoa so decisivos para a gnese de sua futura personalidade. Neste perodo so delineadas as principais caractersticas psquicas, a partir da relao da criana com os pais, pessoas prximas, objetos e meio ambiente. Por isso, estas relaes devem suprir todas as necessidades fsicas e psicolgicas da criana. A no satisfao das mesmas pode causar srios prejuzos formao da personalidade. preciso acalentar o desenvolvimento de uma ampla gama de virtudes desde os primeiros anos de vida, em especial a temperana, que propicia a conquista de um sentido de equilbrio, evitando-se a exacerbao de necessidades, por um lado, e, por outro, a insatisfao de outras consideradas fundamentais. Neste contexto, alm das necessidades de manuteno da vida, todos os indivduos possuem necessidades de aprovao, independncia, aprimoramento pessoal, segurana e auto-realizao, onde sero desenvolvidos os valores existenciais, estticos, intelectuais e morais(Dorin, 1982) A qualidade das relaes entre pais e filhos exerce uma influncia determinante na formao psicolgica destes. A partir dos primeiros meses de

22 vida, os pais e responsveis pela criao e educao das crianas devem dedicar toda a ateno ao desenvolvimento de sua autoestima. imprescindvel oferecer afeto e carinho, estimular, elogiar, motivar, para que as crianas construam sua personalidade com base em elevado amor prprio. Da mesma forma, os pequenos devem ter liberdade para expressar emoes: alegria, afeto, tristeza, medo e raiva, as chamadas emoes autnticas. Se a criana for levada reprimir todas as suas emoes, desenvolver uma personalidade combalida, neurtica, plena de tenso, ansiedade, angstia e depresso (Ragazzini, 2005). Adultos responsveis pela formao dos futuros cidados devem evitar palavras depreciativas e atitudes que possam desenvolver um baixo nvel de autoestima. Severidades agressivas, crticas exageradas, exigncias exacerbadas, olhares e gestos podem produzir efeitos negativos. A mania de perfeio uma caracterstica que pode ser considerada doentia e resulta certamente em prejuzo formao dos indivduos. Por outro lado, so igualmente nocivas: a indiferena, a rejeio, as desqualificaes (chacotas, escrnios, gozaes). Por todos estes motivos, no devem ser proferidas frases depreciativas: qualquer idiota faria melhor que voc; homem que homem no chora; no seja fraco; voc burro; seja perfeito; faa como seu irmo; ele, sim, legal; est sonhando alto demais; "s gosto de voc quando obediente. E assim por diante... O apostolo Tiago cp. 3, diz que podemos abenoar ou amaldioar as pessoas, as palavras podem destruir. Pais e responsveis devem imprimir, clara e objetivamente, certos limites e regras fceis e simples de serem cumpridas, desde a mais tenra idade. No se pode deixar uma criana agir de forma totalmente desregrada e livre, sem qualquer fronteira. Inmeros livros j foram escritos sobre o assunto, com ttulos assemelhados a Limites na medida certa, Colocando regras, com afeto; ou, Seu filho precisa conhecer as regras do jogo da vida. Outro aspecto a coerncia entre palavras e atitudes. No possvel conciliar uma regra enunciada verbalmente com uma atitude oposta. Por exemplo, afirmar o acerto de hbitos de higiene e, depois, deixar objetos pelo cho, no recolher roupas sujas, ou varrer o p para debaixo dos tapetes. A Bblia um manual indispensvel para a formao da criana. Quando formado um embasamento slido e saudvel da personalidade nos primeiros anos, o individuo no decorrer de sua existncia, pode ampliar suas capacidades e habilidades, enriquecer seu carter, e, num processo permanente de desenvolvimento pessoal, experimentar uma vida plena de sentido, felicidade, equilbrio, domnio prprio, confiana e sade emocional (Paggi & Guareschi, 2004). j O que seria ento Personalidade? A personalidade uma estrutura interna formada por diversos fatores em interao. No se reduz a um trao apenas, como a autodeterminao ou um valor moral. Pode ser muito ou pouco valorizado. No importa. Uma pessoa

23 mesmo sem valores, mal formada, com falhas morais ou limitaes psicolgicas, no deixa de ter personalidade porque tem uma estrutura interna, embora defeituosa. Estrutura: so fatores filogenticos (inatos) e que no primeiro ano de vida pode ser potencializado ou no. Nenhum tipo de terapia pode mudar a estrutura de u paciente. A psicoterapia vai ajuda-lo a lidar com sua estrutura e como ele pode utilizar aquilo que ele tem de estrutura. A personalidade no a simples soma ou justaposio de elementos, mas um todo organizado e individual, produto de fatores biopsicossociais.

Nos fatores biolgicos esto: o sistema glandular e o sistema nervoso. Entre os fatores psicolgicos esto: o grau e as caractersticas de inteligncia, as emoes, os sentimentos, as experincias, os complexos, as experiencias, a cultura, a instruo, os valores e vivncias humanas. Nos grupos sociais, a famlia, a escola, a igreja, o clube, vizinhana, processa-se a interao dos fatores sociais.

4 NOOES BSICAS DE PSCIPOPATOLOGIAPsicopatologia um termo que se refere tanto ao estudo dos estados mentais patolgicos, quanto manifestao de comportamentos e experincias que podem indicar um estado mental ou psicolgico anormal. O termo de origem grega; psykh significa alma e patologia, estudo das doenas, seus sintomas. Literalmente seria estudo das doenas psiquicas. A Psicopatologia se estabelece atravs da observao e sistematizao de fenmenos do psiquismo humano e presta a sua indispensvel colaborao aos mdicos em geral, aos psiquiatras em particular, aos psiclogos, socilogos e a todo o grupo das cincias humanas. Karl Jaspers, filsofo 1913, conceituou a Psicopatologia como cincia pura, e via seus objetivos exclusivamente atrelados ao conhecimento. Em sua opinio, quando se estuda a Psicopatologia, deve-se levar em conta que o fundamento real da investigao constitudo pela vida psquica, e esta ser representada, compreendida e avaliada atravs das expresses verbais e do comportamento perceptveis ao paciente.

Estruturas da personalidade: Psicose, Neurose e Borderline. As estruturas da personalidade humana so: psicose, neurose e borderline. O conhecimento bsico do funcionamento dessas estruturas de fundamental importncia para pessoas envolvidas na prtica do aconselhamento pastoral. Psicose - Segundo DAndrea (1986):

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Psicoses so graves distrbios da personalidade em que o funcionamento mental est alterado de tal forma que a pessoa frequentemente no consegue responder as demandas da vida cotidiana. Causados por fatores orgnicos ou originados do desenvolvimento psicossocial resultam em acentuadas falhas do desenvolvimento de papeis, da comunicao, do autocontrole, do comportamento, da afetividade, da sensopercepo, da memria, da inteligncia e do pensamento. (p.3). Segundo Laplanche(1998), psicose so graves distrbios da personalidade em que o funcionamento mental est alterado de tal forma que a pessoa no consegue responder as demandas da vida cotidiana. Para Ballone (2005) Psicoses so distrbios psiquitricos graves em o paciente perde contato com a realidade, emite juzos falsos (delrios), podendo tambm apresentar alucinaes (ter percepes irreais quanto audio, viso, tato), distrbios de conduta levando impossibilidade de convvio social, alm de outras formas bizarras de comportamento. (In: www.psiqweb.med.br). Na psicose a caracterstica principal a impossibilidade de a pessoa viver e se relacionar com outras pessoas (cria um mundo prprio), no sentido de no atender as expectativas das outras pessoas e tambm de no entender o papel delas em sua prpria relao com o meio em que est inserido. No ponto de vista noolgico h diversas psicoses: as orgnicas (comprometimento cerebral), do envelhecimento (Alzheimer), alcolicas (delirium tremens); psicoses puerperais (durante e aps a gravidez); psicoses funcionais (esquizofrenia; afetivas; estados paranides e psicoses reativas ou situacionais). As causas so fatores orgnicos ou psicolgicos ou a soma de ambos. Na psicose a pessoa tem acentuadas falhas do desempenho de papis, da comunicao, do autocontrole, do comportamento, da afetividade, da sensopercepo, da memria, da inteligncia e do pensamento. H perda do senso de realidade e da capacidade de test-la. Neurose Anteriormente a Neurose era compreendida como distrbios dos nervos. J na Psicanlise compreendida como distrbio psquico ou afeco psicognica em que os sintomas so a expresso simblica de um conflito psquico. A neurose tem suas razes na histria infantil do individuo e constitui compromisso entre o desejo e a defesa. importante pontuar que a neurose se distingue da psicose na sintomatologia, na psicopatologia e nos mtodos teraputicos. Na tica de Ballone (2008) neurose no loucura. A Neurose uma reao exagerada do sistema emocional em relao a uma experincia vivida (Reao Vivencial)... Assim, as principais diferenas entre uma pessoa neurtica e outra normal so em relao capacidade de adaptao s situaes vividas e em relao quantidade de emoes e sentimentos. Os neurticos ficam mais ansiosos, mais angustiados, mais deprimidos, mais sugestionveis, mais teatrais, mais impressionados, mais preocupados, com mais medo,

25 enfim, eles tm as mesmas emoes que qualquer pessoa, porm, em quantidade que compromete a adaptao (In: www.psiqweb.med.br). Para compreender a diferena bsica entre as atitudes do neurtico e psictico podemos citar as caractersticas pontuadas por DAndrea (1986): Psictico A realidade tem significados diferentes, mudada pela pessoa; A linguagem alterada e expressa diretamente os contedos conscientes do pensamento; As manifestaes inconscientes so vividas na realidade, h uma regresso primitiva; Neurtico A realidade tem o mesmo significado, com exceo de aspectos especficos; A linguagem no est perturbada; A pessoa responde as demandas da vida cotidiana. As manifestaes inconscientes no ultrapassam a expresso simblica; Ballone (2008) tambm pontua de modo claro as diferenas entre Neuroses e Psicoses: A grosso modo, podemos dizer que Neuroses so alteraes quantitativas dos fenmenos psquicos, capazes de produzir sofrimento e/ou prejuzo na maneira da pessoa viver. Isso significa que os neurticos no apresentam nenhuma novidade ou nenhuma caracterstica psquica que no exista nas pessoas normais em quantidades mais adequadas. Ansiedade, angstia, sentimentos depressivos, idias com tendncia obsessivas, teatralidade, medo, etc., so ocorrncias psquicas normais mas nos neurticos elas estariam exageradamente (quantitativamente) alteradas. Por outro lado, podemos dizer que Psicoses so alteraes qualitativas dos fenmenos psquicos, capazes de produzir sofrimento e/ou prejuzo na maneira da pessoa existir. Nesse caso, as pessoas normais no costumam apresentar os fenmenos psquicos dos psicticos, mesmo em quantidades menores. Nenhum normal sente um pouquinho de perseguio, parania, catatonia, confuso mental, delrios e alucinaes primrias... etc. (In: www.psiqweb.med.br ) O termo Borderline (Limtrofe) deriva da classificao de Adolph Stern que descreveu na dcada de 30 como uma patologia que permanece no limite entre a neurose e a psicose. (Beck, Freeman e Davis, 2005). Segundo Dalgalarrondo &Vilela (1999), borderline nos dias atuais compreendida como um distrbio especifico de personalidade em que predomina comportamentos

26 tais como: comportamentos impulsivos, autolesivos, sentimentos de vazio interno e defesas egicas muito primitivas. Os autores afirmam que para se confirmar um diagnostico de transtorno de personalidade borderline os fenmenos clnicos so: sentimentos crnicos de vazio, impulsividade, automutilao, episdios psicticos de curta durao, tentativas manipuladoras de suicdio e, freqentemente, relaes interpessoais muito conturbadas e insatisfatrias. Caractersticas da personalidade Borderline, apresentadas por Ballone e Moura (2008): 1. 2. 3. So indivduos sujeitos a acessos de ira e verdadeiros ataques de fria ou de mau gnio, em completa inadequao ao estmulo desencadeante; O limiar de tolerncia s frustraes extremamente susceptvel nessas pessoas; um sujeito a exuberantes manifestaes de instabilidade afetiva, oscilando bruscamente entre emoes como o amor e dio, entre a indiferena ou apatia e o entusiasmo exagerado, alegria efusiva e tristeza profunda. A vida conjugal com essas pessoas pode ser muito problemtica, pois, ao mesmo tempo em que se apegam ao outro e se confessam dependentes e carentes desse outro, de repente, so capazes de maltrat-lo cruelmente; Esforam-se freneticamente para evitarem um abandono, seja um abandono real ou imaginado. Seus esforos frenticos para evitar o abandono podem incluir aes impulsivas, tais como comportamentos de automutilao ou ameaas de suicdio. A tendncia a alguma forma de adio, como o lcool, remdios, drogas, ou mesmo o trabalho desenfreado, o sexo insistentemente perseguido, o esporte, alguma crena, etc., refletem uma busca desenfreada de "um algo mais" que lhe complete e lhe d sossego; So pouco capazes de se empenharem numa tarefa com persistncia e acuidade. Desistem do esforo e circulam em torno daquilo que preciso fazer, mas no fazem. Essa personalidade uma pea de teatro onde os atores coadjuvantes esto sempre esperando ele, o ator principal. Trata-se de um ego que no tolera o vazio, a separao, a ausncia, no sabe superar com equilbrio os conflitos. Transtornos da Personalidade Segundo Ballone GJ www.psiqweb.med.br (2005), O Transtorno de Personalidade seria uma maneira de atuar permanente, continuada e duradoura de um Ego no normal, ao contrrio das alteraes francamente patolgicas que podem ocorrer durante a vida, a partir de um momento definido (tal quais as crises, os surtos, os processos patolgicos). O transtorno de personalidade seria uma maneira de atuar permanente, continuada e duradoura de um ego no normal, ao contrrio das alteraes

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27 francamente patolgicas que podem ocorrer durante a vida, a partir de um momento definido (tal quais as crises, os surtos, os processos patolgicos). Em psicopatologia, as anormalidades da personalidade se reportam, principalmente, possibilidade que se tem de classificar determinada personalidade como sendo desta ou daquela maneira de existir, enquanto o normal seria a pessoa ser "um pouco de tudo", ou seja, ter um pouco de cada caracterstica humana sem prevalecer patologicamente nenhuma delas. Karl Jaspers afirma serem anormais as personalidades que fazem sofrer tanto o indivduo quanto aqueles que o rodeiam. Para ele as personalidades anormais representam variaes no-normais da natureza humana e que, na eventualidade de superpor-se elas algum processo, tornar-se-iam personalidades propriamente mrbidas (doentias). Jaspers aborda o tema sob a tica das variaes do existir humano de origem constitucional (que fazem parte da pessoa). Assim sendo, podemos considerar a maneira prpria das Personalidades Anormais de ser no mundo como uma apresentao do indivduo diante da vida situada nas extremidades da faixa de tolerncia de sanidade pelo sistema cultural. Estas personalidades anormais seriam alteraes perenes do carter caracterizando no apenas a maneira de ESTAR no mundo, mas, sobretudo, a maneira do indivduo SER no mundo. Os Transtornos de Personalidade, segundo o CID-10, so condies do desenvolvimento da personalidade, aparecem na infncia ou adolescncia e continuam pela vida adulta. Esta condio diferencia o Transtorno da Alterao da Personalidade. Esta ltima (Alterao) sucede durante a vida como conseqncia de algum outro transtorno emocional ou mesmo seguindo-se a estresse grave. As causas destes transtornos geralmente so mltiplas, mas relacionadas com as vivncias infantis e as da adolescncia do indivduo. O tratamento desses transtornos bastante difcil e igualmente demorado, pois em se tratando de mudanas de carter, o indivduo ter de mudar o seu prprio "jeito de ser" para que o tratamento seja efetivo. Os transtornos de personalidade afetam todas as reas de influncia da personalidade de um indivduo, o modo como ele v o mundo, a maneira como expressa as emoes, o comportamento social. So quadros mentais que se caracterizao por padres desajustados de conduta que no so suficientemente definidos para serem considerados de natureza (estrutura ou organizao) neurtica, borderline ou psictica. Caracteriza um estilo pessoal de vida mal adaptado, inflexvel e prejudicial a si prprio e/ou aos conviventes. A conceituao e a classificao dos transtornos psquicos em geral como doena podem ser encontrados no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders DSM IV e na Classificao Internacional de Doenas CID 10. Esses instrumentos de referncia so encontrados disponveis amplamente na internet.

28 Generalidades Para se falar de personalidade preciso entender o que vem a ser um trao de personalidade. O trao um aspecto do comportamento duradouro da pessoa; a sua tendncia sociabilidade ou ao isolamento; desconfiana ou confiana nos outros. Um exemplo: lavar as mos um hbito, a higiene um trao, pois implica em manter-se limpo regularmente escovando os dentes, tomando banho, trocando as roupas, etc. Pode-se dizer que a higiene um trao da personalidade de uma pessoa depois que os hbitos de limpeza se arraigaram. O comportamento final de uma pessoa o resultado de todos os seus traos de personalidade. O que diferencia uma pessoa da outra a amplitude e intensidade com que cada trao vivido. Por conveno, o diagnstico s deve ser dado a adultos, ou no final da adolescncia, pois a personalidade s est completa nessa poca, na maioria das vezes. Os diagnsticos de distrbios de conduta na adolescncia e pradolescncia so outros. Transtorno de Personalidade Dependente Caracterizam-se pelo excessivo grau de dependncia e confiana nos outros. Estas pessoas precisam de outras para se apoiar emocionalmente e sentiremse seguras. Permitem que os outros tomem decises importantes a respeito de si mesmas. Sentem-se desamparadas quando sozinhas. Resignam-se e submetem-se com facilidade, chegando mesmo a tolerar maus tratos pelos outros. Quando postas em situao de comando e deciso essas pessoas no obtm bons resultados, no superam seus limites. Aspectos essenciais incapaz de tomar decises do dia-a-dia sem uma excessiva quantidade de conselhos ou reafirmaes de outras pessoas; Permite que outras pessoas decidam aspectos importantes de sua vida como onde morar, que profisso exercer; Submete suas prprias necessidades aos outros; Evita fazer exigncias ainda que em seu direito; Sente-se desamparado quando sozinho, por medos infundados; Medo de ser abandonado por quem possui relacionamento ntimo; Facilmente ferido por crtica ou desaprovao. Transtorno de Personalidade Esquizide Como se caracteriza? Primariamente pela dificuldade de formar relaes pessoais ou de expressar as emoes. A indiferena o aspecto bsico, assim como o isolamento e o distanciamento social. A fraca expressividade emocional significa que estas pessoas no se perturbam com elogios ou crticas. Aquilo que na maioria das vezes desperta prazer nas pessoas, no diz nada a estas pessoas, como o sucesso no trabalho, no estudo ou uma conquista afetiva (namoro). No perde o contacto com a realidade, mas tem pensamento aos devaneios. No sabem expressar a agressividade e no sabem enfrentar situaes perturbadoras. Tem dificuldade em se aproximar de outras pessoas. Tende-se a apegar-se a um ou outro membro da famlia. Mostra-se desinteressado e desligado,

29 contudo desenvolve sentimentos persecutrios ou de grandeza. Esses casos no devem ser confundidos com distimia. Aspectos essenciais Poucas ou nenhumas atividades produzem prazer; Frieza emocional, afetividade distante; Capacidade limitada de expressar sentimentos calorosos, ternos ou de raiva para como os outros; Indiferena a elogios ou crticas; Pouco interesse em ter relaes sexuais; Preferncia quase invarivel por atividades solitrias. Tendncia a voltar para sua vida introspectiva e fantasias pessoais; Falta de amigos ntimos e do interesse de fazer tais amizades; Insensibilidade a normas sociais predominantes como uma atitude respeitosa para com idosos ou queles que perderam uma pessoa querida recentemente. Sua etiologia pode estar associada a uma vida na infncia para escapar das dificuldades em vez de enfrent-las, de fazer relacionamentos com outras pessoas, como no perodo escolar. Na adolescente no participa de competies. Narcisisticamente ele se protege afastando de qualquer objeto que o fira regredindo onipotncia infantil. Transtorno de Personalidade Ansiosa (evitao) Caracteriza-se pelo padro de comportamento inibido e ansioso com autoestima baixa. um sujeito hipersensvel a crticas e rejeies, apreensivo e desconfiado, com dificuldades sociais. tmido e sente-se desconfortvel em ambientes sociais. Tem medos infundados de agir tolamente perante os outros. Aspectos essenciais facilmente ferido por crticas e desaprovaes; No costuma ter amigos ntimos alm dos parentes mais prximos; S aceita um relacionamento quando tem certeza de que querido; Evita atividades sociais ou profissionais onde o contato com outras pessoas seja intenso mesmo que venha a ter benefcios com isso; Experimenta sentimentos de tenso e apreenso enquanto estiver exposto socialmente; Exagera nas dificuldades, nos perigos envolvidos em atividades comuns, porm fora de sua rotina; Por exemplo, cancela encontros sociais porque acha que antes de chegar l j estar muito cansado. Transtorno de Personalidade Obsessiva Tendncia ao perfeccionismo, comportamento rigoroso e disciplinado consigo e exigente com os outros. Emocionalmente frio. uma pessoa formal, intelectualizada, detalhista. Essas pessoas tendem a ser devotadas ao trabalho em detrimento da famlia e amigos, com quem costuma ser reservado, dominador e inflexvel. Dificilmente est satisfeito com seu prprio desempenho, achando que deve melhorar sempre mais. Seu perfeccionismo o faz uma pessoa indecisa e cheia de dvidas. Os traos predominantes nessa personalidade so: a ordem, a meticulosidade, a preocupao com detalhas, as regras e as formalidades e, ainda, so limpas, frias, racionais, aparentemente muito confiantes em si mesmas, inteligentes e moralmente

30 integras. Em contra partida so inseguras, so intolerantes com as outras pessoas. Tem poucos amigos. O meio o aceita e o acolhe, caso haja desajustes o meio o rejeita vigorosamente. Estas caractersticas de obsesso rigidamente voltadas para a perfeio, somadas ao medo de que algo pode no estar perfeito fazem com que estas pessoas tenham muita dificuldade para terminarem aquilo que comearam. No importa quo boa esteja realizao em pauta, mas sim a obsessiva impresso de que algo esteja faltando, algo no esteja correto ou imperfeito. Os obsessivos tm dificuldade em expressar sentimentos de ternura, compaixo e compreenso aos sentimentos e comportamentos dos outros. Quando eles se do ao luxo do lazer e recreao, fazem isso com tanto planejamento e meticulosidade a ponto de sacrificarem o prprio prazer em benefcio das regras e normas para que tenham prazer. Segundo a tica da teoria psicanaltica esta personalidade tem seu desenvolvimento originrio, na fase anal. Nessa fase ocorre o controle dos esfncteres. O controle dos esfncteres passa por um processo de amadurecimento e esse processo depender da relao que se estabelece entre criana e me. Transtorno Personalidade Paranide - Caracteriza-se pela tendncia desconfiana de estar sendo explorado, passado para trs ou trado, mesmo que no haja motivos razoveis para pensar assim. A expressividade afetiva restrita e modulada, sendo considerado por muitos como um indivduo frio. A hostilidade, irritabilidade e ansiedade so sentimentos freqentes entre os paranide. O paranide dificilmente ri de si mesmo ou de seus defeitos, ao contrrio ofende-se intensamente, geralmente por toda a vida quando algum lhe aponta algum defeito. As pessoas com Transtorno Paranide da Personalidade so extremamente sarcsticas em suas crticas, irnicas ao extremo nos comentrios e contornam as eventuais situaes constrangedoras recorrendo a artimanhas teatrais e chantagens emocionais. No toleram crticas dirigidas sua pessoa e qualquer comentrio neste sentido entendido como declarao de inimizade.

Aspectos essenciais Excessiva sensibilidade em ser desprezado; Tendncia a guardar rancores recusando-se a perdoar insultos, injrias ou injustias cometidas; Interpretaes errneas de atitudes neutras ou amistosas de outras pessoas, tendo respostas hostis ou desdenhosas; Tendncia a distorcer e interpretar maleficamente os atos dos outros; Combativo e obstinado senso de direitos pessoais em desproporo situao real; Repetidas suspeitas injustificadas relativas fidelidade do parceiro conjugal; Tendncia a se autovalorizar excessivamente; Preocupaes com fofocas, intrigas e conspiraes infundadas a partir dos acontecimentos circundantes.

31 Sua origem est associada ao contexto familiar onde atmosfera de dvida, incertezas e insegurana. Transtorno Personalidade Ciclotmica a personalidade ciclotmica marcada por perodos altamente e repetitivos de elao e depresso. Na elao, entusiasmado, otimista, ambicioso, cordial, etc. Na depresso, tudo se inverte. tomado por sentimentos de inferioridade menos valia. Tem uma exagerada oralidade. No meio, onde essa pessoa criada, h situaes ambguas de satisfao ou frustrao sempre em tom ameaador. Transtorno de Personalidade Esquizide Pessoa que demonstra timidez, hipersensibilidade, fuga as relaes ntimas ou competitivas. excntrica. No perde o contacto com a realidade, mas tem pensamento aos devaneios. No sabem expressar a agressividade e no sabem enfrentar situaes perturbadoras. Tem dificuldade em se aproximar de outras pessoas. Tende-se a apegar-se a um ou outro membro da famlia. Mostra-se desinteressado e desligado, contudo desenvolve sentimentos persecutrios ou de grandeza. narcisista. Gosta de contactos intelectuais, sendo sexualmente frio e distante. Freqentemente absorvem-se em certas obsesses acerca de dietas esdrxulas, programas de sade alternativos, movimentos religiosos e filosficos incomuns, esquemas de aperfeioamento scio-culturais, associaes mais ou menos secretas de assuntos esotricos. Embora paream absortos em devaneios fantasiosos e fantsticos, no perdem a capacidade de reconhecer a realidade. No obstante os Esquizides podem oferecer ao mundo idias realmente criativas e originais. Sua origem pode estar associada a uma vida na infncia para escapar das dificuldades em vez de enfrent-las, de fazer relacionamentos com outras pessoas, como no perodo escolar. Na adolescncia no participa de competies. Protege-se afastando de qualquer objeto que o fira regredindo onipotncia infantil. Transtorno de Personalidade Explosiva tambm conhecida como essa personalidade epilptica e epileptide. Marca principal o comportamento habitual de uma exploso de raiva com agressividade verbal e fsica. So pessoas de fcil excitao diante de um ambiente que no capaz de controlar-se. Estes distrbios so caracterizados pela instabilidade do estado de nimo com possibilidades de exploses de raiva, dio, violncia ou afeio. A agresso pode ser expressa fisicamente ou verbalmente e as exploses fogem ao controle das pessoas afetadas. Entretanto, tais indivduos no tem conduta antissocial e, pelo contrrio, so simpticas, bem falantes, sociveis e educadas quando fora das crises. Aps as atitudes explosivas de raiva e agresso, sobrevm arrependimento e culpa. So pessoas que escondem atrs de uma mascara de condies normais de vida, a egocentricidade, pedantismo, circunstancialidade e religiosidade.

32 Transtorno de Personalidade Histrinica Histrica: Caracteriza-se pela tendncia a ser dramtico, buscar as atenes para si mesmo, ser um eterno "carente afetivo", comportamento sedutor e manipulador, exibicionista, ftil, exigente e lbil (que muda facilmente de atitude e de emoes). Aspectos essenciais. Busca freqentemente elogios, aprovaes e reafirmaes dos outros em relao ao que faz ou pensa; Comportamento e aparncia sedutores sexualmente, de forma inadequada; Abertamente preocupada com a aparncia e atratividade fsicas; Expressa as emoes com exagero inadequado, como ardor excessivo no trato com desconhecidos, acessos de raiva incontrolvel, choro convulsivo em situaes de pouco importncia; Sente-se desconfortvel nas situaes onde no o centro das atenes; Suas emoes apesar de intensamente expressadas so superficiais e mudam facilmente; imediatista, tem baixa tolerncia a adiamentos e atrasos; Estilo de conversa superficial e vago, tendo dificuldades de detalhar o que pensa; s vezes, devido sua excepcional teatralidade, esta tendncia em polarizar as atenes perfeitamente dissimulada sob o papel de coitadinho (a), ou de um retraimento social to lamentvel que capaz de chamar mais a ateno que uma participao mais normal. As mes com esta personalidade podem idealizar manobras que objetivam fazer seus filhos se compadecerem de seu estado "lastimvel" e provocar arrependimentos vrios. So pessoas que esto sempre a se queixar de incompreenso, mas jamais tentam compreender os outros ou entender que os outros no tm obrigao de compreend-los. Segundo Mariano (2010), a histria de vida dessas pessoas marcada por relacionamentos perturbados desde a infncia, com traumas de separao e abandono por parte dos pais e de adultos significantes. Esses traos parecem estar mais associados s mulheres, contudo tambm tem se desenvolvido em homens que tm uma frgil sexualidade. Transtorno de Personalidade Anti-Social - Caracteriza-se pelo padro social de comportamento irresponsvel, explorador e insensvel constatado pela ausncia de remorsos. Essas pessoas no se ajustam s leis e regras simplesmente por no quererem, riem-se delas, freqentemente tm problemas legais e criminais. Freqentemente manipulam os outros em proveito prprio, dificilmente mantm um emprego ou um casamento por muito tempo. So pessoas no socializadas e que desenvolvem constantes conflitos ao longo do tempo com a sociedade. Tm dificuldades em manter ligaes importantes, ou se manter leais a algum, grupo ou valores sociais. Insensibilidade, busca por prazer imediatos, egostas, irresponsveis, incapazes de sentimentos de culpa marcas indelevelmente essa personalidade. Utilizam constantemente de mentira para sustentar as suas posies contrrias ao status quo. Tendncia a culpar os outros ou defender-se com raciocnios lgicos, porm improvveis. Pesquisas tem mostrado que essas pessoas geralmente, so de lares desarmnicos, quase sempre filhos no desejados e ilegtimos. A figura

33 materna sofrida, tem conflitos no casamento, muitas vezes chega a se separar. Quase sempre quando criana foi vitima de abandono sem referencia familiar fixo. Essa dinmica possibilita o desenvolvimento delinqente face s frustraes, agresses, rejeio at o desapego total ou da constituio de vnculos sociais. Porm, quando essas caractersticas no so identificadas em pessoas com personalidade antissocial deve-se verificar a hereditariedade ou leses cerebrais. Transtorno de Personalidade Passivo-Agressiva So indivduos que se mostram agressivos passivamente atravs de teimosia, criao de obstculos e ineficincia intencional. No so hostis, mas fica clara sua forma de atuao contrria. No expressam seus sentimentos abertamente, mas carregam ressentimentos inmeros por causa disso. So pessoas dependentes quando no so atendidos em seus desejos. Tem um comportamento servil e de inrcia total. s vezes, essas pessoas podem fazer crticas ou se tornarem excessivamente exigentes. Psicanaliticamente essa personalidade tem pontos de contato com os tipos de carter oral e sdico-anal, marcado por um ambiente exigente e sem o devido enfrentamento (atitude de passividade) por parte da pessoa, pelo contrrio vindo a regresso. Transtorno Personalidade Passivo- Dependente Caracterizam-se pelo excessivo grau de dependncia e confiana nos outros. Estas pessoas precisam de outras para se apoiar emocionalmente e sentiremse seguras. Permitem que os outros tomem decises importantes a respeito de si mesmas. Sentem-se desamparadas quando sozinhas. Resignam-se e submetem-se com facilidade, chegando mesmo a tolerar maus tratos pelos outros. Quando postas em situao de comando e deciso essas pessoas no obtm bons resultados, no superam seus limites. Aspectos essenciais incapaz de tomar decises do dia-a-dia sem uma excessiva quantidade de conselhos ou reafirmaes de outras pessoas; Permite que outras pessoas decidam aspectos importantes de sua vida como onde morar, que profisso exercer; Submete suas prprias necessidades aos outros; Evita fazer exigncias ainda que em seu direito; Sente-se desamparado quando sozinho, por medos infundados; Medo de ser abandonado por quem possui relacionamento ntimo; Facilmente ferido por crtica ou desaprovao. Esse tipo personalidade marcada pelo desamparo e fraqueza total de tomar iniciativas. Sua forma de funcionar atravs da manipulao das pessoas projetando nelas o tipo ideal que as pode proteger.

34 Provavelmente a etiologia dessa personalidade esteja associada a uma dinmica familiar onde prevaleceu dependncia nas relaes, entre pais e filhos ou entre os cnjuges. Transtorno de Personalidade Inadequada-pessoas com essa personalidade so incapazes de enfrentar s demandas da vida em termos sociais, profissionais ou mesmo fsicas. So imaturas e se apresentam inaptas, instveis com pobre juzo crtico. No entanto, so capazes de estabelecer relaes interpessoais afetivas significantes e no tendem a se isolar em si mesmas. Suas repostas diante da vida so fracas e seu ajuste psicossocial precrio. No param em emprego e seus contactos com as pessoas raramente so produtivos. Sua inadequao e falta de preocupao do a impresso de deficincia mental. Etiologicamente essas pessoas advm de uma socializao onde h pobreza ou desvantagens sociais extremas conduzindo a um processo inibitrio. Desenvolve um sentimento mgico diante da vida, tipo prncipe encantado ou no aguardo de um super-heri ou de um messias. Transtorno de personalidade narcisista - Pessoas arrogantes, orgulhosas e que se acham superiores e mais especiais que os outros. Esses indivduos passam uma grande impresso de que so metidos, egostas ou antipticos, sendo que demonstram pouca empatia para com outros, no se importando com sentimentos alheios e podem ser frios emocionalmente de to orgulhosos. Eles frequentemente se acham "os melhores", "os mais lindos", "os mais ricos" etc. e exigem ser atendidos pelos melhores mdicos, pelos melhores professores etc. por causa de sua suposta "superioridade". Eles frequentemente podem se cuidar em excesso para mostrar s outras pessoas o quanto eles so mais bonitos e anseiam por elogios no para receber ateno, e sim apenas para alimentar seu prprio ego superior. Indivduos que se julgam grandiosos, com necessidade de admirao e que desprezam os outros, acreditando serem especiais e explorando os outros em suas relaes sociais, tornando-se arrogantes. Gostam de falar de si mesmos, ressaltando sempre suas qualidades e por vezes contando vantagens de situaes. No se importam com o sofrimento que causam nas outras pessoas e muitas vezes precisam rebaixar e humilhar os outros para que se sintam melhor.

4.1 SADE/ DOENA MENTALSade mental um termo usado para descrever um nvel de qualidade de vida cognitiva ou emocional ou a ausncia de uma doena mental. Na perspectiva psicologica sade mental pode incluir a capacidade de um indivduo de apreciar a vida e procurar um equilbrio entre as atividades e os esforos para atingir a resilincia psicolgica. A sade mental um fenmeno com determinantes biolgicos, psicolgicos e sociais, necessrio considerar essas trs perspectivas na sua promoo e na abordagem teraputica daqueles que

35 sofrem. A rea da sade mental tem como caracterstica o trabalho multidisciplinar, pois seu objeto de trabalho a mente humana. A complexidade desse trabalho exige preparo tcnico e capacitao por parte do profissional de mltiplas formaes que atuam nessa rea. Resumindo - Sade Mental poderia ser entendida como o equilbrio psquico que resulta da interao da pessoa com a realidade. Essa realidade o meio circundante que permite pessoa desenvolver suas potencialidades humanas e, normalmente, essas potencialidades esto estreitamente associadas satisfao das necessidades humanas. Quando pessoa por fatores internos ou externos e colocados situao de risco ela adoece.

4.1 DEPRESSODepresso (tambm chamada de transtorno depressivo maior) um problema mdico caracterizado por diversos sinais e sintomas, dentre os quais dois so essenciais: humor persistentemente rebaixado, apresentando-se como tristeza, angstia ou sensao de vazio e reduo na capacidade de sentir satisfao ou vivenciar prazer. O estado depressivo diferencia-se do comportamento "triste" ou melanclico que afeta a maioria das pessoas, por se tratar de uma condio duradoura de origem neurolgica acompanhada de vrios sintomas especficos. Ou seja, depresso no tristeza. uma doena que tem tratamento. Estima-se que cerca de 15 a 20% da populao mundial, em algum momento da vida, sofreu de depresso. A depresso mais comum em pessoas com idade entre 24 e 44 anos. Dependendo do motivo pode se manifestar em crianas e adolescentes como separao dos pais, problemas na escola, rejeio e principalmente Bullying. A ocorrncia em mulheres o dobro da ocorrncia em homens. Resumindo: a depresso pode ser definida como uma tristeza profunda, melancolia involuntaria, que coloca o indivduo em estado de prostao emocional, paralizando a iniciativa para todo tipo de atividade, para tomada de decises, com perda de perspectivas para o amanh, ( As minhas lagrimas tem sido o meu alimento de dia e de noite... Sl42:3 O Senhor vela pelo simples; achava-me prostrado, e Ele me salvou. Sl116:6) O salmista Davi enfrentou momentos de depresso, Sl. 61; Sl. 55 Sl. 51 e ainda no salmo 116:3 o escritor fala do terror da angstia. O profeta Elias I Rs19, enfrenta um estado depressivo aps grande vitria.

4.1.1 CAUSAS DA DEPRESSO

36 As causas da depresso so inmeras e controversas. Acredita-se que a gentica, doena relacionadas com a glandula tireide, uso prolongado de antibiotico, quimioterapia, perdas (morte), desajustes financeiros, falta de emprego, rompimento de realcioanmentos, experiencias amargas na infncia (maus tratos abusos fsicos ou verbais) dependncia qumica, pecado no confessado, alterao nos nveis de serotonina (essa substancia existente no cerebro age diretamente no controle de humor e das sensaes de bem-estar), desequilbrio funcional dos neurotranmissores, que conduzem impulsoss eltricos de uma clula para a outra, alimentao, stress(esgotamneto fsico, emocional e espiritual, I Reis 19:1 a 18) estilo de vida, separao dos pais, rejeio, problemas na escola, acidentes, ambiente de trabalho, eventos traumaticos, perdas significativas e outros fatores esto relacionados com o surgimento ou agravamento. Segundo Collins (2004), a causa da depresso pode ser agrupada em duas grandes categorias: gentico-biolgicas e psicolgicocognitivas. Na gentico-biologicas, muitas vezes a depresso tem causa fisica, vulnerabilidade gentica, sedentarismo, efeito colaterais de medicamento, dieta impropria, disfuno neuroquimica, disturbio gladulares-hormonal, tumores no cerebro. Na psicolgico-cognitiva, pesquisa tem mostrado que fatores psicologicos, de desenvolvimento, interpessoais, espirituais e outras influenciam no fsicas so a causa de muitos estados depressivos. (Historia de vida familkiar, stresse e perdas importantes, desespero aprendido, causas cognitivas, ira, pecado e culpa). (Collins, 2004).

4.1.2 SINTOMAS

Ansiedade; Afastamento de amigos ou pessoas; Cansao e perda de energia; Falta de vontade de realizar uma determinada tarefa que progressivamente se alastra ou pode alastrar a muitas outras actividades; Vontade de chorar ou chora s escondidas; Tem maus resultados escolares, devido incapacidade em se concentrar; Vontade de ficar s. Afasta-se de tudo e todos; No querer ouvir barulhos ou querer msica ou barulhos em altos berros (pois uma forma de se alhear e afastar do que se passa sua volta); Sentimento de tristeza persistente; Problemas de autoconfiana e autoestima; Sente-se triste e abatida sem conseguir encontrar algo que a anime ou que lhe consiga despertar interesse; Dificuldade de concentrao e de tomar decises; Sentimentos de culpa, desesperana, desamparo, solido, ansiedade ou inutilidade;

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Alteraes no sono; Dificuldade em adormecer acordar muito mais cede do que o habitual, dormir em excesso ou pesadelos; Medo de executar determinada tarefa; ou medo do que possa acontecer se falhar. Vive obcecada com a sua incapacidade ou com o que possa acontecer a outrem se ela falhar; Isolamento: evitar outras pessoas; Perda de apetite com diminuio do peso ou compulso alimentar; Pensamentos de suicdio e morte; Inquietao e irritabilidade; Auto-agresso; Mudanas na percepo do tempo; Acessos de choro; Possveis mu