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Londrina - Paraná 2015 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE FERNANDA KELLY SERENISKI BERALDO GUIA DE PRÁTICA CLÍNICA: FISIOTERAPIA PARA REDUÇÃO DO LINFEDEMA DE MEMBRO SUPERIOR SECUNDÁRIO AO CÂNCER DE MAMA

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Londrina - Paraná 2015

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

FERNANDA KELLY SERENISKI BERALDO

GUIA DE PRÁTICA CLÍNICA: FISIOTERAPIA PARA REDUÇÃO DO LINFEDEMA DE MEMBRO SUPERIOR

SECUNDÁRIO AO CÂNCER DE MAMA

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FERNANDA KELLY SERENISKI BERALDO

Cidade ano

AUTOR

Londrina - Paraná

2015

GUIA DE PRÁTICA CLÍNICA: FISIOTERAPIA PARA REDUÇÃO DO LINFEDEMA DE MEMBRO SUPERIOR

SECUNDÁRIO AO CÂNCER DE MAMA

Relatório Técnico apresentado à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Franco de Oliveira

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR

QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE

ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná

Biblioteca Central

Setor de Tratamento da Informação

Beraldo, Fernanda Kelly Sereniski

B425g Guia de prática clínica: fisioterapia para redução de linfedema de membro

superior secundário ao câncer de mama / Fernanda Kelly Sereniski Beraldo.

Londrina: [s.n], 2015.

60f.

Relatório Técnico (Mestrado profissional em Exercício Físico na Promoção da

Saúde). Universidade Norte do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Franco de Oliveira.

1- Mestrado - UNOPAR 2- Linfedema 3- Fisioterapia 4- Exercício físico

5- Neoplasias da mama 6- Reabilitação I- Oliveira, Rodrigo Franco de, orient. II-

Universidade Norte do Paraná.

CDU 615.8:618.19

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BERALDO, Fernanda Kelly Sereniski. Guia de Prática Clínica: Fisioterapia para redução do linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama. 60p. Relatório Técnico. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2015.

RESUMO

Introdução: O câncer é considerado hoje um incontestável problema de saúde pública; e sendo negativa sua influência sobre a qualidade de vida da paciente. O linfedema de membro superior é uma das principais morbidades decorrentes do tratamento do câncer de mama; sua prevalência varia de 6% a 80% entre os diferentes autores. A compreensão dos fatores clínicos relacionados ao linfedema, bem como das diferentes técnicas e recursos utilizados em seu manejo, como o exercício físico, têm sido foco de diversos estudos da área da saúde, sendo ressaltada frequentemente a necessidade de uma adequada formação profissional. Objetivo: Fornecer ao acadêmico da área da saúde ferramentas adequadas para o devido aprendizado, para que se disponibilize recursos que os orientem de forma clara nas dificuldades vivenciadas durante a sua formação. Com esta perspectiva, foi elaborado um livro eletrônico intitulado: “Guia de Prática Clínica: Fisioterapia para redução do linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama’’. Metodologia: A metodologia adotada incluiu uma atualização da literatura fundamentada em uma revisão bibliográfica nas bases de dados Bireme, PubMed, PEDro e uma breve descrição da rotina de avaliação e tratamento do linfedema adotada no ambulatório de Fisioterapia na clínica-escola da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR). Esses dados fundamentaram a elaboração do livro, com conteúdo teórico e imagens, produzido em formato digital, que será utilizado nas disciplinas que envolvem a Fisioterapia na Saúde da Mulher, como material complementar na formação acadêmica dos alunos do curso de Fisioterapia da UNOPAR. O material será disponibilizado aos alunos de forma online, por meio de plataforma de ensino já estruturada e adotada pela instituição. Resultados: Acreditamos que um material didático enriquecido das principais evidências científicas e utiliza adequadamente as variadas técnicas e recursos apresentados na literatura, como o exercício físico, possa aprimorar o processo de ensino aprendizagem, que se revestirá de melhor qualidade no atendimento à paciente.

Palavras-chave:. Linfedema. Fisioterapia. Exercício Físico. Neoplasias da mama. Reabilitação.

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BERALDO, Fernanda Kelly Sereniski. Clinical Practice Guideline: Physical Therapy for the reduction of the secondary upper limbs lymphedema to breast cancer. 60p. Technical Report. Professional Master´s in Exercise in Health Promotion. Research Center on Health Sciences. Northern Parana University, Londrina. 2015.

ABSTRACT

Introduction: Cancer is considered today an incontestable public health problem; and it is a negative influence regarding the patient’s quality life. The upper limbs lymphedema is one of the main morbidities due to breast cancer; its prevalence varies between 6% to 80% among the different authors. The comprehension of the clinic factors related to the lymphedema, as well as different techniques and resources used in its management, such as exercise, have been the focus of several studies in the health front, being often highlighted the need of an appropriate professional formation. Purpose: It is then important to provide adequate tools for the student’s due learning, justifying this technic production for making means that guide them clearly available in the difficulties throughout their formation. With this perspective, the electronic book titled “Clinical Practice Guideline: Physical Therapy for the reduction of the secondary upper limbs lymphedema to breast cancer” was elaborated. Methodology: The adopted methodology included an update of the literature based on a bibliographic review at the Bireme, PubMed, PEDro data base and a brief description of the evaluation routine and lymphedema treatment adopted at the Physical therapy ambulatory of a clinic-school from North of Paraná University (UNOPAR). This data justified the elaboration of the book, with theoretic content and images, produced in a digital format, which will be used in the subjects which involve Women’s health Physical therapy, as a complementary material for academic formation. The material will be available online to students, at a teaching platform which is already structured and adopted by the institution. Conclusion: We believe that a didactic material enriched by the main scientific evidences and the adequate use of the varied techniques and presented resources in the literature, such as exercise, might improve the teaching and learning process, which will be covered with a better quality treatment to the patient.

Key words: Lymphedema. Physical Therapy. Exercise. Breast Neoplasms. Rehabilitation.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

2. REVISÃO DE LITERATURA - CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................... 14

2.1. CÂNCER DE MAMA ................................................................................................ 14

2.2. LINFEDEMA DE MEMBRO SUPERIOR SECUNDÁRIO AO CÂNCER DE MAMA ................... 21

2.2.1. Tratamento Fisioterapêutico do Linfedema de Membro Superior Secundário ao

Câncer de Mama ....................................................................................................... 25

2.2.1.1. Terapia física complexa ................................................................................ 26

2.2.1.1.1. TFC – Drenagem linfática manual ............................................................. 27

2.2.1.1.2. TFC – Terapia compressiva ...................................................................... 28

2.2.1.1.3. TFC – Exercício físico ............................................................................... 29

2.2.1.1.4. TFC – Cuidados com o membro/pele ........................................................ 31

2.2.1.2. Hidroterapia .................................................................................................. 32

2.2.1.3. Eletroterapia ................................................................................................. 33

2.2.1.4. Terapia de compressão pneumática ............................................................ 34

3. DESENVOLVIMENTO .......................................................................................... 36

3.1. METODOLOGIA DA PRODUÇÃO TÉCNICA .................................................................. 36

4. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 40

4.1. PRODUÇÃO TÉCNICA ............................................................................................. 41

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42

APÊNDICE A – Trabalho Apresentado em Evento Científico ..................................46

APÊNDICE B – Artigo Científico ............................................................................... 47

APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Obtenção e

Utilização de Imagens ............................................................................................... 60

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1. INTRODUÇÃO

O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no

mundo, com estimativa de aproximadamente 57 mil novos casos no Brasil em 2014.1

O diagnóstico de câncer de mama tem uma influência negativa sobre a qualidade de

vida relacionada à saúde, como consequência das morbidades decorrentes do

câncer ou do próprio tratamento oncológico.2,3

Ele é, hoje, incontestavelmente um problema de saúde pública no

Brasil. O Instituto Nacional do Câncer1 (INCA) recomenda ações de controle e

prevenção em todas as regiões do país e alerta para a necessidade de formar

profissionais da saúde, em todas as esferas de atuação, para o enfrentamento

dessa doença.

O linfedema de membro superior (MS) homolateral à mama afetada

é uma das morbidades mais comuns desse tipo de câncer. Sua prevalência não é

clara na literatura, tendo variação de 6% a 80%, dependendo dos critérios de

diagnóstico utilizados pelos diferentes autores.4 Entre os principais fatores de risco

desta morbidade podemos citar a dissecção dos nódulos linfáticos axilares, a

extensão da cirurgia da mama, a radioterapia5-11 ou ainda a progressão locorregional

da doença.12

Pesquisa de Binkley et al.13 constatou que o linfedema e seu

tratamento provocam mudanças no estilo de vida da paciente com potenciais

consequências psicossociais e alteração da autoimagem. Esta morbidade pode ser

deflagrada em qualquer momento após o câncer de mama e requer cuidados

constantes,12,14,15 o que ressalta a necessidade de preparo dos profissionais

envolvidos em sua prevenção, diagnóstico e tratamento. A progressão do linfedema

pode resultar em maior morbidade física, funcional, psicológica e social, com baixa

qualidade de vida relacionada à saúde.7,9,10,12,15-17

Diferentes recursos são descritos para o controle e tratamento do

linfedema, destacando-se, dentre eles, a fisioterapia com diversas técnicas que

devem ser consideradas a partir de uma minuciosa avaliação da paciente. A adoção

da prática clínica adequada deve ser realizada de forma a garantir a segurança do

terapeuta e paciente, o bem-estar desta e a efetividade do tratamento. A tomada de

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decisão acerca dos tratamentos e procedimentos fisioterapêuticos deve ser sempre

respaldada na literatura científica e fundamentada em modelos já estudados.

Na literatura são encontradas diferentes propostas terapêuticas

direcionadas à paciente com linfedema secundário ao câncer de mama. Todavia,

não há uma forma prática de difusão dessas propostas. A variedade de protocolos

disponíveis não atende, de forma prática e objetiva, às necessidades clínicas do

universo acadêmico. Tal lacuna restringe o acesso às possíveis intervenções

terapêuticas para o satisfatório atendimento clínico das pacientes. A dificuldade de

identificar harmonia nos estudos disponíveis resulta em obstáculos ao processo de

ensino aprendizagem, nos aspectos tanto teóricos quanto práticos, pois os

acadêmicos podem encontrar problemas para seleção e reprodução das técnicas

propostas.

Com a produção técnica resultante deste trabalho elaboramos um

livro, em formato eletrônico, intitulado “Guia de Prática Clínica: Fisioterapia para

redução de linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama”. Para

isso, realizamos uma atualização da literatura sobre o linfedema e as intervenções

fisioterapêuticas a ele relacionadas. Este material tem como objetivo elencar e

descrever as recomendações fisioterapêuticas para o tratamento do linfedema de

MS secundário ao câncer de mama, fundamentadas em uma atualização da

literatura.

O guia prático pretende levantar os principais tratamentos

fisioterapêuticos relacionados a esta morbidade, como a terapia física complexa, a

hidroterapia, a eletroterapia e a terapia de compressão pneumática, descrevendo a

execução de cada proposta terapêutica. A terapia física complexa é tida como o

principal tratamento do linfedema, com a combinação de diferentes técnicas como a

drenagem linfática manual (DLM), a terapia compressiva (luva ou enfaixamento),

cuidados com a pele e o exercício físico terapêutico, importante recurso na melhora

dos sintomas associados ao linfedema e na contenção do agravamento do quadro.

Espera-se futuramente que o produto resultante desta pesquisa

possa servir de apoio didático, voltado à formação acadêmica dos alunos do curso

de graduação em Fisioterapia da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), e

assim, proporcionar o adequado tratamento da paciente, com melhor resultado no

tratamento e na promoção da saúde.

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2. REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1. CÂNCER DE MAMA

O câncer de mama é uma neoplasia maligna18 desenvolvida no

tecido mamário, composto por lóbulos (glândulas produtoras de leite) e ductos que

conectam os lóbulos ao mamilo. A sua constituição conta ainda com tecido adiposo,

conectivo e tecido linfático.5 O epitélio ductal é responsável por cerca de 80% dos

cânceres de mama, resultando no carcinoma ductal; e com menor frequência o

epitélio lobular resulta no carcinoma lobular.1,19

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o

câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres no mundo.1 As estimativas

mundiais do Projeto Globocan (2012), da Internacional Agency for Research on

Cancer (IARC), mostram cerca de 1,67 milhão de novos casos diagnosticados

naquele ano, o que representou 25% de todos os cânceres no mundo.20 Novo estudo

do INCA projetou para 2014, 57.120 novos casos de câncer de mama no Brasil, o

que revela o câncer como claro problema de saúde pública no país.1

O desenvolvimento dessa neoplasia tem fatores de risco bem

definidos, sendo o envelhecimento o predominante. Entre outras causas, as mais

citadas são as relacionadas ao estímulo estrogênico vinculado à vida reprodutiva da

mulher (menarca precoce, antes dos doze anos; menopausa tardia, após cinquenta

anos; primeira gestação a termo após os trinta anos; nuliparidade; terapia de

reposição hormonal pós-menopausa), história familiar da doença (principalmente

parentes de primeiro grau antes dos 50 anos; mutações nos genes BRCA1 e

BRCA2), consumo de álcool etílico (ingestão regular, mesmo em quantidade

moderada - 10g/dia), sedentarismo, excesso de peso pós-menopausa, exposição à

radiação ionizante e alta densidade do tecido mamário.1,19-21

Segundo o INCA, a prevenção primária é bastante promissora, já

que há fatores de risco relacionados ao estilo de vida saudável. Uma vez

desenvolvida a doença, a detecção precoce possibilita melhor prognóstico de cura.

Hoje, as principais formas de detecção são a mamografia e o exame clínico das

mamas (ECM) que podem ser combinados com a ultrassonografia1,2 e a ressonância

magnética naquelas com próteses mamárias.5,19 O ECM detecta lesões já em

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estágios avançados, por este motivo seu uso na prevenção e detecção deve ser

acompanhada dos exames de imagem.

A prevenção do câncer de mama tem forte ligação com os fatores de

risco de desenvolvimento deste câncer. Alguns fatores, como o consumo de álcool

etílico, o sedentarismo e o excesso de peso pós-menopausa, estão relacionados

com hábitos de vida. Pesquisa do INCA ressalta que cerca de 30% dos casos de

câncer de mama podem ser prevenidos com práticas saudáveis, tais como

manutenção do peso ideal, alimentação saudável e exercício físico regular.1 Graças

a este último, o risco de câncer de mama pode diminuir22 de 10% a 20%,

principalmente no período pós-menopausa.5

Ainda com vistas à prevenção, o incentivo ao autoexame está sendo

substituído pelas recomendações de autocuidado, isto porque o autoexame não

mostrou redução significativa da mortalidade por câncer de mama.21 Hoje,

recomenda-se que a mulher tenha conhecimento sobre seu corpo, além do

conhecimento dos fatores de risco do câncer de mama e de seu histórico de saúde

pessoal e familiar, se submeta aos exames de rotina, mantenha hábitos de vida

saudáveis e comunique ao serviço de saúde o surgimento de sinais e sintomas.1,21

As condições de tratamento e prognóstico são beneficiadas com a

detecção precoce. O correto diagnóstico e o estadiamento do câncer orientarão o

adequado planejamento terapêutico. As estratégias de rastreamento e detecção

precoce potencializam a redução das morbidades resultantes da doença e de seu

tratamento, além de maior probabilidade de cura.18,19,23

O INCA preconiza medidas que viabilizam o diagnóstico precoce.

Tais medidas incluem o rastreamento anual por meio do ECM (exame de palpação

da mama executado pelo profissional de saúde) para todas as mulheres acima de 40

anos18 e estratégias de comunicação que envolvam o autocuidado. Essas ações são

fundamentadas no Programa de Controle do Câncer recomendado pela

Organização Mundial da Saúde (OMS).1

A propedêutica para o diagnóstico do câncer de mama tem como

foco o ECM e principalmente a mamografia, sendo a última, capaz de detectar o

câncer de mama em estágio inicial, o que repercute diretamente na sobrevida da

paciente e em suas opções de tratamento. Mulheres jovens e mulheres com alta

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densidade do tecido mamário podem ser beneficiadas com a associação do exame

de ultrassonografia aos seus exames de rotina.5,24 A ressonância magnética também

pode ser indicada5,19,23 às mulheres com alto risco, e também àquelas que possuem

implante mamário sobreposto ao músculo peitoral maior.

A construção dos parâmetros da programação de rastreamento

dessa doença utiliza o fator de risco predominante para desenvolvimento do câncer

de mama, o envelhecimento.1,5,25 Elaborado pelo INCA, esse documento de

rastreamento preconiza, no Brasil, a realização anual do ECM e mamografia bienal

em mulheres de 50 a 69 anos. Para aquelas situadas na faixa etária de 40 a 49

anos de idade é indicado o ECM anualmente e a mamografia apenas nos casos em

que os resultados do ECM se mostrarem alterados. Mulheres com 35 anos de idade

ou mais, com risco elevado de câncer de mama, possuem a mesma orientação da

população de 50 a 69 anos.1,25

O diagnóstico da doença é fundamentado na história clínica da

paciente associada ao ECM e à análise da área monitorada pela mamografia e

exames de imagem complementares. Detectada a lesão, o tecido suspeito deve ser

biopsiado a fim de confirmar o diagnóstico e determinar a extensão da

disseminação, além de caracterizar o padrão da doença por meio do exame

histopatológico.5,18 O planejamento terapêutico deve ser amparado no diagnóstico e

no estadiamento do câncer.18

A principal ferramenta de triagem é a mamografia convencional.

Porém, em alguns casos, como nas mulheres com maior densidade do tecido

mamário, esse exame não se mostra tão eficiente, podendo a mamografia digital ou

a associação com imagem de ultrassonografia ser mais bem utilizada.24 Em alguns

centros, a mamografia convencional está sendo gradativamente substituída pela

mamografia digital, visto que esta apresenta maior precisão nos casos de mamas

densas e em mulheres com menos de 50 anos de idade.5

O exitoso prognóstico do câncer de mama em países com

estimativas decrescentes de mortalidade é ligado a condições como progresso na

detecção precoce do câncer, melhoria no seu tratamento e declínio do uso de

terapia de reposição hormonal (TRH).24 Em países desenvolvidos, a sobrevida se

mostrou elevada nos últimos 40 anos, alcançando 85% em cinco anos. Já, nos

países em desenvolvimento, as taxas se mantêm entre 50% e 60%, provavelmente

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como consequência do alto volume de diagnósticos em estágio avançado. No Brasil,

a sobrevida é calculada em 80% após cinco anos do diagnóstico do câncer de

mama. As taxas de mortalidade continuam elevadas, estando esse fator vinculado,

principalmente, ao diagnóstico realizado em estágios avançados da doença.1

O tratamento do câncer tem como principais metas a cura da

doença, o prolongamento da vida útil e a melhora da qualidade de vida relacionada à

saúde da paciente. As modalidades de tratamento são usualmente divididas em

local (cirurgia e radioterapia) e sistêmico (quimioterapia, hormonioterapia e terapia

biológica).18 A abordagem terapêutica deve ser definida pelo médico e paciente,

fundamentada em aspectos como idade da doente, estadiamento e características

biológicas do câncer, além de avaliação dos riscos e benefícios associados a cada

proposta terapêutica.5

A cirurgia é o principal tratamento local para o câncer de mama e

conta com diferentes procedimentos; sua variação será indicada com base no

estadiamento do câncer de mama.5 As cirurgias são frequentemente combinadas

com a remoção dos nódulos linfáticos da axila (linfondectomia ou linfadenectomia),

com o intuito de verificar se ocorreu disseminação do câncer, tendo isso grande

impacto no prognóstico e tratamento da paciente.5,23

As opções de tratamento envolvem a cirurgia conservadora da

mama (remoção do tumor e tecido adjacente) ou a mastectomia (cirurgia não

conservadora, com remoção completa da mama). Esses procedimentos cirúrgicos

geralmente são vinculados a outras modalidades terapêuticas como a radioterapia, a

quimioterapia, a hormonioterapia e a terapia biológica. A mastectomia ainda pode

ser associada a técnicas de reconstrução da mama com uso de implantes de

materiais aloplásticos, tecidos autólogos ou a combinação de ambos.5

As cirurgias conservadoras são indicadas em estágios iniciais do

câncer e são comumente associados à radioterapia; nesta cirurgia é realizada a

remoção do câncer e tecido normal adjacente.5,23 As cirurgias não-conservadoras

são principalmente indicadas quando não é possível assegurar a obtenção de

margens livres do câncer.26

A linfadenectomia axilar é a causa mais comum do linfedema de

membro superior (MS).27 A instalação desta morbidade é favorecida pelo

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esvaziamento axilar completo, que envolve os três níveis de gânglios axilares. Na

tentativa de minimizar esta condição foi desenvolvida a biópsia do linfonodo

sentinela (BLS).28 Este procedimento identifica, remove e examina o gânglio linfático

que tem maior probabilidade de conter células cancerígenas , disseminadas a partir

do tumor primário, sugerindo metástase deste. A BLS pode ser realizada antes,

durante ou após a cirurgia de remoção do câncer.5 Quanto mais baixo o nível axilar

comprometido, melhor o prognóstico e menor a probabilidade de deflagração do

linfedema.28 A BLS e a linfadenectomia axilar podem ser associadas às cirurgias

conservadoras ou não-conservadoras da mama.

Uma nova opção na prevenção do câncer de mama é a mastectomia

profilática, que realiza a retirada da mama antes do desenvolvimento cancerígeno,

naquelas pacientes com identificação de mutação genética nos genes envolvidos no

câncer de mama, de forma especial as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Esta

abordagem tem sido considerada com o objetivo de reduzir, por exemplo, o

desenvolvimento do câncer de mama, a realização de cirurgias radicais e o custo do

tratamento oncológico, além da mortalidade por esta doença.29

Além do tratamento cirúrgico, outra intervenção local do câncer é a

radioterapia, que utiliza doses de radiação nas células cancerígenas. Sua aplicação

pode ter finalidade curativa, pré-operatória, profilática ou paliativa.18 Esta terapêutica

está usualmente associada a cirurgias conservadoras e à redução da recorrência do

câncer e do risco de morte.5 Uma complicação do tratamento de radiação, que

envolve os linfonodos axilares, é o linfedema do MS homolateral.5,27

Os tratamentos locais são frequentemente conciliados com os

tratamentos sistêmicos na busca de melhor prognóstico para o câncer de mama.1 A

indicação do tratamento sistêmico é fundamentado nas características

histopatológicas do tumor e no risco de recorrência da doença. Esta modalidade

terapêutica é composta por quimioterapia, hormonioterapia e a terapia biológica.18,23

A quimioterapia é utilizada como principal tratamento sistêmico e se

serve de medicamentos antineoplásicos com administração em intervalos regulares.

O mecanismo destes medicamentos direciona-se a atacar células de rápido

crescimento, com o intuito de atingir as células cancerígenas. O método pode ser

ministrado de forma curativa, prévia ou neoadjuvante, profilática ou paliativa.18,23

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A hormonioterapia também pode ser incluída no tratamento a partir

da mensuração dos receptores hormonais (estrogênio e progesterona) presentes no

tecido tumoral. Esse recurso terapêutico pode envolver o uso de modulador seletivo

de estrogênio (tamoxifeno), inibidores de aromatase (letrozol, anastrozol,

exemestano), com o intuito de bloquear os efeitos do hormônio estrogênico no

crescimento das células cancerígenas. Mulheres na pré-menopausa, com câncer de

mama positivo para receptores hormonais, podem beneficiar-se com a ablação ou

supressão dos ovários quando não há resposta satisfatória com as outras

modalidades terapêuticas.1 O tratamento com o uso de tamoxifeno, combinado com

o uso dos inibidores de aromatase, tem demonstrado melhor perspectiva de

sobrevida quando comparado ao tratamento isolado com o tamoxifeno.5,23

Por fim, o tratamento sistêmico do câncer de mama conta com a

terapia biológica anti-HER-2. O gene do receptor do fator de crescimento epidérmico

humano 2 (HER-2) amplificado ou superexpresso é presente de 15% a 20% dos

casos de câncer de mama. Esses tumores têm crescimento mais acelerado e maior

probabilidade de reincidência. Nesses casos, é necessário o uso da terapia biológica

com anticorpo monoclonal (trastuzumabe) na busca do bloqueio da sinalização da

proteína HER-2.5,23

O tratamento do câncer utiliza as terapias disponíveis de forma

combinada, de acordo com a sensibilidade dos tumores a cada proposta terapêutica.

Poucos casos de cânceres são tratados atualmente com o uso de uma única

modalidade terapêutica. A efetividade do tratamento depende do diagnóstico, do

estadiamento da doença e de fatores sociais de cada paciente, e uma abordagem

multidisciplinar integrada mostra-se mais efetiva no manejo dessas mulheres por ele

acometidas.18

Em virtude do tratamento local e/ ou sistêmico, diversas

complicações têm sido relatadas na literatura e podem ocorrer em diferentes

intensidades e abrangência.30 Os avanços no rastreamento e tratamento do câncer

têm aumentado as taxas de sobrevida das pacientes, porém, existem efeitos

agudos, crônicos e tardios do tratamento, com impacto negativo nas atividades de

vida diária (AVD) e na qualidade de vida relacionada à saúde.31 A intervenção

oncológica no câncer de mama pode acarretar complicações quanto à capacidade

funcional, dor, aspectos físicos e sociais, aumentando a necessidade de atenção da

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equipe interdisciplinar. A perspectiva de desenvolvimento das sequelas é

proporcional à extensão das condutas terapêuticas.32

As principais morbidades relacionadas ao câncer de mama são:

linfedema de MS, seroma, trombose linfática superficial (síndrome do cordão axilar),

dor, restrição de mobilidade articular, diminuição de força muscular, alterações

posturais, deiscência, retração, fibrose e aderência cicatricial, mama fantasma,

lesões nervosas (do nervo torácico longo ou do nervo intercostobraquial), perda de

massa óssea e artralgia.30,32-35

A presença dessas morbidades e o prolongamento da sobrevida

resultaram em uma nova realidade. Estudo da OMS de 2012 estimou em mais de 6

milhões as sobreviventes do câncer de mama.20 Evidências demonstram que as

sequelas do câncer e de seu tratamento não cessam com sua conclusão; muitos

pacientes apresentam sintomas persistentes, que podem afetar a capacidade de

realizar AVD e diminuir a qualidade de vida por anos após o tratamento primário,

além de interferir na adaptação psicossocial.36

Diante dessas peculiaridades, uma equipe interdisciplinar pode

proporcionar maior benefício ao tratamento da paciente. O fisioterapeuta é membro

integrante da equipe interdisciplinar na abordagem à paciente acometida de câncer;

suas intervenções acompanham as fases do câncer de mama (prevenção,

diagnóstico, seguimento, recidiva e terminalidade) e o quadro clínico apresentado

em cada fase. A abordagem fisioterapêutica ao câncer de mama tem como principal

objetivo manter a funcionalidade e a qualidade de vida da paciente.21

O início precoce de intervenções, incluída a fisioterapia, tem

importante repercussão na prevenção das complicações.30 O INCA sugere a atuação

da fisioterapia em todo processo, desde o pré-operatório, buscando-se mensurar

alterações pré-existentes e fatores de risco de complicações pós-operatórias.

Conforme esse documento, o tratamento pós-operatório deve minimizar e prevenir

as possíveis sequelas.26

A fisioterapia tem papel fundamental na abordagem à paciente com

câncer de mama, utilizando para isso diferentes recursos tais como a cinesioterapia,

a terapia manual, a terapia física complexa,21,34 a eletroterapia e a crioterapia.1 Os

problemas enfrentados por essas pacientes aumentam a necessidade da utilização

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21

de técnicas específicas, no intuito de minimizar os efeitos colaterais pós-tratamento,

manter a funcionalidade e melhorar sua qualidade de vida relacionada à saúde.21,

33,37

2.2. LINFEDEMA DE MEMBRO SUPERIOR SECUNDÁRIO AO CÂNCER DE MAMA

As intervenções clínicas oncológicas do câncer de mama favorecem

o desenvolvimento de complicações proporcionais à extensão dos tratamentos

realizados.20 A principal complicação é o linfedema do MS homolateral ao câncer,

consequente à destruição dos canais de drenagem axilar, em razão das condutas

terapêuticas no enfrentamento do câncer, ou da sua disseminação

locorregional.4,12,14,16

Estudo de Hayes et al.,4 por meio de análises, constataram que,

apesar dos avanços no tratamento do câncer de mama, o linfedema continua sendo

alvo de preocupação, posto que o início dessa morbidade não se restringe ao

período de tratamento do câncer. Pesquisa de Lacomba et al.,6 fundamentados

nessa premissa e no aumento da taxa de sobreviventes ao câncer de mama,

recomenda a realização de novos estudos para o tratamento do linfedema

secundário ao câncer de mama.

O linfedema é uma condição crônica resultante da disfunção do

sistema linfático, que provoca aumento de volume do espaço intersticial por acúmulo

anormal de líquido rico em proteína,7-10,27,38 susceptível este de conter, além de água

e proteínas do plasma, glóbulos extravasculares e produto de células estromais com

poder de causar deposição excessiva da matriz extracelular e tecido adiposo.38 O

linfedema requer cuidados constantes passível de ser deflagrado em qualquer

momento após o câncer de mama.12,14,15 Sua progressão pode causar morbidade

física, funcional, psicológica e social, com baixa qualidade de vida relacionada à

saúde.7,9,10,12,15-17

Na literatura, a incidência do linfedema secundário ao câncer de

mama varia, de acordo com cada pesquisa, entre 6% e 80%.4 A falta de critérios pré-

estabelecidos para diagnóstico e avaliação dificulta a consonância dos estudos.4,7,15

Outros fatores que contribuem para a disparidade dos índices são o tempo pós-

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cirúrgico, em que o linfedema é mensurado, e a discrepância da população

analisada em cada estudo.4,8,11,39

O linfedema pode ser classificado como primário ou secundário. No

primeiro caso, ele se apresenta como resultado de uma anormalidade congênita do

sistema linfático. Já, o linfedema secundário é resultado de perturbação ou

obstrução do sistema linfático decorrente de uma doença adquirida ou processo

iatrogênico como, por exemplo, o linfedema no câncer de mama.16,27,38

O desenvolvimento do linfedema secundário ao câncer de mama

está usualmente vinculado à dissecção dos nódulos linfáticos axilares, à extensão

da cirurgia da mama, à radioterapia5-11 ou ainda à progressão locorregional da

doença.12 O alto risco de deflagração do linfedema na paciente com câncer de mama

tem ainda outros fatores associados, tais como idade, raça, função do MS afetado,

elevado índice de massa corpórea e nível de atividade física. Todavia, essas

relações ainda não estão claramente estabelecidas na literatura.4,40

Binkley et al.13 realizaram estudos qualitativos e quantitativos e

verificaram que o linfedema e seu tratamento provocam mudanças no estilo de vida

da paciente com potenciais consequências psicossociais e alteração da

autoimagem. Esse estudo também salienta que o linfedema pode ser uma

lembrança constante do câncer de mama à paciente e àqueles com quem ela

convive. Segundo a referida análise, o linfedema pode provocar mais apreensão do

que a própria mastectomia, pois se torna mais difícil para a paciente acobertar as

consequências físicas.13 Esses fatores colaboram para diminuição da qualidade de

vida relacionada à saúde.8,10

A literatura descreve complicações vinculadas ao linfedema como

dor, diminuição da amplitude articular de movimento (ADM) do ombro,16 infecções

recorrentes de pele, problemas relacionados à mudança do peso do MS afetado;10

há ainda relatos de grande limitação da função do ombro e da atividade física da

paciente.39 O quadro do linfedema necessita de acompanhamento contínuo,

podendo, caso não tratado, ser agravado com aumento progressivo do volume e

desenvolvimento de complicações, como celulites,16 linfangites e erisipelas,

provocadas pela fibrose decorrente da estagnação de linfa,12,41 a qual se torna um

meio de cultura favorável ao desenvolvimento desses quadros.12

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A prevenção do linfedema deve iniciar-se a partir do diagnóstico do

câncer de mama, conscientizando-se as pacientes, com orientações preventivas

sobre os potenciais riscos de desenvolvimento dessa morbidade. Entre as

orientações preventivas estão: evitar o uso do MS e hemitórax homolateral à cirurgia

para a coleta de sangue e como via de administração medicamentosa parenteral;21

adotar cuidados para evitar micoses nas unhas e MS, evitar traumatismos cutâneos

(cortes, arranhões, picadas de inseto, queimaduras, retirar cutículas e depilação),

evitar movimentos bruscos, repetitivos e de longa duração, evitar a compressão do

membro (vestuário, relógio, anéis, pulseira e aferir a pressão arterial), evitar a

exposição solar, evitar carregar peso ou deitar do lado operado; não fazer uso de

banheiras, saunas e compressas quentes.14,26

Essas medidas visam prevenir os quadros que podem provocar o

linfedema e devem ser seguidas continuamente ao longo da vida.14 Por fim, Hayes et

al.4 ressaltam, como estratégia de prevenção, o incentivo de hábitos saudáveis de

vida, tais como exercício físico regular e manutenção do peso corporal saudável.

Apesar da identificação dos fatores de risco, não é possível prever

com precisão quais pacientes desenvolverão o linfedema,4 cujo diagnóstico precoce,

caso se instale, possibilita melhor controle do quadro. A literatura descreve quatro

técnicas, definidas na sequência, para o exame de volume do membro no

diagnóstico e avaliação dessa morbidade, as quais são: volumetria optoeletrônica,

espectroscopia de bioimpedância,4,10,39,40 volumetria e cirtometria/perimetria, sendo

as duas últimas técnicas as mais frequentes nos estudos analisados.4,6,10,12,17,27,38-40

A volumetria optoeletrônica (perometer) utiliza a digitalização por

meio de luz infravermelha para encontrar a medida do contorno do membro e assim

quantificar o volume do membro.10,39,40 A espectroscopia de bioimpedância, avalia o

volume do fluído extracelular.4,39,40,42 Outro meio de avaliação é a volumetria, técnica

na qual é usado o princípio de Arquimedes, ou seja, o deslocamento da água é

usado como parâmetro do diagnóstico, diferenças volumétricas iguais ou superiores

a 200 ml serão classificadas como linfedema.10,12,39,40 E, por fim, a

cirtometria/perimetria, a qual utiliza a medida em centímetros da circunferência do

membro para avaliar e mensurar o linfedema,10,40,41 havendo um ou mais pontos

com medida igual ou superior a 2 cm é diagnosticado o linfedema.6,10,17,38-40,43

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A precisão e a padronização da técnica de diagnóstico e avaliação

favorecem o diagnóstico precoce.4,10,12,27,39,40 Smoot e colaboradores39 evidenciam a

importância do diagnóstico precoce, pois este se mostra capaz de limitar as

complicações vinculadas ao linfedema e melhorar a resposta ao tratamento

proposto.

Diversos estudos indicam como padrão-ouro para o tratamento

dessa morbidade a terapia física complexa.7,8,14,17,21,38,40,42,44 Entretanto, outros

recursos também são preconizados, como a hidroterapia,27,41,45 a eletroterapia e a

terapia de compressão pneumática.9,14,16,40 Há, ainda, relatos do uso de

medicamentos como diuréticos, benzopironas e compostos de selênio, porém,

segundo achados de Harris et al.,40 não há evidências suficientes para apoiar o uso

dessas terapias.12 Nas situações em que os tratamentos conservadores descritos

não surtirem o efeito esperado, pode-se recorrer à intervenção cirúrgica, como último

recurso recomendado para o tratamento do linfedema.4,46

As terapias conservadoras, não-médicas, citadas serão abordadas a

seguir com maior consideração. Elas objetivam reduzir a filtração capilar, melhorar a

drenagem do fluido extracelular, bem como prevenir ou minimizar o desenvolvimento

de complicações associadas ao linfedema secundário ao câncer de mama.46 Grande

parte dos estudos analisados por esta pesquisa reiteram que maiores benefícios são

alcançados quando há associação entre as técnicas. 6,10,11,41,45,47,48

A fisioterapia tem papel importante no linfedema de MS relacionado

ao câncer de mama.21 Lacomba et al.,6 por meio de sua pesquisa, consolidam o

papel da fisioterapia na conscientização, prevenção, diagnóstico precoce e

tratamento do linfedema secundário ao câncer de mama. Este estudo mostra

também que a fisioterapia precoce pode ajudar a prevenir e reduzir o linfedema

relacionado ao câncer de mama. Entretanto, afirmam que ainda é necessário um

maior número de pesquisas para aprimorar esse dado,6 tornando os protocolos mais

claros com relação à dose e modalidade de tratamento.8

O aperfeiçoamento das técnicas tende a repercutir na qualidade do

tratamento oferecido às pacientes. O objetivo com a construção do Guia de Prática

Clínica foi elencar e descrever as recomendações fisioterapêuticas para o

tratamento do linfedema de MS secundário ao câncer de mama, fundamentadas em

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uma atualização da literatura. Associada a isso, buscou-se descrever a rotina de

atendimento da Clínica de Fisioterapia da UNOPAR.

A escolha dessa morbidade para o desenvolvimento do Guia de

Prática Clínica deveu-se a grande incidência no Ambulatório de Fisioterapia da

UNOPAR. Nosso serviço tem, hoje, aproximadamente 60% de seu atendimento

anual voltado às pacientes com linfedema secundário ao câncer de mama. Isso

reiterou a relevância da construção de um material didático de apoio, direcionado ao

aluno que fornecerá atendimento a essas pacientes. O uso desse material pretende

viabilizar maior qualidade no processo de ensino aprendizagem.

Levando-se em consideração a importância do linfedema para o

ambiente clínico, a compilação dos tratamentos disponíveis, associada à descrição e

ilustração das técnicas no Guia de Prática Clínica, pode proporcionar melhor

desempenho do terapeuta no planejamento e execução do tratamento dessa

morbidade, possibilitando, assim, melhor resposta da paciente ao plano terapêutico.

2.2.1. Tratamento Fisioterapêutico do Linfedema de Membro Superior Secundário ao

Câncer de Mama

O tratamento do linfedema demanda cuidados de uma equipe

interdisciplinar, na qual o fisioterapeuta está integrado.21,41 De acordo com as

diretrizes respaldadas pela Sociedade Mundial de Mastologia, a atuação

fisioterapêutica tem por objetivo identificar doenças e morbidades pré-existentes e,

inicialmente, mensurar os possíveis fatores de risco precursores do linfedema de

MS, no intuito de prevenir o quadro; caso o linfedema já esteja instalado, o objetivo

passa a ser diagnosticar e tratar a morbidade.21

O processo terapêutico inicia-se com a avaliação físico-funcional

composta por anamnese e exame físico. O serviço fisioterápico da UNOPAR

preconiza, em sua rotina, o início do processo de tratamento com essa avaliação.

Magee49 defende, em seu livro, que uma avaliação satisfatória é alcançada com a

realização de um exame sistemático, adequado e detalhado. Para isso, são

necessários conhecimento da anatomia envolvida, anamnese acurada, observação

cuidadosa e exame físico minucioso. A finalidade da avaliação é compreender, total

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e claramente, o quadro clínico da paciente, a partir do seu ponto de vista e da base

física dos sintomas e achados dos exames complementares.49 Nessa avaliação, é

essencial que o volume dos membros superiores seja averiguado para viabilizar o

diagnóstico precoce do linfedema.6,11

Uma vez finalizada a avaliação, os dados são interpretados para

identificar, diagnosticar e classificar as morbidades, inclusive o linfedema.49 O

terapeuta deve fundamentar-se na avaliação físico-funcional realizada e, assim,

traçar o plano terapêutico apropriado, com respaldo na literatura e programação das

condutas direcionadas a cada caso, bem como no volume, intensidade e progressão

delas. A seguir será detalhada cada conduta terapêutica e descritas sua forma de

aplicação e sua participação na rotina de atendimento na Clínica da UNOPAR.

2.2.1.1. Terapia física complexa

Esta é uma importante intervenção utilizada na rotina de

atendimento da Clínica de Fisioterapia da UNOPAR. Após minuciosa avaliação, tem

início o tratamento do linfedema da paciente por meio desta intervenção, com o

objetivo de controlar o quadro e restabelecer a saúde do membro afetado.

Diferentes pesquisas apontam a terapia física complexa (TFC) como

tratamento padrão-ouro para o linfedema. Esta intervenção é composta por uma

combinação de diferentes técnicas: drenagem linfática manual (DLM), compressão

por enfaixamento ou malha, exercício físico terapêutico e cuidados com a

pele.7,8,14,17,21,40,42,44

Embora seja uma sequela crônica, que requer cuidados constantes,

o linfedema pode ser controlado por meio da TFC.9 Este tratamento é dividido em

duas fases: na primeira, o intuito é mobilizar o líquido acumulado, reduzir a fibrose e

restabelecer a saúde da pele, enquanto que a segunda fase é concentrada na

manutenção e controle do quadro conquistado na primeira.8

A fase inicial da TFC tem, como principal ferramenta, a DLM e é

associada a instruções de cuidados com a pele, medidas profiláticas e uso de

terapia de enfaixamento compressivo. No segundo momento, busca-se a

manutenção desse estado por meio de malha compressiva, exercício terapêutico e

controle de peso corporal.8

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2.2.1.1.1. TFC – Drenagem linfática manual

A DLM é parte importante do tratamento do linfedema; consiste

numa massagem suave com objetivo de estimular a reabsorção por meio do

aumento do transporte da linfa do membro afetado,6,9,11,14 reduzindo seu volume.14,40

Entre os efeitos da DLM constam dilatação dos canais tissulares, contribuição para

formação de neoanastomoses linfáticas, aumento do fluxo filtrado por estímulo dos

vasos linfáticos das válvulas e renovação das células de defesa.14 Porém, resultados

mais significativos não são observados em virtude de serem utilizados diferentes

métodos de DLM em cada estudo.8

Desde 1892 há descrições do uso da DLM. Essa técnica foi

apresentada por Winiwarter sendo, posteriormente, aprimorada por Vodder (1932-

1960); o nome de terapia física complexa (TFC) foi introduzido por Foldie.

Atualmente, três principais escolas são utilizadas como referência: Vodder, Leduc e

Foldie. Apesar de serem diferentes as técnicas de drenagem, os aspectos de

administração das três escolas são comuns; entre eles podemos elencar o período

de aplicação da técnica de 45/60 minutos uma vez ao dia, com periodicidade

semanal de 4 a 5 vezes, bem como a extensão do tratamento de 2 a 4 semanas.8

Para a execução adequada, é necessário ter conhecimento

anatômico dos gânglios linfáticos e suas interconexões. A DLM tem início no

pescoço e tronco, com evacuação das principais vias linfáticas, propiciando a

drenagem do membro. Já, a captação é executada de forma descendente na parte

afetada, facilitando-se o fluxo da linfa para as zonas íntegras.8 Em nosso serviço,

propomos que a perimetria seja executada no início e no final de cada sessão de

DLM, a fim de avaliar a resposta ao tratamento realizado. Recomendamos que a

DLM seja aplicada por aproximadamente 50 minutos, com frequência variável de até

5 vezes na semana, de acordo com o quadro clínico da paciente.

A DLM tem sido foco de diversos estudos. Martín et al.8 realizaram

um estudo com o intuito de analisar a importância desse recurso dentro da TFC, no

qual frisam que uma futura resposta positiva poderia sugerir a necessidade de

melhor treinamento dos profissionais envolvidos. Devoogdt et al.11 não conseguiram

encontrar relação entre a DLM e a prevenção do linfedema em sua pesquisa.

Entretanto, Lacomba et al.6 demonstraram o efeito preventivo da DLM ao

compararem dois grupos: um deles recebeu apenas orientações preventivas,

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enquanto o outro obteve as orientações preventivas associadas à DLM e exercícios

terapêuticos. Isto reforça um dado levantado por Tambour et al.,17 que relatam não

terem sido encontradas, em sua revisão, evidências científicas consistentes do

benefício no uso isolado da DLM. Diferentes pesquisas corroboram o conceito de

associação entre as técnicas no alcance de maiores benefícios. 6,10,11,40,45,47,48

2.2.1.1.2. TFC – Terapia Compressiva

Uma técnica comumente associada à DLM é a terapia compressiva.

Martín e colaboradores8 analisaram estudos que mostram uma redução efetiva de

volume, associando-se a DLM com o uso da malha compressiva. Essa técnica é

recomendada para impedir o acúmulo de líquido no membro comprometido,4,44

devendo ser diário e constante seu uso; a paciente pode retirá-la somente enquanto

dorme.40 Essa prática contribui substancialmente para a estabilização do volume do

membro e é admitida como recurso na fase de manutenção.4,8,9 O efeito da DLM

pode, dessa forma, ser prorrogado com o uso da malha compressiva, que é utilizada

em nossa rotina de atendimento como um importante recurso na fase de

manutenção.

A terapia compressiva ainda conta com o enfaixamento compressivo

que pode ser associado à cinesioterapia.8,40 Este recurso atua modificando a

dinâmica capilar, venosa, linfática e tissular, o que promove o aumento da pressão

intersticial e da eficácia do bombeamento muscular.14 Estudo de Forner-Cordero et

al.7 mostra importante participação do enfaixamento compressivo na redução do

volume excessivo do membro. Na Clínica de Fisioterapia da UNOPAR, este recurso

é indicado em associação com exercícios terapêuticos durante a sessão de

fisioterapia por aproximadamente 50 minutos.

Forner-Cordero et al.7 alcançaram em seu estudo resultados

satisfatórios no uso da terapia compressiva, destacando essa terapia como

importante fator preditivo da resposta à TFC. Em revisão sistemática, elaborada por

Hayes et al,4 é evidenciado que tratamentos que buscam a redução do membro,

como a DLM e a compressão pneumática, associados à terapia compressiva, podem

ter maiores resultados.

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2.2.1.1.3. TFC – Exercício físico

Ainda, com relação à TFC temos o exercício físico. Este recurso

mostra importante desempenho na prevenção e controle do câncer de mama, bem

como no gerenciamento das complicações relacionadas a essa doença ou ao seu

tratamento.51 Essa conduta é um dos componentes da TFC no linfedema e, segundo

estudos, mostra-se segura e benéfica.10,17,40

Na paciente com câncer, a prescrição de exercício físico deve ser

individualizada, atentando-se para as características de cada paciente. Para

prescrever um programa seguro e eficaz a uma paciente em tratamento ou pós-

tratamento do câncer, o terapeuta deve conhecer os procedimentos oncológicos

efetuados e suas complicações. É necessário haver uma contextualização que

envolva o nível de condicionamento anterior à doença e ao quadro clínico atual, pois

esses fatores podem interferir positiva ou negativamente na tolerância ao

exercício.50

Ensaios clínicos analisados no consenso do American College of

Sports Medicine50 (ACMS) demonstram que são seguros o exercício físico aeróbico

e o de resistência praticados com essas pacientes, visto suas execuções não

contribuírem para o aparecimento ou agravamento do linfedema.3,4,43,50, Os

exercícios devem ter progressão lenta e serem associados ao uso de terapia

compressiva para haver maior segurança.42,50 De acordo com esse estudo, as

pacientes com câncer de mama, em tratamento ou pós-tratamento, podem

beneficiar-se da prática regular de exercícios aeróbicos, treino de resistência e

flexibilidade.50

Entre as justificativas para o efeito de melhora e prevenção do

exercício resistido sobre o linfedema, Gautam et al.10 citam a melhora do fluxo

linfático e ressaltam a importância da respiração durante o exercício, a qual promove

modificação da pressão no interior da cavidade torácica e abdominal, auxiliando na

drenagem dos vasos linfáticos. Ressaltam, ainda, o exercício de flexibilidade como

fator de redução da obstrução linfática, por meio da redução de contraturas dos

tecidos moles.

Outros estudos afirmam que a melhora na movimentação e

drenagem da linfa, pelo exercício, aprimora o uso funcional do MS.14,43 Pesquisas

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destacam que a redução do linfedema é alcançada por meio da compressão

promovida pela contração muscular nos vasos coletores,14,42 assim como pela

redução da linfoestagnação e hipomobilidade dos tecidos moles, corroborando os

achados de Gautam et al.10

Em sua análise, Hayes et al.4 não só confirmaram que o exercício

não exacerba o linfedema existente, mas também relacionam o baixo nível de

atividade física com o aumento do risco de desenvolvimento do linfedema. A mesma

pesquisa mostra efeitos positivos do exercício sobre a morbidade estudada, com

melhora dos sintomas associados e contenção do agravamento do quadro, o que

reforça a prática regular de exercício físico.

Estudo realizado por Smoot et al.39 comparou pacientes com e sem

linfedema, encontrando, naquelas com morbidade presente, declínio da atividade

física e menor aptidão cardiorrespiratória, situação que demonstra a importância do

exercício físico aeróbico praticado regularmente por essa população.39 Diferentes

autores concordam que o exercício físico se mostra benéfico na prevenção e no

controle do linfedema,3,4,6,10,14,39,40,42,43 mas ainda não há consonância entre os

estudos quanto à proposta específica da frequência, intensidade, volume,

progressão e tempo na intervenção no linfedema.

O ACMS,50 analisando estudos em pacientes com câncer de mama

de forma geral, recomenda treino aeróbico semanal, por 150 minutos com

intensidade moderada, ou por 75 minutos de intensidade vigorosa ou, ainda, a

combinação das duas. Já, para o treino resistido, recomendam-se de duas a três

sessões semanais que incluam os principais grupos musculares. Esse treino deve

ser supervisionado, por pelo menos 16 sessões, com baixa resistência e progressão,

atentando-se para qualquer sintoma no MS; dependendo do sintoma, reduz-se a

resistência ou interrompe-se o exercício. Para os exercícios de flexibilidade, a

orientação é alongar os principais músculos e tendões, em concomitância com os

outros exercícios.

Trabalhos, como os de Sagen et al,3 Lacomba et al.,6 Tambour et

al.,17 Kilbreath et al.43 desenvolveram protocolos de exercício físico voltados para

paciente com linfedema no intuito de determinar a melhor modalidade a ser

praticada, bem como a sua dose, mas ainda não existe um protocolo unificado.

Contudo, avanços já foram obtidos por meio das pesquisas que se propuseram a

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avaliar ou descrever a repercussão do exercício proposto para o quadro do

linfedema.6,10,11,40,45,47,48 Hoje, graças às pesquisas desenvolvidas, é sabido que o

exercício físico não contribui para o surgimento e agravamento do linfedema, ao

contrário, são comprovados os mecanismos e os benefícios alcançados.3,4,45,50

O Guia de Prática Clínica traz imagens com algumas propostas de

exercícios terapêuticos promovidos em nosso serviço como parte da TFC.

Priorizamos a prática do exercício terapêutico resistido, com foco nos músculos da

cintura escapular e MS, incentivando a elevação do MS. Preconizamos a baixa

resistência e progressão, com frequência de até 3 vezes na semana. A intensidade,

o número de repetições, as séries e intervalo são adaptados ao quadro clínico de

cada paciente. Cada sessão tem duração de aproximadamente 45 minutos.

2.2.1.1.4. TFC – Cuidados com o membro/pele

Por fim, como parte da TFC, são utilizados cuidados com o

membro/pele na busca da prevenção e estabilização do linfedema.11,17,40,45 Na rotina

de atendimento da Clínica da UNOPAR, as pacientes são constantemente

orientadas a seguir as recomendações descritas por Devoogdt et al.11 Em sua

intervenção, forneceram às pacientes um guia com seguintes informações: elevar o

membro em caso de sensação de aumento no seu peso; usar luva de compressão;

ter cuidado com o membro/pele; evitar levantar objetos pesados, evitar realizar

movimentos repetitivos, evitar estrangular o membro (roupas apertadas), evitar

expor-se a extremos de temperatura ambiente e evitar elevar o peso corporal; e, por

fim, utilizar o membro da forma mais natural possível. Os cuidados com o membro

objetivam não sobrecarregar o sistema linfático, a fim de prevenir o aumento de

volume da parte comprometida.6

As estratégias de educação foram utilizadas por Lacomba et al.6 em

sua intervenção. Eles utilizaram material impresso, com informações sobre o sistema

linfático, conceitos de carga normal e sobrecarga, fatores de risco do linfedema

secundário, assim como as recomendações de cuidados acima descritas. Essa

pesquisa mostrou que o tratamento fisioterapêutico associado às estratégias de

educação teve maior eficácia na prevenção e redução do linfedema quando

comparado ao uso isolado das estratégias. Esse estudo não indica o uso isolado

desse recurso e salienta que a utilização dele pode ser mais bem explorada quando

há associação com outras técnicas.

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2.2.1.2. Hidroterapia

Este recurso é oferecido às pacientes em atendimento na Clínica de

Fisioterapia da UNOPAR. O tratamento que envolve a hidroterapia promove

exercícios terapêuticos na água com o objetivo de reduzir o linfedema.27,40,45 Trata-

se de um recurso fundamentado nos efeitos proporcionados pela pressão

hidrostática, como o relaxamento muscular, o aumento da amplitude de movimento e

melhora da circulação sanguínea, o que reduz a tendência dos líquidos se

depositarem nas extremidades. A drenagem é promovida de maneira uniforme, uma

vez que, segundo a Lei de Pascal, a pressão da água é exercida igualmente sobre

todas as áreas de um corpo imerso. 27,41

Tidhar e Katz-Leurer45 utilizaram, em sua pesquisa, a hidroterapia no

tratamento do linfedema leve e moderado. Eles afirmam que essa terapia busca

manter e, até mesmo, melhorar o volume alcançado na primeira fase de tratamento

da TFC. Para isso, utilizam-se das propriedades físicas da água, que oferece maior

resistência aos movimentos do corpo. Também o aumento da profundidade

proporciona maior pressão hidrostática e, consequentemente, oferece pressões

alternadas sobre a pele, melhorando o bombeamento do sistema linfático.41

Pesquisa desenvolvida por Carvalho e Azevedo27 comparou o

tratamento fisioterapêutico aquático com o convencional, utilizando a perimetria para

avaliar a redução do membro. Em seus resultados encontraram redução do

linfedema com as duas intervenções; todavia, a redução alcançada pela fisioterapia

aquática foi mais expressiva. Esse estudo mostra importante vantagem: além de

conquistar redução significativa do membro, esta intervenção permite a

sociabilização entre as pacientes, porquanto que pode ser oferecida em grupo,

trazendo como aspectos positivos o bem-estar social e emocional.

Nesse serviço, utilizamos piscina coberta e aquecida com dimensão

de 12 m X 7 m, profundidade de 1,5 m e temperatura de 32°C a 34°C. As

intervenções propostas são fundamentadas no protocolo sugerido por Carvalho e

Azevedo.27 O Guia de Prática Clínica descreve o referido protocolo, acompanhado

de algumas imagens ilustrativas.

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2.2.1.3. Eletroterapia

Diante do amplo número de pesquisas voltadas ao linfedema de MS

secundário ao linfedema, poucos estudos direcionam seus esforços para a

eletroterapia.9,16 Em pesquisa de Belmonte et al.,9 essa terapia é relatada como

eficaz quando comparada à DLM, mostrando-se relevante tanto no manejo de

sintomas, como dor e sensação de peso, quanto na redução do volume do membro

afetado e melhor relação na qualidade de vida relacionada à saúde. Entretanto, os

autores salientam que maiores benefícios terapêuticos podem ser alcançados com a

combinação das técnicas terapêuticas.

A eletroestimulação de alta voltagem (EEAV) pode ser indicada para

aumentar o fluxo sanguíneo venoso e absorção do edema. Essa indicação é

fundamentada na premissa que relaciona a contração e relaxamento muscular,

provocados pela corrente, com o aumento do fluxo venoso e linfático. Os parâmetros

de estimulação, como a duração de pulso, a frequência, a amplitude da corrente e o

tempo não são abordados pelo estudo analisado.14

Já, um estudo de Barros, et al.,51 encontrou eficácia na aplicação da

EEAV, quando associada a exercícios terapêuticos, automassagem, e autocuidado.

Em sua pesquisa, foram executadas 14 aplicações de EEAV, duas vezes por

semana, por 20 minutos. Os parâmetros utilizados foram: técnica monopolar

(negativa); 50 Hz, on/off de 3:9 s, rise/decay 2:1 s; modo sincronizado; e limiar motor

com a maior intensidade suportada pela paciente. Os eletrodos de silicone (5x3 cm)

foram posicionados sobre o membro superior (face anterior do antebraço e braço) e

o eletrodo dispersivo (10x18 cm), posicionado em nível da escápula homolateral. Os

resultados positivos alcançados foram justificados na associação das técnicas.

Outra possibilidade de conduta da eletroterapia é o laser de baixa

frequência. Essa conduta busca aumentar o fluxo da linfa e reduzir a quantidade de

proteína no fluido intersticial, melhorando a funcionalidade do membro. Seus efeitos

estão relacionados com a diminuição da síntese de prostaglandinas e repercutem na

inflamação e edema locais. Há descrição de aumento do diâmetro e contratilidade do

vaso linfático e também promoção da regeneração desses vasos além da

estimulação da atividade fagocitária.14,16

Estudo de Kozanoglu et al.16 buscou demonstrar a eficácia do laser

de baixa frequência em paciente com linfedema secundário ao câncer de mama;

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para isso realizou, em 4 semanas, 12 sessões de atendimento. O protocolo era

composto por laser de As Ga (Arseneto de gálio) (2800 Hz, 1,5 J/cm2), que foi

administrado 3 vezes por semana, com 20 minutos em cada sessão em 3 pontos da

fossa antecubital e em 7 pontos da axila. A esse protocolo recomendou-se associar

exercícios com o membro e cuidados com a pele. Os resultados mostraram-se

positivos na redução da circunferência do membro e da dor. A eletroterapia,

atualmente, não faz parte da rotina de atendimento do nosso serviço, mas pode ser

considerada em situações futuras, respeitando-se a demanda da paciente

correlacionada às evidências científicas.

2.2.1.4. Terapia de compressão pneumática

A terapia de compressão pneumática propicia a mobilização do

fluido retido no interstício para o sistema linfático por meio da mudança no gradiente

de pressão.16 A literatura traz o emprego da terapia de compressão pneumática,

mas Harris et al.,40 em seu guia de prática clínica, citam apenas um estudo

randomizado no qual foram constatados benefícios com o uso dessa técnica, que se

mostrou eficaz na ausência de outro tratamento. Belmonte et al.9 confirmam, em

estudo analisado, que a compressão pneumática, isolada, alcançou 25% de

diminuição de volume do membro, percentual inferior ao obtido com outras terapias.

Kozanoglu et al.16 encontraram estudos nos quais constataram

redução do volume do membro com essa proposta terapêutica, principalmente

quando associada a outras técnicas terapêuticas, como a TFC. Um desses estudos

foi o de Szuba et al., que utilizou a TFC associada à compressão pneumática,

aplicada, diariamente, por 30 minutos com 40-50 mmHg, com resultados benéficos

na redução do volume do membro.

Na sua pesquisa, Kozanoglu et al.16 utilizaram um protocolo com 20

sessões, por 4 semanas, recorrendo apenas à terapia de compressão pneumática

intermitente. O protocolo contou com terapias de 2 horas de duração, em que se

utilizaram 60 mmHg de pressão. Como conclusão, essa pesquisa relatou que a

terapia de compressão pneumática auxiliou na redução do linfedema, mas seu efeito

não perdurou. Essa técnica ainda necessita de maiores pesquisas que evidenciem

sua qualidade.40

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Na Clínica de Fisioterapia da UNOPAR recorremos a compressão

pneumática quando as demais técnicas descritas não surtem o efeito esperado, a

redução da perimetria. O aparelho utilizado em nosso serviço executa pressão

intermitente, dividido em três câmaras. A pressão inicia na câmara distal, prossegue

na intermédia e finaliza na proximal; o tempo de compressão é de 180 segundos,

sendo 60 segundos em cada câmara, e exaustão completa de 60 segundos. A

terapia é realizada por 30 minutos, com pressão de 40-60 mmHg, e a frequência de

uso segue o padrão da DLM.

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3. DESENVOLVIMENTO

3.1. METODOLOGIA DA PRODUÇÃO TÉCNICA

Esta produção técnica teve o propósito de elaborar um livro, em

formato eletrônico, intitulado “Guia de Prática Clínica”, para proporcionar um fácil

acesso aos principais tratamentos fisioterapêuticos direcionados ao linfedema de

membro superior secundário ao câncer de mama. O público-alvo são os alunos do

curso de Fisioterapia da UNOPAR. Com o “Guia de Prática Clínica” visamos fornecer

um material de apoio didático, e, assim, aprimorar o processo de ensino

aprendizagem a fim de propiciar maior qualidade ao tratamento ofertado às

pacientes.

A produção do material científico foi direcionada por uma atualização

da literatura, em uma pesquisa de caráter descritivo, apoiada em um levantamento

bibliográfico realizado nas bases de dados Bireme, PubMed, PEDro e servindo-se de

descritores conjugados (DeCS): Fisioterapia (Physical Therapy), linfedema

(lymphedema) e neoplasias da mama (breast neoplasms). Identificamos 428

publicações, das quais selecionamos os estudos provenientes de revistas científicas

indexadas e de estudos de agências governamentais nacionais e internacionais

publicados a partir de 2002, em português e inglês. Na análise inicial valemo-nos

dos resumos disponíveis, selecionando aqueles que se enquadravam nos seguintes

critérios de inclusão, isto é, que fossem:

Estudos com mulheres diagnosticadas com câncer de mama

que apresentam linfedema secundário ou risco de desenvolvimento da morbidade;

Estudos em que o tratamento do linfedema se baseasse em

técnicas fisioterapêuticas e/ou exercício físico terapêutico.

Dessa forma, selecionamos 33 estudos cujo teor foi, posteriormente,

objeto de análise baseada em seu conteúdo. Analisamos também as referências

bibliográficas dos artigos selecionados, incluindo outras publicações relevantes que

abordavam o tema e contribuíam para a construção deste trabalho.

A análise das publicações selecionadas serviu como base para a

construção de um livro eletrônico, denominado “Guia de Prática Clínica: Fisioterapia

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para redução do linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama”.

Este livro foi dividido em quatro capítulos, distribuídos em 61 páginas.

Construímos os três primeiros capítulos com dados bibliográficos

levantados em materiais de outras publicações consideradas relevantes para a

exploração do tema. Com texto explicativo e imagens ilustrativas, o primeiro capítulo

apresenta uma revisão anatômica da mama e do sistema linfático, destacando a

importância da compreensão deste conteúdo para a adequada avaliação e

intervenção terapêutica; o segundo capítulo apresenta o câncer de mama,

enfatizando as características relevantes do tratamento; o terceiro capítulo, por sua

vez, introduz a aplicação da fisioterapia no tratamento do câncer de mama com as

principais técnicas e recursos utilizados nesta prática. As ilustrações existentes

nesta parte do material obtivemo-las em banco de imagens ou em outros materiais

publicados, com a devida citação da fonte.

O quarto capítulo foi construído com as informações obtidas no

levantamento bibliográfico realizado. Secundado por essas informações,

descrevemos os tratamentos fisioterapêuticos baseados em evidências científicas

comprovadas e expomos a rotina de atendimento preconizada no ambulatório da

Clínica de Fisioterapia da UNOPAR. Este capítulo traz um texto explicativo, ilustrado

com imagens fotográficas, que retratam a execução da técnica de avaliação e

tratamentos propostos.

As imagens fotográficas foram obtidas de uma paciente, com

diagnóstico de linfedema em membro superior esquerdo, atendida no ambulatório de

Fisioterapia da UNOPAR, que atendia aos seguintes critérios: ter diagnóstico de

linfedema de membro superior decorrente do câncer de mama; apresentar linfedema

de membro superior clinicamente aparente; ser atendida no ambulatório de

Fisioterapia da UNOPAR. A paciente foi convidada e, havendo recebido informações

quanto à proposta de trabalho, aceitou participar de forma voluntária, assinando o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Obtenção e Utilização de Imagem

(Apêndice C). A produção das imagens foi executada por técnico competente, em

ambiente preparado e com equipamento profissional.

Todo material do guia prático, inclusive os textos e as imagens, foi

encaminhado para um diagramador para execução do projeto gráfico, com

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desenvolvimento do layout, tratamento de imagens e distribuição dos elementos

gráficos, para adaptação do texto e imagens à programação visual.

O material foi diagramado no programa Adobe InDesign, na

plataforma Windows. O formato escolhido para o livro eletrônico foi de 768 x 1024

pixels, pela sua proporcionalidade retangular que se encaixa nos incontáveis

formatos de telas existentes. Por se apresentar de forma exclusivamente digital, foi

possível utilizar o padrão de cores RGB (sistema de cores aditivas em vermelho,

verde e azul), o que permite melhor qualidade de imagem. As imagens foram

manipuladas no Adobe Photoshop, programa específico para tratamentos e

correções de cores para fotos e imagens. O Adobe PDF, Adobe InDesign e Adobe

Photoshop são produtos da Adobe Systems.

Este livro eletrônico foi desenvolvido para possibilitar a leitura nos

diversos gadget's (dispositivos eletrônicos portáteis), principalmente tablets e

smatphones, além de computadores e laptops. Foi utilizado o formato PDF (Portable

Document Format) para sua versão final, que é um modelo de arquivo amplamente

difundido e recomendado por possuir “código fonte aberto”, manter a qualidade de

textos e imagens fiéis e produzir um arquivo com tamanho reduzido, o que facilita

seu armazenamento e acesso. Este arquivo é aceito em quase todas as plataformas

e sistemas operacionais existentes, o que maximiza a compatibilidade e difusão do

produto.

A proposta básica do “Guia de Prática Clínica: Fisioterapia para

redução do linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama’’ é que

ele seja utilizado como material de apoio didático pelos alunos do curso de

graduação em Fisioterapia da UNOPAR, os quais se preparam para o

desenvolvimento do estágio supervisionado nesta área de atuação. A distribuição do

livro eletrônico ao público-alvo poderá ser feita por meio do Portal do Aluno, uma

ferramenta online já utilizada pela instituição. O Portal do Aluno é uma área restrita

aos alunos e docentes da instituição que, entre outros recursos, disponibiliza

materiais didáticos e de apoio para o desenvolvimento das disciplinas acadêmicas

buscando facilitar a interação entre os alunos e docentes.

O livro será identificado com o ISBN (International Standard Book

Number), que será solicitado à Agencia Brasileira do ISBN, e sua ficha catalográfica

será solicitada junto à biblioteca da instituição, após aprovação do material na

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apresentação e defesa pública do Trabalho de Conclusão Final do Curso – TCFC,

do Programa de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde.

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4. CONCLUSÃO

O corpo de evidências científicas disponíveis perimitiu uma rica

compilação e descrição das principais recomendações fisioterapêuticas no

tratamento do linfedema de membro superior secundário ao câncer de mama. Este

conteúdo, agregado à rotina de atendimento da Clínica de Fisioterapia da UNOPAR

direcionada às pacientes com esta morbidade, propiciou um amplo material para

construção do “Guia de Prática Clínica“. O Guia destaca os aspectos relevantes

relacionados ao conhecimento teórico e prático necessários à abordagem da

paciente com linfedema relacionado com o câncer de mama.

A pesquisa deste trabalho permitiu verificar que a Fisioterapia e seus

recursos, como o exercício físico, se demosntraram importantes colaboradores no

tratamento da paciente com linfedema de membro superior, contribuindo para

promoção à saúde e para o processo de reabilitação da paciente.

Este ‘’Guia de Prática Clínica’’ pretende, futuramente, ser utilizado

como material de apoio didático, e assim, ser mais uma contribuição para a

formação profissional dos alunos do curso de Fisioterapia da UNOPAR. A adequada

formação acadêmica resulta na maior efetividade da atenção prestada à paciente e

contribui para o processo de reabilitação que, associado à inclusão de ações de

prevenção e promoção à saúde, pode resultar na melhor qualidade de vida. Além

disso, a utilização do guia prático pode ajudar o aluno a compreender e executar, de

forma mais fidedigna, os recursos e técnicas aplicáveis, com maior segurança para a

paciente e o terapeuta.

Este produto, como material didático, pode apresentar possíveis

limitações ainda não detectadas, uma vez que se trata de um material inédito na

Clínica de Fisioterapia desta instituição. Após um período, durante o qual este guia

tiver sido posto em prática, poder-se-á fazer uma avaliação para aferir suas

potencialidades e limitações como ferramenta de ensino.

Dessa forma, o desenvolvimento de novos materiais neste formato,

que abordem outros conteúdos relevantes para a formação acadêmica e contribuam

com o processo de ensino aprendizagem, deve ser considerado para trabalhos

futuros. Esses materiais podem contribuir para a qualificação profissional dentro e

fora da instituição e para a divulgação de evidências científicas, recursos e técnicas

de tratamento, reduzindo a distância entre a pesquisa e a prática clínica.

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4.1. PRODUÇÃO TÉCNICA

Livro Eletrônico:

Guia de Prática Clínica: Fisioterapia para redução do linfedema de membro superior secundário ao câncer de

mama

CD-ROM

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APÊNDICE A – Trabalho Apresentado em Evento Científico

Beraldo FKS, de Oliveira RF. Prática clínica em fisioterapia no câncer de mama. 1° Congresso Brasileiro de Promoção da Saúde. Paraná, Brasil: UniCesumar. 2014.

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APÊNDICE B – Artigo Científico

(Submetido ao periódico Fisioterapia & Pesquisa)

FISIOTERAPIA PARA REDUÇÃO DO LINFEDEMA SECUNDÁRIO AO CÂNCER

DE MAMA: ATUALIZAÇÃO DA LITERATURA Physical Therapy for the reduction of the secondary upper limbs lymphedema to breast

cancer: an update

Fisioterapia para redução do linfedema

Fernanda Kelly Sereniski BeraldoI; Rodrigo Franco de OliveiraI IPrograma de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde –

Universidade Norte do Paraná – UNOPAR – Londrina (PR), Brasil.

Estudo desenvolvido no Centro de Ciências da Saúde, Programa de Mestrado Profissional em

Exercício Físico na Promoção da Saúde – Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) –

Londrina (PR), Brasil.

Endereço para correspondência:

Fernanda Kelly Sereniski Beraldo

Departamento de Fisioterapia – UNOPAR

Av. Paris, 675 - CEP 86041-120 – Cx. P. 401

Londrina (PR), Brasil

E-mail: [email protected]

Fonte de financiamento: nenhuma.

Conflito de interesses: nada a declarar.

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RESUMO

Os avanços na detecção e tratamento do câncer de mama permitiram um maior número de

sobreviventes; os principais tratamentos dessa doença, porém, continuam a resultar em

morbidades, sendo a mais comum o linfedema de membro superior. A fisioterapia contribui

para seu tratamento com diferentes técnicas como a terapia física complexa (TFC), a

hidroterapia, a eletroterapia e a terapia de compressão pneumática. O objetivo deste trabalho

foi reunir as principais recomendações fisioterapêuticas disponíveis na busca do melhor

tratamento à paciente. O método consistiu na atualização da literatura, mediante um

levantamento bibliográfico nas bases de dados Bireme, PubMed, PEDro, e para isso utilizou

em conjunto os descritores (DeCS): Fisioterapia (Physical Therapy), linfedema (lymphedema)

e neoplasias da mama (breast neoplasms), no período de 2009 a 2014, na busca de tratamento

do linfedema por meio de técnicas fisioterapêuticas e/ou exercício físico terapêutico. Foram

selecionados 23 artigos que abordavam o tratamento do linfedema secundário ao câncer de

mama recorrendo a revisões e/ou ensaios clínicos randomizados. O resultado da pesquisa

demonstrou que a combinação dos recursos detém melhores resultados que o seu uso isolado.

Outro desfecho é a evidente necessidade de pesquisas voltadas a definir, com maior clareza, a

execução da técnica, assim como a frequência, a intensidade, o volume, a progressão e o

tempo das propostas terapêuticas levantadas, ficando assim a sugestão para futuros trabalhos.

Descritores:. Linfedema. Fisioterapia. Exercício Físico. Neoplasias da mama. Reabilitação.

ABSTRACT

The advance in the detection and treatment of breast cancer have allowed a higher number of

survivors; the main treatment of this disease, however, is still resulting in morbidities, the

most common being the upper limb lymphedema. The physical therapy contributes for its

treatment with different techniques such as the complex physical therapy, the hydrotherapy,

the electrotherapy, and the pneumatic compression therapy. The objective of this paper was to

gathered the main available physical therapeutic recommendation for the best treatment to the

patient. The method consisted in literature update, regarding bibliographic research of

Bireme, PubMed, PEDro database, and for this it was also researched a group of descriptors

(DeCS): Physical Therapy, lymphedema and breast neoplasm, during the years 2009 to 2014,

in the search for the lymphedema treatment through physical therapy techniques, and/or

therapeutic physical exercise. 23 articles, which approached the secondary lymphedema

treatment to breast cancer checking reviews and /or random clinic assay, were selected. The

result of the research showed that the combination of resources achieves better results than an

isolated use. Another conclusion is the obvious necessity of researches regarding defining,

more clearly, the execution of the technique, as well as the frequency, intensity, volume,

progression and the time of the therapeutic proposals found, remaining a suggestion for future

work.

Keywords: Lymphedema. Physical Therapy. Exercise. Breast Neoplasms. Rehabilitation.

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1. INTRODUÇÃO

As intervenções clínicas oncológicas contra o câncer (CA) de mama

ocasionam o desenvolvimento de complicações proporcionais à extensão dos tratamentos

realizados.1 A principal complicação é o linfedema do membro superior (MS) homolateral ao

CA, consequente à destruição dos canais de drenagem axilar, em razão das condutas

terapêuticas no enfrentamento do CA, como a dissecção dos nódulos linfáticos axilares, à

extensão da cirurgia da mama, à radioterapia2-8 ou ainda a sua disseminação locorregional.9-11

O linfedema pós-tratamento do CA de mama é um estado crônico,

classificado como secundário, que se manifesta pelo aumento do volume do membro

acometido, resultante da disfunção do sistema linfático.3,5,6,7,12,13 O linfedema requer cuidados

constantes e10,14 sua progressão pode causar morbidade física, funcional, psicológica e social,

com baixa qualidade de vida.3,6,7,11,15

Na literatura, a incidência do linfedema secundário ao CA de mama varia,

de acordo com cada pesquisa, entre 6% e 80%.9 A falta de critérios pré-estabelecidos para

diagnóstico e avaliação dificulta a existência da consonância dos estudos.7,9,14 Outros fatores

que contribuem para a disparidade dos índices são o tempo pós-cirúrgico em que o linfedema

é mensurado e a diversidade da população analisada em cada estudo.4,5,9,16

A fisioterapia tem papel importante no tratamento do linfedema. Lacomba et

al.,8 em sua pesquisa, consolidam o papel da fisioterapia na conscientização, prevenção,

diagnóstico precoce e tratamento do linfedema. Esse estudo mostra que a fisioterapia precoce

pode ajudar a prevenir e reduzir este quadro. Entretanto, afirmam que ainda é necessário um

maior número de pesquisas para aprimorar esse dado,8 tornando os protocolos mais claros

com relação à dose e modalidade de tratamento.5

Diferentes estudos indicam como padrão-ouro para o tratamento dessa

morbidade, a terapia física complexa.5,7,13,15,17-19 Contudo, outros recursos também são

recomendados, como a hidroterapia,12,20 a eletroterapia e a terapia de compressão

pneumática.3,11,17 Os problemas enfrentados pelas pacientes aumentam a necessidade da

utilização de técnicas específicas, no intuito de minimizar os efeitos colaterais pós-tratamento,

manter a funcionalidade e melhorar sua qualidade de vida.11,14

O objetivo deste estudo é expor recomendações terapêuticas práticas,

disponíveis na literatura atual, que auxiliem o fisioterapeuta a oferecer o melhor tratamento

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possível para as pacientes com linfedema de MS secundário ao CA de mama e assim

contribuir para seu estado de saúde.

2. MÉTODO

A pesquisa teve caráter descritivo, baseada em levantamento bibliográfico,

com a finalidade de realizar uma atualização da literatura. Para a busca recorreu-se às bases

de dados Bireme, PubMed, PEDro, utilizando em conjunto os descritores: Fisioterapia

(Physical Therapy), linfedema (lymphedema) e neoplasias da mama (breast neoplasms).

Foram identificados, por dois autores, 232 publicações. Destes, foram selecionados estudos

provenientes de revistas científicas indexadas, publicados entre janeiro de 2009 e outubro de

2014, em português e inglês. Para a análise inicial, os dois autores, valeram-se dos resumos

disponíveis, selecionados de acordo com os seguintes critérios: estudos que fosse em

mulheres diagnosticadas com CA de mama que apresentam linfedema secundário ou risco de

desenvolvimento da morbidade; estudos nos quais o tratamento do linfedema se baseasse em

técnicas fisioterapêuticas e/ou exercício físico terapêutico.

Assim, foram selecionadas 23 publicações que, posteriormente, foram

analisadas com base em seu conteúdo. Além disso, foram averiguadas as referências

bibliográficas dos artigos selecionados, incluindo outras publicações relevantes que

abordavam o tema e contribuíam para a construção desta pesquisa.

3. RESULTADO

A pesquisa realizada permitiu encontrar 232 publicações, destas, 209 foram excluídas por não

cumprirem os critérios de inclusão. A tabela 1 reuni as 23 publicações selecionadas para este

estudo, por meio das bases de dados.

Tabela 1. Relação dos artigos.

Autor n Conduta utilizada Resultado

Belmonte R, et al.3 36 DLM; EEAV Sem diferença significante entre os

grupos.

Devoogdt N, et al.4 160 Guia sobre

prevenção do

linfedema; exercício

terapêutico; DLM

A associação das técnicas tem melhor

efeito sobre a redução do linfedema.

Martín ML, et al.5 58 TFC Espera prover informações sobre a

eficácia da DLM.

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Gautam AP, et al.6 32 Exercício Físico O programa obteve melhora no volume

do membro e na qualidade de vida das

pacientes.

Forner-Cordero I, et

al.7

171 TFC A terapia compressiva mostrou-se

importante preditor de resposta da

TFC.

Lacomba MT, et al.8 120 Fisioterapia precoce

com a TFC

A Fisioterapia precoce pode ser uma

terapia eficaz na prevenção do

linfedema.

Hayes SC, et al.9 194 Exercício físico O programa é seguro e eficaz no

tratamento da paciente pós tratamento

do CA de mama.

Leal NFB da S, et

al.10

RV TFC; Compressão

pneumática; EEAV;

laserterapia

A combinação das técnicas apresenta

melhor resultado no tratamento.

Kozanoglu E, et al.11 47 Compressão

pneumática;

laserterapia

Ambas as técnicas demonstraram

melhora após intervenção.

Carvalho APF,

Azevedo EMM.12

58 Fisioterapia aquática;

Fisioterapia

convencional

A Fisioterapia aquática é um método

eficaz para o tratamento.

Assis MR, et al.14 81 Aplicação de

questionário

O comprometimento do MS tem

impacto negativo no cotidiano e na

qualidade de vida das pacientes.

Tambour M, et al.15 160 TFC Pretende fornecer dados sobre um

tratamento eficaz

Smoot BJ, et al.16 141 Cirtometria;

bioimpedância.

A bioimpedância é apropriada para

avaliar o linfedema.

Harris SR, et al.17 RV Guias de prática

clínica

São necessárias mais pesquisas sobre

guias de prática clínica em lesões

musculoesquelética do MS e

linfedema.

Oremus M, et al.18 RV Tratamento ideal Não encontrou evidências do

tratamento mais eficaz.

Stout NL, et al.19 100 TFC; Fisioterapia

precoce

A intervenção precoce, com um

modelo de vigilância prospectiva é um

potencial mecanismo de economia.

Tidhar D, Katz-

Leurer M.20

48 Terapia aquática É um método seguro, com alta adesão,

com maior efeito imediato.

Kilbreast SL, et al.21 160 Programa de

exercício resistido

O treino de resistência não precipitou o

linfedema.

Barros VM e, et al.22 17 EEAV; exercícios

terapêuticos;

automassagem;

autocuidados

A associação das técnicas foi eficaz na

redução do linfedema.

Nascimento SL do, et

al.24

707 Cinesioterapia;

terapia manual; TFC

As estratégias de reabilitação se

mostraram favoráveis a recuperação

físicofuncional da paciente.

Box R.25 116 Restrição de

movimento por uma

semana pós-

operatório

A incidência de linfedema pode ser

reduzida com a restrição de amplitude

por uma semana no pós-operatório.

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Schmitz KH, et al.26 con

sen

so

O treino de exercício é seguro para

pacientes com CA mama.

Sagen A, et al.27 204 Exercício físico Os pacientes pós-tratamento do CA de

mama devem ser encorajados em

manter o exercício físico em sua

rotina, sem restrições ou medo de

desenvolver linfedema.

DLM – drenagem linfática manual; EEAV – eletroestimulação de alta voltagem; TFC –

terapia física complexa; CA - câncer; RV – revisão sistemática

4. DISCUSSÃO

Os artigos selecionados abordaram os principais tratamentos para o

linfedema, tais como terapia física complexa, hidroterapia, eletroterapia e terapia de

compressão pneumática. O linfedema foi abordado por todos os estudos analisados, seja como

foco destes seja como parte das morbidades de MS desenvolvidas após o tratamento do CA de

mama.

O linfedema é uma condição crônica resultante da disfunção do sistema

linfático.3,5-7,12,13 Este quadro pode ser deflagrado em qualquer momento e demanda cuidados

constantes.10,14 O diagnóstico precoce possibilita melhor controle do quadro, limitando as

complicações vinculadas ao linfedema e melhorando a resposta ao tratamento proposto.16 Os

estudos analisados descrevem no diagnóstico e avaliação, quatro técnicas para o exame de

volume do membro, as quais são: volumetria optoeletrônica, bioimpedância,6,9,16,17 volumetria

e perimetria, sendo as duas últimas técnicas as mais frequentes nos estudos

analisados.6,8,12,13,16,17,21

O levantamento bibliográfico verificou quatro principais propostas

terapêuticas para o linfedema secundário ao CA de mama; são eles: terapia física

complexa,5,7,13,15,17-19 hidroterapia,12,20 eletroterapia3,10,11,22 e terapia de compressão

pneumática.3,11,17 Os tratamentos citados visam reduzir a filtração capilar, melhorar a

drenagem do fluido extracelular, bem como prevenir ou minimizar o desenvolvimento de

complicações associadas ao linfedema.23 Grande parte dos estudos analisados por esta

pesquisa reitera que maiores benefícios são alcançados quando há associação entre

técnicas.4,6,8,17,20,24,25 A seguir, discutiremos as recomendações terapêuticas, fundamentadas

nos estudos explorados.

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4.1 Terapia Física Complexa (TFC)

O linfedema pode ser controlado por meio da terapia física complexa

(TFC),3 apontada como tratamento padrão-ouro por diferentes pesquisas analisadas. Nessa

intervenção conjugam-se as técnicas: drenagem linfática manual (DLM), terapia compressiva

(enfaixamento ou malha), exercício físico terapêutico e cuidados com a pele.5,7,10,15,17-19,24

Segundo Martín et al.5, esse tratamento é dividido em duas fases: na

primeira, o intuito é mobilizar o líquido acumulado, reduzir a fibrose e restabelecer a saúde da

pele. Nessa fase, a principal ferramenta é a DLM associada a instruções de cuidados com a

pele, medidas profiláticas e uso de terapia de enfaixamento compressivo. Já, a segunda fase é

concentrada na manutenção e controle do quadro conquistado na primeira, sendo os recursos

normalmente utilizados a malha compressiva, o exercício terapêutico e o controle de peso

corporal.

A DLM tem sido foco de diferentes estudos e seu principal objetivo é

estimular a reabsorção do líquido intersticial por meio do aumento do transporte da linfa do

membro afetado,3,4,8,10 e com isso reduzir seu volume.10,17 Devoogdt et al.4 não conseguiram

encontrar relação entre a DLM e a prevenção do linfedema em sua pesquisa. Entretanto,

Lacomba et al.8 em sua intervenção, foram capazes de observar a prevenção do linfedema nas

pacientes tratadas com DLM, com exercícios terapêuticos e orientações preventivas, o que

reforça dado levantado por Tambour et al.,15 os quais relatam que não há evidências

científicas consistentes quanto ao benefício obtido com o uso isolado da DLM. Diferentes

pesquisas corroboram o conceito de associação entre as técnicas para detenção de maiores

benefícios. 4,6,8,17,20,25

Atualmente, são três as principais escolas-referências na DLM: Vodder,

Leduc e Foldie. Apesar de serem diferentes as técnicas de drenagem, os aspectos de

administração das três escolas são comuns; entre eles podemos elencar o período de

aplicação, a periodicidade semanal, bem como a extensão do tratamento. A DLM tem início

com a evacuação dos principais gânglios linfáticos, seguida da captação que é executada na

parte afetada.5 Entre os efeitos da DLM constam dilatação dos canais tissulares, contribuição

para formação de neoanastomoses linfáticas, aumento do fluxo filtrado por estímulo dos vasos

linfáticos das válvulas e renovação das células de defesa.10

Uma técnica comumente associada à DLM é a terapia compressiva, que se

utiliza de luva (malha) ou enfaixamento como contribuição para a estabilização do volume do

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membro.3,5,9 Essa técnica é recomendada para impedir o acúmulo de líquido no membro

comprometido;9,19 O uso da luva deve ser constante, a paciente deve retirá-la somente

enquanto dorme, usando-a diariamente.17 Já o enfaixamento compressivo, pode ser associado

à cinesioterapia,5,17 que atua modificando a dinâmica capilar, venosa, linfática e tissular, o que

promove o aumento da pressão intersticial e a eficácia do bombeamento muscular.10 Estudo

de Forner-Cordero et al.7 destaca essa terapia como importante fator preditivo da resposta à

TFC. Em revisão elaborada por Hayes et al.,9 é evidenciado que tratamentos que buscam a

redução do membro, como a DLM e a compressão pneumática, podem ter melhores

resultados com a associação da terapia compressiva.

Um dos componentes da TFC é o exercício físico. Ensaios clínicos

analisados no consenso do American College of Sports Medicine26 (ACMS) demonstram que

são seguros o exercício físico aeróbico, o de flexibilidade e o de resistência praticados nas

pacientes em tratamento ou pós-tratamento do CA de mama, sendo comprovado que sua

execução não contribui para o aparecimento ou agravamento do linfedema.9,21,26,27 Este

documento traz ainda recomendações referentes a esses exercícios, orientando progressão

lenta e associação ao uso de terapia compressiva para maior segurança.18,26

Outros estudos afirmam que a melhora na movimentação e drenagem da

linfa, pelo exercício, aprimora o uso funcional do MS.10,21 Pesquisas destacam que a redução

do linfedema é alcançada mediante tanto a compressão promovida pela contração muscular

nos vasos coletores,10,18 como a redução da linfoestagnação e hipomobilidade dos tecidos

moles, corroborando os achados de Gautam et al.6 Esse estudo também mostra que o

exercício de flexibilidade é fator de redução da obstrução linfática, por meio da redução de

contraturas dos tecidos moles.

Trabalhos, como os de Lacomba et al.,8 Tambour et al.,15 Kilbreath et al.,21

Sagen et al.27 desenvolveram protocolos de exercício físico voltados para paciente com

linfedema no intuito de determinar a melhor modalidade a ser praticada, bem como a sua

dosagem,8,15,21,27 mas ainda não existe um protocolo unificado. Contudo, avanços já foram

conquistados em virtude das pesquisas que se propuseram a avaliar ou descrever a

repercussão do exercício proposto para o linfedema.4,6,8,17,20,25 Hoje, graças às pesquisas

desenvolvidas, é sabido que o exercício físico não provoca o surgimento ou agravamento do

linfedema, sendo comprovados seus mecanismos e benefícios.9,21,26,27

Por fim, como parte da TFC, recomendam-se cuidados com o membro/pele;

o objetivo deste recurso é evitar a sobrecarga do sistema linfático, a fim de prevenir o

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aumento de volume e estabilizar o linfedema.4,8,15,17,20 Devoogdt et al.,4 em sua intervenção,

forneceram às pacientes um guia descrito, que contém as seguintes informações: elevar o

membro em caso de sensação de aumento do peso; usar luva de compressão; ter cuidado com

o membro; evitar levantar objetos pesados, evitar realizar movimentos repetitivos, evitar

estrangular o membro, evitar expor-se a extremos de temperatura ambiente e evitar elevar o

peso corporal; e utilizar o membro da forma mais natural possível.4 Intervenção de Lacomba

et al.8 mostrou que o tratamento fisioterapêutico associado às estratégias de educação teve

maior eficácia na prevenção e redução do linfedema quando comparado ao uso isolado das

estratégias, assim não indicando seu uso isolado; ainda salienta que a utilização dele pode ser

mais bem explorada quando se conjugam as técnicas.

4.2 Hidroterapia

Além da TFC, a hidroterapia se mostra eficaz no manejo do linfedema. Este

recurso promove exercícios terapêuticos na água com o objetivo de reduzir o linfedema,12,20

sendo seus resultados fundamentados nos efeitos proporcionados pela pressão hidrostática

como o relaxamento muscular, o aumento da amplitude de movimento e melhora da

circulação sanguínea, o que tende a reduzir os líquidos que se depositam nas extremidades. A

drenagem é promovida de maneira uniforme, uma vez que, segundo a Lei de Pascal, a pressão

da água é exercida igualmente sobre todas as áreas de um corpo imerso.12

Tidhar e Katz-Leurer20 utilizaram, em sua pesquisa, a hidroterapia no

tratamento do linfedema leve e moderado. Eles afirmam que essa terapia busca manter e, até

mesmo melhorar, o volume alcançado na primeira fase de tratamento da TFC. Pesquisa

desenvolvida por Carvalho e Azevedo12 comparou o tratamento fisioterapêutico aquático com

o convencional, utilizando a perimetria para avaliar a redução do membro. Como resultado as

duas intervenções obtiveram redução do linfedema; todavia, a redução alcançada pela

fisioterapia aquática foi mais expressiva. Esse estudo levanta importante ponto: essa

intervenção também permite a sociabilização entre as pacientes, visto poder ser oferecida em

grupo, trazendo como aspectos positivos o bem-estar social e emocional.

4.3 Eletroterapia

A eletroterapia é descrita de duas formas nas estratégias de tratamento do

linfedema, a eletroestimulação de alta voltagem (EEAV) e o laser de baixa frequência. A

EEAV pode ser indicada para aumentar o fluxo venoso e linfático e promover a absorção do

edema por meio da contração e relaxamento muscular.10 Já, o laser de baixa frequência busca

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aumentar o fluxo da linfa e reduzir a quantidade de proteína do fluido intersticial, pela

diminuição da síntese de prostaglandinas, repercutindo na inflamação e edema locais. Há

descrição de aumento do diâmetro e contratilidade do vaso linfático e também promoção da

regeneração desses vasos além da estimulação da atividade fagocitária com o uso do laser.10,11

Belmonte et al.3 asseguram ser eficaz, quando comparada à DLM, e

relevante no manejo de sintomas, como dor e sensação de peso, bem como na redução do

volume do membro. No entanto, a combinação das técnicas pode alcançar maiores benefícios.

Resultados positivos foram alcançados por de Barros et al.22 com o uso da EEAV, associada a

exercícios terapêuticos, automassagem, e autocuidado, entretanto os resultados foram

justificados na associação das técnicas.

Estudo de Kozanoglu et al.11 buscou demonstrar a eficácia do laser de baixa

frequência em paciente com linfedema secundário ao CA de mama, para isso utilizou o laser

de As Ga (Arseneto de gálio) (2800 Hz, 1,5 J/cm2); ao protocolo recomendou-se associar

exercícios com o membro e cuidados com a pele. Os resultados mostraram-se positivos na

redução da circunferência do membro e da dor.

4.4 Terapia de Compressão Pneumática

Por fim, o linfedema ainda conta com a compressão pneumática. Este

recurso propicia a mobilização do fluido retido no interstício para o sistema linfático por meio

da mudança no gradiente de pressão.11 Este não é o recurso mais comumente empregado no

manejo do linfedema, pois apresenta eficácia inferior quando comparados aos demais

tratamentos.3,17

Em análise de Kozanoglu et al.11 encontrou-se redução do volume do

membro com essa terapêutica, principalmente quando associada a outras técnicas, como a

TFC. Como conclusão, relataram que esta terapia auxiliou na redução do linfedema, mas seu

efeito não perdurou.11 A técnica ainda necessita de maiores pesquisas que evidenciem sua

qualidade.17

O aperfeiçoamento das técnicas tende a repercutir na qualidade do

tratamento. Levando-se em consideração a importância do linfedema no ambiente clínico, a

compilação dos tratamentos disponíveis pode proporcionar melhor desempenho do terapeuta

no planejamento e execução do tratamento dessa morbidade, possibilitando assim melhor

resposta do paciente ao plano terapêutico.

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5. CONCLUSÃO

Esta atualização da literatura pôde verificar o emprego de quatro principais

recomendações terapêuticas: a terapia física complexa, a hidroterapia, a eletroterapia e a

terapia de compressão pneumática. Estas se mostraram efetivas no tratamento do linfedema

secundário ao CA de mama; contudo a combinação dos recursos se mostrou mais benéfica,

alcançando melhores resultados que o uso isolado das técnicas. Fundamentados no

levantamento bibliográfico realizado nos últimos seis anos, sugerimos que a prevenção e o

controle do linfedema sejam feitos com as terapias aqui elencadas combinadas.

Espera-se que esta atualização possa estimular a produção de mais pesquisas

que consigam definir, de forma clara e uniforme, as terapias aqui estudadas, detalhando com

maior riqueza suas execuções, frequências, intensidades, volumes, progressões bem como sua

duração, e, assim, propiciar melhores estratégias de tratamento ao fisioterapeuta que então

terá condições de oferecer o melhor tratamento possível para as pacientes com linfedema de

MS secundário ao CA de mama, contribuindo para seu estado de saúde.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Obtenção e

Utilização de Imagens

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Para Obtenção e Utilização de Imagens

Eu, ________________________________________________________________, RG n. _____________________, CPF n. ___________________________residente e domiciliada à _______________________________________ n. _______, complemento _________, Bairro ______________________________, na cidade de _________________________, por meio deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, consinto que a fisioterapeuta Fernanda Kelly Sereniski Beraldo tire fotografias, faça vídeos e outros tipos de imagens minhas, sobre o meu caso clínico, consentindo que essas imagens sejam utilizadas para finalidade didática e científica, divulgadas em aulas, palestras, conferências, cursos, congressos, e também publicadas em livros, livros digitais/eletrônicos, artigos científicos, portais de internet, revistas científicas e similares. Em específico, permito que essas imagens (fotos e vídeos) sejam utilizadas no produto final, de autoria da citada profissional, como consequência de sua conclusão no Programa de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, orientada pelo Prof. Dr. Rodrigo Franco de Oliveira.

Estou ciente e também consinto que meu rosto apareça nas imagens (fotos e vídeos) que estarão no referido material, o que pode fazer com que eu seja reconhecida.

Também autorizo expressamente a adequação das imagens (fotos e vídeos) ou qualquer tipo edição do material produzido, podendo ser feitos cortes, fixações, reproduções e/ou modificações necessárias ao contexto da obra, sem que isso signifique infração aos termos desta autorização e/ou violação aos direitos de personalidade.

Fui esclarecida de que não receberei nenhum ressarcimento ou pagamento pelo uso das minhas imagens e também compreendi que a fisioterapeuta Fernanda Kelly Sereniski Beraldo poderá ter ganhos financeiros futuros com a comercialização do citado produto.

Este consentimento pode ser revogado, sem qualquer ônus ou prejuízo à minha pessoa, a meu pedido ou solicitação, desde que ocorra antes do ato público de Defesa do Trabalho de Conclusão Final do Curso de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde e/ou publicação do citado produto.

A presente autorização opera-se em caráter gratuito e é válida por prazo indeterminado, limitada a eventual revogação, estendendo-se por todo território nacional, não havendo limitação quanto ao número de edições, reimpressões, tiragens, exemplares reproduzidos e/ou formas de distribuição do material e abrange, exclusivamente, o uso de imagens.

Londrina, _______ de _________________ de 2014. Assinatura ____________________________________