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Cecília Passarelli é como qualquer outra garota de 16 anos, tem uma vida estável, tinha apenas uma amiga, Alice, que fora brutal e inexplicavelmente assassinada. Após a morte de Alice, um turbilhão de emoções visitava Cecília a cada segundo. Foi então que o destino a fez conhecer Rafael, um jovem misteriosamente encantador. Apaixonada por literatura, temperaturas baixas e solidão, ela surpreende-se ao ver-se apaixonada por um garoto que acabara de conhecer. Depois dos últimos acontecimentos, Rafael servira de suporte para a garota fragilizada, mas ela mal podia esperar que, por trás de um belo rosto e de uma personalidade ímpar, Rafael escondesse segredos mais obscuros do que qualquer outro adolescente. Entre uma série de mortes, beijos e obras de arte, Cecília descobriria que seu novo amor é mais do que aparentava ser.

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A sétima vítima

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São Paulo – 2015

A sétima vítimaF e r n a n d o S o u z a e S i lv a

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Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa Jacilene Moraes

Diagramação Camila C. Morais

Revisão Raquel Sena

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________S58s

Silva, Fernando Souza e A sétima vítima/Fernando Souza e Silva. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0485-2

1. Literatura brasileira. I. Título.

15-26374 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3________________________________________________________________14/09/2015 15/09/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

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“Ache o que você ama e deixe isso te matar.”Charles Bukowski

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Agradecimentos

São tantas pessoas as quais eu devo imensurá-veis agradecimentos que, para facilitar, deci-di listá-las: Minha família por me dar todo o

apoio necessário em todas as horas, principalmente à mi-nha mãe, Ana Maria Souza e Silva. Nicolle Anizia Araujo, por fazer-me crer que tudo é possível e real. Thalyson Bar-ros, por insistir que eu persistisse em escrever este livro. Camila Carmo, pelas valiosíssimas correções e estímulos. Cristiane Magri, pelos ensinamentos anatômicos. Adriano Gambim Rocha, que me forneceu parte de seu conheci-mento sobre arte, de todos os tipos. Natália Taliberti, que, pelo seu apreço por investigações, rendeu-me informações essenciais para a concretização desta obra. Fernanda Sousa Rente, que, com sua curiosidade e conhecimentos sobre psicopatia, me incentivou a concretizar este livro. A todos esses e às outras coisas, meu muito obrigado.

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Capítulo 1

Quatro de setembro.

Terça-feira. Cecília Passarelli acordou às 6h30 para se arrumar e ir ao colégio. A sua primei-ra aula começa às 7h30, e a escola fica a dois

quarteirões de distância de sua casa, teria tempo suficiente para fazer tudo o que precisava. Ficou deitada na cama por mais 7 minutos, olhou em volta o seu quarto extremamen-te bagunçado e fitou a estante de livros, tão superlotada que os livros mais novos se amontoavam no pé da cama da garota. Diversas roupas espalhadas pelo chão, a mochila da escola estava jogada atrás da porta como se nunca mais fosse precisar dela. A janela do quarto refletia os pingos de chuva que caíam sem parar, fazendo com que se tornasse quase impossível ela se levantar para tomar banho.

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Levantou-se, andou, esquivando-se dos objetos no chão, olhou pela janela e viu que o tempo ainda estava nublado. Sorriu.

Ao sair do quarto, andou o corredor inteiro até che-gar ao banheiro. Cecília era filha única e seus pais traba-lhavam do outro lado da cidade, precisavam sair cedo de casa para não se atrasarem. Então, a partir das 6 horas, Cecília tinha a casa inteira só para ela. Morava em uma casa grande demais para três pessoas, chegava a ser assus-tadora às vezes e era difícil nos dias de faxina, seu quarto se encontrava no final de um imenso corredor no andar de cima, onde ficava um banheiro, um quarto de hóspe-des e uma sala que usavam para guardar qualquer coisa por falta de um porão ou sótão. Apesar de o papel de parede estar bem gasto e velho, a casa era muito bonita e estava sempre limpa, a não ser pelo quarto de Cecília, que sempre estava desorganizado.

No banheiro, a garota despiu-se sem pudor e nem sequer fechou a porta, pôs-se embaixo do chuveiro e dei-xou que a água fria caísse sobre sua cabeça e chegasse ao resto do corpo como um rio com um único fluxo perfeito e contínuo.

Cecília adorava tomar banhos, desde criança sem-pre fora das suas coisas favoritas, isso e ler. Sempre. Ler qualquer coisa que fosse possível. A garota saiu do banho e nem se deu ao trabalho de enxugar-se ou enrolar-se em uma toalha. Não era problema para ela, o frio a agradava, sempre o preferiu ao calor.

Enquanto andava até o seu quarto, o corpo e os cabelos molhados de Cecília deixavam um rastro perfumado pelo

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corredor. Ela nunca fora das mais populares e sempre achou que seu corpo e sua popularidade estavam relacionados.

Seu corpo era magro, mas não do tipo anoréxico, era bem torneado, com curvas, havia expressão, vida. A pela branca e os cabelos extremamente louros ornavam muito bem com o par de olhos verdes que carregava consigo. As gotas ainda caíam pelo chão da casa enquanto Cecília procurava uma roupa para vestir. Decidiu usar um vesti-do que ganhara da mãe no último aniversário, era florido, mas quase sem cor e isso a agradava. Quando foi pegar uma toalha para se secar, passou em frente ao seu guarda-roupa que tinha um espelho na porta, o reflexo chamou sua atenção e a fez voltar e olhar para si mesma por mui-to tempo, enquanto a água escorria continuamente. Os olhos arregalados fitavam de modo perturbador o corpo fosco. Tornou a realidade e foi vestir-se. O vestido lhe caíra muito bem, tinha a altura perfeita para usá-lo, era graciosa como uma menina, mas com um ar de mulher. Secou os cabelos e prendeu a franja com uma presilha preta para o lado esquerdo da cabeça. Pegou a mochila e dirigiu-se ao corredor novamente, passando pela sala de tevê, que tinha um sofá repleto de almofadas coloridas, desceu as escadas segurando a mão direita no corrimão de madeira, com passos acelerados e sincronizados. Foi até a cozinha e procurou alguma coisa para comer, pe-gou uma maçã e uma garrafa d’água. A dieta equilibrada sem pretensão fazia jus ao seu porte físico, que, mesmo sem ela saber, causava inveja em centenas de garotas que passavam por ela todos os dias. Cecília quase nunca usa-va maquiagem, ela não precisava de qualquer modo, era

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linda, tinha uma pele lisa como a de um recém-nascido. Os cílios avantajados e superpretos ornavam muito bem com os grandes olhos que remetiam à Twiggy.

Saiu de casa faltando 15 minutos para o último to-que do sinal que significava a última chance para os alu-nos atrasados chegarem.

Quando o último sinal tocou, Cecília já estava sen-tada na primeira fila de carteiras da sala de aula.

— Bom dia, Cecília — uma voz soou atrás dela. Era Alice, sua melhor amiga, aliás, sua única amiga.

— Bom dia, Alice.— Você viu que entrou um menino novo na escola?

A família dele se mudou para a minha rua. Disseram que ele vai ser da nossa turma e... Alice era a única pessoa para quem Cecília contava seus segredos e compartilhava suas dores. Tinha quase a mesma altura que ela, mas era morena e não tão magra. Tinha uma pinta na bochecha esquerda e pensava quase que 100% do seu tempo nela mesma ou em garotos que não davam a mínima para ela.

Enquanto ela fingia prestar atenção no que Alice fala-va, o professor de filosofia, Sr. Carlos, entrava na sala, quieto, como de costume, começou a aula sobre o existencialismo.

— O existencialismo foi uma corrente filosófica dos séculos XIX e XX, veio após a consolidação das filosofias que pregavam a racionalização das coisas e prega que o homem deve compreender o mundo como homem que é, sendo o único responsável por viver a vida da melhor maneira que puder — começou o professor.

Depois da escola, Cecília foi direto para casa, caminhou devagar pelas ruas ainda molhadas da chuva que se estendera

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por quase toda a manhã. Sem propósito algum, caminhou, vagou, pensou, imaginou, custou a chegar em casa.

Fazia apenas uma semana que ela voltara às aulas depois das férias, mas, como em todas as outras vezes, frio na barriga. Era como se fosse seu primeiro dia de aula em uma escola totalmente diferente e não tivesse nenhum amigo ainda, não que ela tivesse muitos amigos, só tinha um, na verdade, uma, Alice.

Quando Cecília chegara em casa, foi direto para seu quarto; quando ainda estava nas escadas o telefone come-çou a tocar e, com um grito de raiva mesclado com pre-guiça, ela acelerou o passo para conseguir atendê-lo.

— Alô? — Oi, Cecília! — Exclamara a voz do outro lado da

linha, era Alice, de novo.— Ah, é você. Fala. O que quer agora, Alice?— Calma, amiga, só quero bater um papo, estou

sem nada para fazer.— Certo. Sobre o que desta vez? — Perguntara Ce-

cília sem se interessar muito.Silêncio.— Alôôôô? Alice? Você ainda está aí?Sem resposta, Cecília perdeu a paciência e desligou

o telefone pensando que a amiga retornaria a ligação.Já passara das 17 horas e o acontecido fora por volta

de 13h30, e o pior: Alice não retornara sua ligação.Então Cecília decidiu ir até sua casa.Quando estava de saída, sua mãe chegou. Marina

era uma mulher de estatura média e parecia sempre estar feliz e de bem com a vida. Os olhos azuis pareciam escon-

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der muitas coisas que talvez Cecília jamais descobriria. O cabelo castanho cortado no estilo Chanel muito bem alinhado parecia ter saído dos traços do pincel de uma obra de arte contemporânea.

Por onde passava o perfume invadia e trilhava seus rastros.

— Oi, mãe. É... Eu vou dar um pulo na casa da Alice para ver se está tudo bem e já volto para o jantar, ok? — Anunciou Cecília.

— Tudo bem, filha. Mas não demore muito.— Pode deixar. Alice morava duas ruas depois dela. Enquanto ca-

minhava pela calçada preocupada com o que poderia ter acontecido com a amiga, Cecília ponderou a hipótese de Alice ter saído, ter caído no sono e até cogitou problemas na linha telefônica dela.

Passando pela rua que costumava brincar quando criança, avistou uma árvore grande e velha, com o tronco um pouco marcado pelo tempo e a copa vistosa como muitas angiospermas não conseguem ter.

Lembrava-se de que, quando criança, brincava ali sozinha, ao redor dela até que finalmente um dia con-seguira subir até a parte mais alta da árvore, mas não conseguia descer. Foi quando uma menina com o cabe-lo repartido ao meio e cada ponta levando uma fita lilás amarrada, usando um vestido branco bem simples, apro-ximou-se de Cecília e se apresentou:

— Oi — disse a menina de um jeito simpático e com um sorriso tímido.

— Oi...

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— Como é seu nome?— Cecília e o teu?— Alice.— Ah, tá bom, tchau. — E entrou em uma casa azul

do outro lado da rua.De cima da árvore, Cecília tinha uma boa vista da

janela do quarto da menina e a vira chegar correndo e deitar na cama pegando algo nas mãos e começando a escrever sem parar, ficou ali parada por horas até seus pais a encontrarem e a levarem para casa.

Desde aquele dia, tornaram-se cada vez mais ami-gas, e, como ambas eram filhas únicas, se consideravam irmãs. Os pais das duas já tinham se acostumado com a ideia por ser uma amizade de longa data.

Chegando à casa de Alice, Cecília tocou a campai-nha três vezes, mas ninguém atendera a porta. Os pais de Alice tinham uma empresa e iam trabalhar juntos e voltavam juntos lá pelas 19 horas.

Cecília achou que a amiga poderia ter saído e de-cidiu esperar sentada no meio-fio, em frente à casa. Foi quando, sem perceber, o tempo passou mais rápido do que o normal e os pais de Alice chegaram, Cecília se le-vantou para recebê-los. Alice era uma cópia mais jovem da mãe, o mesmo sorriso, o mesmo cabelo, a mesma risa-da e às vezes até o mesmo perfume.

Seu nome era Amélia.— Oi, meu amor! O que faz aqui a essa hora? —

perguntou Amélia a Cecília.— Oi. É que mais cedo eu estava falando com a

Alice pelo telefone e ela parou de me responder, então