Download - Guia Para Escritores Iniciantes
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Escrevi meu livro, e
agora?
Guia para escritores iniciantes
Por Ana Cristina Rodrigues
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Introduo
Meses de digitao intensa, noites batendo a cabea no monitor
quando a Musa resolvia tirar uma folga, dias sem parar sequer para
atender ao telefone... Finalmente, a palavra fim aparece e voc pode
dizer, satisfeito, que seu livro est pronto e seu trabalho terminado.
Bem, isso s uma meia verdade. Pois, afinal, seu trabalho est
apenas comeando.
Por incrvel que possa parecer aos desavisados, a escrita de um livro
a parte mais fcil da vida profissional de um escritor principalmente
daquele que est comeando nesse ofcio. algo natural, que o faz
sentir-se a vontade e confiante. Afinal, algo que voc faz por gosto,
no por obrigao.
Porm, depois daquelas semanas ou meses, ou anos debruado na
frente do computador, quando o fim da histria chega, que comeam
as maiores dificuldades. Como avaliar esse original? Preciso mudar
alguma coisa? E a reviso? Como proteg-lo dos malficos viles que
iro querer roubar minhas idias geniais? Para que editoras enviar?
Vale pena pagar por sua publicao? E depois, como divulg-lo?
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So dvidas que afligem todo o escritor que est comeando e at
mesmo alguns com anos de estrada, pois cada livro um novo
aprendizado. O mercado editorial fluido, cheio de pequenas
sutilezas, muda a cada ano e diferente para cada nicho: Fantasia,
Fico Cientfica, Terror, Autobiografia, Romance, Auto-ajuda e etc..
No pretendo solucionar todos os seus problemas. No dou garantia
de que seu livro seja publicado se fizer tudo o que est escrito. Muito
menos garanto que voc v se tornar um best seller, da noite para o
dia (se por acaso voc conseguir, um iate como mostra de gratido
ser bem-vindo). Mas pelo menos vou poupar o seu trajeto de desvios
e percalos desnecessrios e vou fazer isso de uma forma divertida.
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1 - Primeiros passos
2 Protegendo o seu original
3 Os primeiros leitores
4 Como chegar s editoras
5 Viva, viva, viva a sociedade alternativa...
6 Divulgao em tempos de web 2.0
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1 - Primeiros passos
Antes de mais nada, parabns. Voc dedicou tempo, esforo e talento para concluir
uma obra literria seja ela um romance, uma coletnea (de contos ou de poesia),
uma biografia, o que for. E isso no nada fcil. Voc deixou de ir ao cinema, sair
com os amigos, jogar videogame ou simplesmente relaxar nos seus horrios livres.
Mas e agora? Como tornar a sua obra conhecida?
O sonho de quase todo escritor divulgar os seus escritos de alguma forma e ter
reconhecimento pelo que fez. Publicar tornar algo acessvel. E a menos que voc
seja um bocado mais excntrico que a maioria dos escritores que eu conheo,
exatamente isso o que voc quer: que as pessoas leiam o que voc escreveu.
Ento, depois de cumprido o objetivo de transformar a idia-livro em um original,
chegou a fase de alcanar o objeto-livro, seja ele fsico ou virtual. No entanto, o
caminho at l no to direto como parece. mais do que colocar a palavra Fim
no seu processador de texto, imprimir uma cpia e mandar para editora.
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Nem l fora, onde o mercado de literatura de gnero existe, as coisas so simples
desse jeito. No Brasil, com seu mercado restrito e restritivo, o trajeto bem mais
complicado.
O primeiro passo a ser dado rever e revisar a sua obra.
Alguns autores gostam de deixar um original na gaveta por um tempo para poder
observ-lo com certo distanciamento. No h uma frmula para isso, apesar de ser
recomendvel, sequer tem-se um tempo determinado. Voc faz se e quanto tempo
quiser. Porm, certo que se passar muito tempo entre a escrita e a sua releitura, a
tendncia que voc ache o original uma grande porcaria e queira reescrev-lo
todo. Escritores geralmente tm uma autocrtica acima do saudvel.
Nessa leitura, voc deve procurar incoerncias internas na obra: nomes trocados (o
que costuma acontecer com freqncia em livros longos com personagens que
aparecem poucas vezes), erros de cronologia, descries de lugares que se
confundem, furos na trama. Assim como fazer uma reviso ortogrfica e gramatical
bsica. Se voc no sabe muito, use o corretor do seu processador de texto. Mas
lembre-se que ele no perfeito e provavelmente vai deixar passar muitas coisas.
H profissionais que executam esses servios falaremos deles mais a frente
porm, bom ter conscincia de quanto menos eles precisarem mexer no seu texto,
maior o seu controle sobre o objeto final. Alm do mais, causa uma boa impresso
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aos seus primeiros leitores, que vo receber a obra para ler mesmo antes dela
publicada, j receber um original bem cuidado.
Quem so esses leitores?
do que falaremos a seguir, aps uma pequena pausa para falar sobre como
proteger a sua obra.
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2 - Protegendo o seu original
Antes de mais nada, fique calmo. Um monte de novos escritores entra na parania
de que seu livro o novo Senhor dos Anis ou o novo Duna e acha que tudo e todos
querem roubar seu original para ganhar milhes. Fique tranqilo, isso no vai
acontecer. (No estou dizendo que seu livro vai ser um fracasso ou coisa do tipo.
s que as pessoas no andam por a caando novos sucessos de forma ilegal)
Mas como cuidado, canja de galinha e deixar um guarda-chuva na bolsa nunca
demais, existem formas de proteger o seu trabalho. Assim, voc ter certeza de
receber os crditos e eventuais royalties por sua obra.
Registro no Escritrio de Direitos Autorais
A maneira mais fcil, simples e direta para proteger o seu trabalho o registro no
Escritrio de Direitos Autorais, ou E.D.A. da Fundao Biblioteca Nacional.
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Antes de mais nada, vamos esclarecer algumas dvidas em relao ao que pode ou
no entrar nisso. Para comear, toda e qualquer obra intelectual protegida. Na
definio da lei, obras intelectuais so as criaes do esprito, expressas por
qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangvel ou intangvel,
conhecido ou que se invente no futuro. Criaes, nesse caso, excluem
idias: no adianta ter um vislumbre do que pode ser sua obra-prima,
digamos Capito obcecado persegue baleia branca. Baleia vence,
escrever isso em um papel e registrar.
Idias no so passveis de registro se no, a jornada do heri j teria
sido registrada pelo Joseph Campbell e toda a produo mundial de
alta fantasia pagaria direitos ao cientista social. Ento o jeito
escrever e depois registrar a obra completa, ok?
(Mas nem questo de se preocupar: segundo uma p de tericos,
todas as idias originais possveis j foram utilizadas, ento melhor
fazer valer a pena a sua obra por outro ngulo...)
O direito autoral ento aquele que um criador tem sobre a sua
criao e definido internacionalmente pela Conveno de Berna. No
Brasil regido pela Lei n. 9.610 de 19/02/98, que atualmente est
sendo revista. Ele tem dois aspectos: o direito moral e o direito
patrimonial.
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O direito moral sobre uma obra inalienvel (isso no tem nada a ver
com ets). o seu direito de ser reconhecido como criador da obra, de
ter seu nome na capa do seu livro ou na letra da msica. No se vende,
no se d, no se empresta. (ghost writers no esto na berlinda aqui).
Citando a Lei dos Direitos autorais:
Art. 24. So direitos morais do autor:
I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
II - o de ter seu nome, pseudnimo ou sinal convencional indicado
ou anunciado, como sendo o do autor, na utilizao de sua obra;
III - o de conservar a obra indita;
IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer
modificaes ou prtica de atos que, de qualquer forma, possam
prejudic-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputao ou honra;
V - o de modificar a obra antes ou depois de utilizada;
VI - o de retirar de circulao a obra ou de suspender qualquer
forma de utilizao j autorizada, quando a circulao ou utilizao
implicarem afronta sua reputao e imagem;
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(...)
J o direito patrimonial o pecunirio, ou seja o direito de receber
compensao financeira pela venda, veiculao, distribuio, etc, etc,
etc. Quando voc fecha contrato com uma editora, esse o direito
autoral envolvido.
Na letra da lei:
Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor
da obra literria, artstica ou cientfica.
Art. 29. Depende de autorizao prvia e expressa do autor a
utilizao da obra, por quaisquer modalidades, tais como:
I - a reproduo parcial ou integral;
II - a edio;
III - a adaptao, o arranjo musical e quaisquer outras
transformaes;
IV - a traduo para qualquer idioma;
V - a incluso em fonograma ou produo audiovisual;
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VI - a distribuio, quando no intrnseca ao contrato firmado pela
autor com terceiros para uso ou explorao da obra;
VII - a distribuio para oferta de obras ou produes mediante
cabo, fibra tica, satlite, ondas ou qualquer outro sistema que
permita ao usurio realizar a seleo da obra ou produo para
perceb-la em um tempo e lugar previamente determinados por
quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso s obras ou
produes se faa por qualquer sistema que importe em pagamento
pelo usurio;
VIII - a utilizao, direta ou indireta, da obra literria, artstica ou
cientfica (...)
Art. 31. As diversas modalidades de utilizao de obras literrias,
artsticas ou cientficas ou de fonogramas so independentes entre
si, e a autorizao concedida pelo autor, ou pelo produtor,
respectivamente, no se estende a quaisquer das demais.
(..)
Espero que essa seleo tenha esclarecido o que so os direitos
autorais. Se algo no ficou claro, a soluo ler bem a Lei e procurar
um advogado para tirar quaisquer dvidas.
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O registro no E.D.A. no obrigatrio (porm o depsito legal da
obra j publicada , mas isso fica para mais tarde) e todas as obras de
autoria clara tem seus direitos protegidos por essa lei mesmo sem o
registro. S que o documento pode dar uma segurana maior ao
escritor iniciante, alm de ser uma salvaguarda a mais dos seus
direitos como autor. Alm de ser a forma mais direta de provar a
autoria de uma obra caso isso seja necessrio.
O que exatamente pode ser registrado no E.D.A.?
- Obras ficcionais em prosa ou em verso, independente do seu
tamanho: contos, romances, sonetos...
- Roteiros de programas audiovisuais
- Letras de msicas
- Partituras musicais
- Desenhos, pinturas e esculturas
Entre outros. Para ter certeza, consulte as Dvidas Freqentes sobre
os direitos autorais no site da Biblioteca Nacional.
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Tendo certeza que a sua obra passvel de registro, hora de botar
mos a obra e registrar. Quais so os procedimentos?
A melhor coisa a se fazer visitar o site da Biblioteca Nacional
(www.bn.br). Na parte de Servios a Profissionais, tem um setor
dedicado ao E.D.A, onde todos os procedimentos e regras so
explicados.
Mas resumindo, a primeira providncia reunir a documentao
pedida: o Formulrio de Requerimento de Registro ou Averbao,
disponvel no site da BN, preenchido; cpia do CPF de cada
personalidade vinculada obra; cpia do RG (Carteira de Identidade)
de cada pessoa fsica vinculada obra; cpia de comprovante de
residncia e o comprovante de pagamento da GRU (Guia de
Recolhimento Unio).
A GRU pode ser impressa atravs do site da BN. O registro cobrado
por obra. Mas se voc for um contista, pode juntar todos os seus
contos em um nico volume, colocar um ttulo que pode ser algo
como Contos de Fulano.
Alm disso, preciso enviar dois exemplares, se a sua obra j tiver
sido publicada, ou uma cpia da obra indita. TODAS as pginas
devem ser numeradas e rubricadas pelo autor.
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Depois, s levar na sede do EDA ou enviar pelo Correio com
registro. Ir pessoalmente melhor, pois se recebe um protocolo com
um nmero de atendimento. Enviando a documentao por SEDEX
ou Carta Registrada, voc no receber o protocolo e ter que
aguardar por uma resposta pelos correios.
Outras formas de proteo
A publicao em edio com ISSN ou ISBN tambm uma forma de
comprovao de autoria incontestvel. Quer dizer: se um conto seu
saiu em uma antologia que tenha ISBN VLIDO sim, algumas
editoras agem de forma errada em relao a esse registro no tem
necessidade de proteger a obra no E.D.A.
Para quem quer veicular seu trabalho diretamente na internet, uma
sada usar as licenas Creative Commons. Elas protegem
essencialmente o direito moral do autor, permitindo a divulgao e a
veiculao do seu material no mundo livre e anrquico da web. Voc
pode limitar o que as outras pessoas podem ou no fazer com o seu
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material. Para maiores informaes, acesse
http://www.creativecommons.org.br/
Agora que voc j sabe como proteger o seu precioso livro de
Sauron e seus uruk-hai, vamos seguir o caminho das pedras.
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3 - Os primeiros leitores
Livro protegido, hora de colocar o livro para circular, certo? Deixar
o salrio (ou a mesada) na xerox, sair distribuindo para todos os
amigos, colegas, padrinho, tio, professor de educao fsica, papagaio,
periquito, aquele cara da lanchonete...
Vamos com calma, sim?
No se passa um tempo trabalhando em cima de alguma coisa para ir
assim, jogando-a ao vento. E essa uma das fases mais crticas para o
escritor iniciante. quando ele finalmente vai comear a ser criticado.
Ento, antes de prosseguir, verifique se a consulta do analista est em
dia. Porque se para a maior parte dos seres humanos, a parte mais
sensvel do corpo o bolso, um escritor diferente.
Nele, di no ego mesmo.
Essa primeira rodada de leituras equivale a um esquema que as
emissoras de televiso fazem com as suas novelas. Nas emissoras, eles
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juntam pessoas para assistir os captulos de uma novela e darem suas
opinies. So chamados de grupos de discusso.
Mas esses grupos no so escolhidos do nada, muito menos
aleatoriamente. Eles vo representar o pblico-alvo daquele programa.
Logo, as pessoas ali reunidas tm em comum certas caractersticas que
os produtores acham estar vinculadas a um possvel sucesso da trama.
Com literatura, isso tambm pode acontecer. o que chamamos de
beta reading, a leitura da verso beta da sua obra.
Verso beta, voc me pergunta. , que nem os programas de
computador, que antes de sair a definitiva, sai um monte de betas. S
com a resposta dos usurios que eles vo fechar o negcio e entregar
o produto pronto.
Ento, para isso que o beta reader serve, para testar a resposta dos
seus leitores ao que voc escreveu e permitir que voc melhore o seu
livro a partir do feedback que ir receber.
O seu maior dilema aqui como escolher esses leitores.
Pare e reflita sobre o seu livro.
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Pense em como voc o construiu, no tamanho dele, se um livro de
contos, um romance, um pico em versos, o primeiro de uma srie. Se
steampunk, space opera, fantasia urbana... Pense nas influncias que
voc recebeu para escrev-lo. Poe? Lovecraft? Clarke? Pratchett?
Afinal, seu livro tem muitas chances de agradar a quem gosta de ler as
mesmas coisas que voc.
Outra coisa a ser feita limitar o nmero de pessoas que vo ler esse
original. Mais de dez multido.
Amigos prximos so uma opo razovel, mas com cautela. So
poucos os que tm coragem de ser sinceros e dizer a sua verdadeira
opinio sobre seu livro eles no querem ferir seus sentimentos.
Escolha aqueles que voc sabe que vo dar um veredicto honesto. E
mesmo assim eles no podem ser mais que um tero do total dos seus
beta readers.
Os outros dois teros?
O melhor a fazer procurar pessoas que no conheam voc. Lembre-
se, o seu texto est protegido e no corre perigo real e imediato.
Ignore as vozes na sua cabea.
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No caso, as comunidades virtuais de escritores e leitores so a melhor
sada. No estou sugerindo que voc v entrar nelas agora.
Sinceramente, espero que voc j participe, lendo e debatendo sobre
literatura. Principalmente porque assim voc comea a criar um
crculo de amizades e colegas. Como dizem os caras da rea de
marketing e administrao, networking tudo.
Isso importante e eu vou repetir vrias vezes por aqui. RESPEITE as
regras do grupo; pergunte ao moderador como fazer e aceite um no
como resposta. No vale a pena arranjar inimizades com pessoas que
podem ser teis para sua carreira.
D preferncias a pessoas que se mostrem realmente interessadas e
que participem dessas comunidades. Membros que nunca do as caras
podem muito bem se oferecer, pegar o seu original e no aparecer
mais.
Envie um breve resumo do seu trabalho junto com o original. No se
preocupe em dar ou no spoilers. Depois dessa rodada de leituras,
tudo pode mudar no seu livro.
Pois esta outra questo: o que fazer com o resultado dessa leitura?
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Antes de mais nada, estabelea um prazo mximo para recepo de
comentrios. Isso vai depender do tamanho do seu livro e da
disponibilidade dos leitores. bom perguntar a eles quanto tempo
mais ou menos vai demorar. E nunca, nunca fique cobrando antes do
prazo terminar. A pessoa est lhe fazendo um favor.
E pode ter certeza de que nem todo mundo vai conseguir fazer isso no
prazo.
Antes de mexer no seu texto de acordo com os comentrios, espere o
prazo terminar e receber o maior nmero de respostas.
Agora vem o primeiro baque. Nem todo mundo vai ter adorado
simplesmente TUDO no seu livro. Vo ter contos ou captulos ou
partes que vo desagradar a todos. E pode mesmo ter algum que vai
virar para voc e dizer: cara, isso aqui no presta nem para papel
higinico.
Nessas horas, bom lembrar que homicdio crime grave.
Respire fundo.
Nem Tolkien agrada todo mundo, no vai ser voc que vai comear.
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Filtre as crticas sejam elas negativas ou construtivas e veja o que
pode tirar de bom delas. Se algum disser que seu protagonista
chato, no responda dizendo chato voc. Pergunte o motivo sim,
legal dar as pessoas chance de debater as opinies delas. Mas no
exagere nas rplicas, pode parecer que apenas uma tentativa de
defender o seu livro, o que geralmente verdade. Veja os pontos que
desagradaram a mais pessoas, descubra os motivos e pense se no vale
a pena rev-los.
E lembre-se, nem todas as crticas devem ser levadas em considerao
para alterar o seu original. Afinal, chega um ponto em que a obra sua
assim como as decises sobre ela.
Aproveite para dar mais uma relida no seu material, seguindo boas
sugestes dos seus leitores. A fase seguinte vai ser bem pior para o
seu ego, acredite.
Pois chegou a hora de leitura crtica.
Para comeo de conversa: leitor crtico no revisor nem copidesque.
Ele deve apontar os defeitos e as qualidades se existirem do seu
texto. Ento, se o sujeito disser pssima gramtica, no exija que ele
diga *exatamente* os casos em que a sua gramtica deu pena. Engula
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que voc tem erros de gramtica e tora para o seu revisor ser melhor
que voc.
Um parntese aqui, para falarmos por alto de revisor e copidesque.
Por alto? Sim. As pessoas responsveis pela parte de reviso e
copidescagem tem pouco a ver com o processo do autor, j que so
parte da engrenagem da editora. O revisor faz os consertos da lngua,
o copidesque faz os consertos da linguagem. O primeiro vai ver
concordncia verbal, ortografia, pontuao, entre outras coisas. J no
copidesque, a mudana mais profunda. Citando:
A atividade de copidesque mais complexa que a de reviso. () Se um texto mal redigido, com repeties
injustificveis, mal paragrafado, contendo ideias desconexas, primando pela falta de coeso e coerncia textual etc.,
ele deve ser copidescado. No processo de copidesque, o profissional prope, reescreve, revisita o original, com a
finalidade precpua de relavrar o texto. (NETO, Aristides Coelho. Alm da Reviso: critrios para reviso textual.
Braslia: Editora Senac-DF, 2008)
Deu para perceber que no copidesque que seu livro vai ser
verdadeiramente massacrado, n? Mas nesse ponto, cedo para se
preocupar com isso. Voltemos aos leitores crticos.
O leitor crtico quem vai dar uma opinio sobre o seu texto. A
diferena dele para o beta reader ser uma opinio embasada. Voc
acabou de escrever um romance de FC passado em um universo em
que a Terra gerou uma grande e pacifica organizao que por acaso
tem um brao armado que sai por a atirando em outras naves.
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Sabiamente, voc pediu para fs de Star Trek serem os seus beta
readers. Porm, seus leitores crticos tm que ser mais do que apenas
apreciadores do gnero. Eles tm que entend-lo.
Isso torna a seleo de leitores crticos bem mais complicada do que a
de beta readers. Afinal, voc no encontra gente que entenda o
processo criativo de Gene Roddenberry em qualquer canto.
Lembra quando eu falei l em cima que bom ter contatos com outros
leitores e escritores? Eis um dos motivos. Geralmente as pessoas que
mais entendem de Fico Cientfica, Fantasia e Terror so as que
escrevem nesses gneros. Ter acesso a escritores bem sucedidos de
preferncia uma boa forma de conseguir leitores crticos.
Mais uma vez: seja paciente. Nem todos tm tempo para ler originais
ou mesmo vontade. Respeite isso, no insista e no os ofenda. um
favor que eles esto fazendo ou deixando de fazer.
H outras opes. Um professor de literatura de mente aberta pode ser
uma boa indicao os de cabea fechada s nos casos de voc ter
escrito literatura mainstream ou realmente gostar de sofrer.
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Voc tambm pode pagar um leitor crtico. Escritores em incio de
carreira costumam prestar esse servio. A grande vantagem que
assim o prazo tem ser cumprido. A desvantagem que di no bolso.
Trs um bom nmero de leitores crticos se voc os conseguir. Mais
do que isso se torna confuso, menos no d muita variedade de
opinies.
Aqui vale a mesma coisa que para os beta readers. Filtre as crticas,
aceite as que lhe parecerem vlidas e deixe de lado as que forem
apenas rabugices de crtico. Lembre-se: a obra sua, voc d a palavra
final e por a vai.
E finalmente, seu original est pronto para debutar no fantstico
universo editorial.
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4 - Como chegar s editoras
Achou que tudo tinha ficado fcil, n?
Nada, meu bem. Agora que a jiripoca vai piar.
No vo ser mais crticas construtivas ou negativas. Chegou a vez das
famosas cartas de recusa e do jeito que o mercado editorial est,
agradea se encontrar uma editora gentil o bastante para perder tempo
mandando uma cartinha dessas, mesmo que padro.
Bem, a forma correta de adentrar o mercado literrio por meio de um
agente. S que... , voc adivinhou. Essa no uma profisso muito
comum no Brasil. E as poucas agncias literrias so muito fechadas e
refratrias a novos autores. Ou seja, para voc ter um agente, precisa
j ser um autor famoso, que quando j no se precisa tanto de um.
Ironias da vida de escritor. Vai se acostumando.
Se voc quer ir se arriscar, na internet voc ir encontrar algumas
poucas agncias mais conhecidas: Riff, Solombra, Pgina de Cultura.
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S avisando: eles no costumam ser muito fs de FC e Fantasia.
Terror at vai, porque segundo eles, tem mais mercado.
Quer mais um aviso?
Cuidado com falsos agentes literrios principalmente se voc meio
megalomanaco e quer dominar o mercado americano. L, o negcio
to feio que a SFWA (Science Fiction Writers of America sim,
existe) tem uma pgina web exclusiva para denunciar agentes
literrios duvidosos.
Aqui, o cuidado mais simples. Os melhores cartes de visita de um
agente so os seus agenciados. Se por acaso, a agncia que voc
contatou no quiser mostrar o seu casting de autores, desconfie.
Muito.
Se voc conseguir uma agncia para a sua saga de space opera, timo!
Mande-me um email que eu quero saber quem . Como
provavelmente no vai ser bem assim, bem vindo ao passo seguinte.
As editoras, essas malvadas...
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Antes de qualquer coisa, prepare-se: muito, mas muito difcil um
manuscrito no solicitado ser lido e efetivamente publicado nas
grandes editoras. Ficou famosa a declarao de uma das maiores
editoras do Brasil que afirmou ter, em quinze anos, publicado apenas
um livro retirado da slush pile nome nada lisonjeiro.
Como passar por essa barreira?
Sinceramente? Buscando as editoras menores, mais voltadas a
mercados especficos e com menos preconceitos. H algumas boas
que esto comeando, como a Tarja Editorial, a No Editora todas
essas publicam sem cobrar dos autores - Giz, Novo Sculo que
podem eventualmente cobrar pelos seus servios. A Devir e a Aleph,
editoras de mdio porte, tambm esto publicando autores iniciantes
de FC, Fantasia e Terror. A Devir j tem algumas publicaes recentes
nesse sentido, a Aleph est retomando sua produo depois de mais de
dez anos sem publicar fico especulativa nacional.
As grandes eventualmente tambm publicam escritores brasileiros,
como a Planeta que lanou Drages de ter de Raphael Draccon,
Rocco, Bertrand Brasil, Companhia das Letras (que afirma no
publicar FC...), etc. Porm o acesso mais limitado, muitas vezes
preciso ter indicaes internas e coisas assim
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E claro, existem uma infinidade de pequenas editoras, de distribuio
local, que podem publicar o seu livro e s vezes tem o maior
interesse nisso. Com a facilidade da internet, isso j no dificulta
tanto.
Traje esporte fino?
O segredo para ter o seu original lido saber a quem pedir. Por
exemplo, no adiantaria nada para a J.K. Rowling mandar Harry
Potter para a Editora Vozes. Mas se voc tiver um infanto-juvenil
calcado em valores cristos, essa pode ser uma boa idia.
Ento, antes de sair por a gastando o salrio/mesada na xerox (as tias
da xerox de todo o Brasil nesse momento me odeiam), faa algo que
todo o bom escritor deveria fazer: pesquise. Abra os sites das editoras,
veja os seus catlogos, procure algum lugar a maioria tem, s que
bem escondidinho em que se fale sobre a poltica de recebimento de
originais.
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Eis ento outro segredo: entrar de penetra em festa chique
geralmente pagar mico por no estar devidamente trajado. J imaginou
se o convite de gala e voc vai de esporte fino?
A metfora ruim, mas acho que deu para me entender (espero...).
Sabendo dessas informaes, o seu original ir para a editora da forma
como eles querem receber. J vo olhar com mais carinho, pelo
menos, e talvez at mandem uma cartinha de recusa.
Se voc no encontrar, procure o email de contato e mande uma
mensagem perguntando sobre
- O espectro de interesse da editora: aceita FC? Fantasia? Terror? Tem
alguma limitao temtica? Aceita livros de contos? Romances?
Poesia?
- A mdia em que aceitam originais: algumas editoras j recebem
originais online, outras s em papel.
- A formatao do original e seu tamanho relativo: editores
dificilmente lem um original ruim at o fim. Se l pela pgina 30 eles
no estiverem convencidos do seu talento, lixeira na certa. Por isso,
alguns editores j pedem para que os autores enviem apenas um
pedao do seu original.
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- O tempo de espera por uma resposta.
Depois de descobrir como mandar o seu original, hora de preparar
tudo e torcer para dar certo.
Um conselho: geralmente se mandam cartas de apresentao. Ento,
POR FAVOR: no contem a triste histria de sua vida e como aquele
livro ir salvar a sua alma imortal.
Teoricamente, editores no tem alma, portanto no esto preocupados
com a sua.
Uma loooonga espera...
Agora, senta e espera. Bastante, s vezes. Cada editora tem um tempo
de resposta diferente e lembrando, nem todas respondem quando o
no. A cultura das cartas de recusa se extinguiu, para tristeza do
Snoopy.
Geralmente, no mesmo lugar em que as editoras colocam as regras de
recebimento de originais, est o tempo mdio de espera.
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MDIO.
Repita em voz alta.
No algo incontornvel. Pode demorar mais, pode demorar menos,
pode nunca acontecer.
Faam um grande favor para a tia Ana: nunca, jamais cobrem um
editor. Isso s vai irrit-lo e no queremos que isso acontea, certo?
Tenha muita pacincia. A sua carreira pode depender disso.
Deu certo?
Parabns!
Mesmo.
Voc conseguiu dar um grande passo para se consolidar como
escritor.
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Agora, hora de ler com muita ateno o contrato. Se voc
analfabeto em juridiqus, pea a um advogado, mesmo que custe
algum dinheiro. No final, vai sair barato, acredite.
A editora agora vai tomar conta de tudo para voc: revisor,
copidesque, diagramao, capa, ilustraes, ficha catalogrfica, ISBN,
impresso, lanamento e divulgao. No resto da apostila, eu vou falar
um pouco sobre esses processos.
Afinal, nem sempre o seu livro vai encontrar uma editora disposta a
investir nele. O segredo (sim, isso est parecendo manual de auto-
ajuda) no desistir, afinal quando voc quer realmente alguma coisa,
o universo conspira ao seu favor e tudo o que tiver de ser ser.
Paulo Coelho e Xuxa na mesma frase... Isso que cultura...
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5 - Viva, viva, viva a sociedade alternativa...
At uns sculos atrs, para conseguir publicar algo era preciso muita
grana e a autorizao da Igreja. Graas ao avano tecnolgico e ao
estado laico, as coisas mudaram.
Vou deixar o imprimatur para uma outra longa ocasio.
O que nos interessa aqui a parte da grana.
A produo de um livro j foi algo muito, mas muito caro. O prprio
papel, que hoje to banal que serve pra limpar narizes por a, j foi
uma mercadoria preciosa. Tinta ento, nem se fala. A encadernao
era manual, costurada com esmero e durava sculos.
As coisas mudaram um bocado com a revoluo tecnolgica, para
sorte dos escritores. Se o editor no quer voc, h vrios caminhos a
seguir.
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Ebooks para que te quero!
Em tempos de realidade virtual, colocar sua obra na web pode ser uma
excelente sada para botar a cara na janela. O Brasil tem um grande
nmero de internautas e a possibilidade de downloads muito grande.
S que vamos combinar uma coisa: o preconceito contra o que
publicado na web grande, no ? Ento se optar por isso, faa
direitinho no ache que por ser mais barato, para fazer de qualquer
maneira.
Primeiro passo procurar algum para fazer a reviso e o copidesque.
H uma diferena essencial, como j apontei antes: o revisor vai
atentar para os erros da lngua, o copidesque vai se preocupar com os
erros da histria. Ele vai corrigir incoerncias, incongruncias espao-
temporais, converses de medidas e por a vai.
Pode ser que voc encontre algum que faa os dois por um bom
preo, pode at ser que um amigo faa sem cobrar.
Nesse caso, lembre-se das palavras do meu sbio pai: no existe
lanche de graa. Ao no pagar por um servio profissional, voc estar
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recebendo um favor de algum. Logo, fica bem mais difcil cobrar
prazos e qualidade.
nessa hora que voc lembra do dinheiro que economizou com a tia
da xerox, certo?
Parece brincadeira, mas srio: profissional nenhum gosta de fazer as
coisas de graa. Oferea-se para pagar, mesmo que em suaves
prestaes eternas ou para retribuir com seus prprios servios. A
economia de escambo muito antiga... No vou repetir esse aviso,
mas ele est dado.
Com o texto pronto, com o menor nmero possvel de falhas e
imperfeies, hora de torn-lo apresentvel. Ebooks tem que ser
confortveis para leituras na tela, estar disponveis em vrios formatos
para que mais pessoas possam desfrutar dele. Novamente, uma boa
hora para procurar um profissional, algum que saiba o que fazer. Um
diagramador mais difcil de encontrar do que uma pessoa que
trabalhe com texto. Porm, no impossvel.
Falta a capa. Desenhistas e ilustradores esto por todo o canto, ento
vai ser bem fcil encontrar. Antes de contratar, pea um teste para
saber se aquilo que voc quer mesmo. Pegar um dos seus beta
readers para dar opinio uma boa idia.
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Pronto!
S falta saber onde hosped-lo, mas disso falaremos ao tratar da
divulgao.
A impresso por demanda
No Brasil, a verdadeira impresso por demanda est apenas comeando. O esquema
muito simples: voc manda o original, revisado, diagramado, com capa. Em
alguns casos, ainda escolhe a encadernao: espiral, capa dura e brochura.
Quanto isso vai custar para voc?
Nada alm do que tiver gasto para ajeitar o original (seguindo os passos para
preparar seu ebook). A editora no vai cobrar nada de voc.
Nessa hora, voc tambm vai se lembrar do que meu pai diz sobre lanches grtis e
desconfiar de tanta bondade. Eu explico: no bondade, inteligncia.
Os livros por demanda tem um preo mnimo estabelecido pelo prprio site para
cobrir os custos de cada exemplar e ainda dar lucro para eles. O preo final cobrado
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do consumidor definido por voc: o autor quem decide o quanto quer ganhar por
exemplar.
Parece perfeito, n? Pena que o valor do frete geralmente encarece muito o livro.
Porm, o esquema vlido e tem gente tendo bons resultados com o Clube dos
Autores.
Edio paga
Ei, mas e a All Print? A 24x7? E a Scortecci?, voc me pergunta.
Na verdade, editoras como a Scortecci no trabalham por demanda e sim por
pequenas tiragens. Elas oferecem uma gama de servios editoriais, como reviso,
diagramao, capa, impresso... e vo cobrar por cada um deles. Caro. Alm delas,
h outras e mesmo editoras que publicam no esquema normal, por vezes podem
cobrar pelos servios, como a Novo Sculo e a Giz Editorial.
H muitas, muitas outras, com uma ampla variedade de preos. Tudo vai depender
da qualidade dos servios grficos, do nmero de exemplares, da ganncia do
editor...
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Impresso paga
Ana, voc est repetindo o tpico acima.
Estou nada.
L em cima, falei sobre a edio paga. Agora, estou falando sobre a *impresso*
paga. Aqui, voc no cliente da editora e sim de uma grfica. O procedimento
mais ou menos como o da Lulu.Com: voc chega com tudo pronto e leva para a
grfica.
A diferena que com a grfica voc vai combinar uma quantidade x de
exemplares e vai pagar por eles.
Tambm vai ficar a seu cargo uma srie de detalhes, como as orelhas do livro, a
ficha catalogrfica, arranjar um ISBN. (algumas grficas so editoras, ento isso
pode ser simplificado)
Andei falando grego? Calma que eu explico.
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Orelha todo mundo conhece, aquela tira da capa que fica dobrada para dentro do
livro e meu pai usa para marcar a pgina que est lendo, esbodegando o livro todo
(explicao supertcnica, eu sei). Geralmente traz um texto sobre o livro e uma
pequena biografia do autor.
Acha timo? Ela encarece o livro, ok?
Ficha catalogrfica aquele retngulo (ou quadrado) que vem no verso da folha de
rosto, com os dados de catalogao do livro. Ela vital, portanto corra atrs de um
bibliotecrio! Uma boa ficha vai evitar que seu livro chamado Razes do mal seja
arquivado na parte de botnica. Folha de rosto aquela pgina que tem o nome do
seu livro, o seu nome, o nome da editora (se tiver), edio, local e data.
com ela que se pede o ISBN, um nmero internacional para identificao de obras
intelectuais, o cdigo de barras que voc v na contracapa do livro. No Brasil, o
rgo responsvel pela emisso do ISBN a Biblioteca Nacional.
D mais trabalho, n?
E a, voc me pergunta, o que vale mais a pena?
Uma opinio estritamente pessoal de quem andou acompanhando as coisas por a
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Sinceramente, eu acho que a relao entre editora e escritor tem que ser de
contratante e contratado. Se para ser cliente, seja cliente de uma grfica.
Porm, a edio paga tem suas vantagens, como por exemplo a certeza de que o
livro vai estar em pontos de venda virtuais e que pelo menos alguma divulgao vai
ter. Se voc optar por tratar direto com a grfica, vai ter que passar por todo o
processo de preparao do livro, alm de ser o nico responsvel pela divulgao e
distribuio do bichinho.
Acredite, isso d muito trabalho.
O ebook ainda tem um srio problema: dificilmente vai dar algum dinheiro. No
Brasil, no h uma cultura de comprar objetos virtuais. Mesmo l fora, isso ainda
muito incipiente e os autores que divulgam suas obras em ebooks preferem pedir
contribuies ao invs de vender seus livros.
O melhor esquema para quem est comeando, tem algum pouco dinheiro e sabe
que vai demorar a vender o seu livro seria mesmo a edio por demanda. Porm,
isso ainda no uma opo muito vivel no Brasil, embora o panorama esteja
mudando.
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6 - Divulgao nos tempos de web 2.0
A grande quimera de quem publica fico especulativa no Brasil
ainda a divulgao. at lugar comum e clich... dizer que a
Fico Cientfica brasileira invisvel, etc, etc, etc... O negcio fazer
barulho e chamar a ateno.
Ento, para terminar o nosso assunto, vou dar algumas dicas para voc
tentar sair do ostracismo e virar uma estrela literria.
Conseguindo, no esquea dos pobres.
Preparando material para divulgao
Em um mundo ideal, o escritor tem a sua disposio toda uma
assessoria de imprensa para divulgar o seu trabalho. Como se
estivssemos em um mundo ideal, voc no precisaria de mim...
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O principal meio de divulgao do seu material um press release,
um pequeno texto jornalstico falando do seu livro e de voc.
essencial que ele tenha o nmero de pginas e o preo de venda. Esse
texto, impresso, ilustrado com a capa e uma boa foto sua, deve ser
enviado a possveis divulgadores de sua obra, como jornalistas,
produtores de programas de rdio e televiso, blogueiros e formadores
de opinio.
Com a web, outras mdias foram surgindo e os escritores mais safos
foram aproveitando.
Ter um site quase essencial. Tente faz-lo da forma mais
profissional possvel, com domnio prprio, design exclusivo e um
contedo bem escrito. O que colocar nele? O press release, ilustraes
do livro, informaes sobre o processo de criao, um calendrio de
eventos... importante tambm ter no site um clipping que a
coleo das notcias que saram na imprensa, virtual ou no, sobre o
seu trabalho. Isso d importncia.
Outro bom mtodo, que vem surtido efeito, a confeco de trailers
exclusivos para mostrar o seu livro. Se tiver visibilidade no youtube,
as vendas podem subir vertiginosamente. Sugesto? Evite msicas e
ilustraes com direitos autorais protegidos, a no ser que esteja
disposto a pagar por elas. Use msica em domnio pblico e arranje
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ilustraes com um bom desenhista. Assim, seu trailer ter um ar
exclusivo, que s ele ter.
Lanamento(s)
Com o livro pronto, site feito, press release confeccionado, hora de
finalmente dar aquela festa. Quem tem uma editora seja paga ou no
geralmente no precisa se preocupar com os detalhes do primeiro
lanamento. Porm, sempre bom saber como funciona.
preciso escolher bem o local. Ele deve ser acessvel, com uma boa
circulao e com transporte pblico. Livrarias de shopping so
excelentes opes, por dificilmente estarem vazias e terem fcil
acesso. So pontos de encontro de pessoas que procuram por
novidades literrias.
Mas no despreze a livraria do seu bairro. s vezes, bom para reunir
a famlia e os amigos mais prximos para colher os louros do seu
rduo trabalho na frente da tela branca.
Cada loja trabalha de uma maneira. Entre em contato e planeje tudo
com antecedncia. Verifique se h servio de buf, o que servido e
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se voc precisa fornecer alguma coisa. Quantos livros so necessrios,
at quando podem ser entregues e como o pagamento.
Tudo pronto, aproveite a sua noite de autgrafos. Acredite, faz muito
do que voc passou valer a pena.
Uma observao: se voc for uma pessoa muito pop e conhecer gente
em vrios lugares, veja se vale a pena agendar lanamentos em outras
cidades, at mesmo estados. Pode no compensar financeiramente a
curto prazo, porm rende bons contatos e divulgao.
Caindo na rede
Primeira coisa: spam algo muito feio. No saia enviando emails para
desconhecidos.
Para os seus conhecidos, pode. Afinal, eles tem que pagar pelo erro de
ter dado o email para voc.
Como voc um escritor esperto, j est participando de vrios
grupos e listas de escritores. E como eu j disse antes, respeite as
regras de cada uma e no incomode os outros usurios. Mais de uma
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propaganda prpria por semana repetidas vezes pode torn-lo mal
visto. Entrar em comunidades s para se auto-alardear tambm.
E no aceitar crticas a sua atitude pode torn-lo alvo de chacotas
eternas.
Coloque-se de forma participativa, construtiva e educada. Considere
que as pessoas que esto lendo as suas postagens poderem ser os
leitores dos seus livros e iro torcer o nariz para arrogncia, falta de
educao e comportamento negativo.
A, a sua propaganda pode se voltar contra voc.
Aqui termina a apostila do workshop Escrevi meu livro, e agora? em breve, o livro estar disponvel!