tipografia para iniciantes 1709

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  • C O M U N I C A O S O C I A L - U N I P - B A U R U

    SE PREFERIR, ESTUDE PARAA PROVA A PARTIR DA

    PGINA NMERO 5 .

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    SE EU SEI LER? BOM, TIPO ASSIM...

    um absurdo como nos acostumamos rpido com os milagres do conhecimentohumano. Eu mesmo sou um exemplo, digitando agora um texto em frente a uma caixa deluz, esse tal de computador. E apesar dos prodgios que ele capaz, no me maravilho maiscom seus dotes. Estou to acostumado que s olho seus defeitos. Parece casamento.Mesmo eu, que sou capaz de lembrar do tempo que os computadores no existiam, dasduras penas que passava para criar e produzir um simples anncio. Nossos filhos vo olharos computadores com tanta ou maior indiferena. Vo nascer acostumados com o milagreda informtica. Talvez seja por esta razo que poucos se entusiasmam com o milagre daescrita: porque nascemos em um mundo com 5 mil anos de comunicao escrita.

    Mas faa um esforo e tente lembrar da poca que voc era uma criana, e que via asletras meramente como formas e desenhos, impressas em cubinhos coloridos de madeira,em formatos de quebra-cabea de espuma etc. Desculpe a rispidez mas voc eraum analfabeto completo. Aos poucos foram lhe ensinando a falar fonemas sepa-radamente e associ-los com aquelas forminhas de borrachade sandlia Samoa. Voc aprendeu a desenhar as letrinhase entender que elas representavam um som. G de gato, Zde zabumba. E voc foi aos poucos juntando aqui e ali e, puf,caiu a ficha. - Me, essas letrinhas so mgicas! Fonemas,slabas e palavras! Por que no me contaram isso antes?

    Sinta-se privilegiado. Vivemos em um mundo onde o analfa-betismo ainda uma realidade para 20% da populao do globo. Altima pesquisa do IBGE relata que 25% da populao brasileira est alfabeti-zada a ponto de entender claramente o significado de um texto. 67% entendemparcialmente (o que se chama de anafalbetismo funcional, o sujeito sabe ler mas no entende oque se quis dizer) e 8% totalmente analfabeta. E muita gente no se toca disso, achandoque o ato de ler compulsrio ao nascimento, e no uma evoluo do conhecimentohumano que exige sua participao ativa. Como o corpo, a arte de ler e interpretar precisase exercitar, tomar sol e se alimentar diariamente.

    Este o milagre. Exatamente aqui e agora, pequenos rabiscos pretos numa folha branca,separadas por espaos brancos, esto fazendo uma ponte invisvel (wireless) entre eu e

    voc, entre minha mente e a sua. E isso a soma de vrias contribuies, de genteque viveu h milnios e que no se importou de cobrar direitos autorais. Letrinhasque simbolizam sons que juntas simbolizam conceitos. Que grande sacada, no?

    Devamos abrir uma champanhe toda vez que lssemos um texto. Bom, achoque exagerei mas talvez um analfabeto, que nunca teve oportunidade de aprendera ler, pense como eu, e deva ficar muito revoltado vendo bibliotecas vazias e livrosempoeirados nas prateleiras frias de lato.

    Milagres acontecem todos os dias. O ato de ler, o ato de pensar, criar, so ver-dadeiros milagres. Faa por merec-los.

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  • QUEM FOI O CRIATIVO QUE BOLOU A ESCRITA?

    No existe relato de quem inventou a escrita. No temos o crdito. Ela pode ter surgidoem vrios locais e momentos histricos diferentes ou pode ter se originado em um local ese propagado para os outros povos e culturas. O manuscrito mais antigo do mundo data deaprox. 5 mil anos antes de Cristo. Foi encontrado na ndia e relata prticas e exerccios espi-rituais, como a Yoga. So textos em snscrito, uma lngua fontica (que representa sons) toconcisa e completa que no considerada uma lngua, e sim uma linguagem cientfica.Seus sinais fonticos lembram frmulas da Fsica e da Matemtica. Provavelmente, a escritacuneiforme dos babilnicos e as outras lnguas fonticas se desenvolveram a partir da.

    Outra escrita, a Chinesa, (aprox 4.000 a.C.) bem diferente do Snscrito.Ao invs de sons, os sinais simbolizam idias, sentimentos, aes, objetos,conceitos. Cada sinal, uma palavra. So chamados de ideogramas. Parecidacom os hieroglifos egpcios, mas muito mais complexa, seus cones (sinal

    que se assemelha em forma a uma ao ou conceito)so estilizaes de idias e conceitos bsicos, e vo sejuntando formando as frases. Com o tempo, os dese-nhos foram se estilizando a tal ponto que ficou difcilperceber sua similaridade com o objeto ou ao querepresentava, transformando-se em smbolos (sinaisque arbitrariamente representam idias, sons ou con-ceitos) Mas muitos dos ideogramas so verdadeiros loguinhos do querepresentam. Por ser muito extensa (so 80 mil ideogramas), oMandarim uma das lnguas mais difceis de se aprender, mas a quemais exige do crebro. Afinal, misturando sons (fontica), smbolos arbi-

    trrios (memria) e cones (associao por semelhana de formas), vrias partes do crebroprecisam trabalhar ao mesmo tempo para decodificar um ideograma.

    SINESTESIA E A ESCRITA FONTICA

    Na aula sobre Sinestesia (veja explicao mais adiante), comentamos uma teoriaque comprova a relao entre os gestos e a fala. Conexes neurais facilitam a associ-ao dos sons emitidos pela boca com os gestos das mos. Observe um italiano par-lando e voc entender o que estes cientistas querem dizer. Esta relao entre asduas reas motoras que controlam os movimentos musculares das mos e da boca chamada de Sincinesia. No confunda com Sinestesia, que a relao entre dois oumais sentidos. Esta teoria d suporte para outra que especula a origem da linguagemfontica (baseada nos sons). A grande maioria dos lingistas concordam que a lin-guagem oral deve ter se iniciado com os gestos e com a postura corporal. Para se ter idiade quanto a linguagem corporal importante, veja s esta pesquisa:

    Quando algum se comunica com voc, a sntese do que voc entendeu formada por uma combinao de linguagens que interpretamos instantaneamente.10% depende do significado das palavras que foram ditas30% depende de como foram ditas (entonao)60% depende dos gestos e da postura corporal.

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    Voltando tese dos neurocientistas V. S. Ramachandran e E. M. Hubbard, baseados nosestudos de Patricia Greenfield da UCSD (Universidade da Califnia, San Diego-USA), outraconexo neural pr-existente, que conecta as reas motoras na parte frontal do crebro coma audio e a viso, na parte posterior do crebro, indicam que temos facilidade para associartudo o que vemos e ouvimos com movimentos da lngua e do maxilar. Puxa, finalmente desco-brimos porque mordemos a lngua ou os lbios quando precisamos colocar uma linha noburaco da agulha. J sabemos porque mastigamos algo invisvel quando cortamos com atesoura.

    Mas o que isso tudo tem a ver com Tipografia? Calma, eu sei que s vezes demoro muitopara chegar aos finalmente, mas para que voc entenda a essncia das coisas e nosimplesmente decore. E v aprendendo, preliminares so muito importantes, se que vocme entende. As regras de diagramao, de escolha tipogrfica, no podem ser arbitrrias, elasso feitas por e para humanos. Elas so fruto da observao do que funciona e do que nofunciona. Mas muitas s existem por pura tradio. Nada melhor que estudar as novas teoriassobre a percepo do homem contemporneo para descobrir quais regras so inteis,mantidas apenas pela repetio, e quais realmente fazem a diferena. como praticar oKama Sutra, fazer suas adaptaes e selecionar o que realmente valeu a pena. Isto poder,poder de criar e selecionar qualidade. Por isso as longas preliminares. Para entrar no clima. Sevoc quiser apenas reproduzir mecanicamente o que existe por a sem se envolver, semgastar fosfato, s passar para os captulos finais.

    SINESTESIA OPCIONAL OU VEM DE FBRICA?

    A Sinestesia um distrbio que afeta pessoas normais em outros aspectos, para quemdois ou mais sentidos se misturam instantaneamente, como num curto-circuito sensorial. hoje considerado um dom. 1 em cada 15 mil pessoas sinestsica.

    Recentemente, descobriu-se que existe uma rea no interiordo crebro, chamada de TPO (temporal, parietal, occiptal) ondeconvergem os sinais dos 5 sentidos. Alguma m formao,doena ou trauma fsico pode fazer com que estes caminhos secruzem em uma espcie de curto-circuito neural nos sinestsi-cos (do grego Syn- junto, tudo) e Aisthesis- sensao, percepo).

    Veja a imagem esquemtica. Sinais neurais da retina viajampara a parte posterior do crebro. L esses sinais so separadoscomo cor, forma, textura movimento e profundidade. Seguemat a rea de representao numrica, onde pode acontecer o"curto". Outra hiptese, mais provvel, o curto acontecer najuno TPO, que se ocupa, alm da viso, dos conceitos de

    seqncia e quantidade, e processa os sons da fala. A juno TPO muito prxima tambmdo crtex do paladar (nsula) e do tato pelas mos (crtex adjacente).

    A Sinestesia sete vezes mais comum em pessoas criativas que na populao em geral.Existem mais sinestsicos canhotos que destros. Por causa das conexes entre sentidos mais

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    acentuada, os sinestsicos tm facilidade em elaborar metforas e associaes entre grupos deconhecimento bastante distintos, o que acelera o surgimento de novas idias e conceitos, tantoartsticos como cientficos.

    As misturas mais comuns entre os sinestsicos : Nmeros e letras que evocam cores -Formas que evocam sons e cores - Sons que evocam sabores e cores.

    DE SINESTSICO E LOUCO, TODO MUNDO TEM UM POUCO

    Outras pesquisas concluram que, at os 6 meses, as conexes cerebrais dos 5 sentidosnascem e se mantm interligadas e vo, lentamente, se especializando e se desconectando.Os sinestsicos podem ter mantido essas conexes por alguma razo desconhecida.

    Gentica ou educao? No se sabe ainda qual o fator determinante. O que sabemos que essa halilidade de fazermos conexes, associaes, metforas etc, so resqucios destatendncia do crebro de tentar entender o que percebe fazendo associaes entre os sentidos. por isso que todo mundo um pouco sinestsico quando exercita a criatividade.

    MEMRIA HOLOGRFICA E SINESTESIA

    Informaes captadas pelos sentidos formam os hologramas mentais (Holografia - dogrego Holo-todo e graphis-imagem) de nossa memria. Acessando um dos canais sensoriais(viso, audio, olfato, tato ou paladar) temos acesso a toda informao captada. O maisinteressante que, mesmo quando o objeto de interesse se limita a sensibilizar apenas 1sentido, como uma msica instrumental por exemplo, o crebro, inconscientemente, fazassociaes e recria a informao dos outros 4 sentidos, para que o dado armazenado possaser mais facilmente lembrado ou compreendido. Parte da nossa inteligncia reside na habili-dade de associar estas memrias de formas inovadoras.

    FORMA, SOM E TATO. TUDO AO MESMO TEMPO AGORA

    Uma prova de que nosso crebro estabelece constantemente relaes entre os sentidos o exerccio que fizemos em sala (Bouba e Kiki). Qual das duas figuras uma "kiki" e qual uma "bouba"?

  • Em pesquisas individualizadas com mais de 5 mil pessoas, mais de 90% dos entrevista-dos escolhem o borro tipo ameba como Bouba e a outra forma pontiaguda como Kiki. Issodemonstra a habilidade do crebro de associar caractersticas e percepes abstratas, comoforma, som e tato. A forma com pontas sugere um tato cortante e perfurante, que combinacom sons rspidos, com a letra K e que exigem movimentos de lngua e do maxilar bruscos.E sabores cidos, que por sua vez lembram cores ctricas e por a vai...Alis, rspidos, cidos,ctricos... A forma mais arredondada e suave parece combinar com movimento lento da ln-gua e dos lbios para o som "bouba" e com as letras B e O. Pessoas com prejuzo de per-formance na rea da juno TPO perdem a capacidade de casar forma e som.

    E AGORA, CAIU A FICHA?

    isso, demoramos mas chegamos. Formas sugerem sons que sugerem tatos. A ordem dosfatores no importa. Transportando isso para a Tipografia, fcil perceber que os desenhosdas letras que escolhemos para escrever um texto tm voz prpria. E muitas vezes podemdizer, pela forma, exatamente o contrrio do que voc escreveu. Veja o exemplo:

    TIPOGRAFIA. A VOZ DO TEXTO.

    Voc j percebeu que, quando est lendo um texto, como se uma voz interna bembaixinha repetisse tudo o que voc est lendo? Isso acontece com todo mundo. Mas difcilnotar pois quando conscientemente queremos ouvir, ela parece que soa falsa. como a res-pirao, sabemos que respiramos mesmo quando no pensamos nela. Mas enquanto pen-samos no ato, parece que respiramos artificialmente.

    Voc j ouviu falar em Leitura Dinmica? Aqueles caras que lem livros e livros folheandopginas como se folheassem a revista Caras? , eles conseguem ler uma pgina literal-mente num piscar de olhos. Parte da tcnica consiste em treinar nosso crebro a ler as

    letras sem precisar balbuci-las no crebro. Nossa velocidade de leitura muito parecido com o da fala por causa disso. Sem essa conexo,somos capazes de ler mais rapidamente. Mas ser que se entende coma mesma profundidade? Bom, eu receio que no, mas como noestudei a fundo, deixemos a Leitura Dinmica de lado.

    O fato que falamos internamente o que lemos para darmos umcolorido interpretao do texto. Como dissemos anteriormente, 30%do que falamos depende da entonao do que dito, e no daspalavras. J pegou? Isso mesmo, a fonte faz o papel da entonao! ela,com suas formas, espaamento e ritmo que sugere o timbre (qualidadedo som, o que difere sua voz de outra pessoa) e a entonao (o teoremocional e a melodia das frases) do texto que estamos lendo.

    como escolher um locutor para ler um texto de rdio. Ou um VJpara apresentar um programa de clipes. Voc escolhe pelo timbre, pela entonao, grau deformalidade e ritmo que combinam com o contedo e com o clima que voc quer dar aotexto. Com um DJ, o visual e a postura tambm contam bastante. Mas no rdio, se texto elocuo esto no mesmo clima, tudo em cima. Quando no combinam, o resultado pode ser

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    ANNCIO - ESTAO DE RDIO SAX

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    bem engraado. Quer um exemplo? Imagine o Cid Moreira e o Srgio Chapellen anunciandoos clipes da MTV. Nada a ver. Veja outros exemplos nestas placas totalmente equivocadas:

    Se quiser, faa um teste. Fixe a placa seguinte em uma vaga de estacionamente eespere algum levar a srio. Apesar de estar escrito que a multa pesada, a forma dasletras fala mais alto. No mnimo, vo achar que pegadinha.

    s vezes o texto que pede ironia. A sim a fonte combina com a voz do texto:

    Agora, uma placa que confirma diretamente a inteno do texto. Deu para percebercomo a tipografia escolhida pode reforar ou neutralizar a inteno de um texto?

    Vamos treinar mais um pouco? D uma lida na frase da pgina seguinte e observe comoas primeiras 3 fontes escolhidas no combinam com a entonao que o texto pede.

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    Deu para perceber como as fontes acima tiram todo o peso dos palavres? Mas noexiste uma fonte certa para cada texto. Existem vrias possibilidades de combinaes. Vejas:

    Mesmo quando o texto exige formalidade, d para experimentar bastante:

    Quando a fonte no combina com o contedo do texto, nossa mente tenta entender afrase a partir de personagens sugeridos pela fonte. Veja as trs opes abaixo. Um mecni-co irnico? Um malandro sofisticado? Stephen Hawking falando atravs do seu computador?

  • COMO CLASSIFICAR UMA FONTE?

    Bom, como a Tipografia uma matria muito mais especfica para os cursos de DesignGrfico, preferi resumir a matria dando destaque aos pontos mais importantes para aComunicao Publicitria. Os futuros diretores de arte podem se aprofundar no estudo lendoos livros indicados na bibliografia do curso. Um livro bsico e simplificado o de CludioRocha - Anlise e produo de fontes digitais, da Editora Rosari, 126 pginas, 2002.

    Todos os softwares de editorao disponibilizam diversas fontes (conjunto de caracteres -letras-nmeros-sinais- cujo desenho segue um mesmo padro bsico de construo). Fontesso muito fceis de achar. O difcil saber separar o joio do trigo, ou melhor, o man do pel.Desenhar uma fonte pode parecer fcil mas um trabalho pra l de minucioso. E comopouca gente tem sensibilidade e conhecimento para escolher bem uma fonte, somos obri-gados a ver na rua verdadeiros assombros.

    Outro lado da questo que, por causa do excesso, muitas pessoas escolhem a fontepor preguia, esta inseparvel companheira, escrevendo tudo com a mesma entonao. Porisso vivemos a ditadura das fontes Arial e Times. Um belo pesadelo para quem sabe daimportncia da Tipografia.

    APRENDA TIPOGRAFIA DE OUVIDO. E DE PARTITURA

    Se voc quer ficar nessa mesmice deArial e Times, tudo bem. Mas se vocquer finalmente aprender os segredos daTipografia, dedique-se a ouv-la. meioque Matrix, o filme. como se voc en-xergasse os cdigos visuais, o mainframepor trs da simples leitura.

    Ouvir as fontes um bom comeopara criar seu repertrio. Mas legal tambm voc saber as diferenas bsicas entre osprincipais estilos de fontes antes. como aprender msica. Seu ouvido se apura cada vezmais quando voc aprende a ler as partituras.

    E para ajudar, existem algumas classificaes tipogrficas queos acadmicos usam para poder organizar as milhares de fontes quedispomos hoje no mercado, baseado na histria da Tipografia, nasdiferenas de estilo, mais perceptveis na inclinao das letras,no desenho das hastes e das serifas. um pouco chato, voctem razo, mas d um bom referencial para suas escolhas. Soao todo 4 classificaes principais e uma complementar.

    Basto, Elzevir, Didot e Egipciana.

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  • BASTO - SEM SERIFA

    Antigamente chamadas de antiqua, lapidria,gothic, grotesca ou sans serif, a forma mais sim-ples e legvel de caractere grfico. Sem adornos, as princi-pais caractersticas das fontes bastonadas so a ausncia deserifa (pequeno trao na extremidade das hastes de umaletra, tambm chamada de remate, filete). Seu desenho foiinspirado nas inscries em pedra ou argila fresca feitapelos fencios e gregos. Lembra? Foram os fencios quedesenvolveram os sinais fonticos (sinais que representamsons da fala humana) que resultaram no alfabeto grego eno nosso moderno alfabeto fontico. Os desenhos definidos pelos fencioseram simples e legveis, fceis de se aprender e de memorizar. Os fencioseram mercadores e viviam nos mares negociando com diversas tribos.Criaram este sistema fontico sem firulas para fazerem negcios com maispraticidade. triste saber que o bero da civilizao, da escrita fontica edos nmeros decimais, a Mesopotmia (hoje Ir, Iraque e Jordnia), hojerepresenta o centro de um conflito entre os E.U.A. e o Resto do Mundo.

    Inspirado neste estilo de desenho simplificado, muitas fontes foramdesenvolvidas, principalmente a partir de 1900, quando movimentos arts-ticos (Art Deco, Modernismo) pregavam o abandono do exagero decorativoem prol da praticidade que a vida moderna, impulsionada pela RevoluoIndustrial, exigia.

    Tecnicamente, fontes do tipo Basto so timas para textos curtos ou com corposde letras pequenos, como legendas por exemplo. Mas funcionam tambm para ttu-los (veja o caso de jornais vespertinos e de esportes). A maioria no utilizada emmanchas de textos longos, pois o desenho simples e geomtrico um poucomontono ao olhar, o que faz perder o interesse no texto. Mas algumas fontesbasto com variao humanista (que se aproximam das propores ureas, va-lorizadas no Renascimento) nas hastes e na proporo altura/largura, so muitoboas para manchas de texto tambm. o caso da Gill Sans e da Dax.

    A voz que elas geralmente expressam combinam com textos prticos, tcnicos oubastante jovens, com um estilo mais direto e coloquial. Com uma leve inclinao (ita-lic), do uma dinmica acelerada ao texto e diagramao, perfeito para matrias eanncios sobre esporte e velocidade. As suas verses mais pesadas (mais grossas)

    combinam com tons mais rspidos, sem frescuras, exageradamente diretos. Em caixa alta(em maisculas), tambm chamada de letras garrafais, parecem que esto gritando ottulo de to diretas que se apresentam. Por isso so muito utilizadas em jornais vespertinos(que saem tarde), jornais sobre violncia ou esportes.

    As suas verses light combinam muito bem com o estilo moderno, minimalista eurbano clean, pois renem praticidade com a esttica da beleza magra, to na moda hojeem dia. Vide campanhas do Shopping Iguatemi, do Leite Molico, etc.

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    ESCRITA CUNEIFORME (em forma de cunha),PRECURSORA DO ALFABETO FENCIO - MESOPOTMIA

    CARTAZ ITALIANOINSPIRADO NOMOVIMENTOFUTURISTA. 1920

    CARTAZ FRANCS INSPIRADONA ART DECO E NOEXPRESSIONISMO - 1912

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    As fontes mais representativas destaclassifcao so:

    Akzidens Grotesk - (1896-Berthold-Alemanha)Grotesk, em alemo, significa sem serifa.

    Franklin Gothic (1905-American Typefoundries-ATF). a fonte utilizada ainda hoje pela revistaColors, da Benetton. O final de algumas hastesno terminam em ngulo reto, o que quebra umpouco a rigidez de suas formas.

    Underground (1915-Edward Johnston-Inglaterra). Encomendada para o logo e sinaliza-o do Metr de Londres.

    Bauhaus (1925-Herbert Bayer- EscolaBauhaus-Alemanha). Com o nome inicial deUniversal, tem letras com desenhos em crculoperfeito, quebrando a proporo humanista dealtura e largura. Desenhada na lendria escolade artes aplicadas Bauhaus, hoje usada emvinhetas da MTV e na revista TPM.

  • Futura (1927-Paul Renner-Alemanha). Inspirado nafonte Bauhaus e nos movimentos modernistas, essafonte utilizada maciamente na publicidade. Osanncios da Volkswagen so todos feitos com estafamlia.

    Gill Sans (1928-Eric Gill- Inglaterra). Baseado naUnderground, Gill desenvolveu esta fonte que equili-bra um pouco o geometrismo da Bauhaus com a vari-ao de espessura das hastes mais prxima dasfontes serifadas, o que cria um agradvel ritmo deleitura.

    Helvtica (1956-Max Miedinger, funcionrio daHaas - Sua). Teve seu apogeu nas dcadas de 60, 70e 80. Muito utilizada em textos tcnicos pela suaincrvel legibilidade e qualidade de impresso empequenos tamanhos, como bulas de remdio, porexemplo.

    Univers (1957-Adrian Frutiger, suo, funcionrio daDeberny & Peignot-Frana). Frutiger foi um dosprimeiros tipgrafos a fazer uma famlia completa depesos de letra (light, normal, medium, bold, extrabold) numerando as variaes de acordo com aespessura das hastes. O mesmo Frutiger, em 1990,lanou uma basto de muito sucesso com seu nome.

    Optima (1958-Hermann Zapf- Alemanha) - Uma fonte sem serifamas com variao nas hastes tpicas das fontes romanas com serifa(propores humanistas). Muitos acadmicos no a consideram umafonte Basto por causa dessas caractersticas mixadas. Seu estilo neu-tro e equilibrado se adequa perfeitamente para manchas de texto.

    Bell Centennial (1978-Matthew Carter-Inglaterra). Encomendadapara as listas telefnicas Bell, Matthew resolveu o problema criandouma fonte legvel e naturalmente condensada, o que diminua otamanho das linhas de texto.

    Syntax (1969-Hans Eduard Meier-Alemanha)Verdana (1998- Matthew

    Carter, criada para a Microsoft).Neste caso Matthew foi con-tratado para criar uma fontecapaz de melhorar a legibilidadedos textos nos monitores dapoca. A fonte Verdana temminsculas largas e altas paraisso.

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    ANNCIO VOLKSWAGEN

    CATLOGO ORIGINAL - LANAMENTO FONTE UNIVERS

    CATLOGO ORIGINALLANAMENTO FONTE FUTURA

    CATLOGO ORIGINALLANAMENTO FONTE UNIVERSAL (BAUHAUS)

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    ELZEVIR - SERIFA FINA TRIANGULAR

    Elzevir vem de Elzevier, o sobrenome de uma famlia de grfi-cos holandeses do sculo XIX, muito populares na Frana. Eleseram especialistas em desenvolver e utilizar tipos inspirados noscaracteres romanos, timos para leitura de textos longos. Bom, valea pena lembrar que nem os Gregos nem os Romanos (no inciodo Imprio) escreviam com letras minsculas. As letras minsculasforam gradualmente encontrando seu espao durante a IdadeMdia, formando o alfabeto latino bicameral (ou seja que temletras maisculas e minsculas de formas diferentes, como o A eo a), muito utilizado pelos copistas na edio de Bblias duranteesse perodo.

    Aps Gutemberg (1394-1468) ter inventado o tipo mvel de metal (ao lado) erevolucionado a forma de editar e reproduzir textos, os primeiros tipos desenha-dos tinham forte influncia dos manuscritos bblicos, de estilo gtico (letrasesguias, hastes verticais grossas). Mas durante o Renascimento, com o resgate dosvalores estticos da poca clssica de Gregos e Romanos, os desenhos de tipossofreram forte influncia das Caixas Altas (Maisculas) romanas, modificandoinclusive as caixas baixas (minsculas), que receberam tambm serifas.

    Mas o que e pra que serve uma serifa?

    Bom, j que voc perguntou, melhor eu responder agora. Voc j sabe queas letras gregas no tinham serifa. Tudo leva a crer que a serifa surgiu como uma soluo dearremate nas inscries direto nas pedras de mrmore dos edifcios pblicos romanos. Asletras eram esculpidas na rocha e, para sumir com eventuais erros e para melhorar a per-cepo visual de alinhamento, os escultures faziam arremates em 90 graus nas extremi-dades das letras, de forma que quem as lesse de longe, no notasse alguns caracteres forado alinhamento por barbeiragem do escultor. As serifascriam, por boa continuidade (ver Gestalt), a iluso delinhas horizontais, no topo e no cho, funcionando comoaquelas linhas azuis dos cadernos de caligrafia. Com otempo, um ajuste tcnico acabou virando ajuste estti-co. Outros estudiosos especulam que, alm do arre-mate visual, as serifas triangulares nas rochas aju-davam a tirar o gelo acumulado no inverno dentro dasletras, Se o gelo ficasse incrustrado, as pedras poderiam rachar.

    Uma das verses mais bem desenhadas do estilo romano foi produzido pelo tipgrafofrancs Nicolas Jenson (1420-80) na Itlia. At hoje, esta fonte serve de modelo e inspi-rao para redesenhos contemporneos de fontes no estilo romano, como por exemplo afonte Adobe Jenson, lanada em 1990 pelo designer R. Slimbach, a pedido da Adobe.

    DETALHE DE INSCRIES - COLUNA DE TRAJANO - ROMA

    PGINA COM ESCRITA GTICA MANUAL - 1440

  • Bom, como reconhecer uma fonte do estiloElzevir? Elas possuem serifas triangulares (verdesenho), suas caixas baixas (minsculas)geralmente tm largura menor que altura, den-tro de propores humanistas (proporourea), suas hastes variam suavemente de espes-sura e suas letras so construdas com base emelipses inclinadas (veja as letras O e e). Estapequena inclinao e a suave variao dagrossura das hastes ajudam e muito em sualegibilidade. Por isso muito utilizada em man-chas de texto de livros e jornais matutinos.

    Fontes Elzevir so, geralmente, polivalentes.Apesar de perfeitas para textos longos, tambmcaem bem em ttulos, subttulos e legendas.Porm, muitas vezes tiram um pouco de origi-nalidade do trabalho por serem muito similaresentre si. Talvez por respeitarem muito as regrasde boa legibilidade, essas fontes no possuempersonalidade forte o bastante para impres-sionar em ttulos e logos, por exemplo.

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  • As fontes mais representativas desta classificao so:

    Bembo Italic (1501-Francesco Griffo-Itlia). Aldus Manutius, omesmo Aldus reverenciado no software Aldus Page Maker, recon-hecido como o primeiro editor comercial da histria. Para baratear aproduo e incluir mais texto em cada pgina, Aldus encomendouuma criao para Francesco Griffo, que pudesse compactar o textosem perder em legibilidade e elegncia. Surgiu ento o termo Italic.Griffo, de Bolonha, criou um tipo inspirado nos copistas italianos,que tinham um estilo de escrita inclinado, prximo de um manu-scrito informal. As letras minsculas eram inclinadas e as maisculasmantinham o desenho romano. Hoje, a grande maioria das fontes do Estilo Elzevir possuemsua verso em Italic. A fonte Bembo, da Monotype, foi baseada nos livros impressos com

    esta fonte de Griffo.Garamond (1530 ou 1546-Claud Garamond - Frana). Garamond inspirou-

    se no desenho elegante das fontes de Nicolas Jenson e criou uma fonte queperdura at hoje. Com um desenho clssico e ao mesmo tempo orgnico, reconhecidamente uma das fontes mais elegantes do estilo romano. Mesmosua verso em Italic mantm sua originalidade, sendo muito utilizada nas cam-panhas publicitrias do mundo inteiro. O redesenho mais fiel ao design deClaud Garamond o da Monotype

    Caslon (1720-William Caslon-Inglaterra). Casloninspirou-se nos desenhos de fontes holandesas, quedominavam as editoras inglesas, para fazer sua fonteno estilo romano. Em pouco tempo, seu tipo era uti-lizado pelas grandes editoras europias, devido a suatima legibilidade. Caslon foi o primeiro a montar umaempresa especializada em desenho de fontes, aschamadas Type Foundryes, como as modernasMomotype, ITC, Adobe, FontFont, Emigr, T-26 etc.

    Goudy Oldstyle - (1915-Frederic W. Goudy, ATF-E.U.A)Times New Roman (1931-Stanley Morison-Inglaterra) Com a rev-

    oluo industrial, a mdia impressa ampliou a sua cobertura, princi-palmente nos pases beros da revoluo, como o caso daInglaterra. A pedido do jornal ingls The Times, uma equipe dirigidapelo tipgrafo Stanley Morison, que tambm trabalhava para a type foundry Monotype,redesenhou tipos clssicos a fim de obter uma fonte agradavelmente legvel e que econo-mizasse espao. Surgiu ento a Times New Roman, inicialmente exclusiva para o jornal, masque depois comeou a ser comercializada, transformando em um enorme sucesso.

    Palatino (1949-Hermann Zapf- Alemanha)Trajan ( 1989 - Carol Twombly - Adobe, E.U.A). A coluna de Trajano, que conta as cam-

    panhas militares do imperador Trajano, localizada no Foro Imperial em Roma, tem umaelegncia e imponncia que ultrapassa os limites do tempo. Gravada no ano de 113 d.C.,esta coluna serviu de inspirao para a maioria das fontes de estilo romano, apesar de terapenas maisculas. A pedido da Adobe, Carol Twombly redesenhou a mais fiel verso desseestilo, lanando a fonte Trajan.

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  • DIDOT - SERIFA FINA (HAIRLINE) RETA

    No sculo XVIII, uma famlia dedicada Tipografia resolveu abrir sua empresa deimpresso para receber alunos de toda a Europa para ensinar a arte de desenhar e fundirtipos no metal. Os Didot eram reconhecidos como exmios gravadores de tipos e posssuamum estilo prprio de desenhar suas fontes no estilo romano.

    Mais preocupados em desenhar tipos que pudessem ser impressos em maior tamanho,especialmente para ttulos de jornais e de cartazes (os cartazes surgiram na Frana, paravender livros), as fontes Didot eram muito charmosas e tinham uma grande variao deespessura entre as hastes verticais (mais grossas) e horizontais.As suas serifas eram finas e seguiam linhas retas horizontais. Asletras com curvas no tinham a inclinao tpica das letras inspi-radas na escrita manual. Eram todas baseadas em linhas ortogo-nais (em ngulos retos), o que acentuava sua fora em ttulos,mas no facilitava muito o fluxo de leitura.

    Este estilo de fontes, chamado hoje de Didot, em refernciaaos franceses, teve com um italiano sua mais famosa criao.Giambattista Bodoni, nos idos de 1790, foi estudar com os Didote mais tarde lanou sua prpria fonte, a sofisticada Bodoni, athoje utilizada em revistas de moda, em ttulos publicitrios emanchetes de jornal. Na Amrica, com a fora da publicidade, asfontes do estilo Didot ganharam verses, digamos, maisgordinhas. As hastes verticais ficaram exageradamente maisgrossas, o que criava maior impacto dos ttulos dos anncios ecartazes.

    So poucas as fontes originalmente do estilo Didot. Talvez pelo fato de seremdesenhadas com compassos e linhas retas, no h muito espao para variaessobre o tema. Algumas fontes modernas so combinaes de caractersticas Didotcom Elzevir, como no caso das fontes Modern, Centennial e De Vinne, que pos-suem serifa triangular mas suas letras com curvas seguem o eixo vertical (seminclinao).

    As fontes mais representativas desta classificao so:

    Didot (1750-Francisco Ambrsio Didot-Frana)Bodoni (1818-Giambattista Bodoni-Itlia)Mona LisaFeniceWalbaumModern

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    ANNCIO - FELIZ DIA DOS NAMORADOS ou FELIZ DIA DAS MES.PREDICTOR - TESTE INSTANTNEO DE GRAVIDEZ - fonte BODONI

  • EGIPCIANA - SERIFA GROSSA

    Conhecidas tambm como Slab Serifs ou Bracketed Serifs, asfontes com serifas pesadas recebem esta classificao porque surgi-ram no sculo XIV na Europa, logo depois de uma onda de exposiese estudos sobre a histria e arte egpcia. Com as grandes descobertasarqueolgicas do Egito antigo, o forte e austero estilo arquitetnicoegpcio influenciou todas as artes na Europa, principalmente naInglaterra. Uma das primeiras fontes desenvolvidas sob esta influnciafoi a Clarendon, de Robert Besley, em 1845.

    A caracterstica principal desse estilo so a serifa grossa (muitoprxima da espessura das hastes verticais das letras) e a diminuiode contraste entre hastes finas e grossas. A impresso final de umtexto montado com fontes no estilo Egipciano de austeridade erigidez. As serifas grossas so diretamente relacionadas s estruturas

    das colunas dos templos egpcios. Sabe-se que o Egito sofreu, em deter-minado momento histrico, a influncia da cultura grega. Os estilos dri-co, jnico e cornthio das colunas gregas foram adaptados ao estilo egp-cio, que ampliaram as bases e o topo das colunas, enrijecendo sua estru-tura e desenho. Traduzindo este estilo para as fontes, vemos serifas debase e topo mais grossas.

    Podemos notar dois tipos de fontes egipcianas. As fontes com carac-tersticas romanas que simplesmente engrossam suas serifas e dimin-uem o contraste entre hastes finas e longas. Um exemplo desse estilo a prpria Clarendon. Existem tambm fontes baseadas no estilo bastona-do, que recebem serifas com a mesma grossura de suas hastes.

    O resultado final sempre uma fonte de grande estabilidade e impacto, pois gravam bas-tante preto no papel e tm pouco espao de branco. So bonspara ttulos e avisos e, quando inclinados podem funcionar emmanchetes esportivas. As fontes mais usadas em mquinas deescrever, como Courier e Orator, so fontes com serifas egip-cianas. Essas fontes para mquinas de escrever eram chamadasde Monospaced, porque os espaos entre as letras erapadronizado. As serifas caam bem aqui para preencher oespao vazio que fatalmente surgia quando se digitava um iou um l.

    Mas d uma olhada nos anncios atuais. Devido rigideztpica de seu desenho, as fontes com serifa egipciana no estosendo muito utilizados na publicidade hoje em dia. Os diretoresde arte atualmente preferem trabalhar com fontes mais dinmi-cas e flexveis, muito mais ajustadas aos nossos estilo contem-porneo de vida.

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    COLUNAS EGPCIAS

    ANNCIO DA REVISTA AVANTGARDE.CRIADO POR HERB LUBALIN

    COLUNAS GREGAS

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    As fontes mais representativas destaclassificao so:

    Clarendon (1845-Robert Besley-Inglaterra)Rockwell (1905-Monotype)City Medium (1930-George Trump-Alemanha)Lubalin (1974-Herb Lubalin-E.U.A)OrandaCairoSerifa (1971-Herb Lubalin-E.U.A)Courier (Monospaced)Letter Gothic (Monospaced)

  • BASTARDAS - AS QUE NO SE ENCAIXAM

    Claro, com tanta fonte no mercado e tanta criatividade rolando, impossvel ajustar todasas fontes em apenas 4 classificaes. Elas so apenas gerais. Muitas outras classificaesso utlizadas por quem faz, estuda ou compra fontes. Alis, cada Type Foundry tem a sua.Mas para facilitar a sua vida, os acadmicos criaram este saco sem fundo chamadoBastardas. Resumindo, isso: fontes que no se encaixam nas outras classificaes so classifi-cadas como Bastardas. Vale a pena saber que, dentro desta classificao, podemos observarsubgrupos como:

    Fontes Display - So fontes criadas com a preocupao de ampliar o impacto de ttulos. Nopossuem pretenso nenhuma de legibilidade para textos em corpo pequeno. So geral-mente experimentais e abusam de formas e conceitos originais. Como so um pouco tres-loucadas, fica difcil encaixar em um trabalho, mas quando encaixam, bingo!

    Fontes Humor - No precisa dizer muita coisa, seus desenhoslembram bales de HQ e desenhos animados. So naturalmentecmicas, parecem que esto saltitando e rindo a todo momento.

    Fontes Techno - Englobam fontes com estilo eletrnico, que parecemclaramente feitas em computador ou inspiradas pela informtica.

    Fontes Script - So fontes que lembram estilos caligrficos, usadasem diplomas, convites de casamentos, certificados. Cheio de

    floreios, essas fontes caem bem em anncios quando contrastadascom designs modernos e ultra limpos.

    Fontes Process - So fontes que lembram processos de impresso esuas falhas, que se transformam em estilo.

    Fontes Hand - So desenhos que imitam escritas despretensiosas mo. Geralmente em letras de forma, so legais de usar porque

    transferem um toque casual ao layout. Algumas so bem gestuais,outras mais crianonas.

    Fontes Monospaced - Originalmente criadas para mquinas de escre-ver (datilogrficas). Espaamento por igual entre as letras.

    Fontes Histricas - O nome mesmo diz, so fontes datadas, quelembram pocas da histria bem demarcados. So legais quandovoc precisa fazer layouts retrs, ou mesmo para contrastar com

    outro estilo contemporneo.

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  • A FACA, O QUEIJO E O MOUSE ESTO EM SUAS MOS

    Agora com voc. Mas no caia na tentao da primeira idia. Um estudante inicianteem artes tipogrficas escolhe geralmente as fontes mais bvias. Num logo ou anncio deum produto para o pblico infantil, ele vai logo usando a Comic Sans. Bom, pode-se argu-mentar que a escolha adequada mas nem por isso interessante. Quanto mais se experi-menta, mais se aprende. E no s na escolha da fonte que voc pode modificar a entonao.Experimente mudar o espaamento entre letras, variar o peso (bold, extrabold, light), fazerinterferncias, colorir etc.

    Viu como a escolha tipogrfica realmente fala alto? por isso que diretores de arte eredatores publicitrios precisam trabalhar em conjunto, pois sem essa sensibilidade, o riscode um desdizer o outro grande. Alis, anncios, logos, diagramaes equivocadas o queno falta no mercado. Sensibilidade talento, e talento no se encontra fcil. Agora, ao con-trrio do que muita gente diz, talento se aprende e se aperfeioa, sim. At Pel precisouaprender a cabecear e a chutar com a esquerda. Um diretor de arte precisa investir bastantetempo e interesse para afinar e praticar sua sensibilidade. Ler, pintar, desenhar, fotografar,estudar, visitar museus, exposies, bibliotecas, pesquisar, encenar, jogar, amar, criar. umprocesso ininterrupto. Afinal, ningum comea do zero. Intuitivamente voc j sabe demuita coisa, s precisa por um catalisador em tudo isso. E esse catalisador tem nome: forade vontade.

    Legal, finalizamos a matria sobre classificao de fontes. Mas voc no imagina o quan-to ainda tem para se estudar sobre Tipografia. Tivemos um bom comeo. Afinal, Tipografia uma disciplina tradicional dos cursos de Design Grfico. por isso que a apostila se chamaTipografia para Publicitrios, destacando os aspectos mais importantes da Tipografia para oexerccio criativo da Publicidade e para o trabalho em equipe com designers e diretores dearte. Quem realmente se interessar e quiser saber mais sobre esta verdadeira arte, podeencontrar bons livros sobre o assunto ou mesmo pesquisando na internet, visitando algu-mas Type Foundryes, revistas e livrarias:

    www.adobe.com/typewww.bertholdtypes.comwww.emigre.comwww.fontshop.comwww.garagefonts.comwww.hwcaslon.comwww.itcfonts.comwww.linotypelibrary.comwww.t26font.comwww.fontzone.comwww.fontsite.comwww.serifmagazine.comwww.tupigrafia.com.br (revista brasileira)www.typographer.comwww.typebook.com

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