maquinas 115

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Fevereiro de 2012

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Rodando por aí

Avaliação de perdas em colheita de feijão

Avaliação de compactação em milho

Avaliação de segurança em tratores asiáticos

Avaliação de retroescavadeiras

Test Drive - Colhedora Case IH 2566

Desempenho do conjunto trator-roçadeira

Consumo em lavouras de algodão irrigado

Perdas por deriva em pulverização

Desempenho em integração lavoura-pecuária

Show Rural 2012

Test Drive - Case IH 2566 22Saiba como a 2566, a menor colhedora axial da Case IH, se saiu no nosso test drive realizado no Mato Grosso

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados po-dem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles EcherCarolina Simões Silveira

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• ComercialPedro BatistinSedeli FeijóJosé Luis Alves

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.www.revistacultivar.com.br

DireçãoNewton Peter

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480

Tratores asiáticosPesquisadores avaliam itens de

segurança em nove tratores asiáticos oferecidos no mercado brasileiro

Show de lançamentosConheça os primeiros lançamentos de

2012 apresentados durante o Show Rural da Coopavel, realizado em Cascavel/PR

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• REDAÇÃO3028.2060

Assinatura anual (11 edições*): R$ 157,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:

US$ 130,00€ 110,00

Cultivar Máquinas • Edição Nº 115 • Ano XI - Fevereiro 2012 • ISSN - 1676-0158

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

• AssinaturasNatália RodriguesFrancine SoaresFrancine Martins

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Destaques

Nossa capa

Índice

14

Matéria de capa

Cap

a: C

harl

es E

cher

CCCultivar

• GERAL3028.2000

• ASSINATURAS3028.2070

• MARKETING3028.2065

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Fevereiro 2012 • www.revistacultivar.com.br04

roDANDo por AÍ

CorreiasVisitantes puderam conferir os detalhes construtivos das correias agrícolas da Goodyear, expostas com corte transver-sal. “É importante que o cliente conheça por inteiro o produ-to que está levan-do”, explica Márcio Afonso, engenheiro de Vendas Produtos Industriais & Agríco-las da Goodyear.

Equipe Equipe de Engenharia de Produtos da Goodyear presente no Show Rural Coopavel 2012 destacou os principais produtos das suas linhas de acoplamentos Lovejoy, Correias Agrícolas, Correias Industriais em “V”, Correias Sincronizadoras em Borracha e em Poliuretano, Correias Transportadoras e Elevadoras de Canecas, Mangueiras Hidráulicas, Mangueiras Industriais, Molas Pneumáticas, Polias em “V” e Sincro-nizadas e Terminais Hidráulicos.

Segunda geraçãoFernando Mier, gerente de Es-tratégia Produto Agro América Latina da Pirelli, destacou o lançamento da segunda gera-ção de pneus radiais agrícolas desenvolvida e produzida no Brasil, a linha PHP, e ainda apresentou as linhas de pneus agrícolas convencionais voltadas a tratores, colheitadeiras, pivôs de irrigação, carretas agrícolas, implementos, pulverizadores e microtratores.

TitanMarília Padrão, coordena-dora de Marketing Titan, acompanhou o lançamen-to da linha de pneus fora de estrada e da linha de pneus agrícolas destina-das para pulverizadores, colhedoras e tratores de grande potência que fo-ram destaque no Show Rural Coopavel.

MWM Vanessa de Siquei-ra, gerente de Vendas Mercosul da MWM, acompanhou a equipe da MWM no Show Rural, onde a empre-sa destacou a linha completa de motores MaxxForce, com ênfa-se para o modelo 4.2ª Tier 4.

AmpliaçãoGuillermo Battilana, gerente sênior de Vendas & Marketing América Latina, Leandro Pavarin, gerente de Vendas Brasil, e Edson Tebaldi, diretor de Operações, acompanharam a participação da Titan no Show Rural Coopavel. Segundo Battilana, “a ideia é incrementar ainda mais a linha agrícola e também a fora de estrada, trazendo até medidas de pneus que não são fabricadas ainda hoje no país”.

ParticipaçãoEduardo Souza, gerente de Mar-keting de Produto da AGCO, participou do Show Rural Coopa-vel 2012. Entre os destaques das marcas Massey Ferguson e Valtra, que integram a companhia, estive-ram tratores de alta potência, como o MF 8690, de 370cv, e a série de tratores S, da Valtra, com motori-zações de 320cv e 370cv.

Série SWinston Quintas, supervisor de Marketing de Produto da Valtra, destacou durante o Show Rural o lançamento da série S. Fabricados na Europa, os tratores S293 de 320cv e S353, de 370cv, são desti-nados a áreas que demandem alta potência, em culturas como cana-de-açúcar e grãos.

Crescimento O gerente de colheita-deiras da AGCO, Dou-glas Vincenzi, participou do Show Rural Coopa-vel. A Valtra, uma das marcas da companhia, comemorou o avanço de 30% no mercado de colheitadeiras registrado em 2011.

Márcio Afonso

Fernando Mier

Marília Padrão

Vanessa de Siqueira

Guilhermo Battilana, Leandro Pavarin e Edson Tebaldi

Eduardo Souza

Winston Quintas

Douglas Vincenzi

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PresençaSilvio Rigoni, da Agra-le, destacou durante o Show Rural Coopavel os 50 anos de fundação da empresa. O lançamento oficial das comemorações ocorreu durante a Festa da Uva 2012, em Caxias do Sul. Diversos eventos durante 2012 marcarão as festividades do cinquen-tenário da empresa.

GiganteEverton Pezzi, supervisor de Marketing de Produto Tratores da Massey Ferguson, acompanhado pela equipe da marca, destacou no Show Rural Coopavel o MF 8690, trator de 370cv de potência, fabricado na França. “Com a transmissão Dyna-VT, comando e monitores avançados com fácil acesso, o operador consegue obter o desempenho ideal em qualquer operação”, destacou Pezzi.

LançamentoRobson Zófoli, diretor comercial, e Wanderson Tosta, gerente de pro-duto, apresentaram no Show Rural Coopavel as novidades da Jacto, com o lançamento do pulve-rizador Uniport 3030, além de alterações nos modelos Uniport 2000 Plus, Uniport 2500 Star e no pulverizador Costal PJH.

Linha ATSA Valtra ofereceu aos visitantes do Show Rural informações sobre o Sistema de Operações Integradas, em um espaço dedicado a equipamentos para agricultura de precisão. “Na área de grãos, usando tecnologias de direcionamento automático é possível melhorar a eficiência das máquinas e das condições de solo”, explicou Rafael Costa, coordenador de Mar-keting de Produto ATS Valtra. Em produtos para o segmento, o destaque da empresa ficou com o sistema de telemetria AGCOMmand.

AvaliaçãoO diretor comercial da New Holland, Luiz Feijó, avaliou positivamente a participa-ção da marca no Show Rural Coopavel, evento que abre o calendário nacional de feiras agrícolas. “Começamos 2012 com grandes novidades, de-senvolvidas a partir da tendên-cia que percebemos do setor. Para a New Holland, receber o feedback do cliente dentro de casa é uma grande honra”, afirmou.

ExpansãoO vice-presidente da Case IH para América Latina Mirco Romagnoli, o diretor comercial Cesar Di Luca, o diretor de Marketing Alfredo Jobke e o gerente de Serviços Rafael Miotto, apresentaram no Show Rural Coopavel os percentuais de crescimento da marca em 2011 e a criação do Max Case IH, sistema de suporte avançado para atendimento de máquinas paradas no campo em função de problemas técnicos. O serviço é ofertado para clientes de linhas de produtos predefinidas. O acesso se dá através do telefone 0800-5005000.

Case/Semeato“Não vamos comprar a Semeato.” A afirmação é do vice-presidente da Case para a América Latina, Mirco Romag-noli, que negou qualquer intenção de adquirir a fabricante de implementos. Romagnoli citou como exemplo par-cerias que a Case mantém em outros segmentos, como o de Agricultura de Precisão, onde as marcas originais dos fornecedores foram mantidas. Em 2001 a Case e a Semeato anunciaram uma parceria técnica e de comercializa-ção entre as duas companhias.

PortfólioA equipe de especialistas de marketing de produtos: tratores, plantadeiras, colheitadeiras, pulverizadores da Case IH acompanhou os lançamentos e os destaques da empresa no Show Rural Coopavel. Durante a feira a Case IH lançou os tratores Puma 195 e 210, as plantadeiras Sol Tower 13 linhas, Sol TT 34 linhas e as semeadoras múltiplas SSM 33 linhas e SHM 17 linhas, fruto da parceria entre a Case IH e a Semeato.

Robson Zófoli e Wanderson Tosta

Rafael Costa

Luiz Feijó

Mirco Romagnoli

Silvio Rigoni

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GTSA GTS do Brasil destacou no Show Rural o portfólio de produtos pro-duzidos pela empresa. As equipes de marketing e vendas apresentaram aos visitantes as linhas de colheita, pós-colheita, plainas e transporte.

AgritechA equipe da Agritech apresentou no Show Rural o trator 1155 NEW, apto a receber cabines de fábrica. Outro destaque foi o modelo 1175-4 Agrícola, desenvolvido para atender lavouras de grãos e culturas que necessitem de tratores com maior poder de tração e potência TDP independente.

MontanaO principal destaque da Montana no Show Rural foi o novo modelo de trator da linha Solis com 75cv. Na linha de pulverizadores o destaque foi o modelo novo da linha Boxer, com barras de 25 metros, mecânico, com transmissão 4×2 e cinco velocidades.

MiacA Miac apresentou no Show Rural o lançamento da colhedora de amen-doim Double Master V com inovações no cabeçote, que permite a mano-bra do trator sem que haja a necessidade de desativar o equipamento.

AragLuis Marcelo Pustiglio-ne, diretor comercial da Arag, e Carlos Alber-to Gonçalves, técnico comercial, visitaram clientes durante o Show Rural. Na Ex-podireto, que ocorre em março, a empresa apresentará o Seletron, sistema de corte auto-mático de pulverização bico a bico.

StaraA Stara busca apresentar produtos desenvolvidos com tecnologias exclu-sivas, como principal diferencial de mercado. Roger Baumgratz, co-ordenador de marketing da empresa, citou como exemplo o Imperador CA 3100, único pul-verizador com barras centrais do mundo.

ScarabelottNury Jafar Abboud, representante comercial da Metalúrgica Scara-belott, apresentou no Show Rural o Rolo Corrente, equipamento que alia simplicidade e rendimento e pode ser configurado de acordo com o tamanho da área a ser trabalhada.

GraxaA John Deere apresentou no Show Rural a linha de graxas desenvol-vidas pela empresa. Segundo o engenheiro de qualidade, Michal Kulpa Neto, a linha completa con-ta com as opções Graxa de Lítio Multiuso, para todo tipo de clima; Graxa Complexo de Lítio MP HD, utilizada em rolamentos de rodas, articulações em U e outros pon-tos de graxa que exijam serviços pesados, além da Graxa Polliureia MP SD, para altas temperaturas e pressões extremas. Michal Kulpa Neto

Luis Marcelo Pustiglione e Carlos Alberto Gonçalves

Roger Baumgratz

Nury Jafar Abboud

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MetalforA equipe da Metalfor apresentou no Show Rural a linha de pulveriza-dores produzidos e comercializados pela empresa. Segundo Guillermo Zenha, gerente geral, a empresa busca atender as necessidades do agricultor brasileiro com equipamentos modernos e de excelente qualidade de aplicação.

TeejetA equipe da Teejet lançou no Show Rural o bico de pulverização AI3070 de dois jatos planos com indução de ar. A ponta do bico oferece duas direções de pulverização em ângulos complementares de 30º e 70º em relação à vertical. O primeiro jato penetra no interior da cultura, enquanto o segundo jato fornece cobertura completa na parte superior. É oferecido nos tamanhos 015 a 05.

FhankauserA equipe da Fankhauser apresentou a plantadora-abudabora autotrans-portável 5056 e a nova Fertilizadora F-5000 Saturno. A plantadora 5056 é indicada para grandes e médias propriedades e pode ser configurada com 20 a 30 linhas de plantio.

TrelleborgA Trelleborg fabricante de pneus agrícolas esteve no Show Rural apre-sentando seu portfólio de produtos. A empresa equipou os tratores T8 e T7060 no estande da New Holland e o MF7390 no estande da Massey Ferguson.

JumilA Jumil apresentou no Show Rural a linha de produtos comercializa-dos pela empresa, com destaque para o lançamento da Precisa 6m3. O supervisor de vendas, Gustavo Milan, e sua equipe mantiveram contato com agricultores, divulgando a linha de produtos e prospec-tando novos clientes.

John Deere Cristiano Trevisan e Alex Johann, es-pecialistas de pro-duto da John Deere em pulverizadores e plantadeiras, de-monstraram aos produtores a tec-nologia dos imple-mentos ofertados pela empresa, com ênfase para segu-rança, precisão e produtividade. Cristiano Trevisan e Alex Johann

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ColhEDorAS

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Feijão de qualidade

Na produção de feijão, a operação de colheita é uma das mais impor-tantes e, quando mal processada,

pode provocar perda de grãos, quebras, danos mecânicos e escurecimento dos grãos, inter-ferindo de maneira decisiva na qualidade do produto e no seu valor comercial.

No Brasil o feijão do tipo carioca é cultivado e consumido em larga escala, chegando a repre-sentar cerca de 60% do consumo. Este tipo de feijão se destaca por ser de alta produtividade e ótima aceitação no mercado, porém, são plantas de crescimento indeterminado, ou seja, na época da colheita encontramos no mesmo pé vagens já secas, vagens no ponto ideal e vagens ainda verdes, o que torna a colheita um processo complexo.

Assim, via de regra, a colheita direta fei-ta com colhedoras automotrizes, apesar de ser mais rápida, requer obrigatoriamente a aplicação de dessecantes, além de acarretar em maiores perdas e depreciação do produto na comercialização. Contudo, em algumas situações como o excesso de chuvas na época de colheita, a colheita direta com automotriz torna-se o único processo viável para retirar a produção do campo.

Já a colheita quando realizada em etapas (colheita indireta), resulta em grãos de melhor

Pelas peculiaridades de formato e amadurecimento da planta, a cultura do feijão tem uma operação de colheita bastante complexa, que exige preparo adequado do solo antes do plantio, a fim de obter um terreno homogêneo e

colhedoras bem reguladas e operadas de maneira corretaqualidade, com menores perdas, menos danos mecânicos e mais limpos, sendo ideal para quem visa à qualidade. Quando realizada em etapas, se divide basicamente em duas operações: corte/enleiramento e recolhimento/trilha.

A operação de corte e enleiramento é reali-zada por uma ceifadora-enleiradora composta basicamente por barra de corte, sistema de dedos recolhedores e duas esteiras de borracha que conduzem as plantas cortadas para o centro e as depositam enleiradas no solo.

A operação de recolhimento e trilha é feita por uma recolhedora-trilhadora que separa os grãos das vagens e plantas e elimina o excesso de

impurezas, depositando os grãos em um tanque graneleiro para depois descarregá-los em um transbordo, carreta ou caminhão.

Além da modalidade de colheita, outros pontos importantes devem ser considerados na condução da lavoura visando à colheita meca-nizada com qualidade, como o caso do preparo do solo. Em áreas de preparo convencional é importantíssimo no preparo do solo que se pro-cure uniformizar a superfície do solo o máximo possível, devendo-se eliminar as depressões do solo por meio da ação de grade niveladora, fazendo o repasse uma ou mais vezes, pois o custo de se fazer alguns repasses é facilmente

Conjunto trator-recolhedora-trilhadora avaliado: trator Valtra BM 100 e recolhedora-trilhadora Double Master III

Divulgação

Feijão de qualidade

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Figura 1 - Carta de controle para nível de ruído (R), velocidade de deslocamento (V), patinagem do rodado dianteiro (PRD) e traseiro (PRT), consumo horário (CH) e operacional (CO) de combustível

compensado com a diminuição das perdas na operação de corte/enleiramento.

No plantio direto, como não há mobilização do solo, o cuidado a ser tomado é em relação aos restos da cultura anterior, sendo importante fazer o manejo da palhada procurando unifor-mizar e triturar os restos de cultura. Quando a planta de feijão atinge o período de maturação, ocorre um acamamento natural e durante o corte/enleiramento a barra de corte pode cortar a planta de feijão antes de essas vagens serem coletadas pelos dedos levantadores, sendo esse um fator gerador de perdas.

Assim, considerando-se esses parâmetros que podem influenciar a qualidade da ope-ração de colheita mecanizada de feijão, foi desenvolvido um trabalho pelo Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (Lamma) da Unesp Jaboticabal com o objetivo de avaliar o desempenho operacional de um conjunto trator-recolhedora-trilhadora, e a qualidade

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da operação de recolhimento/trilha de feijão cultivado sob os sistemas de preparo conven-cional do solo e plantio direto, com emprego de ferramentas de controle de qualidade.

CONDUÇÃO DO EXPERIMENTOO experimento foi conduzido em área da

Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Estadual Paulista (Unesp) na ci-dade de Jaboticabal (SP), manejada sob sistema de irrigação do tipo pivô central, com sucessão de culturas utilizando-se o milho na época mais úmida do ano e feijoeiro na época mais seca, sendo implantada a cultivar IAC-Carioca pre-coce, sob os sistemas de Preparo Convencional (PC) e Plantio Direto (PD). O delineamento experimental adotado foi inteiramente casuali-zado, com dois sistemas de preparo do solo (PC e PD) e dez repetições, totalizando 20 parcelas com 30m de comprimento.

A colheita foi realizada por uma recolhedo-ra–trilhadora Double Master III, com sistema de fluxo axial, tracionada e acionada por um trator instrumentado da marca Valtra, modelo BM100 4x2 com tração dianteira auxiliar (TDA), potência no motor de 73,6kW (100cv), equipado com pneus 14.9-24 no eixo dianteiro e 23.1-26 no eixo traseiro, que durante a operação operou a velocidade de 5km/h.

As variáveis analisadas foram: nível de ruído emitido, desempenho operacional do conjunto e qualidade da operação de colheita. O nível de ruído (R) foi calculado por meio de um medidor de pressão sonora da marca Extech Instruments, modelo 407706, com escalas de baixa e alta intensidade de 40 a 80 e 80 a 120dB, respectivamente.

O trator utilizado possui instrumentação para avaliar as variáveis inerentes ao desem-penho operacional, sendo no presente ensaio monitorados o consumo de combustível horário e operacional (CH e CO, respectivamente),

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Marcelo Tufaile Cassia,Rouverson Pereira da Silva ,Murilo Aparecido Voltarelli,Antônio Maurício L. Júnior eAriel Muncio Compagnon,Lamma – Unesp Jaboticabal

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Detalhes do feijão enleirado ainda verde (esquerda) e já seco aguardando o conjunto trator-recolhedora-trilhadora para finalizar a operação (direita)

Figura 2 - Carta de controle para matéria seca de palhada colhida (MS) e densidade da palhada (DP) e perdas totais na colheita (PT)a patinagem dos rodados dianteiro (PRD) e traseiro (PRT) e a velocidade de deslocamento do conjunto (V), coletados em uma central digital (datalogger).

Quanto à operação de colheita foram de-terminadas a matéria seca (MS) e a densidade de palhada (DP), além das perdas totais na colheita (PT) obtidas por amostragens com uma armação retangular de área de 2m² colo-cada ao acaso na parcela após a passagem da máquina, no sentido transversal ao movimento da recolhedora. As perdas na pré-colheita e no corte/enleiramento foram amostradas, contudo, os valores encontrados foram considerados desprezíveis.

DESEMPENHONa Figura 1 são apresentadas as cartas de

controle para os valores dos níveis de ruído do conjunto e para as variáveis do desempenho operacional do conjunto trator-recolhedora-trilhadora avaliados, para os dois sistemas de preparo de solo (PC e PD).

Para os níveis de ruído (R) do conjunto os índices mantiveram médias em torno dos 90dB, o que deveria levar a restringir a exposição do operador ao mesmo em cinco horas diárias, bem como Souza et al (2004), ao avaliar uma recolhedora-trilhadora de feijão, relataram que os níveis de ruído estavam acima do limite da norma NBR – 15. Observa-se que para as áreas de preparo convencional (PC) houve uma maior variação dos níveis possivelmente devido a pequenas irregularidades na superfície do terreno, ficando mais amplos que na área de plantio direto (PD).

Para velocidade do conjunto, nos dois siste-mas de preparo de solo avaliados, foi observado que os valores se mantiveram estáveis, sendo que as médias da velocidade para ambos os tratamentos se mantiveram próximas a 5km/h, sendo que Silva et al (2008) trabalhando com o conjunto trator-recolhedora-trilhadora em diferentes velocidades de colheita, encontraram os menores valores de perdas na velocidade de 4,9km/h.

Para patinagem dos rodados dianteiros (PRD) e traseiros (PRT), observa-se que, ao contrário dos níveis de ruído, os índices de pati-nagem apresentaram médias menores nas áreas de preparo convencional, com médias de 5,2%

para RD e 3,4% para RT enquanto nas áreas de plantio direto com 11,2% e 8,1% respecti-vamente, sendo que o aumento da patinagem pode estar relacionado com a presença de palha, que afeta o contato do pneu com o solo.

No consumo horário ou volumétrico (CH) observa-se que, assim como para a patinagem dos rodados, nas áreas de preparo conven-cional há menor variabilidade do consumo de combustível, possivelmente interligado ao comportamento da variável anterior, porém, ocorreu um ponto fora dos limites caracte-rizando instabilidade do comportamento do consumo de combustível nesta operação. Nas cartas de controle para o consumo operacional (CO) se observa que em ambos os sistemas de preparo de solo, a variável se comportou de maneira semelhante.

Na Figura 2 estão as variáveis relacionadas à qualidade da operação de colheita, sendo para produção de matéria seca pela cultura (MS), observa-se que para os dois sistemas de preparo de solo se comportou de maneira

bastante semelhante, contudo, para a área de preparo convencional detectou-se um ponto amostral acima do limite sendo característico de um local na área onde a cultura produziu uma quantidade superior de matéria seca.

Em relação à densidade da palhada pro-duzida (DP), observou-se para o preparo convencional maior variabilidade dos dados amostrados, sempre com valores acima ou abai-xo dos observados nas áreas de plantio direto, contudo, pelas cartas de controle a variável se mostrou estável.

Para as perdas totais na colheita mecanizada do feijão (PT) pode-se observar para ambos os sistemas de preparo de solo que a variável manteve-se sob controle estatístico, sendo a variabilidade dos valores obtidos semelhantes entre os tratamentos, ficando as médias de perdas em 73,6kg/ha para as áreas de preparo convencional e em 97,2kg/ha para plantio direto.

Assim, apenas o consumo horário e a pro-dução de matéria seca se apresentaram instáveis em relação ao controle estatístico de processo, sendo para os demais indicadores avaliados o processo de colheita mecanizada de feijão se mostrou estável, com qualidade da operação em áreas de preparo convencional quanto de plantio direto. .M

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SEMEADorAS

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A resistência mecânica do solo à pe-netração é um índice importante para caracterização e manejo do

solo. Índices acima dos permissíveis limitam o crescimento radicular das culturas, diminuem a quantidade de nutrientes e água absorvidos pelas plantas, deixando-as mais suscetíveis a déficits hídricos. Na produção agrícola, existem vários sistemas de cultivo, sendo uns conside-rados conservacionistas por melhorarem as condições físicas do solo.

Existem diversos fatores que ocasionam um crescimento deficiente do sistema radicular de plantas cultivadas, podendo ser citados danos causados por pragas e doenças, deficiências nutricionais, acidez do solo, drenagem insu-ficiente, baixa taxa de oxigênio, temperatura imprópria do solo, compactação do solo e dilaceramento radicular.

Dentre essas limitações, a compactação assume relevância, pois ao causar restrição ao crescimento e desenvolvimento radicular, acarreta uma série de problemas que afetam direta e indiretamente a produção das plantas (Camargo & Alleoni, 2006). De acordo com Reinert et al (2008), as plantas de cobertura, assim como o milho, apresentam bom desen-volvimento do sistema radicular em solos sem restrição, já em solos com densidades elevadas, o crescimento é consideravelmente menor, observando-se alterações morfológicas como o engrossamento das raízes, desvios no cres-cimento vertical e a concentração na camada mais superficial do solo.

As áreas exploradas com o sistema de seme-adura direta geralmente apresentam maiores valores de densidade do solo e microporosi-dade e menores valores de macroporosidade e

porosidade total, nas camadas superficiais do perfil do solo, em comparação com o preparo convencional. Isto é decorrente, principalmen-te, do não revolvimento do solo e do tráfego de máquinas e implementos agrícolas, sobretudo quando realizado em solos com teores elevados de argila e de umidade (Vieira, 1981; Vieira & Muzilli, 1984; Corrêa, 1985).

O objetivo deste trabalho foi analisar o comportamento da resistência mecânica do solo à penetração e, também, a umidade do solo 80 dias após a semeadura do milho em três dife-rentes sistemas de cultivos: semeadura direta, cultivo mínimo e cultivo convencional.

O trabalho foi desenvolvido na Universida-de Federal de Lavras (Ufla), situada no muni-cípio de Lavras (MG). Nessa região, segundo a estação meteorológica da própria universidade, o clima se caracteriza por temperatura média anual de 19,40C e precipitação total anual mé-dia de 1.530mm concentrada, principalmente,

no período de outubro a março, caracterizando-se como um clima Cwa de inverno seco e verão chuvoso de acordo com Köpen (1970).

Para a realização da pesquisa foram delimi-tadas 30 unidades experimentais com área útil de 250m2 com três repetições para cada sistema de cultivo. Os sistemas de cultivos foram reali-zados da seguinte forma: 1 – Semeadura direta: dessecação + semeadura; 2 – Cultivo mínimo: dessecação + gradagem com grade aradora (profundidade = 10cm) + gradagem com grade destorroadora niveladora + semeadura; 3 – Cultivo convencional: aração (profundidade = 20cm) + gradagem com grade destorroadora niveladora + semeadura.

Como fonte de tração utilizou-se um tra-tor Valtra A850, com tração dianteira auxiliar (TDA) e potência de 85cv, em todos os tratos culturais. Para a aração empregou-se um arado reversível de três discos 26” Santa Isabel.

Nas unidades experimentais onde foi implantado o cultivo mínimo utilizou-se a grade aradora Piccin Modelo GCRP e a grade destorroadora niveladora Baldan. Para a im-plantação do sistema de cultivo convencional realizou-se uma aração e uma gradagem com grade destorroadora niveladora.

Para semeadura da cultura do milho utili-zou-se uma semeadora-adubadora marca John Deere, modelo RT907 VacuMeter equipada com quatro módulos de semeadura espaçados 700mm. A umidade gravimétrica do solo foi obtida por meio de amostras de cada unidade experimental, nas camadas de 0 a 20cm e de 20 a 40cm, as quais permaneceram em estufa com circulação forçada de ar a uma temperatura de 1050C, até atingirem massa constante. Para a mensuração da resistência mecânica à penetra-

Melhor cultivo

Sistema de semeadura direta (esquerda), sistema de cultivo mínimo (centro) e convencional (direita)

Melhor cultivoTrês diferentes sistemas de cultivo de milho são testados com o objetivo de observar a compactação e a umidade do solo, além do desenvolvimento radicular das plantasTrês diferentes sistemas de cultivo de milho são testados com o objetivo de observar a compactação e a umidade do solo, além do desenvolvimento radicular das plantas

Fotos Charles Echer

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cos

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ção, foi utilizado um penetrômetro eletrônico modelo Penetrolog PLG 1020 fabricado pela Falker, realizando uma mensuração por unidade experimental.

O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico típico argiloso (LVdf), cujos resultados da análise gra-nulométrica na camada de 0-40cm apresenta-ram os valores médios de 0,16, 0,18 e 0,66kg/kg para areia, silte e argila, respectivamente, sendo classificado como de textura muito argilosa.

No momento da implantação da cultura do milho o solo apresentou umidade de 0,295 e 0,257kg/kg para profundidades de 0-20cm e 20-40cm, respectivamente. Os dados apresen-taram coeficiente de variação de 12% para a camada superficial (0-20) e 10,09% na camada mais profunda (20-40) não diferindo-se esta-tisticamente.

Após 80 dias da implantação dos diferen-tes sistemas de cultivo realizaram-se novas mensurações da umidade gravimétrica em que observaram-se diferenças significativas entre as camadas 0-20cm e 20-40cm em todos os sistemas de cultivo conforme Gráfico 1, sendo maior na camada 0-20cm em todos os sistemas

Gráfico 1 - Umidade gravimétrica (kg.kg-1) do solo 80 dias após o preparo do solo em duas profundidades (cm)

Gráfico 2 - Resistência mecânica do solo à penetração (kPa) nos diferentes sistemas de cultivo 80 dias após a semeadura

de cultivo. A semeadura direta apresentou maior umi-

dade em ambas as profundidades estudadas que os demais sistemas de cultivo. Isso demonstra a importância da manutenção da palhada na su-perfície do solo para a manutenção da umidade, principalmente em regiões onde se tem déficit hídrico durante o desenvolvimento vegetativo das culturas.

A resistência mecânica à penetração do solo (RMP) foi semelhante na camada de solo 0-5cm em todos os sistemas de cultivo, já na camada 5-10cm observou-se que o cultivo convencional apresentou menor RMP do solo, conforme observado no Gráfico 2.

O cultivo mínimo apresentou RMP in-termediária à semeadura direta e ao cultivo convencional na camada 5-10cm do perfil do solo. Na camada de solo 10-15cm observaram-se indícios de menor resistência mecânica à penetração no sistema de cultivo convencional, porém, estatisticamente não diferenciou-se dos demais cultivos.

Assim como o cultivo mínimo, o sistema de semeadura direta apresentou a RMP seme-lhante até os 15cm, e nas demais profundidades

apresentaram RMP maior e semelhante. O sis-tema de cultivo convencional apresentou RMP semelhante nas três camadas iniciais analisadas, sendo que a partir de 15cm de profundidade não apresentou diferenças significativas no perfil estudado.

CONCLUSÕESApós o trabalho pode-se concluir que o

sistema de semeadura direta apresenta maior umidade no solo quando comparado com o sistema de cultivo mínimo e o sistema de cultivo convencional.

Já o sistema de cultivo convencional apresentou menor resistência mecânica à penetração das camadas superficiais de solo do que o sistema de cultivo mínimo e a semeadura direta 80 dias após a implantação desses sistemas de cultivo.

Marcos A. Z. Palma,Flávio C. Da Silva,Gabriel A. E S. Ferraz,Murilo M. De Barros eCarlos E. S. Volpato,Ufla

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trAtorES

Detalhe da placa de identificação com origem dos componentes, fixada em um dos modelos avaliados

Todo o trabalho com máquinas ou implementos demanda uma grande quantidade de atenção por parte do

operador em seu manuseio, de forma a reduzir riscos de possíveis acidentes de trabalho. Por definição do Decreto 2.712, de 1997, acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, acarretando em lesões, desde pequenos arranhões ou torções até morte, perda ou redução da capacidade para exercer a mesma função, por determinado período de tempo ou permanentemente.

No meio rural, acidentes de trabalho ocorrem com muita frequência, mesmo que poucas vezes sejam noticiados nos meios de comunicação, dando a falsa impressão de que os mesmos pouco ocorrem ou que não possuam considerável importância econômica e social.

O uso de máquinas agrícolas cada vez maiores e mais sofisticadas é considerado uma das causas para o aumento dos acidentes de trabalho no meio rural. Por esta razão, os tratores agrícolas estão envolvidos em grande parte dos acidentes considerados graves. A capotagem e a tomada de potência do trator provocam os acidentes mais perigosos, muitas

vezes culminando em fatalidades.Em relação à segurança do operador, o

trator agrícola deve dispor de alguns itens que auxiliam para uma operação agrícola com me-nores riscos de ocasionar acidentes de trabalho. Além disso, os tratores devem possuir aspectos ergonômicos adequados, isto é, devem propiciar condições confortáveis de utilização, de forma a evitar o cansaço do operador, diminuindo, assim, os riscos de acidentes.

Face a uma série de normas que visam regulamentar máquinas agrícolas no que con-cerne à segurança e à ergonomia, é notado um esforço dos fabricantes nacionais em atender a diversas exigências, de forma que o produtor tenha a certeza de estar adquirindo uma má-quina que não lhe trará riscos, tampouco a seus colaboradores.

Todavia, é importante considerar que o mercado brasileiro não dispõe apenas de tratores nacionais. Existe uma ampla gama de modelos importados, especialmente de países asiáticos, cuja participação vem crescendo gradativamente. Modelos destes tratores são encontrados principalmente em uma faixa de 25cv a 75cv de potência, o que caracteriza a uti-lização dos mesmos para a agricultura familiar, despertando o interesse dos produtores devido a preços atrativos e competitivos comparados aos modelos nacionais.

Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar os tratores importados de origem asiática no que concerne à segurança e à ergonomia, sob a égide das Normas Regulamentadoras que dizem respeito a tratores agrícolas no Brasil.

Os aspectos avaliados têm como referên-cia as Normas Regulamentadoras 31 e 12. A primeira, de 2005, trata da segurança do

A participação de tratores importados de origem asiática nas feiras agropecuárias e em

propriedades está crescendo rapidamente no Brasil. Mas pesquisa feita com quatro modelos

asiáticos mostra que algumas normas de segurança exigidas no Brasil, como a presença

de um simples aviso de segurança nos locais perigosos escrito em português, não são

atendidas plenamente, o que pode colocar em risco a vida dos operadores

谨慎的风险谨慎的风险

Simplicidade no projeto e falta de itens de segurança chamam a atenção em alguns modelos importados

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trabalho nas atividades agrícolas, tendo, entre outras abordagens, o uso correto e seguro de máquinas e implementos. Já a segunda, de 1978 (atualizada em 2010), trata especificamente de máquinas e equipamentos destinados a várias finalidades, estabelecendo princípios fundamentais e medidas de proteção, nas fases de projeto e de utilização de qualquer tipo de máquina, dentre estas, as máquinas e os equi-pamentos para uso agrícola e florestal.

O estudo foi realizado na 34ª Expointer, em Esteio (RS), em agosto do ano passado. Foram avaliados os tratores das quatro fabricantes cujos componentes são de origem asiática, totalizando nove tratores. A avaliação foi feita com o trator desligado, através da verificação visual dos itens, assistidos por representantes das empresas responsáveis.

A seguir serão listados os itens verificados na pesquisa, com os argumentos que embasam a sua utilização e o resultado da avaliação para cada um deles.

ESTRUTURA DE PROTEÇÃO NA CAPOTAGEM - EPCA Estrutura de Proteção na Capotagem,

ou EPC, é uma estrutura de fundamental im-portância devido ao perigo a que é submetido o operador na situação da capotagem, bem como à rapidez em que a mesma acontece. A EPC é uma estrutura metálica obrigatoriamente fixada ao chassi do trator, podendo ter dois ou quatro pontos de fixação. Cabe ressaltar que a EPC não evita a capotagem, apenas evita o esmagamento do operador embaixo do trator. Para o correto

funcionamento da EPC, é obrigatório também que o operador esteja fazendo uso do cinto de segurança, de forma que ele não se desprenda do posto de operação, que é a zona de segurança da estrutura.

No trator, esta estrutura pode estar identi-ficada com a denominação EPC, EPCC (Es-trutura de Proteção Contra a Capotagem) ou até mesmo pela denominação Rops (Roll-over Protection Structure).

Com a NR 31, a partir de 2005, passa a ser válida a comercialização apenas dos tratores que possuam esta estrutura, aliada à existência do cinto de segurança. A exigência do cinto de segurança também consta na Resolução nº 14/1998 do Código de Trânsito Brasileiro.

AVALIAÇÃODos nove tratores avaliados, apenas um

não possuía a EPC. Este trator possuía motor de 50cv e era caracterizado para o uso na fru-ticultura. Porém, esta finalidade não exime o mesmo da obrigatoriedade do uso da estrutura, pois existe a possibilidade de “rebatimento” sem a perda de sua função, permitindo o uso eficiente do trator em sistemas mais baixos de condução de pomares, como a viticultura conduzida no sistema latada. Em relação ao cinto de segurança, apenas este mesmo trator não o possuía, o que de certa forma é coerente, pois um trator sem EPC e com cinto de segu-rança estaria fadando o operador à morte por esmagamento, sem possibilidade de escape em caso de capotagem.

PROTEÇÃO NA TOMADA DE POTÊNCIA (TDP)Na NR 31, é especificado um item sobre

as transmissões de força, onde só devem ser utilizados tratores que tenham as suas trans-missões de força enclausuradas por proteções, sejam elas fixas ou móveis, mas que não fiquem expostas ao contato direto com o operador. A NR 12 especifica que na tomada de potência do trator, ou TDP, deve ser instalada uma proteção, uma espécie de chapa metálica, que cubra a parte superior e as laterais da TDP, de forma a evitar ou dificultar o entrelaçamento com peças de roupa do operador, com consequente agarramento de seus membros. Além disso, outra proteção existente consiste em invólucro cobrindo diretamente a extremidade do eixo da TDP, garantindo total bloqueio da peça com o operador.

AVALIAÇÃOFoi verificada a existência da proteção

da TDP nos tratores pesquisados. Dos nove tratores avaliados, dois não possuíam a chapa de proteção. A existência do invólucro não foi verificada apenas em um trator, porém, este possuía a proteção lateral e superior.

SINALIZAÇÃOAs normas estabelecem que as máquinas

agrícolas e os equipamentos devem ser devida-mente sinalizados, de forma a tornar o traba-lhador ciente dos riscos a que está submetido, além de possuírem instruções de operação e manutenção. A sinalização é efetuada através de adesivos coloridos, com o uso de símbolos e inscrições. Estes adesivos devem estar loca-lizados em regiões visíveis da máquina, tendo um conteúdo legível e de fácil interpretação, além de estar escrito em língua portuguesa. A sinalização em locais perigosos da máquina é obrigatória e de extrema importância para a prevenção de acidentes.

AVALIAÇÃOFoi verificada a situação geral da sinalização

dos modelos dos quatro fabricantes (A, B, C e D) através da verificação da língua em que estavam escritos e da sinalização em partes

Dos nove tratores pesquisados, dois não possuíam a chapa de proteção na tomada de potência. Já a existência do invólucro cobrindo a extremidade do eixo da TDP não foi verificada apenas em um trator, porém, este possuía a proteção lateral e superior

Estruturas de Proteção na Capotagem, com (esquerda) e sem (direita) toldo, foram encontradas em sete dos nove modelos avaliados. Este item é muito importante, pois evita que o operador seja esmagado pelo trator em caso de capotamento

Fotos Fernando Pissetti Rossato

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perigosas, como a TDP do trator. O fabricante A atendeu completamente aos dois itens ava-liados, uma vez que padronizou a sinalização para os dois modelos disponíveis e escrita na língua portuguesa. O fabricante B possuía aviso na TDP em apenas um de seus três modelos disponíveis na feira, escrito em português. O fabricante C não possuía advertência na TDP e os demais adesivos de sinalização dos tratores estavam escritos em inglês. O fabricante D não possuía advertência na TDP e não possuía adesivos escritos.

ACESSO AO POSTO DE OPERAÇÃOAs normas padronizam dimensões espe-

cíficas para as escadas de tratores agrícolas, além de que estas devem estar posicionadas de

forma a permitir acesso fácil e seguro ao posto de operação, sem riscos de contato com outras partes perigosas da máquina. As dimensões das escadas foram medidas e interpretadas confor-me figura constante no Anexo XI da NR 12.

AVALIAÇÃOAs dimensões medidas foram distância do

solo até o primeiro degrau (≤550mm), largura entre degraus (≥250mm), distância vertical entre degraus (≤300mm) e profundidade dos degraus (≥50mm), com tolerância dimensional de +/- 20mm para qualquer um desses limites. Seis dos nove modelos possuíam todas as di-mensões adequadas à norma. O item com me-nor conformidade foi a largura entre degraus, uma vez que três modelos não atenderam às

dimensões recomendadas.Em relação ao acesso ao posto, a posição

das escadas em geral permitiu um acesso fácil nos modelos por parte dos integrantes da pesquisa, porém, foi verificado um trator possuindo uma escada montada em cima de um componente da máquina, dificultando o acesso ao posto de operação e possibilitando grande risco de acidente, como arranhões ou torções de membros.

PEÇAS SALIENTESAs normas estabelecem que elementos de

fixação, transmissão ou peças salientes que ofereçam riscos devem ser protegidos ou embu-tidos. Estes elementos podem ser parafusos de meia rosca, parafusos de fixação, chaves, todos os volantes, engrenagens, cones ou cilindros de fricção, excêntricos, polias, correias, correntes, pinhões, roscas sem fim, bielas e corrediças.

AVALIAÇÃOFoi identificada a existência de elementos

considerados perigosos por parte dos integran-tes da pesquisa. As peças mais salientes eram levadas em consideração. Dessa forma, as categorias a que os tratores foram agrupados consistiam em: a) nenhuma peça saliente, b) até quatro peças salientes, c) até sete peças salientes, d) até dez peças salientes e e) mais de dez peças salientes. Em todos os modelos foram encontradas peças consideradas passíveis de risco ao operador. Em cinco tratores foram encontradas até quatro peças, em três modelos foram encontradas até sete peças e apenas um modelo apresentou até dez peças salientes.

CONSIDERAÇÕES FINAISA situação geral dos tratores asiáticos

analisados em relação à conformidade com alguns aspectos de segurança e ergonomia, sob a égide das principais normas que promovem a regulamentação de tratores no Brasil, foi considerada muito boa. Em suma, os tratores atendem à maioria dos aspectos observados,

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NorMAS rEgulAMENtADorAS E A AplICAção NA AgrICulturA

As Normas Regulamentadoras, ou NRs, visam ao cumprimento de di-

versas questões por parte do empregador em relação à segurança e medicina do trabalho. São dezenas de normas que legislam sobre diversos ramos específicos do trabalho, com a observância de aplicação de penalidade ou ação judicial à empresa ou empregador responsável no caso de não atendimento às adequações propostas.

Em se tratando de agricultura, a partir de 2005 passou a ser vigente a principal norma sobre este tema: a NR 31–Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvi-cultura, Exploração Florestal e Aquicultura. Seu conteúdo trata de questões relacionadas à medicina, higiene e segurança do traba-lhador rural.

A norma está estruturada em vários as-suntos, como agroquímicos, meio ambiente, ergonomia, ferramentas manuais, máquinas, equipamentos e implementos, secadores, si-los, acessos e vias de circulação, edificações

rurais, áreas de vivência, entre outros.Dentre as exigências mais conhecidas

da norma, está a obrigatoriedade no uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados para aplicação de agroquímicos e para a utilização de motosserras. Em relação a máquinas, além das exigências já comentadas, a norma também proíbe o transporte de pessoas em máquinas ou em seus implementos, bem como também compete ao empregador o estabelecimento de regras preferenciais de movimentação das mesmas e a disponibilização dos manuais de todas as máquinas e equipamentos aos colaboradores sempre que necessário.

A NR-31, portanto, deve ser conhe-cida pelos empregadores rurais e ter seus critérios atendidos pelos mesmos, uma vez que possibilita uma melhoria no ambiente de trabalho, prevenindo riscos de acidentes e capacitando os colabora-dores ao exercício correto e seguro das atividades agrícolas.

O acesso ao posto de comando foi considerado satisfatório em todos os modelos avaliados. No entanto, um deles chamou a atenção pela instalação da escada sobre um cilindro, o que pode ocasionar acidentes ou danificação do componente

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Em relação aos avisos de segurança, alguns modelos não apresentavam nenhum adesivo; outros apresentavam os adesivos em Inglês ou Português

tais como a existência de EPC, de proteção das transmissões de força, cinto de segurança, sinalização e dimensões de escada adequadas, aspectos estes tidos como essenciais para a utilização mais segura possível dos tratores agrícolas, com o máximo de conforto para o trabalhador rural.

Ressalta-se que o atendimento a essas normas, por parte dos fabricantes, para os itens que ainda não estão em conformidade, deve ser efetuado. Também é importante que os modelos de um mesmo fabricante sejam padronizados no que concerne à sinalização, e que a mesma, quando feita da forma escrita, seja redigida na língua portuguesa.

Os aspectos relacionados à segurança e à ergonomia de tratores devem ser fatores levados em conta pelo produtor na hora de escolher um modelo, associando este co-nhecimento aos outros de tamanha impor-tância, tais como potência adequada, preço, consumo de combustível, disponibilidade de peças de manutenção e reposição, proximi-dade da revenda em relação à propriedade, entre outros.

Contudo, a pesquisa revelou a situação inadequada de um determinado trator im-portado comercializado na feira, que agrupa-

va em um único modelo uma série de itens fora dos padrões exigidos, como ausência da EPC e cinto de segurança, não possuía prote-ção nem avisos na TDP e no resto do trator. Logo, pelas Normas Regulamentadoras 31 e 12, este trator não poderia estar sendo comercializado no Brasil.

Fernando Pissetti Rossato,Airton dos Santos Alonço,Otávio Dias da Costa Machado,Mateus Potrich Bellé,Michele da Silva Santos eAlexandre Siqueira Altmann,Laserg/UFSM.M

Fotos Fernando Pissetti Rossato

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rEtroESCAvADEIrAS

Acelera

A utilização de retroescavadeiras é cada vez mais comum em propriedades rurais nos mais diversos tipos de operações. A sua eficiência no trabalho depende muito do correto manuseio, aliando rotação adequada e agilidade nas manobras

A cada safra os produtores procu-ram aumentar a produtividade de suas lavouras através do uso

de novas tecnologias e a expandir a fronteira agrícola, passando a produzir em áreas que antes eram inutilizadas, incorporando-as ao processo produtivo.

Uma maneira de acrescentar novas áreas sem causar desmatamento seria a adição de áreas de várzeas recuperadas, geralmente encontradas às margens de cursos d’água, com ótima fertilidade do solo, mas que necessitam de uma adequada drenagem,

para escoar o excesso de água superficial e posterior sistematização para permitir um aproveitamento racional do solo tendo como objetivo possibilitar a mecanização agrícola.

A drenagem agrícola exige, além de conhecimento técnico, a utilização de má-quinas e equipamentos adequados para este tipo de trabalho. Uma máquina bastante utilizada no meio agrícola com esta finalida-de é a retroescavadeira, que é caracterizada como trator de pneus com carregador frontal e adaptadas na parte traseira uma lança e

uma caçamba escavadora. Essas máquinas trabalham em diversas rotações do motor (rpm), fazendo com que se obtenham dife-rentes produtividades e diferentes consumos de combustível.

Uma prática nas propriedades rurais é a terceirização dessas máquinas para traba-lhos de drenagem e outros serviços afins, pagando em horas trabalhadas ou em metros cúbicos escavados sem se preocupar em qual rotação de trabalho que estes equipamentos estão sendo operados. Sabe-se que com o aumento da rotação do motor ocorrerá um

Figura 1 - Volume de solo escavado por hora de trabalho em função da rotação do motor Figura 2 - Consumo de combustível por hora em função da rotação do motor

Acelera

A utilização de retroescavadeiras é cada vez mais comum em propriedades rurais nos mais diversos tipos de operações. A sua eficiência no trabalho depende muito do correto manuseio, aliando rotação adequada e agilidade nas manobras

Case

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maior consumo em função dos mecanismos internos terem um maior atrito por tempo de revolução do motor, mas em contraparti-da produzirá mais, melhorando sua eficiên-cia motora. Neste trabalho avaliou-se uma retroescavadeira da marca JCB modelo 444 N2 4x2 TDA, com peso total de 6.674Kg, dotada de motor diesel turboalimentado com 85cv (63kW) a uma rotação nominal de 2.200rpm, em serviços de escavações para drenagem agrícola.

Pode-se observar que com o aumento da rotação de 1.300rpm para 2.200rpm a máquina passou a produzir aproximada-mente 40m3 a mais de solo escavado por hora trabalhada.

Pode-se observar que com o aumento da produção consequentemente o consumo em litros de combustível teve um aumento considerável de 6,3 litros para 13,5 litros por hora (Figura 2).

Em contrapartida, quando se projeta os custos da máquina em função de sua pro-

dutividade obtêm-se os custos de produção, em reais por metro cúbico (R$/m3) de solo escavado. Os resultados mostraram que quanto maior a rotação do motor, maior é a produtividade da máquina, mesmo tendo um maior consumo de combustível. Isto acarreta na redução dos custos de produção, passando de R$ 1,06/m3 de solo escavado na rotação de 1.300rpm para R$ 0,76/m3 de solo escavado na rotação de 2.200rpm, conforme Figura 3.

A principal conclusão do estudo mostra que na rotação nominal de trabalho do motor há uma economia considerável nos custos por metro cúbico escavado por uma retroescava-deira em serviços de drenagem.Elcio das Graça Lacerda,Haroldo Carlos Fernandes eElton da Silva Leite,UFVLuiz Marcari Junior eDaniel Marcio Fernandes,Ifes - Santa Teresa

Figura 3 - Custos de produção R$/m3

A drenagem agrícola exige a utilização de máquinas e equipamentos adequados para este tipo de trabalho

A retroescavadeira utilizada no ensaio foi uma JCB modelo 444 N2 4x2 TDA

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Axial-Flow 2566Fomos ao Mato Grosso conferir de perto o desempenho da Axial-Flow 2566. Com motor de 253cv, ela tem rotor axial-flow similar aos modelos existentes na Série 20,

dimensionado para trabalhar em propriedades menores, mas mantendo o mesmo desempenho e a qualidade de

colheita conhecidos da marca

Já chegando à marca de 40 testes de máquinas a campo, a revista Cultivar Máquinas, juntamente com o Núcleo

de Ensaios de Máquinas Agrícolas, da Univer-sidade Federal de Santa Maria, foi a Sorriso, estado do Mato Grosso, para, em um ambiente rural belíssimo, testar a colhedora Case IH Axial-Flow 2566.

Esta máquina, que foi lançada no Agrishow 2011, em Ribeirão Preto, está em produção desde novembro do ano passado e deverá ser destaque em todos os estandes da marca, nas feiras agrícolas de 2012. O departamento de marketing da empresa tem muitas expectativas para este modelo, que deve servir de entrada para aquele agricultor que está migrando do

sistema de trilha tangencial para o axial. Não há aparentemente um mercado-alvo definido, pois se espera que este modelo seja utilizado pelo pequeno e médio agricultor, que a empre-sa chama de “cliente orientado à tecnologia” ou mesmo o grande, que a utilizará em con-junto com os modelos maiores, principalmente para complementar o trabalho dos modelos maiores, como em arremates de lavoura.

Pelo que conhecemos do mercado, este modelo poderá brigar pela liderança, na comparação com as concorrentes diretas e, mesmo com maior preço, poderá vir a retirar mercado de máquinas mais baratas que utilizam o sistema convencional de trilha. Basta, para isto, que a marca se imponha em algumas regiões que disputa com marcas e concessionários tradicionais e estabelecidos. Na família, toda axial, em que este modelo se insere já há outros dois modelos maiores, que são as colhedoras 2688 e 2799, que já estão no mer-cado há algum tempo, pois foram lançados durante o Agrishow de 2010.

A marca aposta forte na trilha axial, sendo pioneira no mundo a lançar o A plataforma que vem com a Case IH 2566 é do modelo Terraflex 3020 com largura

que pode variar entre 20 e 25 pés, de acordo com a necessidade de cada cliente

O motor é um Cummins - CDC, turbo, seis cilindros, 8.3 com injeção mecânica que gera 253cv de potência

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Fotos Charles Echer

sistema, em 1977, e até hoje continua presente 100% de suas colhedoras. É uma aposta única de uma empresa que trabalha desde 1996 com este sistema no Brasil e vê crescer a oferta de axiais entre os concorrentes. Dados da Anfavea mostram que em 2004 as colhedoras com sistema axial representavam apenas 10% das máquinas comercializadas. Em 2011, o per-centual de axiais no mercado brasileiro já é de 61,9% contra 38,1% das convencionais.

A nossa equipe deslocou-se a Sorriso, no interior do Mato Grosso, para conhecer na prática este novo modelo. Durante o trabalho, tivemos o auxílio da concessionária Araguaia Agrícola, representante da Case IH em Sor-riso, Sinop e Lucas do Rio Verde, cidades do norte de Mato Grosso. O teste foi realizado

na Fazenda Lagoa Vermelha, às margens da BR-163.

Como nesta época as chuvas são frequen-tes, tivemos que esperar pequenas janelas de colheita para conhecermos o desempenho da máquina. Após nossa chegada no local e dois dias aguardando um clima favorável, pudemos levar a máquina ao campo e colocá-la ao lado

outras 12 máquinas do produtor que espe-ravam pelas melhores condições de colheita. Colocamos a nossa máquina “no meio” das máquinas da lavoura e testamos seu desem-penho, nas condições que, de início, eram as mínimas para o trabalho, em questão de umi-dade de grão, mas que melhoravam ao longo da jornada. Foi um longo e duro teste, tanto para

a plataforma, como para a máquina como um todo, pois a lavoura tinha algumas características que exigiam particular re-gulagem. Encontramos uma superfície bastante rugosa que exigiu bastante da flexibilidade da plataforma, pois a cul-

tura anterior do milho havia deixado marcas de sulcos, que obrigaram um árduo trabalho da plataforma Terraflex modelo 3020 de 25 pés de largura. Na saída para o campo tivemos oportunidade de acompanhar o trabalho dos mecânicos em liberar as seções da plataforma,

No estribo localizado na lateral também estão inseridas as baterias e uma caixa de ferramentas

A ausência de batedor na entrada do rotor ajudou a diminuir a quantidade depolias e correias, o que, consequentemente, simplifica as operações de manutenção

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mostrando uma boa flexibilidade que acabou por apresentar os excelentes resultados no campo. Destaca-se também como ponto po-sitivo nesta plataforma o grande diâmetro do caracol que se mostrou eficiente no envio do material colhido para a garganta da máquina e a enorme facilidade de acoplamento.

Como dissemos, realizamos o teste entre as colhedoras da fazenda, entrando no trabalho juntamente com outras 12 máquinas, a maio-ria da marca Case IH, modelos 8010 e 8120, algumas com plataforma do tipo draper. A operação ocorreu em segunda marcha, rotação de 2.200rpm, com o avanço hidrostático regu-

lado para uma velocidade próxima aos 6km/h. Em cada cabeceira estavam estacionados os caminhões, que recebiam o produto colhido.

Ao conhecermos a máquina durante a fase de montagem e em trabalho acabamos por reconhecer algumas características que se destacaram, como simplicidade, versatilidade e capacidade de produção.

No quesito simplicidade, podemos des-tacar que a Axial-Flow 2566 é uma máquina

A Axial-Flow 2566 é um modelo novo que cria uma classe dentro do portfólio de colhedoras da empresa. Ela é a menor dos modelos oferecidos pela Case IH, vem com motor de 253cv de potência e transmissão do tipo hidrostático, com três velocidades e avanço contínuo pelo comando do variador

Abertura das chapas nas duas laterais da máquina possibilita acesso ao sistema de trilha e demais itens e pontos de manutenção sem exigir muito esforço por parte do operador

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Fotos Charles Echer

menos complexa que as axiais anteriores e, em função disso, apresenta menor quantidade de componentes em relação às concorrentes. O pessoal de engenharia da Case IH nos explicou que o projeto iniciou pela unidade de potência, adotando-se um conceito a partir da unidade, com menos complexidade, em que se econo-mizou na quantidade de correias e polias. Um exemplo disto é que a máquina não possui o batedor, na entrada e também na saída do ro-tor, como em algumas máquinas concorrentes, exigindo também menor potência do motor.Para conseguir isto o rotor deve funcionar de forma eficiente e, em contrapartida, se elimina manutenção.

No que diz respeito à versatilidade, no-tamos que a ideia é aumentar a possibilidade de aplicar a máquina em diferentes culturas, condições de colheita e conteúdo de umidade, além de garantir que os grãos sofram o menor impacto possível, mantendo a qualidade do produto final, com o mínimo de danos me-cânicos. Um exemplo disto é a possibilidade de regular as duas peneiras e a possibilidade de estabelecer o número de voltas da massa de palha com grãos, que pode variar entre 3,5 e 17 voltas em ciclos de espiral sobre o rotor. Além deste detalhe a marca disponibiliza kits de adaptação a outras culturas como para o feijão e o trigo.

Para aumentar a capacidade de produção desta máquina, a empresa apostou na nova plataforma, modelo Terraflex 3020, que tem opções de largura de 20 e 25 pés para este modelo. Também é sabido que as máquinas dotadas de rotor podem ser operadas em maio-res velocidades, sem o perigo de “embuchar”, como ocorre facilmente nas convencionais.

O interessante é que esta máquina não substitui nenhum outro modelo da marca. É

um modelo novo que cria uma classe dentro do portfólio da máquina. Todos os modelos da família tiveram a incorporação de uma solução interessante que foi o reposicionamento do eixo dianteiro que, ao alterar a posição do centro de gravidade, passou a proporcionar menor pressão sobre o solo e melhor equilíbrio da máquina em manobras, além de outras vantagens como redução do consumo de combustível.

MOTOR E TRANSMISSÃOO modelo Axial-Flow 2566 é equipado

com um motor marca Cummins – CDC, turbo, seis cilindros, 8,3 litros de volume e injeção mecânica de combustível com 253cv de potência máxima, em condições normais,

porém, há uma possibilidade de contar com uma potência extra de 15cv, chegando a 268cv. A transmissão de potência é do tipo hidrostá-tico, com três velocidades e avanço contínuo pelo comando do variador.

SISTEMA DE TRILHA E LIMPEZAPor abundantes janelas laterais se pode

acessar o sistema de trilha, que é tipicamente axial. Como o rotor tem menor diâmetro, permite que uma maior massa de produto colhido circule entre ele e os côncavos. Restam ainda os ajustes do sistema que compreendem mudança de rotação, abertura dos côncavos e as chapas perfuradas.

Vimos que esta máquina tem um sistema interessante, que é característica de projeto, diferente de outras que conhecemos. Na po-sição do alimentador que está na entrada do rotor, onde há uma espécie de hélice que forma o fluxo, a dimensão da entrada do produto é exatamente igual ao diâmetro do rotor, em torno de 610mm, fazendo com que a massa de produto que ingressa no rotor nem afunile, nem se expanda.

Na sequência, o produto vai para a área de limpeza, onde as peneiras formam uma área

A máquina testada estava com rodado duplo na medida 18.4 - 38 R1 no eixo motriz e 14.9-24 no eixo traseiro

Na saída da massa de palha processada a máquina apresenta um picador standard, com opção de um espalhador, formado por dois discos aletados

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de limpeza 4,08m2, bastante grande para o ta-manho da máquina. Este detalhe, junto com a grande porcentagem de produto que é separa-da já no início do rotor, com um evidente alívio da retrilha, fez com que, ao analisarmos perdas na parte posterior da máquina, pudéssemos considerá-las como insignificantes. Embora na situação em que avaliamos a máquina, em área totalmente plana, o sistema de peneiras auto-nivelantes não seja necessário, os dois modelos maiores da família, 2688 e 2799, possuem este dispositivo. O pessoal de engenharia que nos acompanhava disse que há planos de colocá-lo neste modelo na nova geração, que resulta do desenvolvimento normal de uma máquina, que, como esta, está sendo lançada.

Por fim, pudemos avaliar um dos com-ponentes importantes de uma máquina de colheita, que é a ventilação. Este modelo utiliza

o sistema Cross-Flow®, patenteado pela marca e que promove a entrada de ar em toda dimen-são do sistema de limpeza, não somente pelas laterais, como é utilizado em todos os modelos de outros fabricantes. Na saída da massa de palha processada, a máquina apresenta um pi-cador standard, com um espalhador, formado por dois discos aletados.

Mas uma máquina não se resume apenas aos órgãos de separação e limpeza. De nada adianta ter um sistema desenvolvido que separe adequadamente os grãos se não tiver um bom dispositivo de armazenamento e descarga. Esta máquina possui um tanque com capacidade de 7.050 litros que possibi-lita extensão. A vazão da descarga é de 70,5 litros por segundo e o tubo de descarga tem 5,5 metros. Por tudo isto se estima que em condições normais de colheita a autonomia

desta máquina chegue a 12 horas contínuas de trabalho sem abastecimento.

AVALIAÇÕESA área em que estávamos colhendo cons-

tituía-se de plantas de soja de baixo porte com reduzida altura de inserção da primeira vagem, o que exigiu que a plataforma trabalhasse com total flexibilidade. Mesmo assim tivemos uma ótima impressão quanto às perdas.

Como é de costume na equipe de avalia-ção e dos testes de Cultivar Máquinas deta-lhamos com cuidado a questão dos valores ergonômicos e de segurança das máquinas, pois enfim são estes que estabelecem seus padrões de conforto. O modelo Axial-Flow 2566 da Case IH é equipado de fábrica com cabine e ar-condicionado. Salientam-se a existência de amplas plataformas de acesso à cabine e aos pontos de inspeção e, como algo que chama a atenção, a existência de portas em ambos os lados da cabine. O posto de comando bastante confortável proporciona uma ótima visibilidade tanto à plataforma como às laterais e com uma interessante janela de vidro para o depósito de grãos.

Um dos diferenciais da Axial-Flow 2566 é a possibilidade de acesso à cabine pelos doislados da máquina, proporcionado por uma escada fixa e outra retrátil

O painel de controle é totalmente touch screen,de fácil configuração e personalização

Vários pontos de tomadas de energia e ar comprimido estão distribuídos em locais estratégicos da máquina

Detalhe do console localizado na direita do posto do operador, que concentra os principais comandos de movimento da máquina e sistemas de colheita

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Fotos Charles Echer

Para a manutenção periódica e corretiva da máquina há disponibilidade de painéis late-rais que se levantam, expondo totalmente as partes internas dos diversos acionamentos e mecanismos de regulagem. Na lateral se pode subir de nível, para manutenção, acessando um estribo no qual estão inseridas as baterias e uma caixa de ferramentas.

Em termos de alta tecnologia, o sistema de agricultura de precisão é opcional e com-preende os monitores de produtividade e de umidade com seus respectivos sensores. O sensor de umidade está visivelmente colo-cado no elevador de grãos e pode auxiliar o produtor a converter o peso úmido em seco de maneira fácil. O sensor de produtividade, do tipo placa de impacto, está localizado na parte superior do elevador de grãos limpos, junto ao tanque graneleiro. Além disto, o cliente pode solicitar o sistema AFS, marca exclusiva da Case IH, que conta com piloto automático AFS guide. Com este sistema, acoplado a uma antena do tipo RTK, a pre-cisão aproxima-se aos dois centímetros. O painel do monitor é totalmente touch screen, de fácil compreensão e com um inovador sistema de configuração, proporcionando que o próprio usuário faça a organização da informação que deseja receber, diretamente no painel e nas telas que escolher utilizar. Como exemplo é possível fazer a alteração da rotação do rotor, diretamente do console, com um botão padrão.

A máquina conta com vários pontos de tomada de ar e energia, úteis para a manu-tenção e que muitas vezes são queixas de usuários em outros modelos. O modelo 2566 não apresenta opção para tração integral 4x4, no entanto, para pneus apresenta opções de rodado simples e duplo, que o usuário pode escolher em função do seu tipo de terreno. A máquina que testamos estava equipada com pneus rodado duplo, na medida 18.4 – 38 R1 no eixo motriz e 14.9-24 no eixo traseiro. No entanto, a outra opção é o rodado simples de dimensões 30.5L-32R1. O peso total da máquina é de 12.300kg.

Para aquisição, além da opção de finan-ciamento pelo Finame, as concessionárias da marca estão oferecendo financiamento próprio, com juros compatíveis de mercado e a possibilidade extensiva para toda a linha, de parcelamento em 120 meses sem juros, através do consórcio próprio.

Em resumo, o nosso teste foi muito positivo, onde pudemos em larga jornada co-

nhecer detalhadamente esta nova máquina. Ficou uma única sensação de que o design externo poderia ter sido atualizado à linha mais moderna da marca, como nos modelos da série 20. Outro ponto a melhorar seria a colocação de uma pequena inclinação nas escadas de acesso ao posto do operador. Como pontos positivos reforçamos a sua capacidade de produção com reduzidas perdas e maior qualidade dos grãos, a facilidade de operação e controle de todos os sistemas, desde a cabi-ne, a disponibilidade de itens de tecnologia e finalmente o conforto, que, em suma, é o que conta para o operador.

loCAl Do tEStE

O test drive da colhedora Case IH Axial-Flow 2566 foi realizado

no município de Sorriso (MT), na Fazenda Lagoa Vermelha, que pertence aos irmãos Euclides e Argino Bedin. Gaúchos, eles trocaram o Rio Grande do Sul em 1979, quando venderam seus 100 hectares no município de Lagoa Vermelha para comprar 700 hectares e hoje já somam 14.500 hectares cultivados com soja e milho na região. Os agricultores que conhecemos durante o teste e que gentilmente nos receberam são clientes da Case IH há vários anos, possuindo atualmente 17 colhedoras e 12 tratores da marca. Sempre atentos às novas tecnologias, os irmãos Bedin mantêm uma média de 69 sacas de soja por hectare, nove sacas a mais que a média geral da região.

Escada retrátil localizada na parte traseira da colhedora possibilita acesso ao motor, ao depósito de óleo e ao tanque graneleiro

O teste foi realizado no município de Sorriso (MT) pelo pesquisador José Fernando Schlosser e contou com o apoio da concessionária Araguaia Agrícola, equipe de engenharia da Case IH e da Página 1 Assessoria de Comunicação

José Fernando Schlosser,Nema/UFSM

Filtro de ar pode ser acessado facilmente na plataforma próxima ao motor

.M

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Roçada eficienteAvaliação de consumo e rendimento de tratores em operações de roçada

mostra quais os fatores que mais interferem no desempenho da atividade

IMplEMENtoS

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A aceitação de inovações tecnológicas na mecanização agrícola é, em geral, influenciada por demonstrações

feitas a campo, resultados de pesquisa, expe-riências de algum agricultor ousado e/ou de argumentos sobre a relação custo-benefício, sendo este último o fator mais decisivo (Corrêa, 2000).

A análise operacional procura desenvolver técnicas de previsão, planejamento, controle e coordenação das atividades, visando obter o máximo de rendimento útil de todos os recursos disponíveis, com o mínimo de dispêndio.

Para se racionalizar as operações agrícolas mecanizadas são necessárias a caracterização das operações, a maneira de executá-las, a ordem cronológica em função das condições climáticas e das fases de desenvolvimento das plantas e a seleção de tratores e equipamentos para que executem as operações da melhor maneira, na área disponível e no tempo esta-belecido.

Dentre inúmeras máquinas destinadas à condução de operações agrícolas, as roçadeiras, que foram fabricadas em série pela primeira vez em 1945 (Saad, 1984), alcançaram notável popularidade devido à sua versatilidade e à per-feição do serviço. São máquinas de fácil manejo, manutenção e regulagem simples e substituem com vantagem as foices manuais, que se tornam cansativas para o trabalho humano, onerosas e de baixo rendimento operacional (Silveira & Bernardi, 2001).

As roçadeiras são máquinas destinadas ao corte de pastagens e ao manejo de plantas de cobertura, muito utilizadas em sistemas conser-

vacionistas, como a semeadura direta, podendo ser acopladas no sistema de levante hidráulico do trator ou tracionadas, sendo as facas de corte o seu sistema ativo mais importante. A utilização de roçadeiras pode ser de grande valia para a conservação do meio ambiente, principalmente, contribuindo para menor utilização de produtos químicos e diminuindo a compactação do solo.

As roçadeiras são equipamentos que substituem o trabalho manual na limpeza de pastagens, capoeiras, limpezas ou cortes, cortes de gramas em jardins, poda de soqueira de cana-de-açúcar, manejo de plantas de cobertura, entre outros. Para o bom desempenho destes equipamentos, a superfície do solo deve ser uniforme, livre de tocos ou pedras.

Uma equipe da Universidade Federal do Mato Grosso desenvolveu um experimento com o objetivo de avaliar o desempenho de um trator agrícola durante a operação de roçagem, utilizando-se um sistema de aquisição automá-tica de dados para determinação do consumo de combustível horário e operacional, frequência da TDP, eficiência de campo, capacidade de campo teórica e efetiva.

O ensaio foi desenvolvido na Unidade de Apoio à Pesquisa do Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, em Campos dos Goytacazes (RJ).

No trabalho de campo, utilizou-se um con-junto trator e roçadeira. O trator utilizado era da marca John Deere. Durante o trabalho, a tração

dianteira auxiliar não foi acionada e utilizou-se a marcha 2B a 2.100rpm no motor.

No trator, foram acoplados a roçadeira e os instrumentos para registro e aquisição de dados.

A roçadeira utilizada no experimento foi modelo Lavrale AT-8180 ER, constituída com duas navalhas em aço carbono com tratamento térmico, para cortes baixos, roda reguladora de altura e deslizadores substituíveis. A roçadeira trabalha acoplada ao engate três pontos catego-ria II e na tomada de potência, categoria I, e é acionada pela tomada de potência a 540rpm.

O sistema de aquisição automática de dados foi composto por sensores para determinação do fluxo de combustível e frequência da TDP e um coletor de dados, além de um sistema de posicionamento global (GPS).

Para a determinação do fluxo de combus-tível, utilizou-se o sensor modelo Oval M-III LSF45L0-M2, com capacidade de leitura de 10ml/pulso.

O sensor foi instalado na linha de alimen-tação de combustível depois do primeiro filtro de combustível. No retorno dos bicos e bomba injetora, entre o medidor e a bomba de sucção, foi conectado um T, de forma a representar o sistema em um circuito fechado. Instalou-se antes e depois do sensor, uma mangueira de 2m, para garantir que o fluxo do combustível pelo medidor seja laminar e não turbulento.

Para a determinação da frequência de fun-cionamento da TDP, utilizou-se o sensor do tipo indutivo modelo Dickey-john. O sensor foi

Charles Echer

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utilizado próximo ao sistema de embreagem da roçadora, enquanto que, no eixo da máquina, instalou-se uma peça metálica permitindo ao sensor detectar sua presença gerando um sinal de saída correspondente à frequência de rotação deste eixo.

Para a determinação da posição do conjunto trator e roçadeira, utilizou-se um aparelho de GPS modelo Garmin 60Csx.

Para a coleta dos dados obtidos pelos senso-res de fluxo de combustível e indutivo, utilizou-se um sistema de aquisição de dados, modelo Campbell Scientific CR1000. O coletor de dados possui capacidade para armazenamento de até quatro milhões de dados. Nos registros de dados, foram consideradas as variáveis: consumo de combustível horário, frequência da TDP e data da coleta dos dados.

Para produzir os mapas de campo, que são baseados em pontos instantâneos de atri-butos específicos, obtidos no trabalho como o consumo de combustível, frequência da TDP, cada ponto de rendimento deve corresponder a uma particular posição na superfície da área, processo chamado de georreferenciamento.

O programa computacional GPS Track-Maker foi utilizado como interface para trans-ferir para o computador os dados adquiridos pelo aparelho GPS. Os dados obtidos foram tabulados utilizando o programa computacio-nal Excel, associando-os às suas coordenadas geográficas que foram obtidas com o GPS.

do maior comprimento, a eficiência é mais elevada por requerer menos manobras de cabeceira, por exemplo.

A velocidade de deslocamento do con-junto durante a operação de roçada foi em média de 6km/h. Silveira (2001) recomenda que, durante a operação de roçada, se traba-lhe com velocidades entre 4 e 7km/h.

Na Figura 1, o gráfico apresenta o início de operação com frequência do motor com valor de 2.159rpm. Em seguida, ocorreu tendência de aumento e, posteriormente, estabilização abaixo da média, isto é, de 2.233rpm, ao longo da linha de amostra-gem. Observa uma queda na frequência para 2.100rpm, a menor rotação observada. Novamente, ocorreu tendência de aumento atingindo a maior frequência, isto é, de 2.365 rpm, e posteriormente, tende a esta-bilizar próximo à média, ao longo da linha de amostragem. Essas variações podem ser explicadas provavelmente pelas variações nas condições de topografia do terreno e pela densidade da vegetação dentro da área, demandando valores de potência diferentes que influenciaram na frequência da TDP.

Com relação ao consumo horário de combustível, observa-se, no início do trabalho, o maior consumo, com valor de 10,20L/h. Em seguida, ocorreu tendência de redução e, posteriormente, estabilização acima da média, isto é, de 8,78L/h ao longo

Por meio de um sistema de informação geográfica e, utilizando-se o programa com-putacional Surfer, foi construído um banco de dados codificados espacialmente. Posterior-mente, por meio de vetorização e interpolação dos dados, segundo as classes de frequência do motor, consumo operacional, capacidade de campo efetiva, eficiência de campo e velocidade de deslocamento foram elaborados os mapas temáticos apresentando a distribuição espacial dos valores destas variáveis no campo.

RESULTADOS DO ENSAIOOs resultados das estimativas dos parâ-

metros média, mediana, moda e coeficiente de variação (CV) das variáveis: frequência da TDP (fTDP); frequência do motor (fMotor); consumo horário (Ch); consumo operacional (Co); capacidade de campo teó-rica (Ct); capacidade de campo efetiva (Ce); velocidade média de deslocamento (vm) e eficiência de campo (Efc), são apresentados no Quadro 1.

A eficiência de campo do trabalho de roçada foi em média de 75%, sendo que este valor está dentro da faixa citada por Silveira (2001a), que é de 70% a 90%. A eficiência de campo diz respeito à porcentagem de tempo total realmente utilizada em trabalho efeti-vo. É influenciada por vários fatores, como formato, tamanho e disposição da área. Em locais planos, e trabalhando-se no sentido

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Conjunto trator-roçadeira utilizado na avaliação do consumo de combustível na operação de roçagem

O sistema de aquisição automática de dados foi composto por sensores para determinação do fluxo de combustível e frequência da TDP (esquerda) e um coletor de dados (direita), além de um sistema de posicionamento global (GPS)

Fotos Welington Gonzaga do Vale

Figura 1 - Curvas do comportamento da frequência do motor e do consumo Figura 2 - Curva de comportamento do consumo operacional

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da linha de amostragem.Na Figura 2 é apresentada a curva de

comportamento do consumo operacional onde se observa uma tendência de redução durante o trabalho.

Durante o trabalho, são observadas pequenas variações e picos, ocorridos, pro-vavelmente, pela variação da quantidade de resíduos e velocidade de deslocamento na área de trabalho. A partir do processa-mento dos dados, por meio de sistema de informação geográfica, foram gerados mapas temáticos, apresentados nas Figuras 3 e 4, que apresentam a distribuição espacial dos valores da frequência do motor e do consu-mo operacional.

A investigação das causas que influen-ciaram a variação espacial da frequência do motor e do consumo operacional no trabalho com a roçadeira pode resultar na descoberta de fatores que influenciaram, pontualmente na área, o desempenho do conjunto trator e roçadeira, permitindo, em determinados casos, a adoção de me-didas visando melhorar o desempenho da operação. Caso se considere como ideal a frequência do motor de 2.100 (área branca), que corresponde a 27% do mapa,

seria necessário pesquisar nas outras áreas, a fim de estudar os fatores que ocasiona-ram as variações na frequência do motor. Observando-se a Figura 2, concluiu-se que a frequência do motor que predominou foi a de 2.160rpm, esse valor corresponde a 57,4% do mapa. No começo da avaliação o mapa mostra uma predominância de uma frequência de 2.100rpm, pode-se dizer que isto ocorreu por causa da maior quantidade de resíduo sobre aquela região da área.

Analisando a Figura 3, pode-se observar que o consumo operacional que predomi-nou na área foi o de 8,2L/ha (área cinza-claro), que corresponde a 35,8% do mapa. Caso se considere como ideal o consumo operacional de 7,2L/ha (área branca), que corresponde a 3,5% do mapa, seria ne-cessário pesquisar nas outras áreas, a fim de estudar os fatores que ocasionaram as variações no consumo operacional. O maior consumo representa 19,2% do mapa.

Comparando os mapas temáticos da frequência do motor e do consumo opera-cional, pode-se observar uma relação inversa entre a frequência do motor e o consumo operacional. Isso pode ser explicado devido ao motor trabalhar com folga quando se tem

uma frequência alta e, com isso, tem-se um consumo operacional baixo.

CONCLUSÕESCom base nos dados obtidos neste

experimento, é possível concluir que a utilização do sistema de aquisição auto-mática de dados possibilitou a aplicação da tecnologia SIG para mapear a distribuição espacial dos valores da frequência do motor, do consumo de combustível horário e ope-racional, da capacidade de campo efetiva, da eficiência de campo e da velocidade de deslocamento do conjunto durante o trabalho de roçagem.

O mapeamento dos dados possibilitou a espacialização da frequência do motor, onde predominou o valor de 2.160rpm, esse valor corresponde a 57,4% do mapa. Do consumo operacional do conjunto trator e roçadeira, onde predominou o valor de 8,2L/ha, que corresponde a 35,8% do mapa.Welington Gonzaga do ValeUFMT/Campus Sinop

Um sensor foi instalado no sistema de embreagem da roçadeira, junto com uma peçametálica instalada no eixo da máquina, que possibilitou conhecer a rotação do eixo

Figura 3 - Mapa temático da frequência do motor (rpm) Figura 4 - Mapa temático do consumo operacional (L/ha)

Quadro 1 - Estimativas da média, mediana, moda e coeficiente de variação de populações normalmente distribuídas para frequência da TDP (fTDP), frequência do motor (fMOTOR), consumo horário (Ch), consumo operacional (Co), capacidade de campo teórica (Ct), capacidade de campo efetiva (Ce), eficiência de campo (Efc) e velocidade média de deslocamento (vm)

Mediana571

2.221,198,768,441,381,7077,696,17

Média574,12

2.233,338,488,391,381,0375,006,00

Moda569

2.213,418,288,441,381,7077,756,32

*Ct é constante em toda a área.

Parâmetros monitoradosfTDP (rpm)

fMOTOR (rpm)Ch (L h-1)Co (L ha-1)Ct (ha h-1)Ce (ha h-1)

Efc (%)vm (km h-1)

CV(%)2,232,25

11,965,73

*13,8913,8912,41

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Fotos Welington Gonzaga do Vale

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trAtorES

Consumo controladoO consumo de combustível dos tratores agrícolas é tido como um dos custos mais elevados nas operações agrícolas das propriedades rurais, sendo que quantidade consumida está diretamente ligada a fatores como tipo de solo, profundidade de

operação e adequação e condição do conjunto trator-equipamento

O preparo de solo na cultura do al-godão tem importante função na preservação das características fí-

sicas, químicas e biológicas do solo, oferecendo dessa forma boas condições para a semeadura, germinação e desenvolvimento das plantas. As operações necessárias e os métodos de preparo de solo variam principalmente em função das condições e tipo do solo, da declividade do terreno, do tipo de cultura e dos recursos mecanizados disponíveis.

O uso de máquinas e tratores agrícolas é requerido para o preparo do solo e o con-sumo de combustível desses equipamentos engloba em um dos custos mais elevados nas operações agrícolas das propriedades rurais. A quantidade de combustível consumido está diretamente ligada a fatores como a adequação e condição do conjunto trator-equipamento, profundidade da operação, tipo e condição de solo, número total de operações utilizadas no processo de preparo do solo e outros.

A cultura do algodão está entre as dez principais do mundo sendo cultivada econo-micamente em mais de 60 países. Nos Estados Unidos, a cadeia do algodão é a quinta em geração de valor dentre as cadeias agrícolas sendo 40% da produção cultivada sob irriga-ção e mais de 90% colhida mecanicamente (Buainain, 2007).

Em regiões semiáridas a cultura do algo-dão caracteriza-se por apresentar altos custos de produção, alta dependência de processos mecanizados, baixos índices pluviométricos

e rigorosos critérios de avaliação de qualida-de, dessa forma, um trabalho realizado pela equipe da Unesp teve como objetivo avaliar o consumo de combustível de um trator agrícola utilizando os equipamentos requeridos no pre-paro de solo do algodão irrigado, arado duplo (lister) e o canteirador (bedshaper), sob duas condições diferentes de solo.

Os ensaios foram realizados com auxílio de ferramentas de agricultura de precisão e o trator agrícola foi instrumentado com sistemas de direcionamento via satélite, sistemas de me-dição de consumo de combustível e sistemas de aquisição de dados.

A crescente necessidade em diminuir os custos e aumentar a produtividade nas propriedades rurais, levando-se em conta fatores como a escassez de água, elevados preços dos combustíveis e a preservação do meio ambiente, tem aumentado o número de

pesquisas e a utilização de equipamentos de agricultura de precisão, onde o surgimento de novas tecnologias e o crescente investimento das indústrias na produção de equipamentos mais sofisticados para a área têm proporcio-nado vantagens econômicas, produtivas e ambientais aos produtores.

A agricultura de precisão é um conceito de sistema de produção agrícola que envolve o desenvolvimento e a adoção de técnicas de gestão. Baseado no conhecimento, caberá ao produtor rural buscar as tecnologias e os mé-todos mais adequados à suas necessidades que visem maior retorno econômico e ambiental.

Para o trabalho foi utilizado um sistema de medição de consumo de combustível de-senvolvido pela empresa Floscan Instrument Inc. adaptado para tratores agrícolas que consiste em dois fluxômetros instalados em série auxiliados por três reguladores de fluxo para mensurar o consumo de combustível durante os ensaios. Tal consumo de com-bustível foi determinado pela diferença dos valores de fluxo em unidade de volume (mL)

O arado duplo utilizado no ensaio possui característica de trabalho para quatro linhas de cultura e é responsável pela mobilização inicial do solo no cultivo de algodão irrigado

Cha

rles

Ech

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entre o primeiro fluxômetro, instalado após o sistema de filtragem de combustível na linha de alimentação da bomba injetora e o segundo fluxômetro instalado no retorno de combustível do tanque. O sinal gerado pelo fluxômetro para o sistema de aquisição de dados foi de pulsos com relação de um pulso por mL de combustível.

Foi utilizado um sistema de aquisição de dados modelo CR3000 desenvolvido pela empresa Campbell Scientific com frequência de 2Hz para a coleta de dados. A aquisição de dados, segundo Garcia et al (2003), é uma atividade essencial em todo tipo de tecnologia e ciência, e tem como um de seus objetivos, apresentar, ao observador, os valores das vari-áveis ou parâmetro que estão sendo medidos. Nota-se que a aquisição de dados dos mais variados setores da agronomia são atualmente

obtidos em frações de segundos com uma frequência de aquisição muito rápida, acres-centando maior precisão e confiabilidade aos estudos realizados.

Para o preparo do solo foi utilizado um trator Case, modelo MXM 120, 4x2 TDA com potência no motor de 88kw (120cv) equipado com sistema de piloto automático, com sen-sores e equipamentos conectados junto ao sistema hidráulico de direção do trator que possibilitaram que o trajeto da máquina fosse feito de forma automática, sem necessaria-mente precisar da intervenção do operador, evitando assim sobreposições e falhas durante a realização dos ensaios.

O trator agrícola foi equipado com um receptor GNSS da marca Trimble, modelo AgGPS 332 com sistema de correção RTK que auxiliou o trator no sistema automático de di-recionamento via satélite. A técnica RTK (real time kinematic) é destinada ao posicionamento de alta precisão em tempo real e pode obter erros de posicionamento menores que 5cm.

Foram utilizadas duas áreas denominadas área 1 e área 2. A área 1 está localizada entre as coordenadas geográficas 33,05904° latitude e 111,9756 longitude com classificação franco argilo arenosa de textura de solo (52% areia,

35% argila, 13% silte) e a Área 2 entre as coordenadas geográficas 33,07712° latitude e 111,9708 longitude com classificação franco arenosa de textura de solo (71% areia, 12% argila e 17% silte).

Os equipamentos de preparo de solo utilizados para a cultura do algodão irrigado foram o arado duplo (lister) e o canteirador (bedshaper). O arado duplo possui caracterís-tica de trabalho para quatro linhas de cultura e é responsável pela mobilização inicial do solo enquanto o canteirador é responsável pela formação de canteiros para que seja realizada a semeadura.

A rotação do motor foi 1.600rpm, cons-tante em todas as repetições, e a marcha utilizada foi a A-4. Os pneus utilizados foram da marca Michelin tipo 320/85R38 dianteiros e 329/90R54 os traseiros, todos com pressão de inflação de 242kPa. Os tratamentos foram definidos em função do tipo de solo e do equipamento de preparo de solo utilizado com três repetições para cada tratamento. Os pulsos gerados pelos fluxômetros volumétricos foram convertidos em volume, considerando a vazão de 1ml por pulso e o tempo gasto em cada parcela. O cálculo do consumo horário de combustível foi realizado de acordo com a

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Fotos Gustavo Montanha

Sistema de medição de consumo de combustível utilizado no ensaio, com dois fluxômetros instalados em série

Sistema de aquisição de dados instalado na cabine do trator

O trator utilizado no experimento foi um Case IH MXM 120, 4x2 TDA com potência no motor de 120cv

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Equação 1:

Chr = Tp *3,6 (1) tonde:Chr – consumo horário (L/h)Tp – total de pulsos obtido pelo fluxô-

metrot – tempo decorrido na parcela(s) 3,6 – fator de conversão

Os resultados obtidos com o equipamen-to arado duplo revelaram que o consumo de combustível em solo mais arenoso foi 9,4% menor em relação ao solo mais argiloso. O trator agrícola apresentou um consumo de 20,35L/h no solo argiloso enquanto o consumo para o solo mais arenoso foi de 18,43L/h. Os resultados concordam com a tendência do menor consumo horário de

combustível em solos mais arenosos por exigirem menor potência do trator agrícola. Na Figura 1 observa-se o consumo horário de combustível (L/h) do trator agrícola nos diferentes tipos de solo utilizando o equipa-mento arado duplo.

Analisando os resultados do equipa-mento canteirador observou-se que em solo arenoso houve uma diferença de consumo horário de combustível menor que 1% em relação ao solo mais argiloso não havendo assim diferença estatisticamente signifi-cativa no consumo em relação ao tipo de

solo. Esse resultado se explica pelo fato do equipamento canteirador exigir pouca potência do trator e baixo consumo horário de combustível. Na Figura 2 observa-se o consumo horário de combustível (L/h) do trator agrícola nos diferentes tipos de solo utilizando o equipamento canteirador.

Figura 1 - Consumo horário de combustível (L/h) do trator agrícola nos diferentes tipos de solo

Acima, detalhe das áreas utilizadas no experimento com solo mais argiloso (esquerda) e mais arenoso (direita). Abaixo, a área já mobilizada com o arado duplo ou lister (esquerda) e com o canteirador bedshaper (direita)

Figura 2 - Consumo horário de combustível (L/h) do trator agrícola nos diferentes tipos de solo

Gustavo K. MontanhaSaulo P. S. GuerraKleber P. LançasPedro Andrade-SanchezFabrício C. MasieroUnesp

Pesquisadores Gustavo, Kleber e Fabrícioconduziram o ensaio de consumo de combustível

.M

Fotos Gustavo Montanha

( )

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pulvErIzADorES

dos controles, não estando, portanto, de acordo com os propósitos da tecnologia de aplicação de defensivos que visa depositar o produto no alvo na quantidade certa, no momento adequado, com o mínimo de contaminação ambiental e reduzindo custos de aplicação.

Visando quantificar essas perdas, o Grupo de Pesquisa em Mecanização Agrí-cola (GPMA) da Universidade Federal de Viçosa – campus de Rio Paranaíba, realizou pesquisa com o objetivo de ve-rificar a influência da pressão hidráulica do sistema nas perdas da pulverização em um pulverizador hidráulico tratorizado de barra, sob condições operacionais normal-mente encontradas em campo.

O trabalho foi realizado no Abrigo de Máquinas da Universidade Federal de Viçosa, campus de Rio Paranaíba, entre os meses de agosto e setembro de 2010. Para

Pressão prejudicial

Com o surgimento da agricultura intensiva, que se caracteriza pelo emprego de alta tecnologia

nos sistemas de produção e monocultivo em grandes áreas, ocorreu o surgimento de ambientes favoráveis a disseminação de pragas e doenças, tornando o controle uma das principais atividades a serem executadas durante o ciclo produtivo agrícola. Dentre os controles comumente utilizados, destaca-se o controle quími-co, por apresentar resultados rápidos, duradouros e ofertar larga quantidade de produtos no mercado. Os produtos fitossanitários devem ser aplicados com o máximo de eficiência e, para isto, é neces-sário que o pulverizador utilizado esteja adequadamente regulado e calibrado e que as condições climáticas estejam favoráveis antes, durante e após as pulverizações.

Em grandes áreas de cultivo, as

atividades de aplicação de produtos fi-tossanitários geralmente são realizadas com pulverizadores hidráulicos de barras montados ou de arrasto que, em alguns casos, não se encontram adequadamente regulados e calibrados. Ademais, mui-tas aplicações são realizadas fora das recomendações climáticas consideradas adequadas, ou seja: temperatura do ar menor que 30ºC, umidade relativa do ar superior a 60% e velocidade do vento entre três e 10km h-1.

Fora dessas condições de pulveri-zação, as perdas de calda tendem a ser elevadas, pois altas velocidades do vento, combinadas com altas temperaturas e com baixas umidades relativas do ar, proporcionam perdas por deriva deslo-cada ou evaporativa. Consequentemente causam contaminação ambiental, preju-ízos econômicos e reduzem a eficiência

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Pressão prejudicialDivulgação

A deriva é um dos principais problemas enfrentados na hora de pulverizar as lavouras. Entre os diversos fatores que influenciam este fenômeno o aumento da

pressão de trabalho é um dos responsáveis pelos maiores índices de perda do produto

A deriva é um dos principais problemas enfrentados na hora de pulverizar as lavouras. Entre os diversos fatores que influenciam este fenômeno o aumento da

pressão de trabalho é um dos responsáveis pelos maiores índices de perda do produto

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acionamento do pulverizador foi utilizado um trator New Holland TL85 Exitus, com potência de 61,1kW e rotação nominal de 2.200rpm. O pulverizador utilizado foi da marca Jacto, modelo Condorito, que pos-sui tanque de 400 litros, bomba hidráulica modelo JP-401, com capacidade de 38L/min a 540rpm, e barra de pulverização com 21 porta-bicos Monojet, espaçados em 0,50 metro. O pulverizador estava equipado com pontas tipo jato leque API 110-02 posicionadas a um ângulo de dez graus em relação à barra de pulverização, para evitar a sobreposição direta dos jatos. Todo o ensaio se deu com o conjunto trator-pulverizador estacionado.

O trabalho avaliou a influência de três pressões de trabalho (100; 300 e 500kPa) do sistema hidráulico do pulverizador sobre as perdas por deriva, com três repe-tições. Em cada repetição, os dados foram coletados em três pontos diferentes da barra de pulverização, sendo um no centro e os outros no antepenúltimo bico das laterais da barra, de tal forma que a média destes constituiu a repetição. A pressão foi ajustada e monitorada com o auxílio do regulador de pressão e do manômetro do comando hidráulico, respectivamente, que estavam instalados no pulverizador.

A determinação da perda por deriva foi feita pela diferença entre a vazão da ponta de pulverização e o volume que atingiu o alvo que se encontrava posicionado a 50cm abaixo da barra de pulverização. Para determinar a vazão das pontas, foi realizada a coleta do líquido pulverizado pelo bico em copo dosador por 50 se-gundos. O volume que atingiu o alvo foi amostrado com o auxílio de uma bancada para ensaios de bicos, que possuía 1m de comprimento por 1m de largura, e que ficou posicionada durante 50 segundos abaixo da barra de pulverização. A perda por deriva foi expressa em porcentagem do volume total pulverizado pela ponta.

A verificação da velocidade do vento foi realizada com o auxílio de um ane-mômetro digital AD 250, com resolução de 0,1m/s. A umidade relativa do ar foi determinada de acordo com a diferença psicrométrica dos bulbos seco e úmido, e a temperatura ambiente foi obtida pelo termômetro de bulbo seco do psicrômetro. As condições ambientais médias durante as avaliações foram: umidade relativa do ar 30,6%, temperatura ambiente 25,4°C e velocidade do vento de 12,3km/h. A temperatura local (25,4°C) estava dentro dos limites adequados, enquanto que a velocidade média do vento (12,3km/h) apresentou-se acima do ideal, e a umidade

relativa do ar (30,6%) apresentou-se muito abaixo do ideal, sendo essas, condições que favorecem as perdas por deriva deslocada e sedimentada. As condições climáticas no momento do ensaio fogem daquelas preconizadas para uma correta aplicação, mas que, comumente, são observadas em diversas pulverizações no campo, tendo em vista a severidade do ataque de muitas pragas, doenças e plantas daninhas.

A análise de variância indicou que a pressão de trabalho teve influência significativa sobre as perdas por deriva do pulverizador hidráulico tratorizado. Na Figura 1 são apresentados os índices de perdas por deriva, em porcentagem

Clima com condições adversas somado à curta janela de aplicação, em alguns casos, aumenta as chances de erro na aplicação

Figura 1 – Efeito da pressão de trabalho sobre as perdas por deriva em um pulverizador hidráulico tratorizado equipado com ponta API 110-02

* Significativo pelo teste t, ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05)

Determinação das perdas por deriva em pulverizador hidráulico tratorizado, feita pela equipe da Universidade Federal de Viçosa, com o auxílio de uma bancada para ensaios de bicos

Diego Sichocki

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Diego Sichocki,Renato Ruas,Leonardo Caixeta,Luciel Dezordi eBruno Monteiro,UFV

do volume total pulverizado, em função da pressão de trabalho do pulverizador hidráulico tratorizado.

Esse fato se justifica devido à pressão estar diretamente relacionada com o diâmetro da gota produzida pela ponta de pulverização, onde gotas maiores são obtidas com pressões menores. Desta for-ma, a menor perda por deriva (11,95%), foi observada na menor pressão (100kPa). Isto ocorre devido às gotas serem mais afetadas pela gravidade, deslocando-se por menores distâncias devido a sua maior massa. Na pressão de 500kPa, a deriva observada foi maior (18,71%), pois foram

produzidas menores gotas, favorecendo o deslocamento do líquido pelo vento, que apresentava velocidades superiores aos limites ideais para a operação. Ademais, as maiores perdas observadas nestes trata-mentos também podem ser explicadas pelo fato de que as menores gotas produzidas são mais suscetíveis à evaporação, uma vez que a umidade relativa do ar encon-trada no local estava abaixo do indicado para a aplicação de defensivo. Resultados semelhantes foram obtidos por Costa et al (2007) e Nuyttens et al (2006) que, ao analisarem a influência da pressão de tra-balho nas perdas por deriva, concluíram

que quanto maior a pressão de trabalho maior eram as perdas.

Desta forma, pode-se concluir que a pressão de trabalho influenciou signifi-cativamente na qualidade da pulveriza-ção, tal que, quanto maior a pressão de trabalho, maiores as perdas, sejam elas deslocadas ou evaporativas. .M

Os pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa, campus de Rio Paranaíba, Diego Sichocki, Renato Ruas, Leonardo Caixeta, Luciel Dezordi e Bruno Monteiro foram responsáveis pelo experimento

A regulagem e a calibração dos pulverizadores são práticas imprescindíveis para o sucesso da operação

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MECANIzAção

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Plantio sobre pastagens

A busca por processos produtivos mais econômicos ao ambiente tem sido uma constante em pesquisas atuais e

a integração lavoura/pecuária encontra-se nesse meio, condições interessantes de se destacar, no sentido de baixar os custos de produção de uma lavoura, aumentando a produtividade da pecuária.

O emprego de culturas anuais cultivadas em rotação ou em consórcios com espécies forrageiras tem constituído uma das principais estratégias de formação e reforma de pastagens em integração lavoura/pecuária. Em consórcio com forrageiras, especificamente Brachiaria sp., várias culturas têm sido empregadas, porém, o milho tem sido a preferida, devido à sua tradi-ção de cultivo, ao grande número de cultivares comerciais adaptadas a diferentes regiões ecoló-gicas do Brasil e à excelente adaptação, quando manejado em consórcio (Silva et al, 2005).

O desempenho operacional da semeadora-adubadora sobre a palhada dos sistemas con-sorciados na integração agricultura/pecuária é de grande importância, pois a eficiência na distribuição de sementes e fertilizantes, bem como o corte da palha, a mínima mobilização do solo e preferencialmente uma menor demanda

energética, é dependente de uma regulagem específica, que possa suprir as exigências reque-ridas na operação. Nesse sentido, a quantidade de palha na superfície do solo e a configuração da semeadora podem interferir na qualidade e na capacidade operacional.

A força de tração necessária para operação de semeadoras de precisão, no sentido horizon-tal de deslocamento, já incluída a resistência

ao rolamento da máquina, com bom leito de semeadura, varia de 900N ± 25% por linha (somente semeadura) e de 3.200N ± 35% por linha (semeadura, adubação e herbicida) - (Asae, 1999). Segundo Branquinho et al (2004) a capacidade de campo efetiva da operação de semeadura e adubação foi influenciada pela velocidade de deslocamento do conjunto, sendo maior na velocidade mais alta.

O emprego de culturas anuais cultivadas em rotação, ou em consórcio com espécies forrageiras, tem constituído uma das principais estratégias de formação e reforma de pastagens em integração lavoura-pecuária

Valtra

Plantio sobre pastagens

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O aumento da profundidade das hastes sulcadoras aumenta também o consumo, a potência e a demanda de força na barra de tração em operações de plantio direto em rotações de culturas. Estudo desenvolvido pela Unesp

avaliou os mesmos itens em áreas de integração lavoura/pecuária

O aumento da profundidade das hastes sulcadoras aumenta também o consumo, a potência e a demanda de força na barra de tração em operações de plantio direto em rotações de culturas. Estudo desenvolvido pela Unesp

avaliou os mesmos itens em áreas de integração lavoura/pecuária

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Segundo Pereira (1998), o gasto com combustível é um componente importante na composição dos custos de uma cultura. Assim, o objetivo deste trabalho foi determinar a força, a potência e o consumo de combustível no mo-mento da semeadura de milho em integração lavoura/pecuária, associados a duas profun-didades de atuação das hastes sulcadoras de adubo da semeadora-adubadora e três espécies de braquiárias.

A cultura do milho foi implantada, na área da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção da Unesp/Jaboticabal (SP). O solo da área é clas-sificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico Típico, A moderado, textura argilosa e relevo suave ondulado (Embrapa, 1999).

Os fatores avaliados foram duas profundi-dades das hastes sulcadoras de adubo, definidas em função do modelo da semeadora-adubadora utilizada, e a palhada de três espécies de bra-quiária (Brachiaria brizantha, B. ruziziensis e B. decumbens). O espaçamento entre linhas foi de 0,90m e a adubação de cobertura foi realizada 30 dias após a germinação, momento esse em que foram semeadas as braquiárias.

Foi utilizada uma semeadora-adubadora de precisão da Marchesan, modelo COP Suprema 7/4, com disco vertical pneumático para distribuição de sementes, haste sulcadora para abertura do sulco de deposição do adubo e discos duplos para sementes, com profundi-dade de deposição regulada para 5cm e rodas aterradoras-compactadoras duplas em “V”, operando com quatro linhas de semeadura. A semeadora-adubadora foi tracionada por um trator Valtra BM 125i 4x2 TDA, com 83,3kW (125cv) de potência no motor, devidamente ins-trumentado para realização do experimento.

A força na barra de tração foi determinada por meio de célula de carga acoplada entre a barra de tração do trator e o cabeçalho da semeadora-adubadora. Para a aferição da velocidade, foi utilizado um radar acoplado ao trator. O consumo de combustível foi de-

terminado em unidade de volume (ml). Todos os equipamentos estavam ligados a um sistema de aquisição de dados (micrologger CR23X, da marca Campbell Scientific Inc.).

A força de tração média e de pico foi obtida diretamente pela célula de carga, enquanto a potência na barra de tração, média e de pico, foi determinada de forma indireta, através do produto entre a força de tração e a velocidade de deslocamento do conjunto, dividido pela cons-tante 1.000. A velocidade real de deslocamento foi considerada como sendo aquela obtida pela unidade de radar do trator.

A capacidade de campo operacional foi determinada com base na largura de trabalho da semeadora e da velocidade real de deslocamento do conjunto, considerando ainda uma eficiência de campo de 65% para a semeadura.

O consumo horário de combustível foi obtido pela diferença entre os valores lidos do consumo de combustível no retorno e na entrada através do protótipo construído por Lopes et al (2003) e o consumo operacional por meio do produto entre o consumo horário e a capacidade de campo operacional.

RESULTADOSOs resultados estão apresentados na for-

ma de tabelas, nas quais, médias seguidas de mesmas letras minúsculas nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Com base nos dados obtidos, podemos concluir que as braquiárias não influencia-ram as variáveis estudadas, ou seja, pode-se trabalhar com as três braquiárias que não haverá interferência no consumo, na de-manda de força e potência na barra. Outra constatação foi que a força de tração média e a potência média na barra de tração foram estatisticamente superiores na profundidade de 15cm de sulco, mostrando que, conforme se aprofundam as hastes sulcadoras no solo, o consumo, a potência e a demanda de força na barra aumentam. .M

Tabela 1 - Síntese dos valores de análise de variância e do teste de médias para as variáveis de força de tração média, potência média na barra de tração e consumo horário de combustível na semeadura do milho em palhada de braquiária

Potência (kW)

24,5 a19,0 b

22,022,121,1

40,70**0,61NS1,20NS

9,66

Força (kN)

14,9 a11,7 b

13,613,612,6

92,89**3,72NS3,19NS

6,14

Consumo horário (L h-1)

12,812,2

12,913,011,6

0,69NS1,21NS1,78NS15,65

FatoresProfundidade sulco adubo (P)

P1 (15 cm)P2 (10 cm)

Braquiárias (B)B. brizanta

B. decumbensB. rhuziziensis

Teste FPB

P x BCV %

NS: não significativo (P>0,05); *: significativo (P<0,05); **: significativo (P<0,01); C.V.: coeficiente de variação.

A integração lavoura-pecuária possibilita baixar os custos de produção de uma lavoura, aumentando a produtividade da pecuária

Os pesquisadores José Maria, Rafael, Fabio Alexandre e Carlos Eduardo avaliaram força de tração, potência e consumo de combustível em integração lavoura-pecuária

José Maria do Nacimento,Carlos Eduardo Angeli Furlani,Fabio Alexandre Cavichioli eRafael Scabello Bertonha,Lamma - Unesp/Jaboticabal

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ção

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do, com isto, agilidade, uma vez que não precisa mudar marchas enquanto trabalha. O motor de 75cv é de quatro cilindros turbo com maior reserva de torque e bom escalonamento de marcha.

A outra novidade foi o modelo novo da linha Boxer de pulverizador, com barras de 25 metros, mecânico, com transmissão 4×2 e cinco velocidades. É um produto para um mercado específico e tem capa-cidade de trabalhar cerca de 240 hectares por dia.

VALTRAValtra anunciou no Show Rural sua

entrada da marca em uma nova faixa de potência, a Série S, com os modelos S 293 e S 353, máquinas de alta potência im-portadas da Europa. A máquina herdou a

EvENtoS

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Recorde absolutoA edição 2012 do Show Rural da Coopavel bateu o recorde de público de

todos os tempos, chegando próximo aos 200 mil visitantes em cinco dias de feira. Apostando no cenário agrícola promissor e crescente, as empresas de

máquinas agrícolas deram um show de lançamentos

De 6 a 10 de fevereiro, o Show Rural da Coopavel, em Cas-cavel (PR), atraiu mais de 197

mil visitantes, público 5% maior que o registrado na edição do ano passado. Este número também é o recorde de público des-de a primeira edição da feira, realizada no ano de 1989. Mais de 4,8 mil experimentos foram apresentados por 406 empresas e instituições expositoras.

No setor de máquinas agrícolas, as empresas aproveitaram o primeiro grande evento do ano para apresentar as suas principais inovações tecnológicas. Os destaques deste ano ficaram por conta dos tratores com mais de 300cv de potência, apresentados pelas principais empresas do setor, além dos mais diversos tipos de equipamentos para agricultura de precisão,

que estão presentes em colhedoras, trato-res, semeadoras e pulverizadores. A seguir, destacamos os principais lançamentos e destaques que foram apresentados no Show Rural deste ano.

MONTANAUm novo modelo da linha Solis de

tratores e também da um da linha Boxer de pulverizadores foram os principais des-taques da Montana no Show Rural Coo-pavel. O novo modelo tem caixa de câmbio hidráulica, que permite reverter o avanço do trator à ré, na mesma velocidade. Esta característica representa uma vantagem, pois possibilita realizar operações com implementos localizados à frente do trator como pás carregadeiras, ou em atividades realizadas em pequenos espaços, ganhan-

Fotos Cultivar

Montana Solis 75, com motor Solis 4100 FT, de injeção direta e bomba injetora em linha, com 75cv de potência, transmissão mecânica sinc 12 x12 com reversor mecânico

A nova Série S, com os modelos S 293 e S 353, tratores de alta potência importados da Europa, foi o principal destaque da Valtra

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expertise e o design global da Valtra aliados à tecnologia AGCO. Tem capacidade de levante de 12 toneladas e bomba de fluxo variável de 200 litros por minuto, controla-da automaticamente. O trator traz o motor eletrônico AGCO Sisu Power 84CTA – 4V, TR 3, com baixa emissão de gases poluentes que, associado ao sistema de gerenciamento inteligente, busca o equilíbrio entre a po-tência e o torque e, de acordo com a força exercida na transmissão, pode economizar até 16% no uso de combustível.

Outro destaque do novo modelo é o câmbio AVT (AGCO Variable Transmi-tion), que difere das tecnologias de mudan-

ças de marcha automáticas conhecidas no mercado. Este câmbio regula a rotação do motor de acordo com a velocidade deseja-da. O câmbio trabalha por meio de quatro módulos de programação divididos em dois grupos de velocidade, estes separados de acordo com o tipo de tarefa: módulo automático, módulo automático com TDP, módulo semiautomático e módulo manual.

A linha traz também outras inovações, como cabines com os sistemas Auto-Comfort e Armrest, que permitem um má-ximo conforto nas operações, e suspensão pneumática para o assento giratório, que

ajusta a posição do operador de acordo com a declividade do campo.

KUHNA Kuhn apresentou uma máquina com

novo sistema de plantio, pulverização e fer-tilização, tecnologia que evita o desperdício de sementes e insumos, além de aumentar a qualidade do grão. Já empregado pelo Gru-po Kuhn na Europa, o sistema Tramline está sendo lançado no Brasil sob o conceito de Agricultura Inteligente. Com isso, a indústria busca auxiliar os agropecuaristas a terem maiores ganhos, menos desperdí-cio e proporcionar até o reaproveitamento

O destaque da Kuhn foi o sistema Tramline, conceito de Agricultura Inteligente já comercializado pela empresa em países da Europa e que já está disponível no Brasil

MF 8690 com motor de 370cv de potência e transmissão automática Dyna-VT, importado da fábrica de Beauvais, na França, com motor de seis cilindros AGCO Sisu Power

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de barras com 24 ou 28 metros.

MASSEY FERGUSONA Massey Ferguson lançou no Show

Rural o maior trator da história da marca no país. O MF 8690 que possui motor 370cv de potência e transmissão automática Dyna-VT tem 15 toneladas de força bruta e foi projetado para tracionar os maiores implementos do mercado. O modelo é im-portado da fábrica de Beauvais, na França, com motor de seis cilindros AGCO Sisu Power de alto desempenho e eixo dianteiro com suspensão de três estágios para gerar mais conforto operacional.

Um dos grandes destaques do trator é a transmissão Dyna-VT que gerencia a velocidade de operação automaticamente. Já conhecida nos mercados americano e europeu, a Série de tratores MF 8600 chega ao Brasil também com um modelo de menor potência, o MF 8670 (com 320cv). A máquina top de linha foi reconhecida como trator do ano na feira Eima Show, em Bolonha, na Itália, e também premiada como o melhor design de máquinas. Na linha de tratores, também foram destaque a Série MF 7000 Dyna-6, com transmissão automática, o MF 4283, que agora conta com motor Perkins, mantendo os mesmos 85cv de potência, e também a Série MF 7100 florestal com eixo de três metros para cana-de-açúcar.

Entre as colhedoras, o destaque foi para as máquinas com rotor axial MF 5650 Hidro com transmissão hidrostática e MF 32 com nova elétrica. O pulverizador MF 9030 também retornou como destaque na feira, junto com as plantadeiras para o plantio sem fertilização MF 500 S, o monitor de sementes PM 400 e o primeiro tandem para trabalho com duas plantadei-ras de até 17 linhas, além da ferramenta para agricultura de precisão do Piloto Automático System 150.

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dentro da propriedade.O sistema Tramline funciona para

evitar o desperdício, pois interrompe o fluxo de grãos e fertilizantes nas linhas predefinidas onde depois irão passar o pul-verizador e o fertilizador. Esse método faz com que não haja amassamento do cultivo e dispensa o uso de GPS, já que o sistema deixa sem plantar em linhas, já marcando por onde o pulverizador e o fertilizador irão trabalhar.

JACTOA Jacto lançou o Uniport 3030, o mais

novo modelo de pulverizadores da tradicio-nal família de autopropelidos. A máquina revoluciona a linha ao integrar soluções veiculares e tecnologia, que vão permitir um processo de pulverização eficiente, com mais velocidade, economia e com menor impacto ambiental.

Entre várias inovações, a empresa des-

taca o controle bico a bico, que minimiza o tempo de parada para a troca e apresenta acionamento elétrico; o sistema de teleme-tria, que permite transmitir informações em tempo real para um banco de dados; e a disposição de uma estação meteorológica embutida na máquina, que permite moni-torar as condições atmosféricas também em tempo real.

O veículo autopropelido traz inovações também na parte estrutural, como chassi construído com material de alta resistên-cia, utilizando juntas parafusadas ao invés de soldas, o que amplia a flexibilidade de torção e ainda a troca de componentes sem comprometer a integridade do conjunto. O seu vão livre pode chegar a uma altura de 1,75 metro.

A Jacto também apresentou inovações nos modelos Uniport 2000 Plus, que agora passa a ter barras de 24 metros, e no Uni-port 2500 Star, que passa a oferecer opções

O principal destaque da Agrale foi o caminhão 8700 projetado para a utilização em aplicações como escoamentos da produção de propriedades rurais

Precisa 6m3 com acionamento hidráulico que dispensa o uso de cardãs foi lançada pela Jumil e apresenta uma série de inovações tecnológicas

O Uniport 3030 lançado pela Jacto revoluciona a tradicional família de auto-propelidos, ao integrar soluções utilizadas em projetos veiculares e tecnologia

Fotos Cultivar

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JOHN DEEREA linha ampliada de tratores com 19

modelos foi a atração da John Deere no Show Rural Coopavel. O trator 5090E, com motor de 90cv, é um lançamento que reforça as opções oferecidas pela John De-ere para pequenas e médias propriedades. Outras mudanças na linha são as do trator 6125J, que tem agora um motor de quatro cilindros com as vantagens de economia no consumo de combustível e ganho de agilidade nas manobras, e as do modelo 6130J, com motor de seis cilindros que oferece maior torque e melhor rendimento em tarefas pesadas.

Os modelos 7195J e 7210J são as no-vidades da Série 7J da John Deere. Eles substituem os tratores 7185J e 7205J e apresentam mudanças nos motores, que contam agora com o Sistema de Injeção Eletrônica sob Alta Pressão. Os dois mo-delos ganharam também o eixo dianteiro heavy duty como item de série, para garan-tir maior resistência.

Trator de maior porte do estande, o mo-delo 8260R destaca-se por recursos como o ILS (Independent Link Suspension), que

aumenta muito a capacidade de tração. Ele faz com que as rodas permaneçam sempre em contato máximo com o solo para melhor aproveitamento da potência do motor.

A John Deere apresentou também as opções tecnológicas oferecidas pelas colheitadeiras de grãos e as plantadeiras John Deere, e também equipamentos para a colheita de cana, pulverização das lavou-ras, preparação de feno e forragem para a alimentação dos rebanhos, irrigação e pás frontais para tratores da marca.

AGRALEA Agrale levou sua linha completa de

tratores, com destaque para a família 6000, e o novo caminhão 8700 com tecnologia Euro V da linha 2012.

O caminhão 8700 é integrante da nova família de veículos da marca, projetado para a utilização em aplicações como escoamen-tos da produção de propriedades. A linha 6000 tem cabine com diferenciais, novo desenho, sistema de vedação aprimorado e melhor refrigeração do interior, com saídas de ar que otimizam o fluxo e impedem a entrada de poeira. A cabine foi dimen-

sionada para que o operador tenha todos os comandos bem próximos ao volante e melhor ergonomia.

As linhas 5000 com modelos na faixa média de potência (entre 65cv e 85cv) e a linha 4000 que possui modelos com potên-cia entre 15cv e 30cv, também foram desta-ques da empresa. A Linha 4000 é destinada à agricultura familiar e os modelos estão incluídos no programa Mais Alimentos do governo federal.

JUMILA Jumil lançou o distribuidor de fer-

tilizantes sólidos Precisa 6m3 com aciona-mento hidráulico que dispensa o uso de cardãs. Ele possui depósito com tanque para 6m3, com peneira para granulados e defletor com sistema de encaixe rápido, que evita sobrecarga na esteira e forma-ção de galerias. A esteira é revestida de borracha e possui guia para alinhamento, rolos vulcanizados, roletes para facilitar o deslocamento e esticador com escala de regulagem para alinhamento e tensão. O sistema de rodado é do tipo Cross, que possibilita entrada em diferentes tipos de terrenos com compactação reduzida. O rodado tandem oscilante/pivotante permite acompanhar as irregularidades do terreno sem transferir esforço para o chassi.

STARAO Imperador 3100 foi o destaque da

Stara no Show Rural. Apresentado como o primeiro pulverizador autopropelido do mundo com barras centrais que garantem maior estabilidade para a pulverização em condições atípicas. A grande estabilidade das barras centrais possibilita realizar apli-cações em até 32km/h. Possui transmissão 4x4 hidrostática. Equipado com bomba de tração com exclusivo sistema de regulagem de pressão que mesmo em situações de alta aceleração controla o fluxo de óleo, evitan-do picos de pressão nas mangueiras e no restante do sistema de transmissão

Lançado no final de 2011, o Imperador 3100 da Stara, primeiro pulverizador autopropelido com barras centrais, foi apresentado aos visitantes do Show Rural

A Marini destacou o conjunto de aros e pneus estreitos para pulverização projetado para aumentar o desempenho da máquina mesmo em terrenos dobrados

O modelo 8260R da John Deere tem motor com 260cv, novo visual e recursos como o ILS (Independent Link Suspension), que aumenta muito a capacidade de tração, por manter contato máximo com o solo

Fotos Cultivar

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Motor MaxxForce 4.2A, da MWM, com quatro cilindros, que atinge potência máxima de 179cv

Monitor de plantio, pulverização e colheita S-Box foi o principal destaque da AllComp

BaseLine X, da Alezi Teodolini, com RTK portátil com cobertura de 10km

MWM A MWM Internacional apresentou

como destaque o motor MaxxForce 4.2A Tier 4, com avançado padrão de emissões, equivalente à tecnologia Euro VI, que está sendo desenvolvido para exportações à Europa e aos Estados Unidos. O Ma-xxForce 4.2A, com quatro cilindros, atinge potência máxima de 179cv a 2.200rpm e torque 600Nm 1.400rpm. Possui cabeço-te cross-flow em ferro fundido e trem de engrenagem dianteiro, injetores centrais e verticais, sistema de injeção Common Rail com gerenciamento eletrônico e bloco estru-tural. A tecnologia cooled EGR permite um excelente desempenho nas mais diferentes faixas de potência, elevado torque e baixo custo de manutenção. O MaxxForce 4.2A é aplicado em tratores, colheitadeiras, gerado-res, empilhadeiras e equipamentos agrícolas, industriais e geradores de energia.

ALLCOMPA AllComp apresentou como destaque

da Coopavel 2012 o equipamento S-Box, que utiliza o mesmo monitor para plantio, pulverização e colheita, gerando mapas para cada atividade agrícola.

MARINIA Marini destacou o conjunto de aros

e pneus estreitos para pulverização. De chapa ¼, possibilita maior desempenho inclusive em terrenos dobrados. Os aros são para todas as marcas e modelos de tratores, sendo que a configuração mais usada e recomendada pela empresa é 270/95/54 na traseira e 12.4x38 na dian-teira, dependendo da marca e do modelo do trator.

ALEZI TEODOLINIDurante a Coopavel, a Alezi Teodolini

apresentou o equipamento de precisão Ba-seLine X. Entre as características destaca-se a solução RTK portátil com capacidade de expansão para múltiplos veículos. Ele apresenta área de cobertura de 10km e tem bateria interna recarregável que dura 24 horas, além de operar com bateria de 12v externa.

NEW HOLLAND A New Holland apresentou a série T9

de tratores com o modelo T9.560 que al-cança aproximadamente 560cv. O T9.560 possui sistema de transmissão avançado, chassi robusto, design e cabine equipada com o apoio de braço SideWinderTM. O sistema EPM (Gerenciamento da Potência do Motor) permite que o T9 alcance até 50cv adicionais de potência. Com o EPM, o T9.560, que tem potência nominal de 507cv, pode desenvolver potência de até

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Fevereiro 2012 • www.revistacultivar.com.br46

557cv, de acordo com a necessidade da operação.

Os tratores da série T9 foram proje-tados para trabalhar com a tecnologia de Agricultura de Precisão da New Holland. A máquina sai de fábrica com o sistema de piloto automático IntelliSteer totalmente integrado, que utiliza a tecnologia DGPS e também conta com os opcionais OmniStar e RTK para garantir uma precisão ainda maior durante as operações. Com um único monitor – o IntelliView III -, pode-se acompanhar as configurações de todos os sistemas de orientação do piloto automá-tico e ainda controlar as informações de operação do trator.

PIRELLIA Pirelli lançou durante o Show Rural

sua segunda geração de pneus radiais agrí-colas, desenvolvida e produzida no Brasil, voltada para máquinas e implementos agrícolas de alta potência. A linha PHP é uma evolução da gama Earth Agro PHT, lançada há dois anos, que apresenta carac-terísticas como melhor tratividade, menor compactação do solo e melhor dirigibilida-de. Além disso, a nova linha é produzida

com materiais que diminuem o impacto no meio ambiente e novos compostos que au-mentam a sua vida útil. Também apresenta melhor autolimpeza, pois a nova geometria da banda de rodagem expulsa rapidamente a terra acumulada no pneu.

FANKHAUSERA Fankhauser lançou no Show Rural

as Plantadoras-Adubadoras Autotrans-portáveis Linha 5056, desenvolvidas para o trabalho em grandes propriedades. Elas apresentam grande autonomia de plantio e facilidade no deslocamento pela proprieda-de. Destacam-se como suas características o plantio de precisão de grãos graúdos com sistema dosador de sementes por discos horizontais ou pneumáticos, a execução de plantio direto e convencional, as linhas pantográficas largas que copiam as ondu-lações do solo, o reservatório de semente e adubo confeccionado em polietileno de alta resistência, o sistema de regulagem de semente por caixa de câmbio.

CASE IHA Case IH lançou durante o Show

Rural Coopavel no segmento de tratores a

Plantadoras-adubadoras autotrasportáveis linha 5056, da Fankhauser, desenvolvidas para o trabalho em grandes propriedades, possui modelos de 20 a 30 linhas

A Pirelli lançou a segunda geração da linha PHP, que apresenta melhor tratividade, menor compactação do solo e melhor dirigibilidade

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versão importada da linha Puma 195 e 210 e o Farmall 60. Com potência nominal de 197cv e 213cv, respectivamente, os novos tratores Puma são equipados com motores Case IH de certificação Tier III, com ca-pacidade para 6,75L. O sistema de injeção eletrônica Common Rail da série permite que as máquinas trabalhem em aplicações pesadas como plantio e preparo do solo com gradeamento e subsolagem sem perder rendimento e consumindo pouco. A série Puma possui um sistema hidráulico com um fluxo de 150L/min e quatro válvulas de comando remoto e transmissão power-shift 18x6 com AutoShift. A cabine ergo-nômica SurroundVision apresenta vista panorâmica de 360 graus. A suspensão da cabine e o assento do operador reduzem a vibração, proporcionando mais conforto ao operador.

O Farmall 60 é equipado com um novo motor diesel de 2,9 litros e três cilin-dros, consome menos combustível, mais silencioso e menos poluente, sem perder potência. A sua transmissão é mecânica e sincronizada, com 12 velocidades à frente e à ré. O inversor de marcha é mecânico e totalmente sincronizado.

A New Holland apresentou o modelo T9.560 que alcança aproximadamente 560cv de potência e possui chassi de alto desempenho

O Puma 195, da Case IH, vem com motor Tier III, 6,75 litros, com 195cvde potência e transmissão powershift 18x6 com AutoShift

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