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Dezembro de 2011 / Janeiro de 2012

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Rodando por aí

Tráfego controlado

Comparativo de pneus radiais x diagonais

Armazenagem: secadores de grãos

Agricultura de precisão em cana

Ficha Técnica - Fankhauser F-5000

Test Drive - MF 4290 Turbo

Avanço cinemático

Aplicação aérea

Ficha Técnica - GreenStar 3 2630

Pulverização

Compactação de solo

Coluna Estatística Máquinas

Test Drive - MF 4290 Turbo 24Saiba o que mudou no novo MF 4290 Turbo, testado pela nossa equipe, e veja como ele se comportou durante o teste realizado na operação de plantio direto

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados po-dem solicitá-las à redação pelo e-mail: [email protected]

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.

NOSSOS TELEFONES: (53)

• EditorGilvan Quevedo

• RedaçãoCharles EcherCarolina Simões Silveira

• RevisãoAline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e DiagramaçãoCristiano Ceia

• ComercialPedro BatistinSedeli FeijóJosé Luis Alves

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.www.revistacultivar.com.br

DireçãoNewton Peter

[email protected]

CNPJ : 02783227/0001-86Insc. Est. 093/0309480

Tráfego controladoSistema de tráfego controlado, utilizado em lavouras canavieiras, promete reduzir

compactação do solo

Radiais x diagonaisAvaliação compara os níveis de tração e

compactação dos pneus radiais e diagonais e mostra qual a melhor opção

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• REDAÇÃO3028.2060

Assinatura anual (11 edições*): R$ 157,90(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00Assinatura Internacional:

US$ 130,00EUROS 110,00

Cultivar Máquinas • Edição Nº 114 • Ano X - Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • ISSN - 1676-0158

• Coordenação CirculaçãoSimone Lopes

• AssistenteAriani Baquini

• AssinaturasNatália Rodrigues

• ExpediçãoEdson Krause

• Impressão: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Destaques

Nossa capa

Índice

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Matéria de capa

Cap

a: C

harl

es E

cher

CCCultivar

• GERAL3028.2000

• ASSINATURAS3028.2070

• MARKETING3028.2065

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roDANDo por AÍ

Novas instalaçõesLavrale, mais antiga concessionária Agrale do País, está de endereço novo em Caxias do Sul. Além de showrooms mais amplos, com a expo-sição de modelos de todas as linhas de produtos Agrale - destaque para caminhões, utilitários e tratores -, também oferece maior facilidade de acesso, por estar na rótula de encontro da chamada Perimetral Oeste com a RST-122. O novo endereço é rua Mário de Boni, 1.600, bairro Floresta, junto ao viaduto Campo dos Bugres.

ParceriaColaboradores da John Deere e professores da Universidade de Passo Fundo participaram do II Refresher Brasil - Operations e Delivery, um treinamento realizado no campus da UPF na cidade gaúcha. A ação é mais um passo para o fortalecimento das relações entre a UPF e a John Deere, que no mês passado manifestou interesse em realizar uma parceria com a universidade nas áreas de treinamento e de difusão de tecnologia.

AposentadoriaA CNH Global anunciou no final de novembro a aposentadoria de Harold Boyanovsky, seu presidente e CEO, a partir de 31 de dezembro de 2011. O atual diretor financeiro, Richard Tobin, se tornará o novo presidente e chief executive officer da CNH a partir de 1º de janeiro de 2012. Camillo Rossotto, tesoureiro e responsável pelos serviços finan-ceiros da Fiat Industrial SpA, assumirá a função de diretor financeiro da CNH também a partir do mesmo período, mas mantendo suas responsabilidades atuais. Boyanovsky, 67 anos, desempenha o papel de presidente e CEO da CNH desde março de 2005.

TitaniumA Arvus Tecnologia realizou o 2º Encontro Nacional de Representan-tes em Florianópolis no início de dezembro, onde apresentou o novo Titanium, com taxa variável, corte de seção, GPS, barra de luz e piloto automático. Ele tem novo design, mais moderno e começa a ser comer-cializado a partir de janeiro de 2012.

ErrataPor um erro de conversão, os gráficos 4 e 5 do artigo “Hora da Troca”, publicado na edição 113, páginas 27 a 29, estão com valores equivoca-dos. Abaixo publicamos os valores corretos, que indicam o ponto de renovação do trator (Gráfico 4) e o ponto de renovação do trator através da interação entre diferentes métodos (Gráfico 5).

ExcelênciaA concessionária Samaq é a primeira da rede Massey Ferguson a obter o certificado 5S. O distribuidor com três pontos de venda no interior do Rio Grande do Sul recebeu das mãos do vice-presidente da AGCO Service, Bill Fitzgibbons, a certificação. O 5S é uma ferramenta de trabalho que por uma série de técnicas e otimizações aumenta a eficiência da empresa e de seus colaboradores. Para obter a honraria, a empresa foi avaliada com excelência em uma série de critérios de gestão preestabelecidos pelo departamento de desenvolvimento da rede Massey Ferguson.

Pé na EstradaAs cidades de Santa Fé de Minas e Coromandel, de Minas Gerais, receberam no mês de novembro o programa Valtra Pé na Estrada, oportunidade de interação dos clientes com as novidades da empresa e também de atualização sobre as tecnologias disponíveis no mercado, oportunidades de financiamento e facilidades ao produtor rural. O evento ocorre desde 2009 e percorre cidades do interior de todas as regiões brasileiras.

Harold Boyanovsky Richard Tobin

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MECANIzAção

Canteiro livreUma solução que pode diminuir o efeito da compactação do solo pelo tráfego de

máquinas agrícolas na cultura da cana é a adoção do sistema de tráfego controlado ou controle de tráfego agrícola. Estudos mostram que este sistema preserva a

qualidade física principalmente na linha da cultura, aumentando a porosidade do solo e, consequentemente, a produtividade da cultura

A cultura da cana-de-açúcar en-contra-se em destaque no atual cenário agrícola brasileiro, sendo

uma das culturas de maior importância econômica, com perspectivas de expansão da safra nos próximos anos, em decorrência do maior consumo de seus derivados, dos quais destaca-se o etanol, popularmente conhecido como álcool combustível. Um aspecto que tem viabilizado esse fato é o emprego da colheita mecanizada como forma de implementar o sistema de produção da cana-de-açúcar, pois se trata de uma técnica racional de manejo, uma vez que desencadeia uma série de benefícios ambientais e econômicos, sendo considerada

como tecnologia de ponta com reconhecimen-to mundial.

O sistema de produção da cana-de-açúcar colhida crua sem o uso de fogo emprega maquinário agrícola em todas as atividades relacionadas com o preparo do solo, tratos culturais e colheita, contudo, o tráfego intenso sobre o solo, associado ao baixo rendimento das máquinas, além de elevar custo opera-cional tem contribuído de sobremaneira para alterar os atributos físicos e mecânicos e, por conseguinte, elevar os graus de compactação do solo.

O sistema de manejo convencional do canavial utiliza linhas de cultivo de 1,4m a

1,5m e máquinas com bitola inferior a 2m, o resultado é que durante o tráfego as máqui-nas passam muito perto da linha de plantio, o que pode levar à derrubada de colmos ou ocorrência do tráfego diretamente sobre as linhas, resultando em perda de produtividade e menor longevidade do canavial. Neste caso, a compactação próxima ou na linha da soqueira é inevitável.

Com a adoção da colheita mecanizada no sistema de manejo da cana-de-açúcar surge a preocupação da compactação do solo e seus efeitos danosos nos atributos do solo. A com-pactação caracteriza-se pela compressão do solo não saturado, provocando modificações

Charles Echer

na organização das partículas, aumento da densidade e redução da porosidade do solo, com a expulsão de ar dos poros (Dias Júnior; Pierce, 1996). Pesquisas têm demonstrado o efeito da compactação nos atributos do solo. A compactação altera a relação de massa e volume dos constituintes do solo e sua esta-bilidade estrutural, modificando o arranjo das partículas, que invariavelmente implica no aumento da densidade e da resistência mecâ-nica e diminuição do volume total de poros, principalmente no volume de macroporos.

O tráfego de máquinas agrícolas comprime os agregados do solo, reduzindo sua porosi-dade interna, criando estruturas maciças de difícil penetração pelas raízes. Além disso, a compactação do solo diminui a fertilidade por impedimento físico do solo, devido à redução do armazenamento e do fornecimento de água e nutrientes, o que leva a exigência adi-cional de fertilizantes e aumento no custo de produção. Isso cria um ambiente desfavorável para o desenvolvimento do sistema radicular da cultura, refletindo em queda de produti-vidade. Em períodos de estiagem, o processo de compactação tende a ser mais severo, uma vez que a redução do conteúdo de água do solo aumenta sua resistência à penetração.

A extensão do problema da compactação dos solos agrícolas é uma função da massa do veículo, tipo de solo e teor de água, velocidade da máquina, pressão de contato pneu/solo, número de passadas e as interações desses fatores com as práticas agrícolas (Chamen et al, 2003). Entre estes fatores, destaca-se a umi-dade do solo, uma vez que o excesso de água no solo potencializa seu processo compressivo. Contudo, em vários casos as atividades agrí-colas necessitam ser realizadas mesmo com inadequada umidade do solo, por exemplo, na colheita do canavial, devido à necessidade de abastecimento da moenda e isso acaba

tornando problema da compactação percebido apenas nos próximos ciclos da cultura.

Uma solução que pode diminuir o efeito da compactação do solo pelo tráfego de máqui-nas agrícolas no desenvolvimento das plantas é a adoção do sistema de tráfego controlado ou controle de tráfego agrícola. Nesse sistema, são mescladas nas áreas de cultivo zonas des-tinadas ao tráfego e zonas destinadas somente ao crescimento das plantas, concentrando a passagem de pneus em linhas delimitadas, des-sa forma uma área menor é atingida, embora mais intensamente, devido à sobreposição do tráfego dos rodados.

De toda maneira, pressões sobre o solo

continuariam ocorrendo com o tráfego, con-tudo, em regiões específicas não destinadas ao desenvolvimento do sistema radicular da cul-tura, o que permitiria a realização de operações agrícolas mesmo em condições inadequadas de água no solo.

Outra técnica que tem ganhado destaque no setor canavial e pode ser utilizada em complemento ao controle de tráfego é o uso do sistema de direção assistido, popularmente conhecido como piloto automático. O funcio-namento do piloto automático baseia-se na correção do alinhamento lateral do trator, per-mitindo o deslocamento do trator ao longo de um percurso reto ou curvo com erros mínimos em relação à linha de referência, resultando em maior uniformização do espaçamento das linhas, menor tráfego sobre a soqueira e

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Fotos Gustavo Soares de Souza

Pesquisas mostraram que o tráfego controlado preservou a integridade do solo na linha de plantio

No plantio convencional o canavial utiliza linhas de cultivo de 1,4m a 1,5m e máquinas com bitola inferior a 2m, fazendo com que o rodado das máquinas passe próximo às plantas

Nos canaviais brasileiros o controle de tráfego agrícola caracteriza-se pelo aumento da bitola das máquinas para três metros, uso de linhas de cultivo distantes 1,5m e plantio com piloto automático

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melhor aproveitamento dos talhões. O paralelismo entre as fileiras é importante

no manejo do canavial que, muitas vezes, ocu-pam extensas áreas em relação ao plantio. Isto melhora a eficiência do tráfego e a aplicação de insumos, já que os implementos apresen-tam largura constante, evitando o tráfego dos rodados sobre a linha de soqueira, fato não desejável, pois prejudica o brotamento/perfi-lhamento da parte aérea e o desenvolvimento do sistema radicular, devido ao estresse mecâ-nico associado à compactação do solo.

No sistema com controle de tráfego agrí-cola, as zonas de tráfego podem permanecer no local por um ciclo da cultura ou serem mantidas ao longo de vários ciclos, o que vem sendo facilitado com o uso do piloto automáti-co, possibilitando adaptar o cultivo do canavial ao conceito de plantio direto. Assim, apenas as linhas de tráfego seriam subsoladas ou revol-vidas no processo da eliminação mecânica da soqueira, ou mesmo não seriam revolvidas e a eliminação seria realizada de forma química, ocorrendo apenas a sulcação no plantio, que é feita em períodos de cinco a oito anos, depen-dendo do rendimento do canavial. Contudo,

algumas questões acerca disso necessitam ser mais bem entendidas e solucionadas.

Nos canaviais brasileiros o controle de tráfego agrícola caracteriza-se pelo aumento da bitola das máquinas para três metros, uso de linhas de cultivo distantes 1,5 metro e plantio com piloto automático, o que resultou na proposição do conceito de “canteiro na cana”, dessa forma uma área de pelo menos 0,40m de cada lado da linha da cultura não recebe conta-to direto dos rodados, sendo este concentrado no centro das entre linhas da cultura.

O manejo da lavoura sem controle de trá-fego agrícola recebe movimentação dos pneus em 70% – 75% da área, enquanto no manejo com controle de tráfego agrícola a área trafega-da é de 45% – 48%. Independentemente dos sistemas de manejo, as esteiras das colhedoras impactam 56% do solo agrícola, contudo, a área de contato da esteira das colhedoras é significativamente superior à dos pneus, o que resulta em menor pressão sobre o solo. Neste caso, maiores pressões seriam causadas pelos pneus dos tratores, transbordos e máquinas autopropelidas.

Ensaios foram realizados em lavoura

comercial de cana-de-açúcar, localizada no município de Pradópolis (SP), em um La-tossolo Vermelho distrófico, textura argilosa, objetivando estudar as alterações nos atributos físicos do solo e seus reflexos na produtividade da cana-de-açúcar colhida mecanicamente e sem queima nos sistemas de manejo com e sem controle de tráfego agrícola.

Os resultados evidenciaram que o controle de tráfego agrícola preservou a qualidade física do solo, principalmente na linha da cultura, o que caracterizou num maior volume de poros (6,4%) e numa menor densidade do solo (4,8%) (Figuras 1 e 2). Resultados similares ocorreram na região do canteiro, onde os va-lores do volume total de poros foram maiores (4,9%) e da densidade menores (2,7%) no sistema com controle de tráfego. Isso ocorre devido à ausência de tráfego (contato pneu-solo) próximo (região do canteiro) ou sobre a linha da soqueira, o que preserva a qualidade física do solo nessa região.

Na linha do rodado ocorreu o inverso, ou seja, o manejo com controle de tráfego apresenta maior densidade do solo (3,8%) e menor volume de poros (3,7%) (Figuras 1 e 2).

Figura 1 – Densidade do solo para o manejo com e sem controle de tráfego agrícola nas diferen-tes posições de amostragem. CT – controle de tráfego, T – testemunha sem controle de tráfego, LR – linha do rodado, C – canteiro e LP – linha da planta. Fonte: Souza et al (2011)

Figura 2 – Porosidade do solo para o manejo com e sem controle de tráfego agrícola nas diferen-tes posições de amostragem. CT – controle de tráfego, T – testemunha sem controle de tráfego, LR – linha do rodado, C – canteiro e LP – linha da planta. Fonte: Souza et al (2011)

Figura 3 – Produtividade da cana-de-açúcar para o manejo com e sem controle de tráfego agrícola nas diferentes posições de amostragem. CT – controle de tráfego, T – testemunha sem controle de tráfego, LR – linha do rodado, C – canteiro e LP – linha da planta. Fonte: Souza et al (2011)

O sistema radicular no manejo do canavial com controle de tráfego agrícola resultou num incremento médio de 54% na massa seca até 30cm de profundidade das raízes

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Isso ocorre devido ao tráfego concentrado no centro da entre linha da cultura (identificado nas figuras como linha do rodado). Contudo, essa compactação na entre linha da cultura é vantajosa do ponto de vista da tração, resul-tando num menor consumo de combustível e em maior rendimento operacional.

A melhoria na qualidade física do solo na linha da cultura e na região do canteiro resultou no maior desenvolvimento do sistema radicular no manejo do canavial com controle de tráfego agrícola, resultando num incremen-to médio de 54% na massa seca até 30cm de profundidade. Isso ocorre devido aos menores e maiores valores de densidade e porosidade total do solo, respectivamente, facilitando o enraizamento, melhor distribuição de água e maior taxa de difusão de gases dentro do solo, aspectos agronômicos importantes na manutenção da atividade biológica celular do sistema radicular.

O aumento da qualidade física do solo, acompanhado do melhor desenvolvimento do sistema radicular, permitiu uma maior produtividade da cultura (Figura 3). Esses benefícios podem estar associados, ainda, à maior longevidade do canavial, reduzindo o custo de produção, o que permite uma maior sustentabilidade dos cultivos agrícolas. De acordo com Kingwell e Fuchsbichler (2011)

o controle de tráfego agrícola permite, em geral, o aumento nos lucros em 50%, caracterizando uma inovação tecnológica rentável para os sistemas de produção da cana-de-açúcar.

A compactação do solo interfere no desenvolvimento do sistema radicular e na produtividade da cana-de-açúcar, contudo, o manejo da lavoura com o sistema de controle de tráfego agrícola possibilita redução da

compactação na soqueira e na região do can-teiro e aumento da produtividade, tornando a atividade mais rentável.

Gustavo Soares de Souza,Zigomar Menezes de Souza eFernando Silva Araújo,UnicampReginaldo Barboza da Silva,Unesp

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New Holland

Os pneus comparados foram: radiais dianteiros de 540/65R28 e radiais traseiros de 650/65R38, com pressão de 83kPa;e diagonais com dimensões de 18.4-26 para os pneus dianteiros e 24.5L-32 para os pneus traseiros e pressão de 152kPa

Radiais x diagonais

O desempenho operacional de tratores agrícolas pode ser diferente dependendo do tipo de superfície em que estiver operando. A escolha entre pneus radiais e diagonais também é um fator que influencia na eficiência da máquina

pNEuS

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O desempenho operacional de máquinas agrícolas está ligado a vários fatores que influenciam na

sua capacidade de gerar trabalho, sendo os mais relevantes o tipo de pneu e o tipo de superfície de rolamento. A utilização do trator numa propriedade é variada, devendo-se considerar que os tipos de pneus e as pressões de inflação inadequadas representam elementos negativos para a maior parte das operações ao longo de uma cultura, induzindo a compactação do solo,

a emissão de gases poluentes ao ambiente, bem como o aumento de consumo de energia duran-te a execução do trabalho. O ensaio de tratores em solo agrícola é uma das maneiras de se obter informações relativas ao seu desempenho energético, principalmente no que diz respeito ao seu desenvolvimento de tração ao longo da execução das operações. Esses ensaios visam à obtenção de informações sobre o desempenho dos rodados, relacionados com as características da interação com o solo.

Estudo realizado pela Faculdade de Ciên-cias Agronômicas Unesp/Botucatu, nas pistas de ensaio pertencentes ao Núcleo de Ensaio da Máquinas e Pneus Agroflorestais (Nempa), avaliou o desempenho de um trator 4x2 TDA com potência nominal de 180cv e uma relação peso e potência de 55,3kgf/cv. O teste foi rea-lizado utilizando-se três tipos de superfícies: solo argiloso firme, solo com palha de milho e superfície de concreto, e dois tipos constru-tivos de pneus: pneus radiais com dimensões

Radiais x diagonais

O desempenho operacional de tratores agrícolas pode ser diferente dependendo do tipo de superfície em que estiver operando. A escolha entre pneus radiais e diagonais também é um fator que influencia na eficiência da máquina

Valtra

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de 540/65R28 para os pneus dianteiros e 650/65R38 para os pneus traseiros e pressão de 83kPa (12psi); e pneus diagonais com di-mensões de 18.4-26 para os pneus dianteiros e 24.5L-32 para os pneus traseiros e pressão de 152kPa (22psi). Utilizaram-se quatro marchas do trator obtendo-se velocidades de cinco a 10km/h, com rotação de 2.200rpm no motor em todos os tratamentos. Para determinação do desempenho na barra de tração utilizou-se a Unidade Móvel de Ensaio na Barra de Tração (Umeb), pertencente ao Nempa. Calcularam-se a velocidade de deslocamento do trator, a patinagem das rodas, a potência útil na barra de tração do trator, o consumo específico de combustível e o rendimento na barra de tração. As Figuras de 1 a 8 apresentam os resultados de desempenho do trator em duas das superfícies avaliadas (pista de concreto e solo com palhada) em função do tipo construtivo e das pressões de inflação dos pneus. Os dados de pista de solo firme são semelhantes aos obtidos na pista de concreto e foram apresentados juntos.

A patinagem do trator equipado com con-junto de pneus de construção radial foi menor em relação ao trator equipado com conjunto de pneus de construção diagonal, na pista de concreto e na pista de solo firme, nas diferentes marchas avaliadas no ensaio (Figura 1).

O pneu radial proporcionou ao trator a capacidade de tracionar uma força de 6.500kgf

tendência das pistas de solo firme e de concre-to. Nesta condição de solo, a força de tração máxima com pneus radiais chegou próximo a 5.000kgf, enquanto para os pneus diagonais esse valor não chegou a 4.000kgf. Para os pneus radiais as patinagens chegaram a 25%, enquan-to que para os pneus diagonais esses valores não chegaram a 20%.

na barra de tração com patinagem inferior à patinagem do pneus diagonal que não alcan-çou força na barra de tração de 6.000kgf, no solo firme ou com concreto. Todas as quatro marchas estudadas apresentaram a mesma tendência de resultados.

Na condição de superfície com palhada (Figura 2) os resultados seguiram a mesma

Figura 1 - Patinagem em relação à força na barra de tração em pista de concreto/solo firme. Pneus (a) radial (b) diagonal

Figura 2 - Patinagem em relação à força na barra de tração em superfície com palha de milho. Pneus (a) radial (b) diagonal

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Figura 3 - Potência na barra de tração em superfície de solo em pista de concreto/solo firme. Pneus (a) radial (b) diagonal

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Figura 4 - Potência na barra de tração em superfície com palha de milho. Pneus (a) radial (b) diagonal

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Pistas de ensaios do Nempa, onde foram realizados os testes de tração

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A Figura 3 mostra os resultados de potên-cia em função da força exercida na barra de tração para as diversas marchas e os dois tipos de pneus para a pista de concreto ou pista de

Figura 5 - Consumo específico de combustível em relação à força na barra de tração na pista de concreto/solo firme. Pneus (a) radial (b) diagonal

Figura 6 - Consumo específico de combustível em relação à força na barra de tração em superfície com palha de milho. Pneus (a) radial (b) diagonal

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Figura 7 - Rendimento na barra de tração em relação à força na barra de tração em pista de concreto/solo firme. Pneus (a) radial (b) diagonal

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Figura 8 - Rendimento na barra de tração em relação à força na barra de tração em superfície com palha de milho. Pneus (a) radial (b) diagonal

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solo firme. A potência na barra de tração foi superior

para o conjunto de construção radial em relação ao conjunto de construção diagonal em solo

com palhada (Figura 4) e, no solo com concreto, os valores foram invertidos, mostrando uma maior exigência de potência para os pneus diagonais.

O consumo específico de combustível, tanto para a condição de pista de concreto ou solo firme (Figura 5), quanto para a condição de superfície com palha de milho (Figura 6), foi menor para o pneu de construção radial e, em algumas velocidades, chegou-se ao dobro de economia de consumo específico, comparando-se com o conjunto de pneus de construção diagonal.

As Figuras 7 e 8 mostram os rendimentos na barra de tração do trator nas condições de solo firme ou concreto e na superfície com palhada. No solo firme ou na superfície com concreto, os resultados chegaram próximos de 70% de rendimento na barra de tração, tanto para os pneus radiais como para os diagonais. Para o solo com palhada esse rendimento caiu para valores próximos de 60% para os pneus radiais e para valores abaixo de 50% para os pneus diagonais.

Em resumo, o pneu radial apresentou resul-tados de desempenho superiores em relação aos pneus diagonais para quase todas as condições estudadas (marchas e superfície de rolamento), gerando menor patinagem dos rodados, menor consumo específico de combustível e maiores potência e rendimento na barra de tração.

Para o máximo desempenho dos pneus agrícolas deve-se sempre estar atento à relação peso/potência e às pressões de inflação dos pneus, recomendadas pelos fabricantes. Ou-tros fatores que devem ser considerados para a escolha do tipo construtivo de pneus são a durabilidade, o tipo de superfície que vai ser utilizado, possibilidade de recapagem e o custo de aquisição.Thiago Martins Machado,FapaKléber P. Lanças,Fabrício Campos Masiero eSaulo P. S. Guerra,Unesp/BotucatuLeonardo A. Monteiro,UFC

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Unidade Móvel de Ensaio na Barra de Tração, do Nempa, da Unesp, utilizada no ensaio

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ArMAzENAgEM

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Charles Echer

O processo de secagem de grãos exige experiência dos operadores, conhecimento dos equipamentos utilizados

e também das propriedades dos grãos que serão processados. Estes fatores devem caminhar lado a lado,

garantindo uma operação eficiente e sem surpresas desagradáveis com o produto final

No ponto

A secagem de grãos é considerada uma das tarefas mais delicadas da cadeia produtiva, pois, além, de secarmos o

produto para as condições adequadas, devemos estar atentos às características qualitativas de final do produto, aliados ao maior rendimento possível do sistema de secagem.

Nesse contexto será discutida a secagem artificial mecânica feita por secadores. A se-cagem, tendo em vista a profissionalização do campo, apresenta inúmeras vantagens, dentre elas processamento independente das condições climáticas, estabelecimento de um cronograma de operações aumentando a velocidade de pro-

cesso, colheita antecipada para aproveitamento da área para outros cultivos.

O processo de secagem é feito em secado-res, os quais podem ser de diferentes modelos. Constituem-se basicamente de uma fonte ge-radora de calor, uma câmara de secagem, uma de resfriamento, um sistema de ventilação para movimentação do ar e instrumentos de controle da operação como um todo. Todas estas etapas fazem parte do processo de secagem, que nada mais é do que o manejo da água excedente nos grãos. Portanto, secagem, em síntese, é a retirada da água livre contida no grão.

Precisamos para isso entender primeira-

mente o que é a água livre? Estudos, inclusive, com equacionamentos aferidos para diferentes alimentos e grãos dizem que a água livre é dada por uma relação direta entre a pressão de vapor da água em equilíbrio sobre um determinado produto em análise e a pressão de vapor da água pura na mesma temperatura. Essa é uma das te-orias. Uma segunda forma de entendimento do comportamento da água indica que água livre é a umidade relativa em equilíbrio com o produto a uma mesma temperatura considerada.

Essa atividade e medida e encontram-se mensuradas em gráficos. Numa análise simplis-ta analisando a Figura 1A, observa-se que existe um valor onde a atividade da água é máxima. Nos alimentos ricos em água, um valor de água livre acima de 0,90 resulta em soluções diluídas que servem como substrato. É nesse ponto que existe o perigo de crescimento microbiano. O crescimento microbiano acontece devido a reações químicas internas (emboloramento e presença de fungos), ocorrendo a cimentação da massa armazenada assim que cessada a reação química. Em armazéns ocorre quando existe descuido na aeração.

Analisando o mesmo gráfico verifica-se que na faixa de 0,40 a 0,80 ocorre um aumento da velocidade das reações químicas devido ao aumento de substratos. Para um valor próximo a 0,60 a atividade da água fica praticamente

a torre a trabalhar com uma capacidade maior ou menor e possibilitando a saída de grão da torre de secagem com uma temperatura maior ou menor conforme essa regulagem.

Uma condição primordial que devemos ter ciência é que quem dita a velocidade do proces-so de secagem é o grão, e não o operacional da unidade de recebimento de grãos. Existem casos em que os operadores pressionam a indução do secador a produzir capacidades maiores do que a de projeto, resultando em perdas qualitativas e quantitativas de produto.

Lembremos que nas empresas receptadoras a taxa de grãos queimados é zero. Quer dizer que em uma carga de 40 toneladas, normalmente o volume transportado no Brasil central, se for detectado um único grão queimado sequer toda carga é rejeitada. Para tanto é primordial, e vem tornando-se cada vez mais imprescindível, o investimento na capacitação de recursos hu-manos que estejam sensíveis às características intrínsecas ao processo e familiarizados com os equipamentos de secagem.

Os ventiladores, componentes dinâmicos do secador, responsáveis pela movimentação do ar, podem ser de insuflação ou exaustão. Os de exaustão, axiais, geralmente são posicionados no topo da câmara de exaustão, verticalmente ou lateralmente. Quando instalados na parte inferior podem ser axiais ou centrífugos de dupla aspiração.

A Tabela 2 apresenta os sistemas de secagem encontrados comercialmente.

De um modo geral, os secadores têm como caracterização 2/3 da torre de secagem funcio-nando como aquecimento e 1/3 funcionando como resfriamento ou aquecimento. Quando a operação é procedida com resfriamento a capacidade nominal do secador em toneladas/hora é uma, e quando em operação com aqueci-mento em coluna inteira a capacidade nominal é aumentada.

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estática.Presume-se que a atividade da água deverá

estar próxima a 0,60. Um Índice próximo a 0,65 torna-se perigoso pois a água começa a ficar disponível para reações químicas e bio-químicas. A água pode ser encontrada livre ou ligada, a primeira com pressão de vapor igual à água pura. A água ligada não mantém mais as propriedades físicas e químicas da água pura, não podendo mais atuar como solvente. Essa água pode estar presa (adsorvida) tanto em grãos in natura como em produtos processados com uma força menor ou maior, portanto, essa é a H2O que nos interessa administrar.

O armazenamento deve ser acompanhado pelas isotermas de sorção, que são curvas de equilíbrio dos grãos, específicas para cada cultura, como milho, feijão, soja, trigo etc. Nessas isotermas encontra-se a umidade final de equilíbrio para armazenamento e estabili-dade do produto. O acima explicitado pode ser observado na Figura 1.

Portanto, para que se chegue ao ponto de preservação que no armazenamento representa as características preservadas, utiliza-se o mé-todo de secagem de modo a cessar a atividade dessa água adsorvida a padrões desejáveis de conservação.

Embora saibamos que o processo de se-cagem dependa das umidades de entrada e saída do grão, da umidade relativa do ar, da temperatura de secagem, o tempo necessário para atingir o equilíbrio entre ar e grão de forma satisfatória depende da temperatura da umida-de e da velocidade do ar que passa pelo produto. Em síntese, a umidade (água) fica aderida ao grão basicamente de três formas, as quais estão descritas na Tabela 1, e estão exemplificadas pela Figura 2 por um grão de milho.

Na secagem, a umidade correspondente à umidade superficial e intersticial é a entre a faixa de 13 até 27%. É essa faixa que nos interessa

administrar e na qual utilizamos o secador com maior interesse.

O SECADOR E A OPERACIONALIZAÇÃO DA SECAGEMOs secadores, conforme já descrito, cons-

tituem-se de uma fonte de calor (fornalha ou queimador líquido ou gás), uma câmara de secagem e uma de resfriamento (torre de secagem), câmaras de fechamento dos gases de entrada e saída, um sistema de ventilação para movimentação do ar e instrumentos de controle e operação do processo. Dentro dessa estrutura poderão, ou não, existir sistemas de regulagem e manejo do ar de entrada, capacitando assim

Os secadores têm como caracterização 2/3 da torre funcionando como aquecimento e 1/3 como resfriamento

Figura 1 - Velocidade relativa de reações em função da atividade de água (A) e atividade de água em função da umidade (B). (Alonso 2001)

Div

ulga

ção

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Figura 2 - Umidade (água) constituinte de um grão de milho

Deve atentar-se que, quando estiver ope-rando em coluna inteira, devido à alta tempe-ratura de saída do grão do silo, deve existir de preferência de um silo com aeração forçada para

Divulgação

Figura 3 - Sistemas de Secagem (A), (B)

Tabela 1 - Tipos de umidade aderida ao grãoUmidade superficialUmidade intersticial

Umidade de constituição

Aderida externamente. Umidade totalmente livreNão tem função biológica. Está livre entre as moléculas do grão. Mantém-se pela capilaridade e pelo diferencial de pressão

Está nas moléculas e encontra-se quimicamente ligada

Tabela 2 - Sistemas de secagem comercialmente utilizadosClassificação

Tipo de fabricaçãoSistema de carga

VentilaçãoFluxo de ar

Torre de secagemSistema de descarga

CombustívelAr da fornalha

Grau automatização

SecadoresMóveis ou fixos

Intermitente ou contínuosInsuflação ou aspiração

Concorrente, contracorrente, cruzado ou mistoDutos paralelos, dutos cruzados, de coluna

Bandejas, pneumático, eclusaLíquido, sólido ou gasoso

Direto e indiretoManual ou automatizado

resfriamento do produto. Em caso de armazéns V, W, semi-V etc em

que o processo geral da unidade não estiver concebido para fazer aeração de resfriamento, apenas manutenção que o secador esteja di-mensionado para fazer o resfriamento.

Referente a temperaturas recomendadas de secagem, exemplificando o caso do milho, de-vem ser no máximo de 90ºC, o que no grão vai gerar uma temperatura aproximada de 45ºC. Nessa temperatura não é causado nenhum dano à integridade do grão. Temperaturas elevadas, próximas a 140ºC, muito comuns no pico da safra em tentativa de acelerar o fluxo de secagem, podem causar danos como fissuras, quebras e até mesmo queima do grão (Figura 4).

Os secadores devem estar dimensionados de tal modo que independentemente do sis-tema de secagem, o mesmo não proporcione o arraste de fagulhas, cinzas ou pó, nem que o mesmo fique acumulado sobre os dutos da torre ou na coluna. Existem alguns modelos de secadores chamados turbinados, onde a vazão de ar é maior do que os modelos tradicionais, proporcionando maior vazão, portanto, maior rendimento e secagem no processo como um todo.

CONSIDERAÇÕES FINAISPara finalizar e entender melhor a impor-

tância do sistema de secagem é importante salientar que o secador é o coração da unidade armazenadora e vai controlar a velocidade de

A) B)

tal ponto, que os processos básicos devem fazer parte da rotina diária. .M

CoNStItuINtES DE uM SECADor

Sistemas de controle de secagem • A mensuração dos parâmetros de seca-

gem, sendo temperatura, umidade, controle de enchimento da torre, é feita através de sensores de temperatura, de umidade e de controles de nível.

• Os mensurados são disponibilizados ao painel de controle e a partir dos mesmos o controle do processo de secagem pode ser feito manualmente ou totalmente automati-zado através da pré-programação do painel.

• Salienta-se que a informação ao painel dos parâmetros de secagem é feita pelo operador do secador. O equipamento apenas responde a sua programação e é informado conforme o tipo de grão a ser secado.

• Procede daí a importância do operador do equipamento estar completamente fami-liarizado com o processo de secagem.

secagem e a capacidade total por hora de toda a unidade.

Para manter sempre em perfeito estado de conservação e funcionamento, a limpeza do secador deve ser feita periodicamente, garan-tindo eficiência, evitando riscos de incêndio e aumentando a vida útil do secador.

Além destas observações, deve-se atentar

que o fator limitante da velocidade de secagem do secador são os parâmetros externos e as ca-racterísticas intrínsecas ao grão, e não o secador, como muitas vezes pensamos. Por isso, o opera-dor do equipamento deve estar familiarizado a

Detalhe de grão danificado pela secagem inadequada

Clovis Priebe Bervald,Engenheiro agrícola

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AgrICulturA DE prECISão

Mais tecnologiaAs tecnologias para soluções de automação, transferência de dados e gerenciamento de frota e

de produtividade estão evoluindo constantemente, o que exige das empresas rurais atualização constante e investimentos certos que garantam aumento de produtividade e lucratividade

O uso de tecnologia para soluções de automação e transferências de dados no auxílio da gestão de

informação passa a ser primordial para o setor agroindustrial. Com novas posturas estratégicas este artigo visa apresentar um sistema tecnoló-gico (proposição tecnológica) de gestão, utili-zando de indicadores que ofereçam visão mais completa e com base de informações exatas sobre o processo produtivo da cana-de-açúcar para melhorar os resultados de sua produção.

Como o uso de tecnologias para as soluções de automação e transferências de dados para o auxílio na gestão da informação está evoluindo de maneira significativa, torna-se fundamental

para a gestão da empresa a descoberta e a introdução de novas tecnologias, exploração das oportunidades de investimento e ainda na planificação de todas as suas atividades operacionais.

A agricultura tem passado por transfor-mações no que se refere ao uso da tecnologia de máquinas e equipamentos que auxiliam para melhoramentos produtivos, desta forma, a tecnologia tem possibilitado maior controle agrícola, manejo de solo, colheita, transportes, aplicação de insumos, planejamento adequan-do, monitoramento e ordenado variações das operações agrícolas.

Com técnicas mais específicas para cada

cultura, a agrotecnologia visa o gerenciamento mais detalhado do sistema de produção com o uso de sistema de orientação por telemetria (GPS, DOR, GPRS e outros). O monitoramen-to e o controle podem ser utilizados na cultura da cana-de-açúcar como forma de minimizar problemas que ainda ocorrem como a falta de comunicação, registro de atividades operacio-nais e baixa precisão nas informações.

A TECNOLOGIA, A INFORMAÇÃO E A GESTÃOAs empresas buscam competitividade e

diferenciação no mercado e com o uso de no-vas tecnologias a estrutura de funcionamento destas tem criado a necessidade de atualização e

Figura 1 - Sistema de comunicação e entrega do certificado eletrônico de cana Figura 2 – Localização em tela com programa de rastreamento e telemetria das máquinas

Valt

ra

de pesquisas constantes (Corrêa, 1992). Assim, as estruturas organizacionais produtoras de cana-de-açúcar estão buscando novas formas de gerir sua produção.

Com a utilização de tecnologia da informa-ção de produtos de hardware e software, capazes de promover mudanças no processo produtivo desde o plantio até o processamento final dos produtos, as empresas buscam melhorar seus resultados.

De um modo mais específico, a tecnologia impulsiona o progresso e conduz a inovação no sistema de corte da cana-de-açúcar, bem como no monitoramento de máquinas e equipamen-tos que podem ser mais produtivos e transmitir a informação necessária para o gestor.

Para o gestor a coleta de informações precisas pode tornar sua decisão mais segura e eficaz, uma vez que, a partir da informação correta, este pode estabelecer um conjunto de dados que possibilite melhor desempenho e maior competitividade no mercado (Zorrinho, 1995).

Importante ainda é profissionalizar e gerenciar os operadores que fornecerão as in-formações para o banco de dados, pois de nada adianta o uso de alta tecnologia se o pessoal da alimentação de dados não for especializado adequadamente.

APLICAÇÃO DOS RESULTADOS A presente proposição tem por objetivo des-

crever um sistema computacional corporativo (software de gestão administrativo empresarial), integrado com softwares de telemetria e variabi-lidade espacial (computadores de bordo, GPS, GPRS, monitores, dentre outros), que efetuem o controle de operadores e da utilização das operações agrícolas com uma confiabilidade na captação de dados e extrema rapidez e eficiên-cia, e na emissão de resultados mais precisos.

A utilização de computadores de bordo e de softwares de gestão pode viabilizar uma econo-mia de até 21% no consumo de combustível e de até 30% na manutenção dos veículos e redu-ção de perdas na aplicação de insumos agrícolas, aumentando a vida útil dos equipamentos e a produtividade operacional.

A Figura 1 mostra a proposição de como os

sistemas de dados podem ser analisados e opera-cionalizados entre a colheita e o processamento das informações para o banco de dados.

Na gestão de frota o veículo passa pela ba-lança ou portaria e as informações são transmi-tidas por GPRS, via radiofrequência ou wireless ao sistema, não tendo interferência humana dos dados. Assim, todas as informações são integra-das em um banco de dados que armazena tudo o que acontece com a frota.

Com dados informatizados o gestor po-derá ter acesso a relatórios gerenciais gerados pelo sistema, os quais serão alimentados pelo registro dos dados dos computadores de bordo, apontam relatórios demonstrativos de horas trabalhadas e paradas, produção por equipa-mentos, demonstrativos de rendimentos e de relação das eficiências operacionais.

Ainda, a gestão de informação traz confiabi-lidade dos dados, cuidados nas coletas, medidas de desempenho e qualidade, cálculo de eficiên-cia de mão de obra e da operação de máquina. E

a gestão estratégica no uso dos indicadores que possibilitará medir as ferramentas de controle de desempenho e resultados.

Com a análise desses dados é possível im-plementar programas de treinamentos, incenti-vos, remuneração variável e planejamento entre outros para modificação, melhoramentos de operadores de veículos e máquinas, reduzindo custos e aumentando resultados.

CONCLUSÃOAs informações e o conhecimento compõem

recursos estratégicos essenciais para o sucesso de uma empresa. Para tanto, existe a necessi-dade de adaptação ao ambiente concorrencial e a empresa deve ter claramente elucidados os conceitos para atender a demanda por informa-ções precisas, confiáveis, oportunas e relevantes, que deem suporte à tomada de decisão.

Assim, os computadores de bordos, bem como os programas de gestão, com suas diversas práticas, controles e ferramentas de gestão de informação, mostram a possibilidade de tornar harmoniosa e eficaz a relação tecnologia de in-formação e as necessidades de seus usuários.

Todas as mudanças mencionadas vêm a contribuir positivamente para o setor agroin-dustrial, porém, o uso de recursos tão avançados não pode deixar de contemplar problemas tão difíceis de solucionar, como o desemprego e a falta de conhecimentos específicos.

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John Deere

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gErENCIAMENto E plANEJAMENto DAS opErAçõES

Para possibilitar o gerenciamento do planejamento das operações agríco-

las, redução de horas paradas e deficiências em aplicação de insumos, se faz necessário um sistema computacional e telemétrico para tal e que tenha por objetivo efetuar o controle automatizado das áreas trabalhadas, operações realizadas, controle de operadores e máquinas, modelos e grupos de equipa-mentos com os seguintes itens:

• Análise das horas trabalhadas por operação, cálculo das horas paradas e seus motivos, determinação das eficiências e rendimentos;

• Acompanhamento da realização das operações agrícolas previamente planejadas, por atividade e local, análise dos rendimentos e eficiências;

• Determinar diariamente localização e operação atual dos equipamentos, auxílio na programação dos comboios para suas atividades;

• Diagnosticar diariamente as falhas nos informes dos operadores e motoristas (erros e informes);

• Possibilitar a eliminação do cartão pon-to pelo informe diário do operador (integra com folha de pagamento, gerando faltas, horas trabalhadas normais e extras).

• Localização em fazendas de toda a frota de máquinas e caminhões que estão trabalhando, em manutenção, aguardando programação (Figura 2, localização via saté-lite) dentre outras;

• Gerar informação de forma detalhada e geral de todos os processos e procedimentos, como descrição dos processos de fluxo de informação de sistema, de ordens de ser-viços agrícolas, planilhas de atividades no computador de bordo, dados identificáveis de atividades, alimentação de códigos para controle, dados da fazenda, talhão e opera-dor, alocação, rendimento diário de operador entre outros.

As tecnologias utilizadas nas lavouras canavieiras promoveram mudanças que vão desde o plantio até o processamento final dos produtos

Bruno Mendonça Costa,Danilo Belém Montes Souza,Vinicius Antonio Maciel Junior,Faculdade Dr. Francisco Maeda

.M

motores nos discos aspersores. O distribuidor pode ser tracionado por

tratores com potência mínima de 125cv. Como ele possui sistema hidráulico inde-pendente, com reservatório próprio, libera

fIChA téCNICA

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Distribuidor F-5000A Fankhauser está apresentando o Distribuidor de Fertilizantes a Lanço Linha F-5000 com tanque para cinco mil litros, que segue as tendências dos avanços tecnológicos do campo e

vem pronto para receber recursos de agricultura de precisão

A Fankhauser lançou recentemente o Distribuidor de Fertilizantes a Lanço Linha F-5000, com

depósito de cinco mil litros, para trabalhar em larguras de até 36 metros. Ele possui

acionamento hidráulico independente do trator, mediante acionamento por cardã na tomada de força, que aciona uma bomba de duas seções, sendo a primeira para a esteira transportadora e a segunda para o giro dos

O distribuidor possui acionamento hidráulico independente do trator, mediante acionamento por cardã na tomada de força

Detalhe do reservatório independente de óleo, que será utilizado pelo sistema hidráulico do distribuidor

totalmente o uso da parte hidráulica do trator, possibilitando o funcionamento equilibrado de todo o sistema. A capaci-dade de vazão foi projetada para acionar todos os elementos que incorporam o equipamento, assegurando o desempenho desejado.

O F-5000 teve seu desenho e fabricação idealizados em módulos, com o objetivo de facilitar o transporte e a substituição de peças quando necessário. As superfícies são tratadas por um sistema de lavagem, tratamento por fosfatização e aplicação de pintura especial com esmaltes poliuretâni-cos, para evitar a corrosão provocada pelos fertilizantes. Nos pontos de contato direto

com o fertilizante, as peças são construídas em aço inoxidável. É possível também optar pela estrutura do compartimento de fertili-zantes também em aço inox.

A esteira transportadora é construída de um material emborrachado resistente aos efeitos corrosivos dos fertilizantes e desgaste por atrito. A tração da esteira transportadora é realizada por rolos autocentrantes, que recebem a tração mediante uma transmis-são por uma caixa redutora, que parte de um motor orbital hidráulico, comandados por uma válvula controladora de fluxo, a qual realiza o monitoramento da dosagem computadorizada. Os rolos são construídos de forma que o acúmulo de partículas em

Fotos Fankhauser

O sistema de pás dos pratos é constituído por duas longas e duas curtas em cada disco. A posição das pás com relação aos furos e o afastamento entre centro dos discos têm relação direta com o tipo de fertilizante e suas condições no momento da aplicação

sua superfície seja evitado.O acionamento dos dois pratos distri-

buidores de fertilizantes se dá com motores hidráulicos orbitais, controlados pela válvula controladora de fluxo, localizada na parte frontal. O sistema de pás dos pratos se constitui da seguinte maneira: duas longas e duas curtas em cada disco. A posição das pás com relação aos furos e o afastamento entre o centro dos discos têm relação direta com o tipo de fertilizante e suas condições no momento da aplicação, como ventos etc. Quando as pás estiverem posicionadas no furo médio, diminui a largura de trabalho e se utiliza com fertilizantes com menor capacidade de deslizamento. Já a posição

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no terceiro furo (atrasadas) é utilizada para aplicação de gesso e camas aviárias. Quando posicionadas no primeiro furo (adiantadas), a largura de trabalho é aumentada, ficando própria para distribuição de fertilizantes muito deslizantes, como ureia granulada, por exemplo.

O F-5000 é feito sobre chassi tubular com vão de rodagem, medido de centro a centro dos rodados, que varia de 2 a 2,8 metros (centro a centro de rodados). O rodado pode ser com pneu 400/55 R22.5 (16 lonas, alta flutuação) ou pneu 12.4 R24

(dez lonas). O sistema é composto por dois balancins (rodados tandem) direcionáveis, com trava de retrocesso, que possibilita o destravamento do rodado traseiro, facili-tando manobras.

Na parte de distribuição, um computa-dor é o encarregado de realizar as correções necessárias para manter a dosagem exata selecionada pelo operador, que pode ser de forma manual ou georreferenciada (taxa vari-ável). Para isso, é necessário introduzir dados fundamentais, como a largura de trabalho a utilizar, a quantidade em quilos de fertili-zante a ser distribuído por hectare e o peso em gramas por volta de rolo. Conhecendo a quantidade de fertilizante movimentado em cada volta do rolo e a velocidade de desloca-mento da máquina, o computador realizará o cálculo necessário para acelerar ou diminuir a velocidade da esteira, enviando uma ordem à válvula reguladora de vazão, que atua sobre a rotação do motor orbital e acionará o sistema redutor da esteira.

Além do computador para trabalhos georreferenciados, o F-5000 pode ser equipado com uma balança para pesa-

gem do produto distribuído, que pode ser instalada na cabine do trator ou na própria máquina.

Rolos recebem a tração mediante transmissão por uma caixa redutora

O sistema de rodados é composto por dois balancins direcionáveis, com trava deretrocesso, que possibilita o destravamento do rodado traseiro, facilitando manobras

Esteira transportadora constituída de material embor-rachado resistente aos efeitos corrosivos dos fertilizantes

Balança para pesagem dos produtos pode ser instalada dentro da cabine do trator

CARACTERÍSTICASMODELO

Capacidade máxima de carga (kg)Capacidade volumétrica (L)

Peso aproximado (kg)Altura (mm)

Comprimento (mm)Largura de centro a centro de rodado (mm)

Potência mínima requerida (CV)Rotação da TDP (RPM)

Rotação dos discos (RPM)Transmissão

Velocidade de trabalho (km/h)Rodado Tandem

Tração

F-500010.000 kg

5.000L4.000 (incluindo rodado)

2.500mm6.425mm

2.000mm a 2.800mm125cv (5.000L)

540rpm900rpm

Acionamento hidráulico6km/h a 18km/h

400/55 R22,5 (16 lonas, alta flutuação) ou 12.4 R24 (10 lonas)Arrasto

Fotos Fankhauser

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CApA

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MF 4290 TurboO MF 4290 Turbo ganhou novo motor com turbocompressor, proporcionando

um aumento de potência, passando de 85cv para 95cv, e transmissão sincronizada com opções Constant Mesh e 8x8 reversão mecânica

Já se aproxima o final do ano e as empresas fabricantes de máquinas agrícolas começam a preparar os

lançamentos para as primeiras feiras do ano, principalmente o Show Rural

Coopavel de Cascavel, no Paraná, e a Expodireto, de Não-Me-Toque, no Rio Grande do Sul. Mas havia um importante lançamento da última Exposição Feira de Esteio (RS), a Expointer, em setembro

de 2011, que ainda não havíamos tido a oportunidade de testar, que é o novo trator da Massey Ferguson, o modelo MF 4290 Turbo. Embora já esteja no mercado há muito tempo, as modificações promo-vidas pela empresa quando do lançamen-to da nova Série 4200 e, recentemente, com a modificação do motor utilizado e a introdução do turbocompressor, o transformaram substancialmente, reposicionando-o no mercado e na linha de produtos da empresa.

Para testá-lo, deslocamos a equipe do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrí-colas (Nema), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) até a Fazenda

Detalhe da coluna coletora do ar utilizado pelo motor e o compartimento dos filtros posicionado abaixo da cabine

Coletor de ar para motor, detalhe para o pré-filtro ativo, instalados na dianteira do trator

Detalhe da turbina do turbocompressor, responsável pelo aumento da potência

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Fotos Charles Echer

Conceição, da Família Correia, no 5º Dis-trito do município gaúcho de Sant’Ana do Livramento, fronteira com o Uruguai. Uma bela fazenda de aproximadamente 3.900 hectares, cultivados com soja e arroz irrigado e produção de gado de

corte. Para explicar

resumidamente

as alterações básicas promovidas neste modelo iniciamos pelo motor, em que se substitui um MWM International de aspiração natural, com potência de 63kW (85cv), por um da marca Perkins com turbocompressor de 71,5kW (95cv). É uma alteração e tanto, que reposiciona este modelo dentro da linha Massey Fer-guson, pois o aproxima do modelo supe-rior, o MF 4291, de 105cv que já utiliza

o motor Perkins e o afasta do modelo de potência inferior, o MF 4283, que possui motor MWM International de 85cv. Des-ta forma e com esta estratégia, a Massey Ferguson quebra a concorrência interna entre dois modelos da marca e passa a concorrer com um trator nesta faixa de potência, onde os principais concorrentes são o TL95E da New Holland, o Farmall 95 da Case IH e o A 950 da Valtra. Pelo

O antigo motor MWM International de aspiração natural, com potência de 63kW, de 85cv, foi substituído por um da marca Perkins com turbocompressor de71,5kW, que gera uma potência de 95cv. Na foto da direita, detalhe da estrutura de proteção do alternador, que previne acidentes com partes móveis do trator

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que vimos nos testes esta concorrência será bastante promissora, pois o torque deste modelo da Massey é superior aos demais concorrentes.

MOTORO novo modelo MF 4290 Turbo que

testamos é equipado com um motor da marca Perkins modelo 1104A-44T de quatro cilindros de injeção direta, com 4,4 litros de volume e bomba in-jetora rotativa da marca Delphi, resul-tando em 71,5kW (95cv) de potência a 2.200rpm, com torque máximo de 366Nm a 1.400rpm. Como dito ante-riormente, a principal modificação deste modelo foi a motorização, que passou de um motor MWM International de 85cv

de potência e 289Nm de torque para este motor Perkins. Com esse torque elevado o MF 4290 Turbo se destaca em sua catego-ria, garantindo um maior rendimento de campo, principalmente nas operações de grande demanda de potência, como pre-paro primário do solo e descompactação a profundidades bastante consideráveis.

O sistema de alimentação de ar é por turbocompressor, contando com um pré-filtro ativo, que através de uma turbina elimina as partículas mais pesadas, dei-xando passar ao filtro apenas partículas menores, diminuindo a entrada de impu-rezas. Com isso aumenta a vida útil do filtro do tipo seco e, consequentemente, prolonga o intervalo entre as trocas.

Com relação às capacidades, o tanque de combustível é capaz de comportar 95 litros de diesel e o cárter do motor oito li-tros de óleo lubrificante. Além de ter fácil acesso, o tanque de combustível é do tipo passante, ou seja, é vazado, possibilitando a inserção de chassi para o acoplamento de implementos frontais como lâminas, pás carregadeiras, guinchos etc.

Outra característica positiva da série 4200 da Massey Ferguson é o capô dian-teiro basculante, que facilita muito as manutenções diárias, como verificação do nível de água do radiador e do óleo

lubrificante do motor e manutenção da parte elétrica, através do fácil acesso à caixa de fusíveis de segurança. Este novo design (capô basculante e revestimento) está alinhado com os demais modelos da série, incluindo os tratores compactos, e segue a tendência mundial da marca.

TRANSMISSÃOO modelo que testamos estava confi-

gurado com uma transmissão sincroniza-da, com 12 marchas à frente e quatro à ré, que disponibiliza uma ampla gama de ve-locidades entre 2,3km/h e 32,1km/h. Este modelo possui as opções de transmissão Constant mesh e 8x8 shuttle. Esta última consiste em oito marchas à frente e oito

Sistema hidráulico categoria II com sistema de três pontos e controle remoto duplo

A tração dianteira do trator testado é da marca Carraro, tradicional no mercado brasileiro de tratores e bem conhecida pelos agricultores

Alavancas de marchas, controle remoto e acelerador ma-nual estão posicionados à direita do posto do operador

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Fotos Charles Echer

à ré, possuindo uma alavanca que realiza a reversão do sentido de deslocamento. Os modelos da série, entre o 4265 e 4299 podem ser disponibilizado como opcional o Creeper, um redutor, que reduz a velo-cidade em até quatro vezes. Outro item opcional é a TDP econômica da Massey Ferguson lançada na Expointer 2011, que permite, em operações com baixa demanda de energia, uma economia no consumo de combustível, pois atua com uma rotação mais baixa do motor. Este item está disponível dos modelos 4265 até o 4290.

Quanto aos rodados, o modelo testado estava equipado com as dimensões 23.1-26 R2 na traseira e 14.9-24 R2 na dianteira, pneus estes de garras altas, recomendados para o uso em terrenos alagados e de baixa sustentação. Esta combinação foi escolhida pelo proprietário, pois o trator será utilizado

em grande parte de sua vida útil nas áreas de arroz irrigado da fazenda. Além desta opção, a empresa oferece outras combinações de rodados, possibilitando o uso em diversas operações agrícolas.

O modelo pode vir com transmissão Carraro ou ZF. A lastragem utilizada no trator testado era metálica, composta por oito contrapesos de 35kg cada na parte dianteira do trator. Esta quantidade de

lastro obedece a um critério estabelecido pela empresa, de que todos os tratores, ao saírem da fábrica, devem ter uma relação de, pelo menos, 55kg por cv, para manter uma distribuição de peso adequada.

SISTEMA HIDRÁULICOO sistema hidráulico deste modelo é

da categoria II e possui sistema de três pontos controlado mecanicamente que suporta 2.500kg na rótula dos braços

Capô dianteiro basculante facilita as manutenções diárias, como verificação do nívelde água do radiador e do óleo lubrificante do motor e manutenção da parte elétrica

Dois depósitos para o armazenamento de combustível estão instalados nas laterais, abaixo da cabine

Escada lateral com material antiderrapante possibilita acesso à cabine de comando

Acesso ao posto de comando é feito por degraus antiderrapantes

Oito contrapesos de 35kg cadalastram a parte dianteira do trator

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inferiores. A vazão e a pressão máxima são de 17 litros por minuto e de 210bar, respectivamente. No entanto, estes va-lores podem ser aumentados, a pedido do cliente, como opcionais. No que diz respeito ao sistema de controle remoto, que atualmente é cada vez mais utilizado, este modelo conta como standard um tipo independente, em que o produtor pode optar de uma a três válvulas de controle. A vazão da bomba hidráulica pode variar de 59 a 69 litros por minuto, sendo a pressão máxima de 170bar. Esta variação pode ser obtida através do acionamento

de uma alavanca de fluxo combinado, que direciona o fluxo de óleo ora para o sistema hidráulico, ora para o controle remoto. Esta possibilidade se torna útil em operações que demandam maior flu-xo de óleo do controle remoto, pois irá direcionar toda a vazão da bomba para o acionamento de pistões hidráulicos.

ERGONOMIA E SEGURANÇAO acesso ao posto de operação deste

trator se faz por meio de uma escada com dois degraus antiderrapantes posicio-nados de forma ergonômica. O modelo testado era do tipo plataformado, porém, conforme o pedido do cliente pode sair de fábrica com cabine. Estas duas versões

possuem estrutura de proteção contra o capotamento, que nada mais é que um arco de segurança que protege o operador em caso de tombamento do trator. Este é apenas um dos itens que exige a Nor-ma Regulamentadora 31, do Ministério do Trabalho e Emprego (NR–31) e que são atendidos por este modelo. Quanto à questão ergonômica, os comandos de acionamento frequente (alavancas de troca de marchas e de grupos, acelera-dor manual, controle remoto e sistema hidráulico), além de estarem envolvidos por proteção contra intempéries, estão ergonomicamente posicionados no lado direito do posto de operação, não neces-sitando de grandes esforços por parte do operador para seu acionamento.

O painel, com boa visibilidade, conta com sinais luminosos necessários na par-te inferior, tacômetro ao centro (rotação do motor) e horímetro (número de horas trabalhadas), este último com informação em formato digital, e dois indicadores laterais de volume de combustível no tanque e temperatura do líquido de ar-

Plataforma do posto do operador possui piso antiderrapante

Visão do posto do operador, com alavancas de comandos posicionadas à direita e boa visualização do painel com tacômetro e horímetro (digital) ao centro, indicador do volume de combustível no tanque e da temperatura da água

Uma caixa de segurança, chamada de Maxifuse, foi instalada na parte frontal do capô, próximo ao filtro de ar, funciona como uma chave geral, que dá maior segurança ao sistema elétrico

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Fotos Charles Echer

refecimento.

TESTESPara a realização deste teste, na Fa-

zenda Conceição, contamos com o apoio dos funcionários Luiz Airton Oliveira e Tiago Pedroso, ambos operadores de máquinas. Juntamente conosco estavam presentes o Coordenador de Marketing do Produto Tratores da AGCO para Amé-rica do Sul, Éder Dornelles Pinheiro, e do representante do concessionário Jorge Santos Tratores e Máquinas Ltda, Luiz Nei Borges. Esta empresa que representa a marca Massey Ferguson tem sede no município de São Gabriel e filiais em Rosário do Sul, Sant’Ana do Livramento, Alegrete, Bagé, Dom Pedrito e Uruguaia-na. Ela atende grande parte da metade sul

do Estado, que tem sua base econômica voltada principalmente ao cultivo de arroz irrigado e à pecuária de corte.

O trator disponibilizado para o teste acabara de ser adquirido pelo cliente, proprietário da fazenda, tinha apenas 3,1 horas de uso e estava em seu primeiro dia de trabalho, portanto, ainda no período de amaciamento do motor.

Durante os testes acompanhamos a semeadura de soja com o trator acoplado a uma semeadora da marca Imasa modelo Plantum de seis linhas, composta por dis-cos de corte e sulcadores, exigindo maior demanda de potência do motor. Quando operamos o MF 4290 turbo tivemos a impressão de uma “sobra” de potência, principalmente por estar trabalhando em um solo da classe textural arenosa. Promovemos variação da velocidade de deslocamento e assim pudemos aumentar a demanda de potência e então compro-var a disponibilidade de potência e torque do motor.

O trator se mostrou muito ágil na realização do serviço. Por ser um modelo com uma menor distância entre eixos, e consequentemente menor raio de giro, possibilita fazer as manobras de cabeceira em espaços reduzidos e em menor tempo. Também verificamos o bom escalona-mento das marchas com grande opção de velocidades à disposição do operador, permitindo assim a escolha certa da me-lhor velocidade para uma determinada operação de campo.

Acreditamos que a entrada deste mo-delo no mercado, com suas modificações, poderá alterar a situação do mercado, pois o maior torque e sua reserva e a disponibilidade de potência serão deci-sivos na escolha do cliente desta faixa de potência.

O teste foi realizado no município de Sant’Ana do Livramento, na fronteira do Brasil com Uruguai, pela equipe do Nema/UFSM e contou com o apoio da fábrica, concessionária e de funcionários da fazenda

José Fernando Schlosser,Marcelo Silveira de Farias eFabrício Azevedo Rodrigues,Nema – CCR – UFSM

O trator testado estava equipado com pneus de garras altas, para terrenos de baixa sustentação

Faróis e design do MF 4290 turbo seguem o padrão da Série 4200 lançada em 2010 no Brasil

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trAtorES

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Avanço idealO trator agrícola é a fonte de

potência mais importante do meio rural, contribuindo

sobremaneira para o desenvolvimento e avanço tecnológico dos sistemas agrícolas de produção de alimentos e também de fontes alternativas de energias renová-veis.

A utilização correta do conjunto motomecanizado, trator-equipamento, pode gerar uma significativa economia de consumo de energia e, portanto, menor custo operacional e maior lucro para a empresa. Em tratores agrícolas com tração dianteira auxiliar (4x2 TDA), quando a TDA é ligada, ocorre uma ligação rígida entre os eixos dian-

Em tratores de transmissão 4x2 com Tração Dianteira Auxiliar (TDA) o avanço cinemático é um item que deve ser controlado adequadamente. Escolha do pneu

correto, lastragem e inflação adequadas são itens que devem ser observados para evitar perda de eficiência na tração

teiro e traseiro: eixo dianteiro gira com uma rotação maior que o eixo traseiro, essa diferença percentual se denomina avanço cinemático. Esse avanço pode variar de acordo com os modelos dos tra-tores, porém, a faixa ideal é de 1% a 5%. O avanço ocorre com o intuito de corrigir a diferença de diâmetro entre as rodas dianteira e traseira do trator, (Linares, 1996; Rackham e Blight, 1985).

Quando ocorrem valores abaixo de 1%, a tração dianteira perde eficiência trativa e em valores acima de 5% teremos desgaste excessivo dos pneus dianteiros.

O usuário do trator tem condições de mudar a diferença cinemática

configurada pelo fabricante, al-

terando a velocidade de giro de cada roda e o raio dinâmico do pneu utilizado. Ao lastrar o trator, com lastros líquidos ou sólidos aumentando seu peso, modifican-do a pressão interna dos pneus e a posição relativa das massas de lastro, pode-se chegar à solução mais vantajosa para as diferentes operações de campo (Masiero, 2010). A alteração dessas configurações causa uma mudança no avanço do trator. A relação cinemática entre os eixos do trator depende de dois fatores, primeiro: da relação de velocidade entre os eixos dianteiro e traseiro e, segundo: dos raios de rolamento das rodas dianteiras e tra-seiras do trator.

A relação de velocidade entre os eixos varia de acordo com o fabricante, as relações de transmissão entre os dois

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diferenciais são estabelecidas no projeto do fabricante, normalmente essa relação de velocidade é maior que um (1%) em relação ao eixo dianteiro, que gira mais rápido que o eixo traseiro. Os raios de ro-lamento da roda dianteira podem ser alte-

rados pelo usuário, trocando os pneus ou alterando a pressão interna dos mesmos. Quanto maior a porcentagem do avanço cinemático, menos é a eficiência trativa da máquina (Schlosser et al, 2004). O avanço cinemático do trator influencia

diretamente no consumo de combus-tível, no desgaste precoce dos rodados, na perda de potência na barra de tração e na elevação da patinagem, o avanço cinemático acima de 5% corresponde à perda de rendimento da máquina.

Figura 1 - Evolução da patinagem em função do aumento do avanço Figura 2 - Evolução do consumo específico de combustível em função do aumento do avanço

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ENSAIOSEnsaios realizados no Nemasa (Nú-

cleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas do Semiárido), do Departamento de Enge-nharia Agrícola da Universidade Federal do Ceará, utilizando um trator Massey Ferguson MF 283 (63kW – 87cv), com rotação do motor em 2.100rpm e tração dianteira ligada, exercendo forças na barra de tração de 15kN, 20kN e 25kN, com três diferentes condições de avanço do trator (3%, 6% e 12%) em superfície de asfalto, mostraram que a patinagem do trator MF 283 foi menor para a con-dição em que o avanço estava em 3%. Nessa condição os valores de patinagem do trator ficaram próximos àqueles re-comendados pela Asae EP 496.2 (1999). À medida que o avanço foi aumentando (6% e 12%), a patinagem também foi aumentando significativamente.

Avaliando o consumo específico de combustível, o avanço de 3% apresentou os menores valores se comparados aos va-lores obtidos pelos avanços de 6% e 12%, indicando que o crescimento do per-centual de avanço aumentou os valores de consumo específico de combustível, conforme mostra a Figura 2.

Analisando os resultados foi possível concluir que os menores valores de pati-nagem, consumo específico de combus-tível e maior potência na barra de tração foram obtidos na condição de 3% de avanço do trator. A condição de 12% de avanço do trator apresentou os maiores valores de patinagem, consumo específico de combustível e menor potência útil na barra de tração.

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Pneu dianteiro com garras numeradas para facilitar na realização dos cálculos

Welington Gonzaga do ValeUFMT/Campus Sinop

CoMo MEDIr o AvANço CINEMátICo

Podemos medir o avanço de duas maneiras:

- Teórica

Avanço = [( CR .1,333 )-1].100 CR

RT = Relação de transmissão – Re-lação de engrenagens do trator – eixo dianteiro/traseiro = 1,333 (dado infor-mado pela revenda do trator).

ExemploDianteiro 14.9R30DTR (CR = 4251mm) Traseiro 18.4R42DTR (CR = 5601mm)

Avanço = [(4251.1,333)-1].100=1,17=1,2% 5601

Dianteiro

Traseiro

ColoCANDo EM prátICA

Para efetuar o teste de avanço cine-mático, o primeiro passo é numerar

as garras do pneu dianteiro, dividindo-o em partes iguais, isso facilitará a con-tagem do número de voltas inteiras e fracionadas.

Em seguida procedemos de acordo com as etapas a seguir:

Etapa 1 - Marcar a roda traseira per-pendicular ao ponto central do eixo (A).

Etapa 2 - Em uma superfície plana e firme, avançar o trator em marcha lenta acelerada, contando dez voltas completas da roda traseira (C), e o número de voltas da roda dianteira com a tração dianteira desligada.

Etapa 3 - Retroceda o trator e percorra

o mesmo trajeto, repetindo os passos da etapa 2 agora com a tração dianteira ligada.

Etapa 4 - A relação entre o número de voltas da roda dianteira com a tração ligada e sem a tração ligada determina o avanço, que deve estar entre 1% e 5%, conforme equação abaixo.

Avanço = N1 - N° *100 N1

N1 = Número de rotações, tração dianteira ligada

N° = Número de rotações, tração dianteira desligada

Exemplo em figura das Etapas 1 e 2

Pesquisadores do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas do Semiárido, da UniversidadeFederal do Ceará, avaliaram os efeitos do avanço cinemático em tratores 4x2 TDA

Leonardo de Almeida Monteiro,Daniel Albiero,Aline Castro Praciano eViviane Castro dos Santos,Nemasa/UFC

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pulvErIzADorES

Longe do alvo

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A pulverização aérea possibilita tratar áreas grandes em um curto espaço de tempo, evita problemas de com-

pactação, pois não existe contato dos rodados com o solo, elimina a presença de carreadores, que na maioria das vezes são necessários quan-do se utilizam equipamentos terrestres. Os agri-cultores conhecem por experiência própria que a presença de carreadores proporciona perdas da cultura por amassamento e compactação dos solos influenciando em perdas na colheita.

Em qualquer aplicação na qual se utilizem aeronaves agrícolas, os cuidados devem ser maiores e alguns diferentes daqueles obser-vados nos equipamentos terrestres, tais como efeitos aerodinâmicos do voo, faixa de deposição das gotas maior que a extensão das barras de pulverização, menores vazões por área, maior distanciamento das barras de pulverização e bicos em relação ao alvo de deposição, pressões mais baixas e possibilidades do ajuste das go-tas para compensação em relação às variações climáticas (altas temperaturas que provocam evaporação das gotas, ventos fortes responsáveis pela deriva e problemas com inversão térmica, durante as aplicações), sem necessidade da troca do tipo dos bicos e do volume por área. É

importante ressaltar que os produtos a serem utilizados deverão estar registrados, através de legislação específica, para uso e aplicação com aeronaves agrícolas.

As perdas na produção agrícola são eleva-das devido à falta, muitas vezes, de condições climáticas adequadas à aplicação de produtos em campo, como chuva, por exemplo. A avia-ção agrícola tem se tornado uma ferramenta importante para os produtores na execução dessas atividades em um curto espaço de tem-po, facilitando o controle de insetos, doenças e plantas daninhas.

Em geral, recomenda-se que aplicações com volumes muito baixos sejam realizadas com metodologias de controle da evaporação da água ou mesmo a substituição da água por outro meio, por exemplo, o emprego de óleo como aditivo nas aplicações em baixo volume, o que, na maioria das vezes, acorre em aplica-ção aérea. Para uma aplicação eficiente, alguns autores recomendam para pulverização aérea de fungicidas no controle da ferrugem e de doenças de final de ciclo na cultura da soja, volumes que variam de 5L/ha a 30L/ha, utilizando adju-vantes, já quando se utiliza somente água, esse volume deve ser no mínimo de 40L/ha.

Vários estudos sobre deposição de pulveriza-ções indicam grande variabilidade de deposição dos defensivos ao longo das faixas de aplicação, diminuindo assim a qualidade das aplicações e a eficácia do controle da ferrugem e doenças de final de ciclo. De maneira geral, a deposição é menor nas partes mais baixas e internas do dossel das culturas. No caso de fungicidas, esta desuniformidade proporciona baixa eficácia no controle das doenças, principalmente no caso de fungicidas de contato, que requerem cobertura uniforme de toda a planta.

Aliado ao aumento da demanda de alimen-tos cresceu o grau de exigência dos consumido-res, o que tornou necessária uma nova postura do produtor para satisfazer os mercados. O consumidor tem se tornado cada vez mais exi-gente quanto à qualidade do produto final. O controle de qualidade tem sido aplicado a várias atividades agrícolas, o qual, com a correção e a eliminação de desperdícios e falhas, redução de custos e aumento da produtividade, trará vantagens numerosas na competitividade do campo num futuro próximo.

O controle de qualidade sob o ponto de vista econômico é a produção de serviços e de produtos a custos compatíveis com a atividade,

A aplicação de defensivos com volumes reduzidos em pulverização aérea exige atenção com as questões que envolvem a distribuição do líquido. Estudos mostram diferença de cobertura entre os terços superiores e inferiores da planta, dificultando o controle principalmente em situações de ataque mais severo de doenças ou pragas

Longe do alvoA aplicação de defensivos com volumes reduzidos em pulverização aérea exige atenção com as questões que envolvem a distribuição do líquido. Estudos mostram diferença de cobertura entre os terços superiores e inferiores da planta, dificultando o controle principalmente em situações de ataque mais severo de doenças ou pragas

de correção diferencial, para em seguida fazer as coletas de amostras na altura dos terços superior, médio e inferior das plantas. Após a coleta, as amostras foram armazenadas, vedadas e transportadas para o laboratório, onde foi quantificada a deposição.

Durante a aplicação, a temperatura am-biente foi de 28oC, a umidade relativa do ar 56% e a velocidade do vento, entre 5,4km/h e 6km/h, monitoradas com um Termo-Higro-

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com a obtenção de lucros para o produtor e que satisfaçam as necessidades dos consumidores. Sob o ponto de vista agronômico, qualidade é a realização das operações agrícolas ou a obtenção de produtos que estejam adequados às especificações ou a padrões agronômicos recomendados.

AVALIAÇÃO EM CAMPO Para avaliar a qualidade da aplicação de

calda de pulverização aérea na cultura da soja (Glycine max L.) foi utilizada uma aeronave agrícola experimental, modelo acrobata da empresa Inglaer, monoplano de asa baixa afilada, motor de 194kW (260hp), velocidade de 160,9km/h (100 milhas/h), com evolu-ção do voo em carrossel e altura de voo em relação à cultura de três metros. A barra de pulverização da aeronave estava composta por oito atomizadores de tela rotativa Micronair, modelo AU 5000, com ângulo da hélice de 35º. A aplicação foi realizada com volume de calda de 20L/ha, pressão de trabalho de 206kPa (30PSI) e largura de faixa de 16m, controlada com uso de DGPS. Foram adicionados à calda de pulverização 2,5% v/v do adjuvante éster metílico de óleo de soja, para simular condições

reais de uma aplicação aérea na região. A soja encontrava-se com altura média de 0,80m e na fase fenológica R3.

As amostras de deposição de calda para estudo da qualidade da aplicação foram co-letadas em um talhão manejado sob plantio direto, em uma malha regular de amostragem de 46m x 46m, totalizando 79 pontos amostrais (repetições), sendo que cada ponto foi georre-ferenciado, utilizando um GPS com sistema

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Quando são realizadas aplicações com volumes muito baixos o ideal é utilizar metodologias de controle da evaporação da água ou substituí-la por óleo como aditivo nas aplicações em baixo volume

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Anemômetro.Para avaliação da deposição, foi analisada a

distribuição da calda de pulverização por meio da quantificação de um traçador, adicionado à mesma. Em cada planta de soja, no estágio R3, foram coletados dois folíolos na parte central, ao acaso, em três posições da planta (terços inferior, médio e superior), em cinco plantas em um raio de 1m próximo ao ponto georreferenciado. As folhas foram coletadas e armazenadas de acordo com a altura correspondente de cada parcela, em sacos plásticos. Em seguida, as amostras foram transportadas para o laboratório, para a remoção do depósito, utilizando 10ml de água deionizada por folha. A solução da lavagem foi armazenada em recipientes de vidro, para pos-terior determinação quantitativa do depósito do traçante. Os folíolos tiveram sua área medida por meio de digitalização e análise no programa computacional “Image Tool” versão 3.0.

Para análise de deposição, foi utilizada uma solução traçadora adicionada à calda, constituí-da do corante azul brilhante (FD&C Blue n.1) na proporção de 1.790mg/l. A determinação da quantidade do traçador depositada, em cada amostra, foi realizada com espectrofotômetro no comprimento de onda de 630nm para o azul brilhante. Com o uso da curva de calibração, obtida por meio de soluções-padrão, os dados de absorbância foram transformados em concen-

tração (mg/l) e, de posse da concentração inicial da calda e do volume de diluição das amostras, determinou-se o volume retido no alvo. Logo após, foi feita, então, a divisão do depósito total pela área foliar de remoção, obtendo-se, assim, a quantidade em μL/cm2 de folha.

As cartas de controle foram feitas a partir da média (mean) do limite de controle inferior (LCL) e do limite de controle superior (UCL), elaboradas no programa Minitab®. Para estimar as linhas médias e os limites dos gráficos de controle, foram usadas as equações propostas por Trindade et al (2000).

QUALIDADE DA DEPOSIÇÃOHouve efeito significativo na deposição ao

longo do dossel da cultura da soja e na Tabela 1 é mostrado que a aplicação aérea proporcionou diferença na quantidade de calda retida entre as posições do dossel das plantas de soja. Os terços superior e médio apresentaram a mesma quantidade de calda retida, indicando uma boa deposição, mas no terço inferior o valor de de-posição foi menor. Esse resultado proporcionou uma menor distribuição de calda no inferior do dossel da cultura, condição indesejada principalmente quando o defensivo é usado para controle de doenças causadas nas partes mais baixas das plantas. Este menor valor pode causar redução no controle de doenças causadas

por fungos, pois a cobertura e a deposição do ingrediente ativo sobre o alvo são importantes, principalmente, quando se trata de doenças causadas por fungos, que começam suas infes-tações pelas folhas mais baixas da planta.

Quando comparadas a deposição da calda de pulverização com a cobertura, mostra-se que houve menor cobertura no terço médio, mas para a deposição não foram verificadas diferenças significativas entre os terços superior e médio, como mostrado na Tabela 1, o que possivelmente ocorreu devido à falta de precisão na metodologia. Estes valores de deposição são de grande interesse, pois mostram a quantidade de produto que efetivamente atingiu o alvo da aplicação. Observou-se ainda que os valores do coeficiente de variação para os terços superior e médio foram de 43,7% e o terço inferior apresentou um coeficiente de variação de 66,5%. A parede formada pela massa foliar foi a causadora dessa variação, pois em vários pontos não houve deposição de calda no terço inferior.

Na Figura 1, são apresentadas as cartas de controle das médias para a deposição da calda de pulverização nos terços superior e médio da cultura da soja. Observa-se que, em ambas as situações, o processo encontra-se fora de controle. Nesse sentido, é necessá-

Figura 1 - Carta de controle para deposição da calda de pulverização aérea: a) terço superior b) terço médio da cultura da soja

Figura 2 - Carta de controle para deposição da calda de pulverização aérea no terço inferior da cultura da soja

Aplicações em culturas como soja o nível de deposição da calda não consegue ser homogêneo em tota a planta

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ção

rio melhorar a qualidade do processo, pois o objetivo da tecnologia de aplicação é colocar a quantidade certa de ingrediente ativo no alvo desejado, com máxima eficiência e da maneira mais econômica possível, com qua-lidade e sem afetar o meio ambiente.

Com relação à deposição de calda no terço inferior, a carta de controle mostra novamente que o sistema se encontra fora de controle (Figura 2). Ocorreu alta va-riabilidade na deposição no terço inferior, devido à parede formada pela massa foliar, pois em vários pontos não houve deposição de calda. Esta falta de controle do processo pode causar redução no controle de doenças, principalmente quando se trata de doenças causadas por fungos.

A análise das cartas de controle mostra que ocorreu grande variabilidade entre os 79 pontos amostrais. A aplicação de agro-químicos com volumes reduzidos implica na necessidade de um maior cuidado com o processo de distribuição do líquido. Os atomizadores de tela rotativos são dispositi-vos de qualidade reconhecida na geração de gotas uniformes. Contudo, a disposição dos mesmos na barra da aeronave e a interação das gotas com o ar e com a cultura podem levar à desuniformidade de aplicação. Além disso, por se tratar de uma aeronave experi-

mental, o efeito do processo de turbulência ainda é pouco conhecido, o que também pode ter colaborado com o resultado apre-sentado.

A distribuição das gotas será o que sem-pre definirá a deposição de calda no dossel da cultura. Nesse enfoque, ao observar as cartas de controle como método de avaliar a aplica-ção, entende-se que o controle de qualidade dessa operação precisa ser revisto, pois os valores encontram-se com alta variação. Há

a necessidade de se aprofundar os estudos sobre o desempenho desta aeronave, com o objetivo de tornar a aplicação mais uniforme ao longo das áreas aplicadas. Destaca-se que esse resultado ocorreu para uma aeronave protótipo, construída com o propósito de servir de teste antes da fabricação em escala industrial, ou da comercialização.

De acordo com os resultados, pôde-se concluir que houve menor deposição da calda de pulverização no terço inferior da cultura da soja. Também é possível concluir que os indicadores de cobertura da calda de pulverização demonstraram que a aplicação aérea com a aeronave experimental avaliada não se encontra sob controle estatístico de processo, ou seja, fora do padrão de quali-dade sob ponto de vista estatístico.

Tabela 1 – Efeito da pulverização aérea na deposição de calda (µL cm-2) nas diferentes alturas da cultura da soja

Terço superior0,0505a

Terço médio0,0504a

Aplicação aéreaCalda com adjuvante

Terço inferior0,0335b

Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey.

Diferença na deposição das gotas em papéis sensíveis instalados nos três terços de uma planta de soja

Elton Fialho dos ReisRodney Ferreira Couto EUG

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bientes com maior ou menor intensidade luminosa que é diferente em períodos diurnos ou noturnos, sem comprometer a visibilidade, com manuseio facilitado pelo sistema Touch Screen.

O GreenStar 3 2630 é compatível com o sistema de direcionamento au-tomático AutoTrac e pode ser utilizado tanto com o Piloto Automático Universal 200 (ATU 200), quanto com o sistema in-tegrado nas máquinas John Deere. Além disso, pode-se realizar a documentação de operações, sendo possível a utiliza-ção do GreenStar 3 2630 com mapas de produtividade para grãos e gerados pelo Harvest Doc e algodão com o uso do Harvest Doc Cotton.

Em linhas gerais, o monitor GreenStar 3 2630 vem com os seguintes softwares ativados: software para direcionamento manual Piloto Auxiliar Parallel Tracking; mapa de cobertura, que serve como refe-rência visual da área de trabalho; com-patibilidade com outros controladores que possuem tecnologia Isobus; mapa de produtividade - Harvest Doc.

Existe ainda uma série de outros sof-twares que podem ser adquiridos através do contato com o concessionário, tais como Piloto Automático AutoTrac (SF1, SF2, and RTK); Pivot Pro, que permite operar sob orientação em círculos; e John Deere Section Control, que habilita e desabilita automaticamente as seções de pulverização e plantio. No pacote do monitor GreenStar 3 2630 estão inclusas 15 horas de ativação demonstrativa dos

fIChA téCNICA

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GreenStar 3 2630Mais potente, rápido e com mais recursos do que a versão anterior, o GreenStar 3 2630

da John Deere surge para atender diversos tipos de demandas tecnológicas

O novo Monitor GreenStar 3 2630 visa incrementar a série de funcionalidades presente

nos produtos John Deere que dispõem de soluções para agricultura de precisão (AMS - Soluções em Gerenciamento Agrícola). Esse monitor, fácil de operar, tem tela colorida de 26,4cm (10,4”) que, aliado à precisão do receptor StarFire 3000 com as opções de sinal SF1 (25cm de precisão), SF2 (10cm de precisão) e Sistema RTK (2,5cm de precisão), permite ao usuário satisfazer diferentes necessidades de acordo com distintas demandas.

FUNCIONALIDADES E COMPATIBILIDADESO GreenStar 3 2630 é compatível

com a tecnologia Isobus, que possibilita conectar controladores de outras mar-cas, permitindo o compartilhamento de sinal GPS e o controle de implementos, podendo-se utilizar prescrições de de-

fensivos e fertilizantes a taxa variável em formato Shape File provenientes de outros softwares e mesmo de recomen-dações agronômicas.

Com opção de ajuste de brilho, o usu-ário pode utilizar essa ferramenta em am-

O GreenStar 3 é compatível com o sistema de direcionamento automático AutoTrac, podendo ser utilizado tanto com o Piloto Automático Universal 200, quanto com o sistema integrado nas máquinas John Deere

softwares AutoTrac, Pivot Pro e Swath Control Pro, Surface Water Pro e iGuide para serem utilizados em demonstra-ções.

PONTOS DE DESTAQUE O monitor GreenStar 3 2630 possui

duas portas de conexão USB, que permi-tem ao usuário carregar os dados visando proceder atualização de software, utili-zando apenas um dispositivo de memória USB. Isto possibilita ao operador realizar

a transferência de dados de um monitor para outro e mesmo para o software de gerenciamento agrícola Apex de forma simples. O Monitor GS3 possui memó-ria interna de 800MB e processador de última geração, permitindo o dobro de velocidade de processamento comparado à versão GreenStar 2 2600.

Com o monitor GreenStar 3 2630, o

Fotos John Deere

proprietário rural tem a opção de limitar o acesso de seus operadores dentro das configurações avançadas do monitor. Para tal, basta acessar o Gerenciador de Acessos e escolher quais páginas o operador pode modificar. Outro desta-que a ser mencionado fica por conta das opções de monitoramento da atividade. Para operações que utilizem grandes

Com opções de ajuste de brilho que se adaptam a diferentes luminosidades, a tela de 10,4” é também touch screen

O monitor possui duas saídas USB para facilitar a transferência de dados

SURFACE WATER PRO O sistema Surface Water PRO auxilia

no planejamento e na execução de gerencia-mento de água, como opção para drenagem, sistematização ou construção de terraços. Assim, esse sistema permite a execução de levantamentos altimétricos de talhões com precisão e rapidez. Em uso juntamente com o Software Apex, permite o planejamento de curvas de nível no escritório proporcionando melhor gestão sobre o terreno e também execução de curvas com gradiente de nível permitindo melhor escoamento da água.

Em nível de campo, o software permi-te a execução de curvas de forma assistida com uso do monitor ou então a realização com uso de sistemas automáticos de direcionamento, aumentando a asserti-vidade e o rendimento operacional das máquinas. Ainda como benefício desse sistema comparado aos sistemas tradicio-nais utilizados como laser, pode-se citar a possibilidade de execução de trabalhos em períodos noturnos ou de difícil visi-bilidade (condições de excesso de poeira em preparo do solo); reconhecimento de áreas a serem manejadas quanto ao rele-vo ano após ano, através do registro de mapas altimétricos e ainda acuracidade na execução das curvas através de uso do sinal RTK, permitindo repetibilidade de execução de curvas nos mesmos locais mesmo em diferentes safras.

O Surface Water PRO torna ainda possível que atividades de plantio de grãos ou cana, ou mesmo operações que exponham o solo a maior risco de erosões, tais como processos de escarificação, se-jam realizadas em nível caso exista essa necessidade.

Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br40

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implementos, por vezes de difícil moni-toramento visual, tais como plantadeiras e pulverizadores de barras de grande porte, tem-se a opção de instalar até três câmeras de vídeo, possibilitando ao operador o adequado acompanhamento da operação, garantindo mais agilidade e qualidade nos trabalhos e diminuindo os riscos de acidentes.

IGUIDEO iGuide é um sistema de direciona-

mento passivo que visa realizar a correção da posição de implementos. Essa funcio-nalidade figura como uma solução para plantio mecanizado de grãos e de culturas como a cana-de-açúcar, a serem implantadas em terrenos inclinados. Ele trabalha em conjunto com Piloto automático Autotrac utilizando um receptor Starfire adicional no implemento. Desta forma, o conjunto consegue realizar correções adicionais ao direcionamento de forma a solucionar possíveis deslocamentos (escorregamentos) laterais do implemento em terrenos inclina-dos. Com o uso do iGuide se consegue maior

aproveitamento da área, com menores sobre-posições e maior rendimento na colheita de grãos e cana-de-açúcar.

Tela coloridaTouch Screen

Terminal Virtual ISSOInterface de dados USB

Tamanho da telaDisco rígido

Gerenciador de acessosSuporte câmeras de vídeo

Borda externa antirrefletivaPivot PRO

Surface Water PROiGuide

Swath Control PROMonitor de colheita

Harvest DocHarvest Doc Cotton

AutoTracAutoTrac Universal 200AutoTrac Universal 100

Características

Ativações

GS3 2630

√ √VT3 √

26,4cm (10.4”)800 Mb√

Entrada 3 câmeras √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √

GS2 2600 √√

VT2

26,4cm (10.4”)Cartão de memória

√ √ √ √ √ √ √ √ √ √

Exemplos de telas geradas pelo GreenStar 3

pulvErIzADorES

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Caso a caso

Pesquisa mostra que não há uma altura predefinida para aplicação de defensivos. A distância entre a barra de pulverização e o alvo a ser atingido pode ser diferente,

dependendo das características do bico utilizado

A aplicação de defensivos visa con-trolar ou eliminar a população de pragas, doenças e plantas dani-

nhas, tornando viável a produção no meio agrícola ou florestal. Entre as diferentes técnicas de aplicação de defensivos, as que se baseiam na pulverização hidráulica, ou seja, utilizam pontas de pulverização, são as mais difundidas, graças à sua flexibilidade em diferentes situações. Nesses equipamentos, as pontas de pulverização são componentes fundamentais, pois influenciam diretamente na qualidade e na segurança da aplicação.

No entanto, vale ressaltar que mesmo após a seleção da ponta de pulverização, há a necessidade de atentar para alguns cuidados especiais na hora de aplicar, como o alinhamento da barra do pulverizador. O desalinhamento faz que uma planta receba

mais produto que a outra, podendo acarretar em fitotoxicidade à cultura, ineficiência da pulverização e ineficácia de controle.

A uniformidade de distribuição de líqui-do também é afetada pela altura da barra de pulverização em relação ao alvo. Muitas vezes, se dá pouca importância a este fator, no entanto, é de grande importância para se realizar uma pulverização eficiente. Os pulverizadores já vêm de fábrica com distân-cia fixa entre os bicos, comumente, de 0,5 metro. Nestes modelos de pulverizadores, a altura recomendada em relação ao alvo também é de 0,5 metro.

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa teve como objetivo avaliar a uniformidade de dis-tribuição de líquido de pontas de pulveriza-ção de jato plano (Lurmark 015F110; Jacto

AXI-ISO 110-02; Jacto AXI-ISO 110-03; Jacto AXI-ISO 110-04; Jacto AXI-ISO 110-05), sob três diferentes alturas de aplicação (0,40m; 0,50m e 0,60m) e comprovar entre si quais são as melhores condições para o uso na aplicação de defensivos.

Em condições de laboratório, uma das formas de quantificar a uniformidade de distribuição da pulverização é utilizando-se mesas padronizadas, de acordo com a norma ISO 5682/1 (ISO 1986), que possi-bilita a coletada do volume pulverizado ao longo da barra de pulverização, permitindo posteriormente o cálculo do coeficiente de variação (CV) para avaliação. Quanto maior o coeficiente de variação, maior a variação da distribuição e pior será a uniformidade da aplicação.

Na Europa o coeficiente de variação

Exemplo de barras alinhadas e desalinhadas, onde uma possibilita aplicação homogênea e a outra faz com que algumas plantas recebam maior volume de calda do que as outras

Pesquisa mostra que não há uma altura predefinida para aplicação de defensivos. A distância entre a barra de pulverização e o alvo a ser atingido pode ser diferente,

dependendo das características do bico utilizado

Caso a casoCharles Echer

em condições de ensaio padronizado em laboratório deve ser inferior a 7% nos pa-drões ideais e de até 9% quando variam as pressões e as alturas. No Brasil os padrões adequados são de 10% a 15% dependendo das condições de aplicação.

Os resultados da pesquisa mostraram que a altura influencia na uniformidade de distribuição do líquido, como demonstrado na Tabela 1, para o espaçamento entre bicos de 0,5m. Para as pontas 015F110, AXI-ISO 110-03 e AXI-ISO 110-04, a altura de 0,4m propiciou melhores condições de trabalho, apresentando o coeficiente de variação mais baixo. Para as pontas AXI-ISO 110-02 e AXI-ISO 110-05, a melhor uniformidade de distribuição de líquido foi a 0,5m de altura.

Os resultados demonstraram também que quando se altera a altura da barra sem critério pode afetar a qualidade da pulveri-zação. Na prática o que acontece quando se altera a altura da barra é que a faixa de aplicação de uma determina ponta de pulverização é modificada e a sobreposição entre pontas adjacentes fica comprometida, reduzindo a uniformidade de distribuição de líquido, alterando-se o coeficiente de variação.

Em condições de campo, o produtor

pode utilizar mesas de ensaio para avaliar a uniformidade de distribuição de líquido ao longo da sua barra de pulverização. Esta mesa é posicionada embaixo da barra de pulverização, por um determinado tempo,

Tabela 1 - Coeficiente de variação (%) das diferentes pon-tas de pulverização em função da altura de trabalho

Ponta de pulverização

Lurmark 015F110AXI-ISO 110-02AXI-ISO 110-03AXI-ISO 110-04AXI-ISO 110-05

Altura do alvo (m)0,48,466,657,16,3

10,95

0,58,85,459,629,518,54

0,69,99,3313,1613,049,73

Ensaio de uniformidade de distribuição de líquido em campo, com uso da mesa de campo

e observa-se visualmente como está sendo a distribuição de líquido. Durante o teste não se deve permitir a deriva, pois irá interferir no resultado. Quanto mais homogênea es-tiver a distribuição, maior a tendência das esferas plásticas da mesa se nivelarem.

Periodicamente o produtor deve avaliar este parâmetro, pois não somente a altura da barra, como também a pressão, o modelo e o desgaste da ponta de pulverização são fatores impor-tantes que podem determinar uma aplicação eficiente e de qualidade, obtendo a melhor forma de distribuir a calda sobre o alvo.Robson Shigueaki Sasaki,Mauri Martins Teixeira,Haroldo Carlos Fernandes,Elton da Silva Leit eCleyton Batista de Alvarenga,Universidade Federal de Viçosa

Fotos Robson S. Sasaki

.M

Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br44

tECNologIA

O experimento utilizou um balão Skyhook Helikite, inflado com gás hélio

Fotos Daniel Mariano Leite

A compactação do solo é a compressão do solo não saturado, o que ocorre um aumento da densidade, a re-

dução de volume é ocasionada pela expulsão do ar. Entre os efeitos da compactação do solo destacam-se o aumento da densidade e da resistência do solo à penetração, como também a redução da porosidade e da permeabilidade do solo.

A compactação está intimamente ligada ao desenvolvimento das plantas e à qualidade física do solo. Em solos compactados, há um menor desenvolvimento do sistema radicular, devido ao menor volume de solo explorado pelas raízes e, consequentemente, menor absorção de água e nutrientes.

A compactação excessiva do solo, além limitar a adsorção e/ou absorção de nutrientes, infiltração e redistribuição de água e também

trocas gasosas, pode aumentar as emissões de N2O para a atmosfera. Este fenômeno pode apresentar efeitos benéficos, como o contato solo-semente. No entanto, a compactação aci-ma da capacidade de suporte do solo ao redor da semente pode provocar impedimentos à germinação.

As atividades que envolvem tráfego e mobilização de máquinas agrícolas alteram a estrutura do solo, compactando-o, e modificam as condições que determinam o ambiente de crescimento radicular.

IDENTIFICANDO A COMPACTAÇÃOVários métodos são utilizados para reco-

nhecimento da compactação do solo, entre eles abertura de trincheiras, visualização da cober-tura vegetal, densidade do solo e resistência do solo à penetração.

A abertura de trincheira consiste na ob-servação do sistema radicular, sobretudo em relação à compactação subsuperficial ou pé de grade. Quando há a compactação subsuperficial é possível observar uma grande concentração de raízes na camada superficial, por não conseguir atravessar a camada compactada.

Outra forma de detecção da compactação é a determinação da densidade do solo, que é a razão entre a massa de uma amostra de solo seco e o volume ocupado por esta amostra, no entanto, os valores de densidade variam de solo para solo e são também de difícil correlação com o crescimento vegetal.

A forma mais usual na determinação da compactação do solo é a penetrometria, que consiste na inserção de uma ponta cônica de área conhecida e na mensuração da força exercida na penetração. A norma Asae S313.3 descreve a resistência do solo à penetração como a pressão exercida sobre um cone maci-ço com ângulo de 30o. Esta norma especifica dois padrões de cone, sendo um de 323mm2 e 20,27mm de diâmetro de base e o outro com 130mm2 e 12,83mm de diâmetro de base.

Para determinação da resistência do solo à penetração podem ser usados penetrômetros ou penetrógrafos, os penetrômetros realizam avaliações pontuais de resistência à penetração, já o os penetrógrafos registram a resistência ao longo do perfil do solo. Ambos os equipamentos utilizam do mesmo princípio de funcionamen-to, variando apenas quanto ao modelo, tendo vários tipos como os de impactos, os de molas dinamométricas e os digitais que utilizam cé-lulas de carga.

Recentemente trabalhos realizados no Laboratório de Mecanização Agrícola da Uni-versidade Federal de Viçosa mostraram o po-tencial do uso imagens digitais na avaliação da compactação do solo. A metodologia empregada pelos pesquisadores da UFV utiliza técnicas de sensoriamento remoto, onde as imagens são adquiridas por câmeras digitais erguidas por um balão inflável não tripulável.

AQUISIÇÃO DE IMAGENSPara este tipo de trabalho pode ser utilizado

um sistema de aquisição de imagens composto

Técnica utilizada pelos pesquisadores da Universidade

Federal de Viçosa permite avaliação da compactação do

solo através de imagens aéreas, obtidas com câmeras digitais

acopladas a balões infláveis

Olho de águia

Olho de águia

Técnica utilizada pelos pesquisadores da Universidade

Federal de Viçosa permite avaliação da compactação do

solo através de imagens aéreas, obtidas com câmeras digitais

acopladas a balões infláveis

por um balão inflável e uma plataforma para aquisição de imagens. Este balão pode ser da marca Skyhook Helikite inflado com gás hélio. Ele é uma combinação de balão com pipa, que proporciona um voo com altitude e direção estáveis, utilizando o gás hélio e a força do vento como elementos propulsores. Sua orientação é feita por meio de uma corda.

O balão possui o comprimento de 2,13m, uma forma elipsoidal que origina um volume interno aproximado de 2m3. Sua capacidade de levante na vertical é de 1,2kg sem vento e 4,8kg com ventos de até 24km/h, atingindo uma altitude de até 1.676,4 metros sem carga (Allsopp Helikites Limited, 2011).

A plataforma de aquisição de imagens é composta de duas câmeras digitais e sistema acionador das câmeras. As câmeras digitais, da marca FujiFilm, modelo FinePix Z20fd, são acionadas simultaneamente por um sistema de transmissão de dados via radiofrequência, ativa-do por um controlador manual. Essas câmeras são equipadas com um CCD (“charge-coupled device”) de 1/2,5”. Em uma das câmeras deve ser removido o filtro limitador de sensibilidade

da faixa do infravermelho (695nm a 1.050nm) e acoplado um filtro óptico modelo RT-830 (725nm a 1.000nm) para aquisição de ima-gens na banda do infravermelho próximo. As câmeras devem ser configuradas em máxima resolução, para maior detalhamento.

Para uma obtenção das imagens recomen-da-se que o equipamento esteja a uma altitude aproximada de 50m.

CALIBRAÇÃOComo ocorrem interferências ocasionadas

pela variação da iluminação e de visada, as ima-gens devem ser calibradas radiometricamente. A calibração se baseia em corrigir os valores radiométricos das imagens em relação a uma imagem tida como referência (de refletância conhecida). Como referências podem ser uti-lizados três painéis pintados em diferentes níveis de cinza, situados ao centro da área experimental durante a obtenção das imagens. Para mensuração da reflectância dos painéis é utilizado um espectrorradiômetro, modelo FieldSpec® HandHeld 2TM (ASD Inc.), que atua nos comprimentos de onda compreendi-

dos entre 300nm e 1.100nm, com a resolução espectral de 1nm.

As imagens são calibradas em função da reflectância, através de equações de regressão linear simples, onde foram obtidos os ajustes para cada banda espectral.

O objetivo deste tipo de análise é explorar as propriedades espectrais da vegetação e as-sim avaliar os níveis de compactação do solo, obtendo índices de vegetação que utilizam informações contidas das regiões do visível (RGB) e do infravermelho próximo.

Os índices de vegetação são modelos mate-máticos utilizados para avaliar a cobertura ve-getal, que geralmente são correlacionados com algumas variáveis mensuradas em campo. Estes índices podem ser calculados a partir de dados dos valores de radiância, reflectância ou direta-mente dos números digitais das imagens.

Os índices de vegetação são importantes instrumentos em análises e detecção de mu-danças ocorridas na superfície terrestre, em especial na cobertura vegetal.

Painéis de diferentes cores utilizadospara calibragens radiométricas

Detalhe da plataforma de aquisição de imagens (direita) e do controlador manual, utilizado para disparar

Daniel Mariano Leite,Luciano Baião Vieira,Haroldo Carlos FernandesUniversidade Federal de Viçosa

.M

Unidades

TotalNacionaisImportadasTratores de rodas NacionaisImportadosTratores de esteirasNacionaisImportadosCultivadores motorizadosNacionaisImportadosColheitadeiras NacionaisImportadasRetroescavadeirasNacionaisImportadas

Variações percentuais

VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO

Variações percentuais

MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA

(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).

Fonte

: ANF

AVEA

- As

socia

ção N

acion

al do

s Fab

rican

tes de

Veícu

los A

utomo

tores

MáQuINAS EM NÚMEroS

Unidades

TotalTratores de rodasTratores de esteirasCultivadores motorizadosColheitadeirasRetroescavadeiras

Variações percentuais

PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES

Mil unidades200920102011

JAN4,75,95,3

FEV4,46,57,0

MAR5,67,97,5

ABR5,27,86,9

MAI4,58,17,2

JUN4,17,76,7

SET6,18,27,0

OUT7,08,17,5

NOV7,37,36,8

DEZ6,24,2

Dezembro 2011 / Janeiro 2012 • www.revistacultivar.com.br

NOVA

6.7695.013237150835534

OUTB

7.4965.663291155843544

JAN-NOVC

76.32159.8252.9981.2606.4865.752

NOVD

7.3325.808240154676454

JAN-NOVE

84.64668.9882.0101.8416.3255.482

A/B-9,7-11,5-18,6-3,2-0,9-1,8

A/D-7,7-13,7-1,3-2,623,517,6

C/E-9,8-13,349,2-31,62,54,9

JUL5,68,56,7

AGO5,78,67,9

ANO66,288,976,3

OUTB

6.3766.103273

5.0784.8182608878101321320

6716683

4074070

JAN-NOVC

61.67060.2541.41650.01348.7731.240972845127

1.2311.231

04.4954.463

324.9594.942

17

JAN-NOVE

64.64563.861

78453.68553.018

66778871771

1.6971.697

03.9163.880

364.5594.549

10

NOVA

5.2455.148

974.0173.935

827463111591590

5595554

4364360

NOVD

4.7654.667

983.7403.659

818572131811810

3953914

3643640

A/B-17,7-15,6-64,5-20,9-18,3-68,5-15,9-19,210,020,520,5

--16,7-16,933,37,17,1-

A/D10,110,3-1,07,47,51,2

-12,9-12,5-15,4-12,2-12,2

-41,541,90,019,819,8

-

C/E-4,6-5,680,6-6,8-8,085,923,417,978,9-27,5-27,5

- 14,815,0-11,18,88,670,0

OUTB

6.3765.078179120

1.4431.157925

1.0861686718133365

1662613288407

JAN-NOVC

61.67050.0131.6951.5519.765

13.6399.95611.4251.9824.495679

1.754602

1.250210

1.231972

4.959

NOVD

4.7653.74015768462

1.266757834196395631055115125

18185

364

JAN-NOVE

64.64553.6851.7921.1337.757

16.40811.70212.7882.1053.916493

1.511500

1.248164

1.697788

4.559

NOVA

5.2454.017156160643

1.100723

1.014221559154106631964015974436

A/B-17,7-20,9-12,833,3-55,4-4,9-21,8-6,631,5-16,790,1-68,2-3,118,153,820,5-15,97,1

A/D10,17,4-0,6

135,339,2-13,1-4,521,612,841,5

144,41,023,529,860,0-12,2-12,919,8

C/E-4,6-6,8-5,436,925,9-16,9-14,9-10,7-5,814,837,716,120,40,228,0-27,523,48,8

2010

Mil unidades200920102011

JAN3,14,64,0

FEV3,65,35,2

MAR4,16,65,9

ABR3,96,05,7

MAI4,06,46,1

JUN4,26,15,6

JUL4,86,45,6

AGO5,16,55,9

SET5,46,15,9

OUT6,25,96,4

NOV5,34,85,2

DEZ5,53,9

ANO55,368,561,7

2011 2010

2011 2010

46

Unidades

TotalTratores de rodasAgraleCase CNHJohn DeereMassey Ferguson (AGCO)New Holland CNHValtraYanmar AgritechColheitadeirasCase CNHJohn DeereMassey Ferguson (AGCO)New Holland CNHValtraCultivadores motorizados (1)Tratores de esteiras (2)Retroescavadeiras (3)

2011