guia basico para preservacao de acervos

Upload: cristiano

Post on 16-Oct-2015

16 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    1/98

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    2/98

    Maria Celina Soares de Mello e SilvaVera Lcia da Asceno Lopes Rego

    GUIA BSICO PARA PRESERVAODE ARQUIVOS DE LABORATRIO

    Museu de Astronomia e Cincias Afins2010

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    3/98

    Museu de Astronomia e Cincias Afins 2010

    Presidente da Repblica

    Lus Incio Lula da Silva

    Ministro da Cincia e TecnologiaSergio Machado Rezende

    Diretor do Museu de Astronomia e Cincias AfinsAlfredo Tiomno Tolmasquim

    Coordenadora de Documentao e ArquivoLcia Alves da Silva Lino

    Responsvel pelo Arquivo de Histria da CinciaEveraldo Pereira

    DiagramaoLuci Meri Guimares da Silva

    CapaVitor Dulfe

    FICHA CATALOGRFICA

    2

    S 586 Silva, Maria Celina Soares de Mello

    Guia bsico para preservao de arquivos de laboratrio /Maria Celina Soares de Mello Silva e Vera Lcia da AscenoLopes Rego. Rio de Janeiro : Museu de Astronomia e CinciasAfins, 2009.

    97p.

    1. Arquivo de cincia e tecnologia. 2. Arquivos de

    laboratrio. I. Rego, Vera Lcia da Asceno Lopes. II. Ttulo. III.Museu de Astronomia e Cincias Afins.

    CDU 930.25(083.82)

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    4/98

    Sumrio

    APRESENTAO ................................................................................ 5

    INTRODUO..................................................................................... 7PARTE I RECOMENDAES PARA PESQUISADORES E EQUIPESDE LABORATRIOS........................................................... 13

    1. Normas internas ............................................................ 132. Sistemtica de preservao .......................................... 153. Tipos e suportes documentais ...................................... 19

    4. Correspondncia............................................................ 215. Informtica..................................................................... 26

    6. Instrumentos cientficos ................................................ 30

    7. Arquivos pessoais em laboratrio................................ 328. Documentos pessoais e institucionais ......................... 349. Documentos pblicos e privados ................................. 3910. Importncia dos documentos ...................................... 4811. Sugestes para conscientizao .................................. 51

    PARTE II RECOMENDAES PARA DIRIGENTES DEINSTITUIES..................................................................................... 55

    12. Arquivo institucional ................................................... 59

    13. Avaliao e seleo de documentos que seropreservados .................................................................. 61

    14. Implantao de um Programa de Gesto deDocumentos ................................................................. 63

    15. Pesquisas cientficas e tecnolgicas............................ 66

    16. Tecnologia da Informao........................................... 7017. Arquivo pessoal e institucional................................... 71

    18. Arquivo Tcnico ........................................................... 72

    CONCLUSO ...................................................................................... 75GLOSSRIO ........................................................................................ 77REFERNCIAS ..................................................................................... 81ANEXO 1 MODELO DE FICHA DE MAPEAMENTO DE

    DOCUMENTOS ................................................................ 87

    ANEXO 2 MODELO DE PLANILHA DE IDENTIFICAO DEPROJETOS E PESQUISAS ................................................. 89

    ANEXO 3 LEI 8.159, DE 8 DE JANEIRO DE 1991............................. 91

    3

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    5/98

    4

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    6/98

    Apresentao

    A Coordenao de Documentao e Arquivo do Museu de

    Astronomia e Cincias Afins (MAST), no ano em que a Instituio completa 25anos de existncia, tem a satisfao de oferecer mais um instrumento de

    trabalho visando a preservao de arquivos produzidos pela cincia e

    tecnologia.

    O presente guia fruto de pesquisa realizada pelo Arquivo de Histria

    da Cincia buscando conhecer a realidade da produo de documentos em

    laboratrios cientficos e tecnolgicos. Isto permitiu que as recomendaes

    fossem baseadas nas prticas dos laboratrios pesquisados e nas suasnecessidades. Porm, mesmo baseadas nesse contexto especfico, as

    recomendaes podem fornecer subsdios para outras instituies cientficas e

    tecnolgicas no planejamento de suas aes voltadas para a preservao de

    seu patrimnio documental.

    Assim, o MAST mantm o compromisso de promover aes

    estratgicas no sentido da preservao do patrimnio cientfico e tecnolgico

    brasileiro. Desde a sua criao, o MAST tem a preocupao com a preservaode acervos, seja arquivstico, museolgico, bibliogrfico ou arquitetnico,

    neste sentido realiza vrias iniciativas como, por exemplo: cursos, palestras,

    publicaes e eventos que disseminam conhecimento produzido ao longo de

    sua trajetria.

    Gostaramos de agradecer participao de Renata Silva Borges e

    Bruno Trece na etapa inicial da pesquisa, e aos diretores e pesquisadores das

    instituies que gentilmente colaboraram com este trabalho. Agradecemostambm equipe do MAST que contribuiu em todas as etapas da pesquisa,

    tornando possvel o presente documento.

    Lcia Alves da Silva LinoCoordenadora de Documentao e Arquivo

    5

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    7/98

    6

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    8/98

    Introduo

    Um dos motivos que norteou a criao do Museu de Astronomia e

    Cincias Afins foi a necessidade emergente de se preservar acervosdocumentais e instrumentos cientficos, tendo em vista o reconhecimento de

    seu valor para a histria da cincia. Materiais que no so mais de utilidade para

    pesquisas cientficas podem se tornar fontes importantes de informao no

    apenas para estudos histricos, mas tambm para a implementao de aes

    educativas.

    A experincia do Arquivo de Histria da Cincia do MAST na

    organizao de arquivos pessoais de cientistas e instituies de fomento efiscalizao em diversas reas cientficas levou a muitos questionamentos sobre

    quais documentos preservar. A questo emerge quando se observam os

    documentos que foram preservados pelos pesquisadores em sua residncia

    como seu acervo pessoal, e os documentos que permanecem nas instituies.

    H lacunas e equvocos. De um lado, documentos que deveriam ser

    encontrados nos arquivos pessoais no so localizados por no terem sido

    preservados nem pelos pesquisadores nem por seus familiares. De outro,

    comum encontrar documentos tipicamente institucionais como processos e

    memorandos em arquivos pessoais.

    Alm destas questes, outras desafiam o trabalho de arquivistas, como

    identificao de documentos, acesso e uso de informaes, dentre outras.

    Porm, uma fundamental: a interao entre arquivistas e pesquisadores para

    uma melhor compreenso mtua das atividades de ambos e da colaborao

    frutfera que da pode resultar.

    As prticas cientficas realizadas no mbito dos laboratrios de cincia e

    tecnologia apresentam um desafio a mais para arquivistas, principalmente sob

    dois aspectos:

    1) Falta de conhecimento especfico da rea cientfica a formao do

    arquivista tcnica e ampla para que ele possa atuar com a documentao

    7

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    9/98

    oriunda de qualquer rea do conhecimento, sem que para isto ele precise fazer

    cursos complementares. O arquivista, por formao, trabalha em colaborao

    com especialistas da rea onde ir atuar, por que um campo de atuao

    multidisciplinar. Assim, dificilmente o arquivista possui conhecimentos

    especficos da rea cientfica do laboratrio; ele precisar atuar em parceria com

    os pesquisadores para melhor compreenso de todo o processo de pesquisa. O

    que o arquivista precisa entender como se desenvolve o processo da pesquisa

    e no seu contedo.

    2) Os tipos de documentos no apenas o contedo desafiador, mas

    o tipo: a prtica cientfica produz documentos em suporte papel de carter

    administrativo, tradicionais para os arquivistas, mas tambm produz: planilhas

    eletrnicas, base de dados, programas de computador, prottipos, colees

    diversas (plantas, minerais, animais...), grficos, mquinas, ferramentas,

    instrumentos e muitos outros, apenas para citar alguns. O arquivista com

    formao tradicional ter dificuldades para lidar com esses materiais, sobretudo

    na identificao e classificao daqueles que podem ser considerados

    documento de arquivo. E, ainda, dificuldades com relao s formas de

    registros, e quais documentos testemunham as atividades mais importantes.

    Porm, o que mais importa compreender que o contexto de produo

    desses materiais fundamental para o trabalho do arquivista, especialmente os

    que organizam arquivos oriundos da prtica cientfica e tecnolgica.

    A trajetria do Arquivo de Histria da Cincia permite perceber a

    complexidade das questes que envolvem a guarda e o acesso a documentos

    produzidos pela C&T, especialmente o de organizao de arquivos pessoais decientistas. Tal complexidade diz respeito a: identificao das principais

    atividades e dos documentos; legibilidade dos documentos; limites entre o

    pessoal e o institucional; acesso aos documentos, dentre outros igualmente

    importantes.

    Tais desafios motivaram a elaborao de um projeto de pesquisa com o

    objetivo de ir at o local de trabalho e conversar com cientistas e pesquisadores

    8

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    10/98

    para saber a opinio deles a respeito da documentao produzida no mbito

    dos laboratrios. Este conhecimento fundamental para o papel do MAST

    diante do grande desafio que lhe est sendo direcionado: auxiliar os demais

    institutos do MCT na tarefa de preservao de sua memria cientfica. O MAST

    tomou para si essa tarefa. Dentre as vrias iniciativas, destaca-se a elaborao

    de documentos que traam diretrizes e normativas voltadas para a preservao

    de acervos.

    O presente documento fruto de estudo e foi baseado em uma

    pesquisa realizada em diversos laboratrios cientficos e tecnolgicos do

    Ministrio da Cincia e Tecnologia MCT, no perodo de 2004 a 2008, visando

    conhecer os procedimentos de preservao dos documentos arquivsticos

    produzidos no mbito dos laboratrios. O projeto teve por objetivo entrevistar

    os pesquisadores para obter informaes sobre as atividades rotineiras dos

    laboratrios e sua opinio acerca da documentao produzida sob sua

    responsabilidade. A idia foi a de se levantar subsdios que permitissem a

    elaborao de diretrizes para um programa de preservao documental dos

    institutos de pesquisa do MCT.

    As rotinas e prticas administrativas da instituio como um todo, bem

    como a divulgao do conhecimento produzido, so comuns aos institutos, e o

    seu gerenciamento documental faz parte das atividades tradicionais e rotineiras

    dos arquivistas, no representando um desafio metodolgico. O arquivista est

    preparado para atuar junto a administradores e historiadores, mas a figura do

    cientista ainda uma experincia inovadora. Para que um programa de

    preservao possa ser efetivo, h que se debruar sobre a tarefa de esmiuar um

    laboratrio no que se refere s suas atividades, sua produo documental e arelao que os profissionais de laboratrio mantm com esses documentos.

    Os documentos produzidos pelos laboratrios cientficos e tecnolgicos

    so importantes para a histria da cincia, pois refletem o ambiente no qual a

    pesquisa foi desenvolvida e ajudam o historiador a entender as influncias

    cientficas, polticas e sociais nas atividades cientficas e tecnolgicas.

    9

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    11/98

    A pesquisa teve como metodologia a realizao de entrevistas com

    aplicao de questionrio. Foram entrevistados pesquisadores e tcnicos de 102

    laboratrios cientficos e tecnolgicos de sete institutos do Ministrio da Cinciae Tecnologia na cidade do Rio de Janeiro1.

    A receptividade com relao pesquisa foi muito boa e o retorno foi

    gratificante. Muitos entrevistados solicitaram receber o resultado da pesquisa,

    entendendo que poderia ser de auxlio para sua prtica rotineira e para a

    preservao da memria de seu trabalho. Alm disso, as entrevistas permitiram

    uma interao entre ambos os profissionais, promovendo uma compreenso

    mtua das atividades e interesses de ambos, modificando a noo, por partedos pesquisadores, do arquivista como um intruso no laboratrio. O que

    motivou e incentivou a elaborao do presente documento foi a grande

    receptividade dos pesquisadores s dicas e s perspectivas de guarda,

    organizao e preservao dos documentos.

    O objetivo deste guia o de fornecer recomendaes objetivas e

    orientaes bsicas para cientistas, tcnicos e pesquisadores em geral quanto

    preservao de documentos. O pblico alvo que este documento visa atingirso os prprios cientistas e pesquisadores e as equipes que realizam trabalhos

    em laboratrios, no sentido de conscientiz-los sobre algumas medidas bsicas

    que podem ser tomadas para o controle e a preservao dos documentos, alm

    dos dirigentes de instituies cientficas em geral. Porm, este tambm poder

    ser de utilidade para arquivistas e historiadores que atuam na rea de cincia e

    tecnologia.

    Este documento foi redigido visando um cenrio onde no harquivistas ou profissionais treinados e qualificados para o trabalho arquivstico,

    e tampouco h arquivos institucionais (que recolhem os documentos de todos

    10

    1 So: Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN); Instituto Nacional de Tecnologia(INT); Centro Brasileiro de Pesquisas Fsicas (CBPF); Instituto de Matemtica Pura eAplicada (IMPA); Observatrio Nacional (ON); Centro de Tecnologia Mineral (CETEM)e Instituo de Radioproteo e Dosimetria (IRD/CNEM).

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    12/98

    os setores institucionais). A estrutura dos tpicos est baseada na coleta de

    dados, porm as recomendaes apresentadas so mais abrangentes que os

    dados coletados na pesquisa.

    Assim, o MAST torna disponvel este guia com o objetivo de fornecer

    subsdios para que as instituies cientficas possam planejar aes no sentido

    de preservar o patrimnio documental institucional, permitindo que a memria

    das reas cientficas e tecnolgicas das instituies pesquisadas seja valorizada e

    esteja disponvel. As recomendaes preliminares ora apresentadas pretendem

    servir de base ao estudo para a complementao e a implementao de

    diretrizes e polticas de ao. Este documento no se pretende exaustivo nem

    abarca todas as questes envolvidas na preservao de acervos de cincia e

    tecnologia, mas antes, serve como um incio de trabalho.

    11

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    13/98

    12

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    14/98

    PARTE I RECOMENDAES PARA PESQUISADORES E EQUIPESDE LABORATRIOS

    As recomendaes aqui propostas esto voltadas para as instituies

    que no possuem arquivo institucional implantado e so direcionadas s

    equipes e aos responsveis pelos laboratrios de cincia e tecnologia, ou seja,

    aos produtores diretos dos documentos. Como Arquivo Institucional

    entende-se o local de guarda de documentos de carter permanente, que

    recolhe os documentos de todos os setores da instituio. Apresentadas de

    forma simples e objetiva, as recomendaes so de fcil compreenso, pois no

    devem representar um peso a mais nas atividades rotineiras dos laboratrios. Oobjetivo no o de sobrecarregar a equipe do laboratrio com atividades que

    deveriam ser de arquivistas e documentalistas, mas sim de fornecer um guia que

    pode ser consultado a qualquer momento para esclarecer dvidas sobre como

    proceder. E, principalmente, as recomendaes objetivam ser um instrumento

    de conscientizao para a importncia da preservao dos documentos.

    1 - Normas internas

    Um dos pontos fundamentais para se tratar a questo da preservao

    de documentos a elaborao de normas e diretrizes a fim de regular tanto

    seus procedimentos de produo e guarda, quanto seu destino final. A

    existncia de normativas, se no garante, pelo menos minimiza os casos de

    abandono, descaso e eliminao de documentos. Normas institucionais com o

    objetivo de traar critrios e destinao para os documentos devem ser criadas e

    estipuladas de acordo com os interesses da instituio, obedecendo legislao

    vigente no mbito nacional e internacional.

    A implantao de normas internas para regular as rotinas do laboratrio

    fundamental para o controle das atividades e produtos, bem como para os

    documentos. As normativas respaldam decises, tornam mais transparente a

    administrao da pesquisa e organizam as aes e os procedimentos, alm de

    profissionalizar decises. Neste sentido, as recomendaes so:

    13

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    15/98

    1.1 Estabelecer normas institucionais, da hierarquia mais alta para a mais

    baixa, que sejam simples, claras e objetivas, e de fcil assimilao para

    que todas as unidades as cumpram.

    muito mais efetivo quando as normas so reconhecidas e estipuladas

    pela Direo da instituio, pois profissionaliza e refora o carter institucional

    das decises, minimizando as vontades e vaidades individuais. Quanto mais

    objetivas e de fcil compreenso, mais chances de serem assimiladas e

    cumpridas. Normativas longas e complicadas tm um alto grau de rejeio e

    tendem ao fracasso. Na ausncia de normativas institucionais, o responsvel

    pelo laboratrio ou aquele que est na hierarquia mais alta dever traar as

    normas internas quanto preservao dos documentos e produtos. As normas

    devem prever sistemticas de rotina de guarda, tanto em curto quanto em

    longo prazo, alm da prpria condio de guarda.

    1.2 Despertar na equipe do laboratrio a conscincia para a importncia da

    preservao dos documentos gerados no desenvolvimento das

    atividades e dos processos de pesquisa.

    A conscincia da importncia da preservao deve ser despertada em

    toda a equipe, para que esta seja efetiva. O responsvel pelo laboratrio ou

    pesquisa precisa ter esta conscincia e pass-la para a equipe. Do contrrio, a

    ausncia de cobranas resulta num relaxamento dos procedimentos e, por

    conseqncia, no abandono das prticas de preservao.

    1.3 Criar uma sistemtica de preservao de documentos para os

    laboratrios que no possuem Sistema da Qualidade implantado, nos

    mesmos moldes dos que o possuem.

    A vantagem do Sistema da Qualidade a de padronizar procedimentos

    e criar rotinas de trabalho que favorecem tanto o bom desempenho das

    atividades, como tambm a preservao dos documentos produzidos. A

    implementao de rotinas pressupe a identificao dos documentos mais

    significativos, aqueles que registram as etapas fundamentais de todo o processo

    14

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    16/98

    de pesquisa. Estes documentos devem ser classificados como documentos de

    guarda permanente, com definio de mecanismos para sua guarda e

    segurana. Mesmo no visando implantao de um Sistema de Qualidade, o

    laboratrio pode e deve elaborar rotinas e normativas, o que traz como

    conseqncia confiana, seriedade, transparncia e profissionalismo s

    pesquisas e equipe.

    1.4 Criar normativas de procedimentos para a guarda de documentos

    sigilosos de forma a proteger a informao, estabelecendo os prazos de

    sigilo e reteno.

    Os responsveis pelos laboratrios e pelas pesquisas devero definir o

    grau de sigilo dos documentos, definindo o seu prazo de restrio de acesso.

    Mesmo quando o prazo de sigilo ainda est em vigor, os documentos podem

    ser encaminhados ao Arquivo Institucional, com as restries de acesso

    definidas e passadas ao Arquivo, as quais sero por este respeitadas.

    1.5 Dar cincia equipe do laboratrio das regras e procedimentos para a

    preservao dos documentos. Cobrar da equipe o seu cumprimento.

    importante que o responsvel pelo laboratrio passe as normativas

    para a equipe e que as faa cumprir. Quando as normas so cobradas

    sistematicamente, a equipe acaba assimilando os procedimentos e

    incorporando-os em sua rotina. Treinamento e capacitao podem ser

    eficientes para a conscientizao da equipe, desde que lideradas pelos

    responsveis.

    2 - Sistemtica de preservao

    A elaborao de uma sistemtica que seja rotineira no mbito do

    laboratrio facilita o trabalho da equipe de pesquisa porque os documentos

    sero rapidamente localizados e recuperados; tambm facilita o trabalho da

    equipe do Arquivo Institucional, que ter informaes mais completas para o

    recolhimento e tratamento dos documentos na guarda permanente.

    15

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    17/98

    Em geral, os pesquisadores adotam diferentes sistemticas para a

    guarda e preservao dos documentos, desde a elaborao de sistemas de

    guarda mais sofisticados at a completa ausncia de qualquer uma. A

    preservao dos documentos dos laboratrios deve ser contnua e permanente,no podendo ser espordica. Deve haver uma sistemtica ou uma rotina que

    facilite a preservao.

    2.1 Planejar e implantar uma sistemtica de guarda dos documentos e

    registros produzidos pelo laboratrio.

    Os seguintes passos podem ser adotados para a implantao:

    a) Definir e providenciar local especfico para a guarda.

    b) Estabelecer um cronograma anual para a guarda dos documentos

    no local previamente definido.

    c) Colocar uma identificao nos documentos com informaes

    bsicas como: nome do projeto, responsvel, fontes de

    financiamento, datas, contedo e a data da guarda. Sobre os dados

    da pesquisa: nome do projeto que gerou os dados; tipo de dados

    (brutos ou analisados, observados ou experimentais, numricos oudescritivos); equipamento ou mtodo usado para gerar os dados;

    forma fsica: fitas de computador, impresso de computador, folhas

    de papel, CDs etc; quantidade de dados; disposio dos dados.

    (Pode ser planejada uma planilha padro com as informaes de

    identificao de cada projeto, para ser colocada como primeiro

    documento do grupo (Ver ANEXO 1).

    d) Numerar os grupos de documentos guardados, elaborando uma

    listagem com a sua localizao.

    e) Identificar, sempre que possvel, prazos de guarda e grau de sigilo,

    criando critrios objetivos para controle e acesso.

    f) No eliminar documentos sem consultar profissionais com potencial

    interesse: cientistas, outros pesquisadores, administradores,

    arquivistas, bibliotecrios, muselogos.

    16

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    18/98

    g) Definir a forma de guarda dos documentos digitais.

    h) Definir quais documentos devero permanecer no laboratrio por

    um prazo maior e quais podero ser encaminhados para o ArquivoInstitucional ou Biblioteca.

    A sistemtica pode abranger apenas procedimentos, como tambm

    incluir mobilirios, infra-estrutura fsica, local, materiais e equipamentos. Assim,

    algumas recomendaes bsicas para auxiliar a equipe do laboratrio a

    preservar os documentos podem ser destacadas:

    Mobilirio

    2.2 Escolher o mobilirio mais adequado para o tipo de material a ser

    preservado.

    Existem diferentes mobilirios que podem ser utilizados para a guarda

    dos mais variados documentos. Os mobilirios tambm contribuem para uma

    melhor preservao dos documentos. importante priorizar os mais seguros,

    aqueles que podem ser trancados e que no causem dano ao documento.

    Algumas medidas podem ser tomadas:

    a) Adquirir mobilirio adequado para a guarda dos documentos, de

    acordo com seu suporte fsico, para que fique bem acondicionado,

    propiciando uma vida mais longa.

    b) Utilizar mobilirios fechados que possam ser trancados e que

    protejam os documentos do contato direto com luz, poeira, e ao

    alcance fcil das mos.c) Controlar o acesso a esses mobilirios registrando, por escrito, as

    pessoas que podem utilizar suas chaves.

    d) Manter o mobilirio em locais que no sejam de circulao de

    pessoas e nem em reas de fcil acesso a pessoas no autorizadas ou

    que no pertenam equipe do laboratrio.

    17

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    19/98

    Local de guarda dos documentos

    2.3 Planejar o local de guarda dos mobilirios e documentos de forma a

    melhor preserv-los.

    O local de guarda dos documentos tambm deve ser planejado para

    que propicie segurana e preservao aos documentos. Uma opo seria a

    criao de um espao fsico separado para a guarda de documentos de carter

    tcnico e dos dados brutos, que funcione como o Arquivo Tcnico do

    laboratrio ou da Diviso/Coordenao. Algumas diretrizes devem ser

    observadas:

    a) Evitar a guarda dos mobilirios em espaos vulnerveis, ou perto dos

    seguintes locais:

    Cozinhas Armazenamento de material perecvel ou inflamvel Local passvel de inundao, entrada de gua da chuva ou com

    muita umidade Sem ventilao

    b) Manter os documentos sigilosos em local seguro, criando critrios

    claros para seu controle e acesso. Podem ser guardados no Arquivo

    Tcnico.

    c) Dar especial ateno aos cadernos de laboratrio, arquivando-os em

    lugar seguro sempre que no estiverem mais em uso. As

    informaes contidas nos cadernos so sempre consideradas

    importantes, tanto sob o ponto de vista cientfico, quanto histrico.

    Responsabilidades

    O responsvel pela pesquisa ou pelo laboratrio tem papel relevante na

    preservao dos documentos. Sua postura e liderana podem ser determinantes

    para a preservao ou eliminao dos registros das pesquisas.

    18

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    20/98

    2.4 Definir as responsabilidades quanto preservao dos documentos,

    tanto por parte do lder da pesquisa ou laboratrio, quanto da equipe.

    O responsvel pelo laboratrio deve ser a pessoa indicada para assumiresta tarefa de definir a metodologia de guarda, ou delegar quem o far,

    seguindo as orientaes:

    a) Registrar a metodologia de guarda e preservao dos documentos

    da pesquisa, de forma que seja possvel a sua de recuperao. Toda a

    equipe deve tomar cincia da metodologia e cumpri-la para que

    alcance xito.

    b) Cobrar da equipe do laboratrio que considere a importncia da

    preservao dos documentos como um dever para geraes futuras

    e tenham isto como uma preocupao rotineira.

    3 Tipos e suportes documentais

    O conhecimento da tipologia de documentos fundamental para o

    domnio da produo documental sabendo em que fase da pesquisa ele produzido e sua funo em todo processo. Isto facilita o trabalho de avaliao e

    seleo dos documentos que devero ser preservados. Alm disso, este domnio

    permite compreender a gnese e a funo dos documentos no seu contexto de

    criao. Identificar quais so os documentos produzidos pelas etapas de uma

    pesquisa cientfica, e seu papel, permite uma maior clareza da sua importncia e

    possibilita ao arquivista planejar melhor a produo, avaliao, classificao e

    descrio dos documentos.

    Algumas sugestes podem ser indicadas para se conhecer a tipologia

    dos documentos dos laboratrios.

    3.1 Preservar os documentos que registrem os diferentes tipos de dados

    brutos coletados: observacionais ou experimentais, numricos ou

    descritivos.

    19

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    21/98

    Os dados brutos da pesquisa devem ser preservados como

    comprovantes das pesquisas e como fonte para novas investigaes, tanto para

    objetivos cientficos, como histricos ou outros. As informaes sobre o

    contexto dos dados devem ser identificadas para garantir o acesso rpido e

    confivel, tais como: nome do projeto; responsvel pela criao dos dados; tipo

    de dado; equipamento e mtodos usados para criar/coletar os dados; forma

    fsica (fitas de computador, relatrio impresso por computador, tiras de papel,

    planilhas etc.); quantidade; disposio, alm de outras julgadas relevantes.

    3.2 Definir os prazos de guarda para cada documento e sistematiz-los em

    uma tabela.

    Uma das principais vantagens de se conhecer a tipologia a fcil

    identificao dos documentos produzidos, e previamente. Uma listagem com

    os tipos documentais deve ser elaborada na forma de uma tabela. Ao lado de

    cada documento, definir o prazo de utilizao no mbito do laboratrio e sua

    guarda permanente ou eliminao futura. Uma vez produzida esta tabela, ela

    servir como guia para todo o laboratrio e todas as pesquisas realizadas e

    dever ser atualizada somente quando se julgar necessrio. um esforo queser feito uma vez s.

    Esta tabela servir de embrio para a elaborao de uma Tabela de

    Temporalidade dos documentos, que um dos instrumentos de gesto com o

    qual ir trabalhar o Arquivo Institucional. A tabela poder ser elaborada

    seguindo o modelo do ANEXO 2.

    3.3 Acondicionar os documentos de forma segura sua conservao.

    Todos os documentos devem ser guardados em embalagens seguras

    que no interfiram na sua integridade fsica e no coloquem em risco as

    informaes. Os documentos digitais nos seus diferentes suportes, como HD,

    CD, DVD ou, ainda, em meios magnticos devem ser acondicionados em

    invlucros especiais. Deve ser previsto um mobilirio adequado para essa

    guarda, devidamente chaveado. O responsvel pelo laboratrio dever montar

    20

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    22/98

    uma sistemtica de controle de acesso a esse mobilirio. Os tamanhos e

    formatos devem ser observados. O Arquivo Institucional dar apoio e subsdios

    para a preservao.

    4 - Correspondncia

    A correspondncia tem um papel significativo para a atuao do

    laboratrio e da instituio e para a memria cientfica, contribuindo para o

    entendimento de muitas relaes profissionais, resultados de pesquisa e

    intercmbio cientfico. As longas cartas narrando acontecimentos, impresses

    pessoais e experincias, deram lugar a brevssimas mensagens por meio docorreio eletrnico. Diante disso, mais do que urgente a criao de normas para

    sua preservao. Para o arquivista e o historiador, a disponibilizao de

    mensagens pessoais e profissionais de pesquisadores via correio eletrnico

    transforma-se em um material importante para a histria da cincia.

    A crescente utilizao do correio eletrnico em substituio ao correio

    tradicional preocupa historiadores que se utilizam dessa fonte para a

    compreenso de fatos e trajetrias profissionais. O correio eletrnico, aomesmo tempo em que prtico, rpido e fcil, tambm instvel, voltil e

    transitrio. A fragilidade do suporte faz com que a probabilidade de perda seja

    maior do que a do tradicional papel. Com o avano rpido da tecnologia, as

    mensagens eletrnicas, antes informais, esto cada vez mais assumindo as

    necessidades de formalizao das instituies, justamente por seu carter

    rpido, prtico e de baixo custo. A tendncia ao desaparecimento faz com que

    seja emergente a necessidade de se criar mecanismos para a preservao da

    correspondncia eletrnica, os chamados e-mails.

    Em geral, a correspondncia formal tradicionalmente arquivada e

    controlada pelos arquivos. A via correio eletrnico alvo de muitas dvidas, pois

    ainda no amplamente tratada pelos arquivos e negligenciada pelas

    instituies. A correspondncia formal arquivada como recebida e expedida,

    pouco sofrendo uma avaliao criteriosa para descarte. J as mensagens via

    21

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    23/98

    correio eletrnico no so vistas como documento de arquivo. Os responsveis

    pelos laboratrios devero elaborar critrios para a avaliao, seleo, descarte

    e arquivamento da correspondncia.

    Correspondncia tradicional

    Para sua preservao, o ideal seria abrir pastas temticas no arquivo

    corrente do laboratrio. Caso no haja esse arquivo providenciar um armrio

    para a guarda de pastas suspensas. As pastas podem ser identificadas por

    projetos, temas, parcerias, ou outras, de acordo com as necessidades de

    controle ou de utilizao. To logo as pastas no sejam mais de uso corrente,

    estas devem ser transferidas para o Arquivo Institucional.

    4.1 Definir os critrios para a seleo da correspondncia considerando seu

    contedo, a saber:

    Criao e implementao do laboratrio Primeiros projetos e pesquisas do laboratrio Formao de equipes Recursos financeiros e materiais para o laboratrio As aes e atividades do laboratrio Projetos e pesquisas, ativos ou concludos Parcerias, acordos de cooperao tcnica e convnios Outros julgados importantes.

    Correspondncia eletrnica

    to importante quanto a tradicional. No mbito das pesquisas, a

    mais utilizada por pesquisadores para a troca de informaes. Sua preservaopara fins cientficos e histricos fundamental. Para tanto, alguns critrios

    devem ser observados:

    4.2 Treinar a equipe e usurios para o aplicativo do correio eletrnico, a fim

    de melhor utilizar suas possibilidades e recursos oferecidos, objetivando

    evitar perdas e enganos.

    22

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    24/98

    importante que os pesquisadores conheam os recursos oferecidos

    pelas ferramentas do correio eletrnico, de modo a facilitar a organizao das

    mensagens. Os responsveis pelo laboratrio devem solicitar um treinamento

    ao setor de informtica. Se for o caso, um membro da equipe do laboratrio

    pode ser designado responsvel pelo gerenciamento e arquivamento das

    mensagens, de tal forma que o controle esteja sempre atualizado e faa parte

    da rotina da equipe.

    4.3 Disponibilizar um servidor de mensagens (mailserver) dedicado ao

    recebimento e guarda de e-mails.

    Caso o laboratrio no tenha estrutura para disponibilizar um servidor

    de mensagens, deve ser providenciado um computador com boa capacidade de

    armazenamento. Alm disso, devem ser desenvolvidos programas especficos

    para gerenciamento de mensagens (aplicativos) que ofeream um sistema de

    arquivamento simples, permitindo a gravao em outro sistema que no o

    original, mantendo por exemplo, suas caractersticas originais como formato,

    estilo, diagramao e anexos.

    4.4 Criar e administrar critrios de armazenamento da correspondncia

    recebida, por longo prazo, especialmente aqueles que se referem s

    reas fins do laboratrio.

    Utilizar os mesmos critrios para a correspondncia tradicional,

    conforme item 4.1; alm destes, devem ser preservadas as mensagens que:

    a) Servem como prova de uma ao ou atividade;

    b) Contm informao tcnica;

    c) Trocam informaes sobre a pesquisa;

    d) Enviam texto de interesse;

    e) Mudam o rumo de uma pesquisa;

    f) Alteram responsabilidades;

    g) Informam uma tomada de deciso.

    23

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    25/98

    4.5 Implementar uma poltica de arquivamento de correspondncia como

    componente de um programa de gerenciamento de arquivos, com sua

    prpria poltica e procedimentos de arquivamento tradicional,

    determinando quais correspondncias e anexos devem ser salvos, por

    quanto tempo e quando apagar.Esta poltica deve:

    a) Referenciar e reforar outras polticas institucionais, tais como:

    poltica de Tecnologia da Informao TI no que se refere ao uso

    aceitvel e confivel; e polticas de Recursos Humanos no que se

    refere a: cdigo de conduta e polticas, e procedimentos legais

    relativos a processo de custdia. Ser considerada de uso aceitvel a

    correspondncia pessoal casual ou ocasional para propsitos no

    oficiais/institucionais como, por exemplo, transaes financeiras e

    contatos pessoais.

    b) Criar uma poltica de arquivamento que defina as funes e

    responsabilidades dos usurios, dos gerentes, da equipe da TI, da

    equipe de gesto de documentos e da Administrao no que serefere aos aspectos jurdicos para o reforo da poltica.

    c) Prever diretrizes para a definio dos dados considerados privados,

    para o gerenciamento e reteno de mensagens, alm de

    penalidades para a no obedincia s polticas e normativas.

    d) Determinar como e onde a correspondncia via correio eletrnico

    ser gerenciada, protegida e retida de acordo com a poltica de

    guarda da instituio e do calendrio de atualizao de cpias. Asopes podem incluir sistemas de arquivamento automtico de

    correio eletrnico, procedimentos manuais ou hbridos: manual e

    eletrnico.

    e) Conjugar os mtodos tradicionais de arquivamento de

    correspondncia em papel, com os atuais sistemas informatizados

    de gerenciamento de correspondncia eletrnica, de maneira

    24

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    26/98

    integrada e complementar. Os documentos em meio digital podem

    receber o mesmo sistema de arquivamento da correspondncia em

    papel (por ordem cronolgica, alfabtica ou por assunto). As

    mensagens via correio eletrnico (e-mails) tambm podem ser

    impressas e arquivadas no sistema tradicional para papel.

    Preservao de convites

    Atualmente, grande parte dos convites chega via correio eletrnico. Os

    convites virtuais, que so visualizados na tela do computador, em geral, no so

    guardados. So lidos e descartados. Quando muito, so conservados aqueles

    em papel e que chegam via correio tradicional. Na maioria dos casos, as

    informaes so passadas para outros documentos e os convites so

    eliminados. Algumas diretrizes podem ser observadas:

    4.6 Estabelecer critrios de avaliao para a preservao de convites.

    A equipe do laboratrio deve definir quais convites devero ser

    preservados, avaliando a participao da equipe, do laboratrio, da pesquisa.

    Aqueles que registrarem a importncia do trabalho realizado devero serpriorizados. Os convites descartados devero ter suas informaes registradas

    nos relatrios anuais do laboratrio.

    4.7 Registrar os convites nos currculos dos pesquisadores.

    Assim, a instituio tem as informaes reunidas para avaliao de

    desempenho. Alm disso, as informaes devem ser mantidas atualizadas no

    currculo do pesquisador. Preferencialmente, deixar uma cpia na instituiopara comprovao.

    5 - Informtica

    O uso de equipamentos informticos e de programas especficos

    essencial para as atividades realizadas em todas as reas do conhecimento.

    25

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    27/98

    Muitos laboratrios necessitam de programas especializados para o

    desenvolvimento dos trabalhos, enquanto que outros desenvolvem seus

    prprios programas. A informtica pode estar ligada s atividades-fim ou serutilizada apenas como um meio.

    Existem duas questes importantes para a Histria da Cincia: a

    preservao dos dados da pesquisa e a preservao das informaes sobre o

    funcionamento dos equipamentos informticos e de programas de

    computador. Esta ltima avaliada pela preservao dos manuais e das

    instrues de uso.

    Estes documentos descrevem a utilizao dos equipamentos e

    programas e so importantes para o conhecimento do funcionamento das

    mquinas e das pesquisas. Sua preservao por longo prazo permitir uma

    reconstituio histrica da pesquisa cientfica, tanto para a prpria cincia

    quanto para a histria da cincia.

    O uso de equipamentos informticos (hardware) e sua forma de

    utilizao na pesquisa, bem como a migrao de dados das pesquisas para

    novas tecnologias, devem ser observados pelos produtores desses documentos.

    Alguns critrios devem ser tomados para se preservar a forma de utilizao,

    tanto dos dados da pesquisa, quanto das instrues de uso.

    5.1 Selecionar hardware, software e formatos de arquivos que melhor

    assegurem que os materiais digitais permanecero facilmente acessveis

    com o passar do tempo.

    Os dados das pesquisas devem estar acessveis por longo prazo, para

    que possam ser utilizados por futuras equipes realizando novas pesquisas. O

    prejuzo da perda dos dados brutos da pesquisa difcil de ser avaliado. Significa

    refazer todo um conhecimento ou toda uma trajetria, o que nem sempre

    possvel. Alm disso, h o prejuzo financeiro com recursos perdidos.

    26

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    28/98

    5.2 Adotar programa de computador compatvel com verses anteriores e

    com futuras verses, de maneira que os programas conversem com

    outros softwares e sistemas

    2.

    importante que os novos programas adotados possam conversar

    com os antigos. Caso isso no ocorra, corre-se o risco da perda de dados

    importantes da pesquisa; assim, convm evitar que se percam informaes

    fundamentais de uma pesquisa ou projeto. Tambm importante que o

    programa utilizado seja compatvel com sistemas de um modo geral e capaz de

    atualizaes futuras. Ao se adquirir ou planejar um sistema, deve haver a

    garantia de que ele possa ser atualizado com as novas verses.

    5.3 Manter as especificaes do software utilizado.

    Documentar bem todos os softwares construdos por uma pesquisa ou

    utilizados por ela, bem como a construo do sistema como um todo para

    garantir sua acessibilidade. As informaes sobre os programas utilizados e/ou

    produzidos devem ser mantidas junto com os documentos da pesquisa,

    enquanto forem teis prpria pesquisa. Depois, encaminhar para o ArquivoInstitucional.

    5.4 Assegurar que os documentos digitais sejam estveis e fixos, ambos em

    seus contedos e nos seus formatos.

    Para ser considerado um documento preciso que haja uma

    estabilidade de contedo e formato, e que a informao esteja fixada em um

    suporte. Enquanto a informao est sendo manipulada e passvel de sofrer

    alteraes, ainda no pode ser considerada como documento, o que se dar

    27

    2 Ver documentos produzidos pelo Projeto Interpares: International Research onPermanent Authentic Records in Electronic Systems (InterPARES), que tem comoobjetivo o desenvolvimento de conhecimento essencial para a preservao dedocumentos autnticos por longo prazo, criados ou mantidos em meio digital.Informaes disponveis em: .

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    29/98

    somente aps sua estabilidade e fixao em um suporte. Uma vez documento,

    ele deve ser considerado na sistemtica de guarda.

    5.5 Assegurar que os documentos digitais sejam prontamenteidentificados.

    Dentre as informaes principais, destacam-se: nome do autor; origem

    e endereamento; ttulo ou assunto; espcie e tipologia documental (relatrio,

    carta, contrato); nome do projeto, objetivo, patrocinadores; formato; datas de

    criao e transmisso; entre outros. As informaes sobre os documentos

    digitais que o identificam e permitem sua recuperao so os metadados, que

    devem ser preservados sob pena de se perder o contedo e o contexto dos

    documentos.

    5.6 Assegurar que o documento digital leve as informaes que ajudaro a

    verificar sua integridade.

    Isto quer dizer que o documento deve estar intacto e incorrupto, e a

    mensagem, que tem o significado de comunicar para alcanar seu propsito,

    deve estar inalterada. Se os documentos se referirem a projetos de pesquisa,relacionar todas as informaes que identifiquem o referido projeto.

    5.7 Providenciar cpias de segurana em duplicidade, protegendo materiais

    digitais de perda acidental ou de serem corrompidos.

    Vrios meios disponveis podem ser utilizados. Todas estas medidas so

    vlidas para no se perder os dados de uma pesquisa cientfica. Podem ser feitos

    utilizando-se CD, DVD, disco rgido, ou outros meios disponveis e compatveis.O melhor caminho para se evitar tais perdas fazer cpias regulares e com

    freqncia. As cpias devem ser armazenadas em outro local,

    preferencialmente fora da instituio, oferecendo uma proteo adicional

    contra fogo e roubo de equipamento. Muitas tcnicas de cpia (backup),

    pacotes de software e servios so disponveis, inclusive alguns que criam

    automaticamente as cpias e as transmite para um local seguro e fora da

    28

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    30/98

    instituio. Alm disso, o acesso aos equipamentos tambm deve ser

    controlado de maneira rigorosa.

    5.8 Manter a proteo antivrus na rede institucional sempre atualizada.

    O antivrus desempenha um papel importante o sistema de gesto e

    armazenamento de dados em rede, e o investimento na sua aquisio e

    manuteno deve ser garantido.

    5.9 Manter cpias atualizadas e com freqncia pr-definida.

    A freqncia para a realizao de cpias deve ser definida baseada emcritrios a serem elaborados pela equipe do laboratrio. Por exemplo, realizar

    cpias sempre que houver:

    a) Inovao tecnolgica.

    b) Atualizao no projeto ou nos dados.

    5.10 Estabelecer sistemtica institucional para realizao de cpias de todos

    os computadores em rede e tambm para aqueles que no esto emrede.

    O laboratrio deve seguir as normativas institucionais para cpias em

    rede. Caso no haja, estabelecer uma prpria para o laboratrio. Por uma

    questo de precauo extra, pode e deve ser feita uma cpia de segurana fora

    da rede institucional.

    5.11 Criar sistemtica para a guarda dos manuais dos equipamentosinformticos.

    Os manuais devem ser preservados em local seguro e com acesso

    controlado. Preferencialmente podem ser encaminhados ao Arquivo

    Institucional aps seu uso corrente ter sido concludo. Caso no haja Arquivo

    Institucional, providenciar local especfico e seguro para a sua guarda. Adotar

    29

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    31/98

    um Livro de Registro para controlar o emprstimo ou a sada, do laboratrio,

    dos manuais e instrues de uso.

    5.12 Migrar os documentos de suporte e formato sempre que for preciso.

    Atualizar os documentos sempre uma boa opo de preservao no

    mundo atual, onde os suportes e os meios sofrem constantes mudanas de

    suporte e formato. Os suportes mais frgeis no duram por longo tempo e so

    suscetveis obsolescncia tecnolgica e, conseqentemente, perda de

    informao. Migrar para um suporte mais seguro e de vida til mais longa a

    opo utilizada para garantir o acesso informao por mais tempo.

    6 Instrumentos cientficos

    H uma discusso conceitual na rea museolgica com relao ao

    termo instrumento cientfico, pois existem muitos objetos utilizados nas

    pesquisas em laboratrios com diferentes funes. Outros termos tambm

    podem ser adotados, como: dispositivos, ferramentas, aparatos dentre outros.

    Estes termos ainda esto em discusso na rea museolgica e no so

    consensuais, pois nem sempre fcil ou possvel determinar seus limites. O

    MAST tem adotado o termo objetos de cincia e tecnologia, definido como

    aqueles que so o resultado ou so oriundos de pesquisas de desenvolvimento

    cientfico e tecnolgico ou que tenham sido utilizados nas mesmas.

    Os instrumentos cientficos tm um significado importante em um

    museu de cincia e tecnologia. Por ser um museu tambm voltado

    preservao de instrumentos cientficos, o MAST tem especial interesse no

    tratamento dado aos objetos que testemunham o avano e os processos

    cientficos e tecnolgicos. A preservao de instrumentos e equipamentos, bem

    como seus manuais de operao e instrues de uso, so fontes importantes

    para o estudo da histria da cincia. Para que estas informaes e objetos no

    se percam, algumas atitudes podem ser tomadas.

    30

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    32/98

    Instrumentos e equipamentos

    6.1 Criar uma sistemtica para a guarda da documentao relativa ao

    instrumento/equipamento.

    A sistemtica refere-se aquisio, manuteno, utilizao, concesso,

    alienao, qualificaes exigidas na operao etc. Preservar, ainda, documentos

    que registrem os instrumentos, tais como: desenhos, esboos, fotografias,

    manual de operao, bem como correspondncia com fornecedores e outros

    pesquisadores.

    6.2 Estudar o destino a ser dado para os instrumentos aps a obsolescncia.

    O destino deve ser avaliado considerando:

    Se permanecer na instituio, providenciar local especfico paraguarda, que esteja em boas condies de acesso e preservao.

    Se for alienar, buscar uma instituio onde o instrumento cientficoainda possa ser utilizado para a pesquisa cientfica, histrica ou

    educativa. Evitar a canibalizao para utilizao das peas em outrosequipamentos. Caso no seja possvel, registrar os instrumentoscientficos por meio de fotos, plantas, desenhos etc., e encaminharpara guarda permanente no Arquivo Institucional.

    Manuais ou instrues de uso

    6.3 Estabelecer, como critrio, a guarda dos originais dos manuais ou

    instrues de uso no Arquivo Institucional.

    Os manuais, em geral, so de guarda permanente e, portanto, sua

    guarda definitiva deve ser no Arquivo Institucional. O ideal providenciar uma

    cpia para o uso do laboratrio, preservando o original de um manuseio

    constante e mantendo-o em local seguro.

    31

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    33/98

    6.4 Criar regras e normativas nos laboratrios, aos moldes do que ocorre no

    Sistema da Qualidade.

    A organizao dos documentos exigida pelo Sistema da Qualidade umbom exemplo de controle a ser seguido, mesmo pelos laboratrios que no tm

    este sistema implantado. Alguns pontos podem ser empregados, a saber:

    a) Adotar uma planilha, caderno ou livro para o registro de todas as

    manutenes ocorridas nos equipamentos e as condies de uso dos

    equipamentos.

    b) Abrir uma pasta para cada instrumento com o objetivo de arquivartodos os documentos referentes ao instrumento, tais como: notas

    fiscais, manuais, registros de manutenes, certificado de garantia,

    roteiro de uso etc.

    c) Deixar registrada a forma de utilizao do instrumento na pesquisa.

    7 - Arquivos pessoais em laboratrios

    Os pesquisadores que atuam nos laboratrios produzem documentosno decorrer de suas atividades e sob sua responsabilidade. Em muitos casos,

    estes documentos so vistos como pessoais do pesquisador, e no como

    registro das atividades institucionais. A existncia de arquivos pessoais em

    laboratrios relativamente comum, tanto em laboratrios ativos quanto nos j

    desativados, especialmente naqueles com dcadas de existncia. Refere-se a

    pesquisadores que no esto mais na ativa, por aposentadoria ou falecimento,

    mas que deixaram seus documentos nos laboratrios onde atuaram.

    Muitas vezes estes documentos permanecem no prprio laboratrio,

    porm sem qualquer interferncia da instituio ou da equipe atual do

    laboratrio, de maneira no integrada. Podem permanecer esquecidos,

    guardados de maneira inacessvel ou deixados de lado. uma questo que gera

    controvrsia e precisa ser mais bem explorada e compreendida pela instituio.

    Para sanar esta questo, a instituio deve se posicionar com relao sua

    32

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    34/98

    produo documental, no sentido de legitimar sua propriedade. Algumas

    recomendaes so bsicas:

    7.1 Encaminhar para o Arquivo Institucional os documentos consideradospessoais, de pesquisadores que no atuam mais na instituio.

    O laboratrio no deve manter documento de ex-pesquisadores sob sua

    responsabilidade, a menos que contenham dados brutos e informaes ainda

    teis para a pesquisa cientfica e tecnolgica. Encaminhados ao Arquivo

    Institucional, os documentos ficaro sob sua guarda e conservao, ficando

    disponveis para a consulta. Caso haja casos de restries de acesso, esta

    informao dever ser passada ao Arquivo Institucional, que se responsabilizar

    pelo controle do acesso. A grande vantagem para o laboratrio que ele no

    precisar arcar com o nus da preservao, deixando os pesquisadores mais

    concentrados em suas pesquisas.

    7.2 Determinar que a instituio tenha prioridade na aquisio dos arquivos

    pessoais de seus pesquisadores, entendendo que este material tem

    ligao estreita com os documentos produzidos pela instituio.

    Mesmo sendo considerados pessoais, os documentos foram produzidos

    no mbito do laboratrio e tm relao estreita com as pesquisas realizadas.

    Quando os pesquisadores ou seus familiares resolvem se desfazer destes

    documentos, a prioridade deve ser da instituio onde os documentos foram

    gerados.

    7.3 Arquivar, de forma permanente, todos os documentos referentes

    criao e implantao do laboratrio/unidade.

    Todos os documentos de criao do laboratrio devem ser arquivados,

    tais como: projetos de implantao, portarias, normas internas, atas de reunio,

    primeiras pesquisas. Estes documentos devem ser preservados em carter

    permanente no Arquivo Institucional. Tal medida, alm de garantir sua

    sobrevivncia, livra o laboratrio do nus de se ocupar da guarda dos

    33

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    35/98

    documentos. A principal vantagem a de que ser possvel recuperar os

    registros para reconstruir a histria do laboratrio, da rea de conhecimento e

    do papel da pesquisa na instituio. Tambm igualmente importantearquivaros documentos significativos referentes a laboratrios j desativados,

    reformulados ou que tenham sido incorporados a outros laboratrios.

    8 - Documentos pessoais e institucionais

    importante verificar o quanto se tem de pessoal e de institucional nos

    documentos produzidos pelos laboratrios, sob o ponto de vista dos

    pesquisadores. A experincia do Arquivo de Histria da Cincia do MAST napreservao de arquivos pessoais de cientistas de diversas reas demonstra que,

    em geral, chegam ao arquivo documentos que os arquivistas consideram que

    deveriam estar na instituio de origem do cientista, e no sob sua guarda como

    acervo pessoal. preciso compreender porque isto ocorre e quais as razes dos

    pesquisadores para estabelecer os limites. Os documentos pessoais podem se

    confundir com os profissionais, produzidos pelos pesquisadores em outras

    instituies ou associaes cientficas, e serem mantidos por ele na instituio

    onde atua. relativamente comum encontrar documentos tipicamente

    institucionais na residncia de pesquisadores.

    A importncia da relao entre pessoal e institucional na documentao

    produzida pelos laboratrios est na possibilidade de se obter maior clareza no

    processo de avaliao de documentos e para o estabelecimento de sistemticas

    de organizao, preservao e eliminao de documentos.

    O limite entre pessoal e institucional no mbito dos laboratrios uma

    temtica onde no h consensos de opinies. Em muitos casos, os limites so

    estabelecidos a critrio do pesquisador, uma deciso mais pessoal do que

    institucional. Isto representa uma fragilidade para a preservao dos registros

    institucionais na sua rea fim. Para minimizar os desentendimentos, algumas

    aes devem ser tomadas.

    34

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    36/98

    8.1 Estabelecer critrios para determinar quais documentos sero

    considerados pessoais no mbito do laboratrio, e quais sero

    considerados institucionais, que sero encaminhados para a guarda

    permanente no arquivo institucional.

    A equipe do laboratrio deve decidir sobre a institucionalidade dos

    documentos e, em especial, dos dados brutos. Aqueles que podero ser

    reutilizados em outras pesquisas, mesmo por outras equipes, e ainda, aqueles

    que foram obtidos com recursos oramentrios e oriundos de fundos pblicos,

    devem ser considerados institucionais. Os documentos definidos como pessoais

    podero ficar sob a responsabilidade dos pesquisadores. Sejam quais forem os

    critrios, eles devero ser registrados por escrito e comunicados ao Arquivo

    Institucional.

    8.2 Realizar um trabalho de conscientizao interna com a equipe do

    laboratrio, no sentido de incentivar os pesquisadores para a criao de

    critrios de avaliao dos documentos que sero considerados pessoais

    e institucionais.

    A conscientizao pode ser mais efetiva do que apenas uma normativa.

    Entender a importncia favorece a iniciativa do responsvel pelo laboratrio no

    treinamento de sua equipe e na criao de critrios de avaliao dos

    documentos. Os critrios devem levar em considerao a importncia da

    pesquisa no que se refere ao ineditismo e aos impactos dos resultados, a equipe

    envolvida, a relevncia na rea de pesquisa, os objetivos estratgicos

    institucionais, dentre outros. E, sobretudo, dever ser avaliado o que de fato

    pode ser considerado pessoal no mbito do laboratrio.

    8.3 Definir as regras que ditaro os limites entre os documentos que podem

    ser considerados pessoais e institucionais.

    Os documentos pessoais so aqueles dos quais os pesquisadores

    podero dispor e os institucionais so os que passaro a fazer parte do acervo

    documental como patrimnio da instituio e que, portanto, devero ser

    35

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    37/98

    preservados. Para a definio dos limites necessrio que o laboratrio tenha

    clareza de sua misso institucional e do papel que exerce na instituio.

    Entretanto, igualmente necessrio que a instituio compreenda a produo

    do laboratrio como uma produo institucional. Assim sendo, h que se ter a

    real noo dos produtos dos laboratrios como patrimnio da instituio.

    Quando a instituio for plenamente consciente de seu patrimnio, ser mais

    fcil a conscientizao de seus pesquisadores para a preservao da

    documentao.

    8.4 No estabelecimento desses limites, o pesquisador e sua equipe devero

    ser ouvidos sobre o significado dos documentos e o seu valor para a

    instituio, para o pesquisador, para outras equipes e para a histria da

    cincia.

    Ningum melhor que prprio pesquisador para compreender o valor da

    documentao produzida, tanto para o prprio uso cientfico, quanto para

    outros usos no futuro. Nestes casos, podem ser consultados historiadores da

    cincia, educadores, jornalistas e outros profissionais que podero utilizar

    informaes para a histria da cincia, divulgao cientfica, educao para a

    cincia, dentre outras possibilidades.

    8.5 Implantar um programa de preservao consistente, elaborado com

    critrios fundamentados em uma reflexo com a participao de

    pesquisadores, administradores, arquivistas, diretores e historiadores.

    Um programa de preservao amplo, com treinamento de profissionais

    qualificados, e com a participao efetiva de todos os setores institucionais, ter

    mais chances de obter sucesso. Algumas diretrizes podem ser recomendadas:

    a) Estabelecer os prazos de guarda e reteno dos documentos nos

    laboratrios e os prazos para sua guarda permanente no Arquivo

    Institucional ou sua eliminao. To logo a pesquisa esteja concluda

    e os documentos no sejam mais de uso corrente, eles podem ser

    encaminhados ao Arquivo Institucional para a guarda permanente.

    36

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    38/98

    Os documentos que podero ser descartados devero ser entregues

    para o arquivista, que providenciar os trmites legais para o

    descarte de documento pblico.

    b) Disponibilizar consulta os documentos encaminhados ao Arquivo

    Institucional, indicando os que podero ter acesso restrito ainda por

    um tempo, desde que devidamente justificado e com o prazo de

    abertura estipulado. Alguns documentos ainda podem exigir um

    carter restrito consulta, o que no invalida sua guarda no Arquivo

    Institucional, que tem a estrutura necessria para o controle do

    acesso. Quanto aos demais documentos, o acesso j pode ser

    liberado, seja para outras equipes ou para interesses externos.

    c) Estabelecer critrios para definir o carter pessoal e institucional de

    alguns documentos mais polmicos, como:

    I. Teses possuem ambas as caractersticas. Prever que a tese seja

    encaminhada para a biblioteca porque uma produo

    intelectual com vocao pblica. Encaminhar um exemplar para

    o arquivo. Encaminhar os documentos intermedirios que deram

    origem tese, ao Arquivo Institucional. Se o projeto de tese

    possui dados inditos que podero ser reaproveitados para

    outras pesquisas, tais dados devero ser mantidos nos

    laboratrios enquanto forem teis e, mais tarde, encaminhados

    para o Arquivo Institucional. Caso haja rascunhos que no

    surtiram resultados, estes documentos podem ser considerados

    pessoais e permanecer com o seu autor. O importante que a

    instituio trace critrios fundamentados nas necessidades daspesquisas e reconhecendo o valor do documento como

    registro/testemunho da trajetria institucional.

    II. Artigos situao semelhante anterior. Se os documentos que

    deram origem ao artigo possurem dados inditos, como

    medidas observadas ou produzidas, os dados originais so

    institucionais e o pesquisador tambm poder ter uma cpia dos

    37

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    39/98

    dados se estes respaldarem seu trabalho ou forem utilizados para

    outras pesquisas.

    III. Dados eletrnicos atribuir autoria/responsabilidades aos dados.Quando em rede, a instituio deve estabelecer maneiras de

    identificao de autoria e responsabilidades quanto

    manipulao, utilizao e atualizao para no gerar dvidas.

    Deve, tambm, definir os limites entre o pessoal e o institucional

    com base na:

    possibilidade de impresso em papel ou outro meio para uma

    preservao de longo prazo. possibilidade de fornecer cpia aos pesquisadores, dos dados

    considerados institucionais, porque so facilmente

    transportveis.

    previso de infra-estrutura para preservao dos dadoseletrnicos quando no for mais de uso corrente para a

    pesquisa cientfica, permanecendo sob a responsabilidade do

    Arquivo Institucional ou da rea de informtica da instituio.

    IV. Patente Reservar ao pesquisador ou equipe responsvel, por

    razes de segredo, os documentos gerados por uma pesquisa

    que visa uma patente. Porm, finda a pesquisa e a patente

    alcanada, a instituio dever avaliar o prazo necessrio para

    que a documentao possa ser aberta consulta no Arquivo

    Institucional. Os documentos que deram origem patente sero

    considerados institucionais.

    V. Correspondncia Estabelecer critrios para a avaliao da

    correspondncia que ser preservada, seja tradicional ou via

    correio eletrnico, e determinar que se preserve toda e qualquer

    correspondncia que:

    refira-se ao andamento do projeto de pesquisa.

    registre ou altere um compromisso assumido.

    38

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    40/98

    registre a participao da equipe e dos participantes doprojeto.

    encaminhe resultados ou observaes relevantes para apesquisa.

    altere o rumo ou andamento da pesquisa.

    encaminhe documentos relevantes em anexo, como, porexemplo, atas de reunies, dados de pesquisa, relatrios de

    acompanhamento, entre outros.

    8.6 Considerar o interesse institucional dos documentos julgados pessoais,

    para uma futura prioridade de aquisio.

    Trata-se dos documentos encaminhados para a casa do pesquisador por

    serem considerados pessoais. Quando o pesquisador ou a famlia quiser

    desfazer-se dos documentos, a instituio onde o cientista atuou deve ter

    prioridade na aquisio. Tanto os documentos institucionais quanto os pessoais

    so de interesse para a histria da cincia (ver tambm item 7).

    9 Documentos pblicos e privados

    O limite entre pblico e privado uma questo sempre presente em

    vrias reas do conhecimento, sobretudo no caso dos arquivos. Os documentos

    produzidos pelas etapas intermedirias3 de uma pesquisa realizada em

    laboratrio costumam ser um desafio para arquivistas por diversas razes: tm

    carter altamente tcnico, so de difcil acesso, esto sob a guarda dos

    pesquisadores e, muitas vezes, so considerados por eles como de carter

    privado. A reflexo sobre esta documentao, sob o ponto de vista da pesquisa

    histrica, fundamental para a compreenso dos procedimentos adotados

    pelos laboratrios, bem como sobre metodologias, rotinas, infra-estrutura,

    participao da equipe, dentre muitos outros.

    39

    3 So os do cumentos que represen tam todas as etapas de um proces so, opasso-a-passo da pesquisa, antes da produo dos documentos finais.

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    41/98

    O que se observa de uma maneira geral que os documentos

    produzidos pelas etapas intermedirias de um processo de investigao

    cientfica so considerados privados do pesquisador. Como controverso o

    entendimento de que esses documentos fazem parte do contexto da pesquisa,

    e que esta faz parte do contexto da produo institucional, como um todo

    orgnico, algumas recomendaes podem ser consideradas.

    9.1 Estabelecer que a documentao intermediria produzida pela pesquisa

    cientfica e tecnolgica patrimnio institucional e, portanto, um bem a

    ser protegido.

    Como j foi visto, a instituio deve entender os dados e documentos

    produzidos durante todo o processo de pesquisa como patrimnio institucional.

    So eles que comprovam e registram a produo cientfica da instituio, e no

    apenas os artigos e relatrios finais. Os documentos das etapas intermedirias

    permitem a compreenso do andamento das pesquisas, as decises tomadas,

    os rumos da pesquisa, do ambiente do laboratrio, da participao das equipes,

    de infra-estrutura, dentre muitas outras.

    9.2 Estabelecer critrios para a preservao desses documentos de tal forma

    que a deciso sobre seu destino no fique inteiramente sob a

    responsabilidade do pesquisador.

    As decises devem ser fruto de um amadurecimento interno da equipe

    e da instituio. No deve ser uma deciso individual baseada em vontades

    pessoais. Quanto mais as decises forem tomadas de acordo com critrios

    estudados e estipulados pela instituio, menos riscos haver de decises

    unilaterais que privilegiem vontades, vaidades, interesses pessoais etc.

    9.3 Estabelecer diretrizes e normativas para a preservao desses

    documentos.

    Para tal, deve-se definir:

    40

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    42/98

    a) Os documentos que sero considerados privados e pblicos, por

    funo, com as devidas justificativas. Para nortear as decises, os

    Quadros 1 e 2 apresentam algumas propostas:

    Quadro 1 Proposta de critrios para avaliao dos documentos intermediriospor tipo de projeto ou atividade

    Documentos sobre Pblico Privado Acesso Observao

    Prestao de servio XMedianteautorizao

    Prestao de servio cominformao manipulada4 X

    Aps o prazode sigilo

    A ser estipulado

    junto empresa oprazo de sigilo

    Patente XAps obtenodo ttulo

    Reunidos para tese XA critrio dopesquisador A tese pblica

    Melhoria ou otimizao doprocesso de pesquisa X

    Inovao tecnolgica XMedianteautorizao

    Informao manipulada XA critrio dopesquisador

    Projeto com financiamentopblico X

    Aps aconcluso

    Projeto com financiamentoprivado X

    Aps aconcluso

    Pesquisa acadmica X

    Relatrios de andamento XRestrito equipe at aconcluso

    41

    4 O termo "informao manipulada" refere-se aos dados e s informaes que aindaesto sendo trabalhados, ainda esto sendo manipulados.

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    43/98

    Quadro 2 Critrios para avaliao dos documentos intermedirios

    Documentos Pblico Privado Acesso Observao

    Relatrio tcnico X

    Medianteautorizao As duas opes so

    vlidas, dependem daavaliao institucionalAps a

    concluso

    Documento cominformaomanipulada

    XA critrio dopesquisador /empresa

    Em pesquisasencomendadas porempresas, o acesso restrito empresa e equipe

    Dados brutos no

    analisados (dadoscoletados, observadosou produzidos)

    XMedianteautorizao ata concluso

    Os dados podem gerarm interpretao ouconcluses erradas

    Clculo intermedirioou em fase dediscusso

    X A critrio dopesquisador

    Rascunho manuscrito X A critrio dopesquisador

    Base de dados X Medianteautorizao

    Memria de clculo X Aps aconcluso

    Processoadministrativo X

    Inclui documentosadministrativos etcnicos

    Caderno delaboratrio

    X Medianteautorizao

    Quando o caderno nico para olaboratrio, todos osmembros da equipefazem anotaes nomesmo caderno

    Quando o caderno individual, mas os dadosso de interesse dainstituio

    x A critrio dopesquisadorQuando de utilizaoindividual

    Planilha eletrnica X Medianteautorizao

    Prottipo virtual X A critrio dopesquisador Podem ser descartados

    Construo demodelos virtuais X

    A critrio dopesquisador

    42

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    44/98

    b) Os prazos de guarda de cada um, tanto nos locais de produo (os

    laboratrios), quanto no local de guarda permanente (o Arquivo

    Institucional).

    c) Os prazos de acesso tanto de outras equipes quanto do pblico em

    geral.

    d) A equipe que se responsabilizar pela guarda, controle e

    preservao dos documentos.

    e) Os recursos financeiros e materiais para a preservao.

    9.4 Para avaliar os documentos, os pesquisadores devero ser estimulados

    a refletir sobre vrios critrios.

    Algumas sugestes podem ser apontadas:

    a) A utilizao dos documentos para outras equipes ou futuras

    equipes, no sentido de analisar se os dados sero relevantes para

    outras abordagens.

    b) A legibilidade, clareza e consistncia das informaes, para no sepreservar dados incompreensveis e inteis.

    c) Se os documentos registram procedimentos, tcnicas, observaes

    que possam revelar abordagens e comportamento dos

    pesquisadores e das equipes.

    d) O uso indevido dos documentos por outras equipes ou por leigos. O

    pesquisador dever estipular o prazo de guarda dos documentos nos

    laboratrios, considerando que uma informao ainda noamadurecida ou no bem embasada pode causar problemas para a

    instituio.

    e) A utilizao dos documentos intermedirios para outros objetivos

    que no a pesquisa cientfica (por historiadores da cincia, por

    exemplo).

    43

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    45/98

    9.5 Definir, em parceria com os dirigentes, arquivistas e historiadores, quais

    documentos sero dignos de preservao e de se tornarem pblicos

    disposio de outros profissionais.

    Outros profissionais podero ser consultados (ver item 8.4). Caso a

    instituio no tenha arquivistas ou historiadores em seu quadro funcional,

    buscar consultorias externas ou parcerias interinstitucionais para uma avaliao

    mais embasada.

    9.6 Consolidar as decises em documento, que pode ser um plano ou

    programa de preservao, ou similar.

    No programa ou plano de preservao devero constar os critrios que

    nortearo a avaliao dos documentos produzidos nos laboratrios, no sentido

    de se definir os limites entre institucional e pessoal. Como estes limites nem

    sempre so fceis de determinar, os critrios tm a funo de minimizar

    arbitrariedades ou inconsistncias, fazendo com que as decises sejam

    respaldadas, evitando vontades ou vaidades pessoais. A importncia de

    registrar as decises a de sistematizar os procedimentos e faz-los

    tornarem-se rotina, dando visibilidade institucional para as atividades dos

    laboratrios. Alm disso, facilita o trabalho de preservao dos documentos,

    pois a equipe j ter um instrumento/ferramenta para se basear. Depois do

    documento consolidado, aprov-lo na instituio.

    9.7 Orientar os pesquisadores sobre a importncia dos documentos

    oriundos das atividades intermedirias da pesquisa para a histria da

    cincia.

    A promoo de palestras e visitas de historiadores da cincia aos

    laboratrios pode ser frutfera. A interao entre profissionais objetiva

    conscientizar pesquisadores sobre a importncia dos documentos para a

    memria cientfica, para a rea do conhecimento em questo e, sobretudo,

    para a cincia brasileira. Alm disso, a interao com arquivistas possibilitar a

    identificao dos documentos e a elaborao de sua temporalidade.

    44

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    46/98

    9.8 Orientar os pesquisadores a tratar o conjunto dos documentos

    produzidos pela pesquisa como um todo orgnico.

    Arquivistas tm um papel fundamental neste processo, orientandosobre procedimentos arquivsticos e passando a noo da relao orgnica

    entre os documentos. fundamental o entendimento de que os documentos

    das etapas intermedirias, bem como os das fases iniciais e de planejamento, e

    da divulgao dos resultados, formam um todo orgnico que contextualiza a

    pesquisa. Desmembrar esse contexto ou eliminar documentos que formaro

    lacunas ser prejudicial para a compreenso e, conseqentemente, para a

    pesquisa histrica.

    9.9 Promover treinamento a pesquisadores, por meio de palestras, visitas

    tcnicas, cursos de curta durao, ou outros meios, orientados por

    arquivista, no sentido de entender noes arquivsticas como

    organicidade, integridade, autenticidade, provenincia, contexto de

    criao e, principalmente, o valor de testemunho de uma atividade e o

    valor de prova.

    bvio que o pesquisador no precisa compreender a fundo estes

    conceitos (ver Glossrio). O importante que se perceba que muitas questes

    devem ser consideradas antes da deciso de se eliminar ou guardar

    documentos. Alm de contextualizar pesquisas e resultados, os documentos

    so os testemunhos das atividades que o geraram, so as provas dos resultados.

    O valor de prova deve ser um dos principais critrios a ser considerado.

    9.10 Tornar os pesquisadores aptos para avaliar um documento e atribuir um

    valor de guarda estabelecido de maneira mais consistente e consciente.

    A reflexo sobre a sua produo documental ser um ganho qualitativo

    no apenas para o pesquisador, como tambm para o trabalho do

    arquivista.

    A conscientizao permitir que o prprio pesquisador compreenda a

    dimenso da importncia dos documentos aps finda a pesquisa. Assim, as

    45

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    47/98

    decises certamente sero embasadas na reflexo e apoiadas

    institucionalmente. Alm de favorecer o trabalho do pesquisador, tambm

    facilitar o trabalho do arquivista, que no ter dificuldade na compreenso e

    definio dos documentos a serem preservados.

    9.11 Mapear as atividades, listando todas aquelas realizadas durante a

    pesquisa, no mbito do laboratrio. Cada atividade pressupe, ou no,

    a criao de documentos que devero ser igualmente mapeados. Para

    cada documento, o pesquisador dever informar o prazo de

    preservao e quem tem acesso a ele. Tais informaes sero de

    extrema utilidade na elaborao de uma tabela de temporalidade para

    os documentos do laboratrio.

    O mapeamento (ver modelo no ANEXO 1) poder ser feito por meio de

    um quadro para levantamento, com as atividades, os documentos produzidos,

    local e prazo de guarda, a forma e autorizao de acesso. As atividades a serem

    listadas so todas as rotineiras do laboratrio ou da pesquisa e, como

    conseqncia, os documentos que registram o passo-a-passo da pesquisa. Uma

    vez listados os documentos, indicar o prazo de utilizao ou de preservao de

    cada um e, depois, como o acesso a estes documentos. A montagem do

    mapeamento dar ao pesquisador um panorama dos documentos produzidos

    sob sua responsabilidade, alm de permitir o controle e a definio da guarda.

    Para o arquivista, este mapeamento representa a compreenso, de forma clara

    e objetiva, das etapas da pesquisa e poupa um esforo extra na coleta de dados.

    Alm disso, o mapeamento servir de base para a elaborao da Tabela de

    Temporalidade de Documentos, de mbito institucional.

    9.12 Avaliar as atividades que representam etapas relevantes de um processo

    de pesquisa como atividades que tero seus testemunhos preservados.

    Uma vez definidas quais as atividades a serem preservadas, seus

    documentos sero considerados pblicos e seus prazos de acesso sero

    definidos pelo pesquisador e oficializados pela instituio. Os que no forem

    considerados pblicos podero ser definidos como privados e ficar a critrio do

    46

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    48/98

    pesquisador. As decises tomadas devero ser registradas em documento,

    divulgadas entre a equipe e ser do conhecimento da Direo e do Arquivo

    Institucional.

    9.13 Estabelecer critrios para que o pesquisador conduza a avaliao.

    O prprio pesquisador dever ter condies de avaliar os documentos

    de interesse da instituio. Como exemplo, alguns critrios podem ser

    sugeridos, como a preservao de documentos que:

    a) Indiquem a relevncia da pesquisa para a rea de conhecimento.

    b) Registrem a participao da equipe.

    c) Representem as etapas relevantes do processo de pesquisa.

    d) Registrem as mudanas de rumo da pesquisa.

    e) Sejam considerados dados brutos.

    f) Registrem o processamento dos dados.

    g) Registrem a metodologia.

    9.14 Definir os documentos que sero considerados pblicos e privados,

    determinando as restries de acesso ( equipe ou ao pblico), e os

    devidos prazos de reteno.

    O acesso mediante autorizao significa que restrito equipe e

    necessria sua autorizao para se ter acesso aos documentos. As informaes

    ali contidas no devem ser de acesso a leigos, pois podem no ser

    compreendidas e dar margem m interpretao. Isto no significa que asinformaes sero sempre restritas. preciso que o pesquisador estabelea os

    prazos de reteno e permita o acesso aps o final do prazo. Estas informaes

    devem ser registradas em documentos e ser do conhecimento do Diretor e do

    Arquivo Institucional.

    47

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    49/98

    9.15 Encaminhar ao Arquivo Institucional os documentos considerados

    pblicos. No caso da inexistncia de um arquivo que abranja toda a

    instituio, a documentao dever ser mantida em um local de guarda

    permanente, onde ser preservada.

    O local de guarda permanente, se no for o Arquivo Institucional,

    dever ser um local reservado, com boas condies climticas e que seja muito

    limpo. O local deve ter o acesso controlado e os documentos ordenados para

    fcil identificao. Se os documentos forem armazenados com as devidas

    informaes que os identifiquem, o encaminhamento futuro ao Arquivo

    Institucional ou aos cuidados do arquivista ser muito mais facilitado,

    poupando tempo, esforos e recursos.

    9.16 Estabelecer que os documentos produzidos pelos laboratrios so

    documentos de arquivo porque so gerados no decorrer das atividades

    desempenhadas para a realizao das pesquisas, como testemunho de

    cada etapa do processo de pesquisa e desenvolvimento cientfico e

    tecnolgico.

    Os documentos devem ser tratados como parte de um todo

    institucional, pois outros setores igualmente produzem documentos de

    arquivo, que iro fazer parte do Arquivo Institucional. Eles so testemunhos e

    provas de todas as atividades realizadas pela instituio, no apenas aquelas

    voltadas pesquisa. preciso que a equipe do laboratrio e a instituio

    reconheam estes documentos como seu patrimnio.

    10 - Importncia dos documentos

    A importncia dos documentos produzidos pelos laboratrios uma

    pergunta emergente para os arquivistas, acostumado a lidar com historiadores,

    mas com rara interao com cientistas e pesquisadores de laboratrios.

    preciso que os prprios pesquisadores produtores dos documentos tenham

    48

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    50/98

    clareza sobre importncia dos documentos para outros usos que no o

    cientfico como, por exemplo, a pesquisa histrica.

    A importncia dos documentos produzidos pelos laboratrios, aps aconcluso de uma pesquisa, nem sempre reconhecida. No basta que os

    pesquisadores admitam a importncia dos laboratrios, preciso tomar

    iniciativas para a preservao dos documentos. O reconhecimento da

    importncia dos documentos o primeiro passo, aquele que alavancar

    medidas visando sua preservao. Assim, os responsveis pelos laboratrios

    devem estar sensveis a essa questo. Para se avaliar a importncia dos

    documentos, algumas diretrizes so indicadas:

    10.1 Conscientizar pesquisadores e engenheiros para o entendimento da

    importncia de seus documentos para a pesquisa histrica, e no

    apenas de sua vida e trabalho, mas para a histria da instituio dentro

    da qual sua pesquisa desempenhada.

    Uma opo seria a organizao de um ciclo de palestras de historiadores

    da cincia nos institutos, voltados para os pesquisadores, sobre as fontes

    utilizadas pela Histria da Cincia. Conhecer o potencial de utilizao dos

    documentos dos laboratrios como fonte histrica ser um ganho considervel

    para uma poltica de preservao. Alm disso, pode ser considerado, ainda, o

    uso dos documentos para a prpria pesquisa cientfica. Sem dvida que os

    documentos podem ser teis para a vida e o currculo do pesquisador, o que d

    origem tendncia de se levar documentos para casa. Mas, a utilidade para

    outras equipes e pesquisadores e, sobretudo, a origem institucional e a

    infra-estrutura que gerou os documentos, devem ser levadas em conta. Osdocumentos no podem ser reduzidos a um trofu, e ser simplesmente

    levados para casa. Alm disso, muitos documentos podem ser utilizados,

    ainda, para atividades de educao para a cincia, estimulando a compreenso

    dos processos cientficos e tecnolgicos, despertando o interesse de crianas e

    jovens para a cincia.

    49

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    51/98

    10.2 Avaliar a importncia dos documentos segundo o seu valor para uma

    guarda permanente.

    So considerados de guarda permanente os documentos que tm valorlegal, fiscal, de prova ou histrico. A lei prev a guarda de certos documentos

    comprovantes de transaes. Mas a preservao dos documentos produzidos

    pelos laboratrios no contemplada na legislao, definida pela instituio.

    Em muitos casos, pelos procedimentos padronizados nos Sistemas de

    Qualidade em diversas reas do conhecimento. Assim, os critrios para a guarda

    permanente devem considerar o valor dos documentos para o laboratrio, para

    a pesquisa histrica, para a pesquisa cientfica da prpria equipe e de outras

    equipes e equipes futuras para a histria da instituio, da rea do

    conhecimento e para a memria cientfica nacional. Assim, para a avaliao dos

    documentos deve-se levar em conta os possveis valores dos documentos, a

    saber:

    a) O valor cientfico que representem dados brutos, coletados ou

    produzidos; que tenham referncia a trabalhos anteriores; que

    sirvam de aprendizado para novos pesquisadores; e que permitam o

    treinamento de equipe;

    b) O valor histrico que registrem a histria do laboratrio, da

    instituio, e da rea de conhecimento;

    c) O valor administrativo que registrem a administrao da pesquisa:

    i. Comprovando a aquisio de instrumentos;

    ii. Garantindo um compromisso assumido;

    iii. Permitindo que a instituio seja auditada;

    iv. Proporcionando uma reavaliao do sistema;

    v. Testemunhando a infra-estrutura da pesquisa e da instituio;

    vi. Comprovando um projeto, seja financeiramente, seja por meio

    de resultados.

    50

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    52/98

    d) O valor arquivstico que sejam capazes de atribuir autenticidade,

    provenincia, legibilidade, organicidade e valor de prova,

    caractersticas dos documentos de arquivo.

    e) O valor educativo que ilustrem o funcionamento de um processo

    de pesquisa, mostrando como funcionam princpios e tcnicas, e

    estimulando nos jovens o interesse para a cincia e tecnologia,

    demonstrando o progresso das reas cientficas.

    11 - Sugestes para conscientizao

    Conscientizar pesquisadores sobre a importncia dos documentosproduzidos nos laboratrios para a histria da cincia uma medida

    fundamental para a preservao desses registros. Sem essa conscincia poder

    no ser efetiva qualquer ao, e tambm poder no haver o esforo necessrio

    para a preservao por parte os pesquisadores. Para tal, algumas

    recomendaes so destacadas:

    11.1 Criar um espao nico para guarda dos documentos dos laboratrios,

    que pode ser um Arquivo Tcnico.

    Um espao especfico para a guarda dos documentos tcnicos

    propiciaria um incentivo maior para que pesquisadores encaminhassem os

    documentos para a preservao. Um local nico mais fcil de ser

    administrado, pois poupa esforos e recursos para sua manuteno. Alm disso,

    permitir a implantao de uma estrutura adequada. O Arquivo Tcnico deve

    ser usado como arquivo corrente e intermedirio. Aps a concluso da pesquisae a no mais utilizao dos documentos, estes devem ser encaminhados para o

    Arquivo Institucional.

    11.2 Investir em trabalhos na rea de divulgao cientfica.

    Os pesquisadores devem divulgar os dados da pesquisa, de forma que a

    populao em geral compreenda o trabalho de cientistas. Os pesquisadores

    51

  • 5/26/2018 Guia Basico Para Preservacao de Acervos

    53/98

    devem passar ao pblico a importncia de seu trabalho, para ter, por

    conseqncia, o devido reconhecimento. Os laboratrios deveriam pensar em

    aes que pudessem favorecer a divulgao dos dados das pesquisas para ogrande pblico. Textos em linguagem de fcil compreenso, publicao,

    material didtico para professores de 1 e 2 graus, e exposies, seriam

    algumas aes que poderiam ser implement